2015-06-25
A Troica quer exercer o "direito de pernada" sobre a Grécia para derrubar o Siryza
Para que os servos não esquecessem que quem mandava neles era
o Senhor feudal, o fidalgo exercia entre outros actos de
poder o "direito de pernada". Isto é, tinha o direito a ser
ele a "desvirginar" na noite de núpcias a serva que habitasse os
seus domínios. A humilhação do noivo e da noiva traduzir-se-ia de forma
simbólica com o Senhor a passar a perna, num gesto largo, sobre
a cama dos noivos. É, pelo menos, o que reza a lenda.
Ora o que se passa na Grécia é parecido, a Troica quer ter o direito de
pernada sobre a Grécia e o governo grego não aceita o papel da serva humilhada.
O governo Português que se ofereceu para a pernada com prostituto prazer
não aceita que o governo grego não seja humilhado como ele próprio foi e
como Junker reconheceu ao considerar que “era perfeitamente compreensível” a recusa do governo grego em ser
desautorizado na sua terra por uns funcionários de segunda categoria, a Troica, isto é,
"em ser humilhado, como aconteceu com Portugal".
O Siryza não aceita que seja o povo grego que já está
de rastos a pagar de novo a parte maior do "castigo". Tanto
mais quanto o remédio só agravou a doença, na Grécia como em Portugal.
O Governo de Tsipras não quer castigar mais os que mais sofreram com a política de
austeridade dos governos anteriores, da direita ou do PASOK que, como em geral
os partidos socialistas europeus, converteu-se, desde Tony Blair, ao
neoliberalismo.
A Troica quer não apenas o dinheiro mas também ser ela, que não
foi eleita, a decidir como e a que classes sociais, na Grécia, o vai
cobrar. E quer fazer recair sobre os mais desfavorecidos o grosso da factura a
pagar. Não será por malvadez mas porque descredibilizaria o Siryza que
gostaria de ver desaparecer da cena política grega, porque não ofende os
oligarcas gregos nem os seus apaniguados dos partidos que se prestaram a
aceitar o "direito de pernada" da Troica, porque se
"está nas tintas" para com a justiça social, para com o sofrimento
dos gregos mais causticados com a austeridade.
Entre outras medidas, pressionado e fazendo concessões, o governo
grego propôs, à União Europeia, isto é, a Merkel, e ao FMI e ao BCE - a
Troica - entre outras, as medidas seguintes que permitam o pagamento da dívida:
- uma taxa de 12% nos lucros das empresas acima de 500 mil
euros.
- Aumento da taxa de IRC de 26% para 29% que afetará cerca de 15 mil
empresas com lucros de 100 mil euros e deverá render 410 milhões de euros
em 2016.
- Sobretaxa no IRS, para rendimentos anuais, em euros, superiores a
12 mil - 0,7% ; 20 mil - 1,4% ; 30
mil - 2 % ; 50 mil - 4 % ; 100 mil - 6 %
- Redução da despesa com defesa.
- Aumento do imposto especial sobre produtos de luxo, como iates privados,
de 10% para 13%.
- Aumento de impostos sobre o jogo. [ Link para JNegócios ]
___________________________________________________________
A Grécia na Europa (Clique aumentará)