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2019-02-23

 

ARNALDO MATOS e o MRPP

Arnaldo Matos faleceu e naturalmente muitos são os comentários sobre esta controversa figura pública.
Quando está em marcha uma revolução – no caso a do 25 de Abril de 1974/75 – ser-se ultra revolucionário e assim mobilizar contra ela partidários da mudança menos conhecedores dos mecanismos da política é uma forma de sabotar a revolução e tornar-se um instrumento 
objectivo da contrarrevolução. Foi esse o papel do MRPP e de Arnaldo Matos na revolução portuguesa, para lá do papel positivo que terá tido durante o regime fascista.
Alguns jovens revolucionários com grande qualidade, palmilharam esse sedutor caminho até ao momento em que descobriram que afinal ele conduzia à ravina. Vários são hoje respeitáveis figuras da política e da cultura.

Em  1974-1975 e anos seguintes Arnaldo Matos, o ultra revolucionário dirigente do MRPP, muito apreciado, ainda que apenas nos bastidores da política, pelos líderes da contrarevolução, dizia que a revolução nascente de 1974 era:


 “uma manobra da burguesia promovida por um sector da oficialagem do exército colonial-fascista" e desencadeada “contra a camarilha marcelista”.

em Fevereiro de 1976 dizia que “A Constituinte é um covil de parasitas”, definindo as primeiras eleições legislativas pós-25 de Abril como “uma manobra da burguesia para obter do povo um aval, o cheque em branco de que falava a camarilha marcelista, para, no dia seguinte à abertura do novo Parlamento, impor aos operários e aos camponeses a mais desenfreada das explorações e a mais impiedosa das repressões”. A Constituinte era “um moinho de palavras” que servia para “aplaudir a quatro patas os conluios celebrados, fora da Constituinte, entre as diversas facções da classe dominante”.   (Aqui: Link )

Entretanto Marcelo Rebelo de Sousa comenta no “sítio” da Presidência da República o falecimento de Arnaldo Matos:

       “Personalidade da vida pública portuguesa conhecida pelo desassombro das suas intervenções, Arnaldo Matos ficará na memória de todos como um defensor ardente da liberdade e como um lutador pela causa da justiça social e dos mais desfavorecidos.
Concordando-se ou não com as suas ideias e afirmações, a voz de Arnaldo Matos, pela sua intransigente independência, contribuiu decisivamente para enriquecer o debate democrático e para o pluralismo de opinião no seio da sociedade portuguesa.
Por tudo isso, Portugal ficou mais pobre com o seu desaparecimento. “

Tais considerações do PR só são entendíveis com o presumível regresso mental aos tempos do PREC em que Marcelo, então importante figura da direita nacional, assim entenderia o papel do líder do MRPP.

Já no Público Pacheco Pereira diz sobre Arnaldo Matos:

"Outro aspecto muito sui generis do MRPP era o modo bem pouco leninista como se entrava e saía da organização, como foi o exemplo do próprio Arnaldo Matos, que, em luta pela “linha vermelha” contra a “linha negra”, se afastou da organização, sempre com uma pertença ambígua. Dedicou-se durante longos anos à sua profissão de advogado num grande escritório de advogados, para voltar recentemente de novo ao MRPP, envolvido numa luta fratricida e excessiva com Garcia Pereira. Arnaldo Matos escreveu coisas inomináveis, quase obscenas, sobre os seus adversários, usando o pseudónimo de “Espártaco”, e a violência dos textos marcou os seus últimos anos de vida."(Aqui link)   

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