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2023-02-26

 

A ARA nasceu a partir de um curso em CUBA em 1965

                              
                                                      8559 km de Murmanski a Havana

Nem todos os dias vamos até Havana, capital de Cuba. Eu fui até lá, em "trabalho", em 1965, frequentar um curso de acções armadas para a criação da ARA Acção Revolucionária Armada. Com a ARA esperávamos fortalecer e acelerar a luta para o derrube do regime fascista do ex-seminarista, vindo de Santa Comba Dão, Salazar de seu nome. 
A criação da ARA foi uma odisseia que só se venceu após anos e anos de luta a vencer dificuldades criadas pelo regime salazarento. A primeira acção armada exitosa foi a sabotagem, com duas grandes explosões, do mais moderno navio cargueiro de apoio à guerra colonial, o Cunene, em 1970.

Mas para ir a Cuba era o cabo dos trabalhos. Como chegar lá? De Portugal Salazar não deixava e de muitos outros países países os Estados Unidos também o impediam com o seu cerco a Cuba, de modo que fiz uma viagem de quase uma volta ao mundo para lá chegar. 

 Como a PIDE ainda não me chegara aos calcanhares pude airosamente ir até Paris e daqui de comboio ou avião até Genebra e Zurique na Suíça. Aqui já mais seguro de quaisquer controles pidescos, parti confiante para Praga e daqui para Moscovo. Pensava partir daqui de avião para Havana mas assim não aconteceu, os tempos eram de guerra ainda que fria e os EUA só não invadiam Cuba porque Moscovo, senhor de armas nucleares em prontidão o impediam. Afinal não segui de Moscovo direto para Havana  como pensava. Os países da Europa Ocidental vassalos dos EUA não autorizavam a passagem para Cuba de aviões, sequer de passageiros ou comerciais, pelos seus espaços aéreos. De modo que de Moscovo não segui directamente para Cuba como esperava e fiz o caminho tortuoso que a aviação, da então União Soviética, tinha de fazer, via Murmanski, cidade soviética junto ao Polo Norte e daí via, Oceano Atlântico abaixo, atá ao Mar das Caraíbas e aterragem em Havana. Fiz a viagem com o Rogério de Carvalho, um herói do PCP já com muitos anos de prisão por "Peniches" e "Tarrafais" que ia comigo frequentar o curso de acçãos armadas em Havana. 

Em Murmanski fizemos apenas uma rápida paragem mas gostei de ver tanta neve. O avião aterrou numa pista entre duas altíssimas muralhas de neve e por todo o lado só neve, neve e mais neve. Ao interior do avião não chegava o frio mas ao sairmos para a gare usámos uns casaquitos que nos forneceram para o efeito. Pele e lã, fofinhos por dentro mas tão grossos, robustos e pesados que ajoujávamos dentro deles. 

Pelo infindo Mar Atlândico abaixo eu e o Rogério pouco ou nada vimos dada a escuridão da noite mas lá mais para a frente, quando já clareava o dia maravilhávamo-nos com a vista verdejante das Caraíbas e de Cuba.

E fico-me por aqui. Depois relatarei a belíssima recepção e estadia cubana durante uns curtos meses. 


2023-02-18

 

UCRÂNIA: as mentiras propaladas pela União Europeia por ordem dos EUA

 

estatuadesal

Fev 18

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 17/02/2023)

Reproduzo um extrato de um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso reproduzido no "site" Estátua de Sal : (o texto a negrito é de minha autoria)

....

4 - Perante um desvanecido Parlamento Europeu, Zelensky apelou à urgente entrada da Ucrânia na União Europeia com um argumento que, em boa verdade, lhe foi fornecido pelos próprios europeus: que na guerra contra os invasores russos ele está a defender os valores europeus. Mas não é verdade, assim como não é verdade que, como reza a propaganda ocidental, Putin se tenha oposto à adesão da Ucrânia à UE. Putin opôs-se e opõe-se, sim, à adesão da Ucrânia à NATO, pela razão elementar de não gostar de ver mísseis nucleares do inimigo estacionados no seu quintal das traseiras, tal como Kennedy não os quis ver em Cuba, em 62: tão simples quanto isto. Agora, se, como também reza a propaganda ocidental (e aí eu concordo), é do interesse de Putin ver a UE desmembrada por dentro e reduzida à ineficácia, a entrada da Ucrânia servirá às mil maravilhas os seus interesses. Não se trata apenas da questão de a Ucrânia ultrapassar na adesão países que há mais tempo estão em lista de espera — com o caso extremo da Turquia a embaraçar tudo e todos — ou dos custos astronómicos da sua adesão para o orçamento comunitário, ou da revolução que exigiria na PAC. Esses problemas, que já seriam capazes, por si, de paralisar a UE durante anos, deixariam de fora, porém, o principal deles, a médio e longo prazo: é que, ao contrário do que jura Zelensky, os valores da Europa não são os valores da Ucrânia. Na sua matriz, a UE — e a sua antecessora, a CEE — colheu a inspiração política nos valores da democracia ateniense, depois solidificados por décadas de democracias liberais na Europa Ocidental, embora com excepções (Portugal e Espanha). Mas a Ucrânia, como a Rússia, pertence a outra história, outra civilização e outra Europa: a Europa eslava e autocrática. Não é por acaso que os valores tradicionais liberais da UE esbarraram, após o alargamento a leste, com a resistência autocrática de países como a Chéquia, a Polónia ou a Hungria. Assim como não é por acaso que os dossiês mais complicados que estão a ser negociados entre a Ucrânia e a UE, nesta fase de pré-adesão, sejam assuntos que nem sequer estiveram em cima da mesa quando, por exemplo, Portugal e Espanha negociaram: corrupção endémica das instituições do Estado, falta de independência dos tribunais, insuficiente liberdade de imprensa. Em Bruxelas, a Ucrânia é um elefante no meio da sala. Os democratas europeus sabem-no e Putin também. Um pouco mais de conhecimento da História e de percepção geopolítica e um pouco menos de entusiasmos infantis chegariam para o entender.


2023-02-17

 

O envolvimento dos Estados Unidos nas explosões dos “Nord Streams”

 

Seymour Hersh abriu uma caixa de Pandora

(Aleksey Pilko, in Resistir, 17/02/2023)

As declarações de Seymour Hersh à imprensa sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas explosões dos “Nord Streams” abriram uma caixa de Pandora. E em vários locais ao mesmo tempo. Em primeiro lugar, o aparecimento de material sobre a ordem directa de Biden para realizar a sabotagem indica o aparecimento de opositores nas elites americanas que não gostam do envolvimento contínuo da América na guerra com a Rússia. Do contrário, o artigo de Hersh simplesmente não poderia ter aparecido.

Em segundo lugar, as declarações de Hersh ao jornal alemão Berliner Zeitung a dizer que o Chanceler Federal da Alemanha Olaf Scholz sabia da próxima sabotagem e quase a aprovou são um ataque de informação direta às elites pró-atlânticas alemãs pelos opositores supracitados do establishment político americano. E é extremamente doloroso para eles, porque tais injecções podem abalar a sociedade alemã e causar um protesto civil generalizado. Naturalmente, não imediatamente, mas a água aguça a pedra.

A Alemanha é hoje o elo mais vulnerável da estratégia da administração Biden, que consiste em infligir uma derrota militar à Rússia na Ucrânia. A sociedade alemã ainda não vê o nosso país como um inimigo, e entre os representantes das elites alemãs há muitos que consideram o que está a acontecer um pesadelo e culpam os Estados Unidos por tudo, pois ao expandir irrefletidamente a NATO provocou uma guerra na Europa. Portanto, a médio prazo, é possível conseguir uma correção da política alemã em relação ao conflito na Ucrânia.

No entanto, o tiro de Hersh tornou-se um gatilho não só para a emergência de discussões nos Estados Unidos e na Europa sobre o tema “Por que diabos é que Biden fez explodir o gasoduto? Resultou também na activação da China, que tem um potencial crescente de conflito nas relações com os Estados Unidos. Afinal, se os americanos podem fazer isto com o gasoduto russo-alemão, então porque não com instalações de infraestruturas chinesas?

Claro que seria um exagero dizer que foi Hersh quem lançou os balões chineses para o céu sobre os Estados Unidos. Mas o facto de Pequim se ter tornado mais ativo e ter começado a exigir explicações de Washington sobre a sabotagem nos “Nord Streams” é um facto indiscutível. Porque uma guerra não declarada de infra-estruturas é uma séria ameaça, acima da qual está apenas a utilização de armas nucleares.

E em conclusão, podemos dizer o seguinte: os materiais de Seymour Hersh não são o único episódio do confronto incipiente de informação entre os partidos americanos de “paz” e “guerra”, mas apenas o seu início. Por conseguinte, podemos esperar o aparecimento nos media públicos de bombas barulhentas que podem ter um impacto significativo na nossa percepção do que está a acontecer.


Ver também:
Como os EUA eliminaram o gasoduto Nord Stream, de Seymour Hersh

Será que o Scholz sempre soube sobre o plano Biden para bombardear o Nord Stream?

O original encontra-se em www.stalkerzone.org/seymour-hersh-opened-a-pandoras-box/.

Este artigo encontra-se em resistir.info
______________________

Quem é Seymour Myron "Cy" Hersh é um jornalista investigativo norte-americano, ganhador do Prémio Pulitzer de Reportagem Internacional e especializado em geopolítica, atividades dos serviços secretos e assuntos militares dos Estados Unidos. Wikipédia
Nascimento: 8 de abril de 1937 (idade 85 anos), Chicago, Illinois, EUA

2023-02-16

 

A derrota da Ucrânia concretiza-se

 Muito esclarecedor este artigo de  Thierry Meyssan, in Rede Voltaire, 14/02/2023)

"O Presidente Zelensky, que ridicularizava a maneira como os Ucranianos vinham a Bruxelas mendigar quando era humorista, veio a Bruxelas mendigar sendo Presidente.

É um segredo de polichinelo : o governo de Kiev está em vias de perder militarmente face ao Exército russo. Este avança sem se apressar e vai construindo a defesa das regiões que por referendo se juntaram a Moscovo. mas esta inexorável realidade esconde outras coisas. Por exemplo, o facto da Turquia, que permanece membro da OTAN, apoiar a Rússia e lhe fornecer peças de reposição ao seu Exército. A Aliança Atlântica não somente perde como também se fissura.

O futuro da Ucrânia está a definir-se. Os combates opõem por um lado o governo de Kiev, que se recusa a honrar a sua assinatura dos Acordos de Minsk e, do outro, a Rússia que pretende fazer cumprir a Resolução 2202 do Conselho de Segurança, ratificando os referidos Acordos. De um lado, um Estado que recusa o Direito Internacional e é apoiado pelos Ocidentais, do outro, um outro Estado que recusa as regras ocidentais e é apoiado pela China e pela Turquia.

Como é que o Presidente Volodymyr Zelensky, eleito para aplicar os Acordos de Minsk, conseguiu se transformar num «nacionalista integralista» [1], tomar o partido dos fanáticos, herdeiros dos piores criminosos do século XX? É um mistério. A hipótese mais provável é a financeira, já que Zelensky é conhecido, desde a publicação dos Paradise Papers, pelas suas contas offshore e as suas propriedades em Inglaterra e em Itália. Fora disso, Volodymyr Zelensky não tem grande relação com os seus « nacionalistas integralistas ». É um covarde. No início da guerra, ele permaneceu várias semanas escondido num bunker, provavelmente fora de Kiev. Só saiu depois que o Primeiro-Ministro israelita Nafatali Bennett lhe ter garantido que o Presidente Vladimir Putin lhe prometera que não mataria o presidente ucraniano [2]. Desde aí, arma-se em fanfarrão através de vídeo em todas as cimeiras (cúpulas-br) políticas e festivais artísticos ocidentais.

Como é que a Turquia, aliado dos Ocidentais no seio da OTAN, se alinhou do lado russo? Isto é mais fácil de compreender por aqueles que seguiram as tentativas de assassinato do Presidente Recep Tayyip Erdoğan pela CIA. À partida, Erdoğan era um bandido de rua. Depois, envolveu-se numa milícia islâmica que o levou a aproximar-se tanto dos insurgentes afegãos como dos jiadistas russos da Ichquéria (Chechénia -ndT), só depois desse percurso é que ele ingressou na política, no sentido clássico do termo. Durante o seu período de apoio aos grupos muçulmanos anti-russos, ele foi um agente da CIA. Como muitos, quando chegou ao Poder, considerou as coisas de modo diferente. Distanciou-se progressivamente de Langley (sede da Cia) e quis servir o seu povo. No entanto, a sua evolução pessoal foi-se dando enquanto o seu país ia mudando várias vezes de estratégia. A Turquia nunca digeriu a queda do Império Otomano. Ela experimentou diferentes estratégias sucessivamente . Desde 1987 que ela é candidata à União Europeia. Em 2009, com Ahmet Davutoğlu, pensou restabelecer a sua influência otomana. Uma coisa levando a outra, ela imaginou juntar esse objectivo nacional ao percurso pessoal do seu Presidente para se tornar a pátria dos Irmãos Muçulmanos e restabelecer o Califado, suprimido por Mustafa Kemal Atatürk em 1924. Mas, a queda do Emirado Islâmico obriga-a a abandonar esse projecto. Então a Turquia virou-se para os povos turcófonos. Hesita em incluir os Uigures e, finalmente, escolhe os povos etnicamente turcos. Seja como for, nessa busca, ela já não tem necessidade nem dos Europeus, nem dos Estados Unidos, mas da Rússia e da China. Após a sua vitória contra a Arménia, criou a « Organização dos Estados Turcos » (o Cazaquistão, o Quirguistão, a Turquia e o Usbequistão. Além de que a Hungria e o Turcomenistão têm nela o estatuto de observador).

Hoje, segundo o Wall Street Journal, mensalmente 15 empresas turcas exportam, por 18,5 milhões de dólares, materiais comprados aos Estados Unidos para uma dezena de sociedades russas sujeitas a medidas coercivas ilegais unilaterais dos EUA (apresentadas como «sanções» pela propaganda atlantista) [3]. O Subsecretário do Tesouro dos EUA encarregado do Terrorismo e da Inteligência Financeira, Brian Nelson, foi a Ancara em vão a fim de forçar a Turquia a respeitar as regras ocidentais. Ancara continua secretamente a apoiar o Exército russo.

Quando o emissário norte-americano salientou que a Turquia estava na corrida errada ao colocar-se do lado do perdedor russo, os seus interlocutores apresentaram-lhe os números verdadeiros da guerra na Ucrânia, estabelecidos pela Mossad e publicados por Hürseda Haber [4]. No terreno, a relação de forças é de 1 para 8 a favor da Rússia. Há 18. 480 mortos do lado russo, contra 157. 000 do lado ucraniano. Tal como no conto de Andersen, o rei vai nu.  Hoje em dia, a Turquia bloqueia a adesão da Suécia à OTAN. Ao fazê-lo, ela bloqueia também a da Finlândia que havia sido apresentada em conjunto no mesmo dossiê. Se admitirmos as informações do Wall Street Journal, não se trata de um acaso. É certo, Ancara havia obtido o compromisso destes dois países em extraditar os chefes do PKK e do movimento de Fethullah Gülen; compromisso que eles não cumpriram. Mas isto não podia ser diferente na medida em que, depois da prisão do seu chefe, Abdullah Öcallan, o PKK se tornou uma ferramenta da CIA e se bate hoje sob as ordens da OTAN, quando antigamente era aliado dos Soviéticos [5]. Quanto a Fethullah Gülen, ele vive nos Estados Unidos sob a protecção da CIA.

A Turquia apoia hoje, portanto, a Rússia da mesma forma que a China : ela fornece-lhe peças de reposição para a sua indústria de Defesa e não hesita em reexpedir-lhe o material de fabrico norte-americano. Mas enquanto a Croácia e a Hungria, também membros da OTAN, não hesitam em dizer publicamente que o apoio da Aliança à Ucrânia é uma estupidez, sem no entanto a deixar, Ancara finge ser totalmente atlantista.

O tremor de terra que acaba de sacudir a Turquia e a Síria não tem as características dos tremores de terra observados até agora, em todo o mundo. O facto de uma dezena de embaixadores ocidentais terem deixado Ancara nos cinco dias precedendo o sismo e de, no mesmo período, os seus países terem emitido avisos contra deslocações à Turquia parece indicar que os Ocidentais sabiam antecipadamente o que se ia passar. Os Estados Unidos dispõem de meios técnicos para provocar tremores de terra. Em 1976, eles tinham-se comprometido a jamais recorrer a a tal. A Senadora romena Diana Ivanovici Șoșoacă afirma que eles violaram a sua assinatura da « Convenção sobre a interdição em utilizar técnicas de modificação do ambiente com fins fins militares ou quaisquer outros fins hostis » e provocaram este sismo [6]. O Presidente Recep Tayyip Erdoğan ordenou aos seus Serviços Secretos (MİT) estudar aquilo que não passa hoje senão de uma hipótese. No caso de uma resposta positiva, seria preciso admitir que Washington, consciente de que já não é mais nem a primeira potência económica mundial, nem a maior potência militar mundial, está a destruir os seus aliados antes de morrer.

Contrariamente às mensagens com as quais os Ocidentais são bombardeados, no terreno, não só a Ucrânia perde como a OTAN é posta em causa internamente por, pelo menos, três dos seus membros.

Nestas condições, como explicar que os Estados Unidos continuem a enviar armas para o campo de batalha e a exigir aos seus aliados que as enviem de forma maciça? É forçoso constatar que a maioria dessas armas não são modernas, antes datam da Guerra Fria e são geralmente soviéticas. É, pois, inútil desperdiçar armas dos anos 2000 sabendo que elas serão destruídas porque a Rússia dispõe de armas mais modernas que as do Ocidente. Além disso, pode ser interessante para vários exércitos testar armas de última geração em combates de alta intensidade. Neste caso, os Ocidentais enviam apenas alguns espécimes destas armas e nada mais.

Por outro lado, enquanto as unidades de « nacionalistas integralistas » ucranianas recebem armas ocidentais, os conscritos não. O diferencial, provavelmente dois terços, é conservado na Albânia e no Kosovo ou enviado para o Sahel. Há três meses, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, na Cimeira da Comissão da Bacia do Lago Chade (LCBC), denunciou a chegada destas armas em mãos do Estado Islâmico [7]. Perante as exclamações de surpresa e de indignação dos parlamentares dos EUA, o Pentágono criou uma comissão encarregue de fazer um seguimento dos fornecimentos. Mas em momento algum, ela deu conta sobre suas actividades e os desvios que teria constatado.

Há duas semanas, o Inspector-geral do Pentágono dirigiu-se à Ucrânia, oficialmente para lançar luz sobre esses desvios. Num artigo precedente, mostrei que ele foi lá principalmente para apagar com êxito os traços dos negócios de Hunter Biden [8]. O Ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, anunciou que iria com urgência demitir-se junto com vários membros da sua administração. Ora, nada se passou ainda.

Última pergunta, porque é que eles não reagem às revelações de Seymour Hersch sobre a responsabilidade americano-norueguesa no atentado? [9] ? É certo que o porta-voz dos nacionalistas da “Alternativa para a Alemanha” (AfD) pediu, a propósito desta sabotagem, a criação de uma comissão de inquérito no Bundestag, mas a grande maioria dos responsáveis políticos destes três países fazem-se de mudos : o seu pior inimigo é, afinal, o seu aliado!

Pelo contrário, eles fizeram gala em receber o Presidente Volodymyr Zelensky em Bruxelas. Mas este tinha ido previamente a Washington e a Londres, as duas capitais que contam, antes de vir arengar àqueles que pagam. : porque é que a Alemanha, a França e a Holanda, co-proprietários dos gasodutos Nord Stream, não protestam após a sabotagem de que foram vitimas, em 26 de Setembro de 2022 ? "


2023-01-07

 

"Ataques a bases aéreas no interior da Rússia apontam para operações encobertas da CIA"

Fonte aqui: " A Viagem dos ArgonautasA Guerra na Ucrânia — Ataques a bases aéreas no interior da Rússia apontam para operações encobertas da CIA e para uma guerra planeada.  Por Finian Cunningham "


2023-01-06

 

Garcia de Orta, o médico judeu condenado à morte depois de morto

Artigo de com muito interesse: 



Márcio Magalhães   Set 7

Conheça a vida de uma das figuras portuguesas mais importantes da nossa história, Garcia de Orta, o médico judeu.

Portugal é um país que uma história longa, conta com quase 900 anos! Este é um número revelador da antiguidade deste país, num percurso histórico cheio de episódios marcantes. Portugal chegou a tornar-se dos mais poderosos do nosso planeta. Embora o nosso país não esteja atualmente entre os mais poderosos, até está longe de ter essa importância, no passado a influência dos portugueses foi notória, em diferentes continentes.

Ao longo da sucessão de séculos, foram vários os momentos históricos relevantes, vários foram os portugueses que se destacaram e colocaram o seu nome na lista de figuras emblemáticas do país. Garcia de Orta foi um dos portugueses que se destacaram entre os demais, a sua obra tornou-o numa das figuras que Portugal deve recordar e homenagear.

Garcia de OrtaGarcia de Orta, o médico judeu condenado à morte depois de morto

Garcia de Orta (1500 - 1568)

O nome Garcia da Orta é bastante conhecido entre os portugueses. No nosso país existem várias Instituições com o seu nome. Há Escolas Secundárias, Hospitais, ruas, praças, hotéis, com o nome Garcia de Orta. No entanto, muitos desconhecem o trabalho desta pessoa que viveu no século XVI…

Vida

Provavelmente foi em 1500 que Garcia de Orta nasceu, em Castelo de Vide. Os pais de Garcia de Orta, os seus nomes eram Leonor e Fernando de Orta, foram judeus refugiados de Espanha e fugiram da grande perseguição encetada pelos reis católicos espanhóis no ano 1492.

Garcia de Orta, o médico judeu condenado à morte depois de morto

Estudos

Garcia de Orta estudou Filosofia Natural, Medicina e Botânica em Salamanca e Alcalá de Henares, em Espanha. Posteriormente, voltou, a Castelo de Vide em 1523, local onde exerceria medicina. Em 1525 instalou-se em Lisboa, na capital tornou-se médico do rei. Garcia de Orta ingressa na Universidade de Coimbra em 1530, onde se estabelece como professor de Filosofia.

A Índia

Em 1534, Garcia de Orta, procura tirar partido da abrangência do território controlado pela coroa portuguesa. Ele partiu para a Índia, como “physico” de Martim Afonso de Sousa. Este homem foi seu protetor e um grande amigo, Garcia de Orta até dedicaria a Martim Afonso a obra Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia (1563).

A sua partida também se deve ao medo de ser alvo de perseguição da Inquisição portuguesa, devido às suas origens. Ele amava o conhecimento e desejava conhecer o mundo, por isso, aproveitou a oportunidade para dar azo à sua curiosidade. Na Índia conhece um dos portugueses mais importantes da nossa história, Luís de Camões, de quem se tornou amigo. Após se ter instalado em Goa, foi dado o foro de Bombaim a Garcia de Orta.

Pioneiro

Ao longo de diversos séculos, os diferentes povos, recorreram à Natureza para a criação de “medicamentos” naturais. Foram criados muitos chás, mezinhas e emplastros de folha com o propósito de curar diferentes males. O poder curativo de determinadas plantas foi usado para recuperar a saúde. Antes das pílulas e injeções que hoje se usam com facilidade, estes conhecimentos revelaram-se cruciais para o progresso científico. Muitos dos medicamentos que ainda hoje se utilizam contêm na sua composição ingredientes de origem vegetal.

Garcia de Orta, deu o seu contributo para a evolução da medicina botânica, ao fazer a divulgação das plantas do Oriente. O trabalho de Garcia de Orta foi pioneiro em diversas áreas, nomeadamente em botânica e em farmacologia. Garcia de Orta também se interessou em antropologia e exerceu medicina na Índia portuguesa. Ao longo dos seus estudos dedicou-se à experimentação e a sua procura por conhecimento era constante.

Garcia de Orta foi dos primeiros naturalistas a trazer para a Europa informação pormenorizada sobre plantas medicinais exóticas. Ele tornou-se no primeiro europeu a descrever a origem de plantas exóticas e de drogas orientais, sendo rigoroso na identificação das respetivas propriedades terapêuticas.

Garcia de Orta

Garcia de Orta, o médico judeu condenado à morte depois de morto

O trabalho

Goa é capital do Estado Português da Índia e Garcia de Orta pode desenvolver o seu trabalho ao longo 30 anos. Nesse tempo ele estudou e descreve as plantas da Índia. Ele percebe quais deviam ser as suas aplicações. No seu trabalho identifica espécies novas (ou desconhecidas) e retifica muitas informações falsas sobre algumas plantas que eram tidas como verdades. O convívio que Garcia de Orta tem com médicos árabes e hindus, torna-o numa referência.

O português escreveu a obra emblemática Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia (1563). Nesta obra em que ele explora diferentes áreas, encontram-se conteúdos de medicina, farmacologia e filosofia natural. Garcia de Orta revoluciona os conhecimentos do Velho Continente Europeu com esta obra. O autor português contraria o saber dos Antigos, afirmando os valores da experiência e das aquisições científico-naturais.

A obra

O livro Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia (1563) foi uma obra de grande impacto. Ao longo do tempo são feitas inúmeras edições. Esta obra tornou-se muito procurada, sendo realizadas diversas traduções e adaptações ao longo dos séculos seguintes.

Os séculos XVI, XVII e XVIII reconheceram o valor da obra Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia ao existirem tantas traduções e adaptações. Esta obra de Garcia de Orta tornou-se um dos maiores contributos de Portugal para a ciência da época. O espírito científico e experimental do Renascimento ficou mais rico com este elemento criado por um português.

O botânico português combateu erros graves dos “doutos”, revolucionou os conhecimentos da insípida farmacopeia europeia do seu século. Garcia de Orta representou uma mudança clara, deu um dos maiores contributos como médico do seu século ao aplicar à botânica alguns princípios do método científico, nomeadamente a necessidade de observação direta dos fenómenos que se estão a estudar.

Orta apresenta as diferentes plantas medicinais com todo o rigor, revela os vários nomes por que são conhecidas, indica a sua proveniência, revela as rotas comerciais das mesmas até chegar a Goa, além de descrever a morfologia das plantas e os seus diferentes usos.

As descrições são tão rigorosas e precisas que atualmente é possível identificar cada planta pelas características que são apresentadas e muitas das indicações terapêuticas dadas no livro mantêm-se atuais. Além de destacar espécies novas (ou não identificadas até à data) dá informações sobre plantas mal conhecidas.

Orta também fala das especiarias, que eram importantes para o Império Português, nomeadamente a canela, a pimenta, o cravo-da-índia ou o gengibre. Existem plantas que são recomendadas pelas efeitos gástricos e purgativos, outras pela sua ação enquanto agente do fluxo sanguíneo, outras que devem ser usadas para tratamento de doenças de pele.

Morte

Garcia de Orta faleceu em 1568, em Goa. Tal como acontecia nas damnatio memoriae do Império Romano, o médico português foi condenado postumamente. O Tribunal do Santo Ofício acabou por condená-lo em 1580, post-mortem, pelo crime de judaísmo, o mesmo que o fez perder a sua irmã.

Na sequência dessa condenação, o corpo de Garcia de Orta foi desenterrado e os seus ossos foram queimados. Após os restos mortais terem sido removidos da Sé de Goa “Garcia de Orta” foi condenado à fogueira, simbolicamente.

Reação ao livro

Garcia de Orta destacou-se entre os pioneiros da botânica médica e da ciência moderna. O seu espírito crítico e independente foi exibido numa época histórica em que dizer uma simples verdade podia custar a vida da pessoa.

A obra de Garcia de Orta foi autorizada a ser impressa pela Casa da Suplicação e pela Inquisição. A Inquisição estabeleceu-se na Índia no ano de 1565. Garcia de Orta tinha 64 anos na época e apenas viveria mais três. Viveu com grandes dificuldades financeiras após a obra, mas foi poupado pela Inquisição.

A fúria inquisitorial visou várias pessoas, diferentes elementos da sua família não tiveram a mesma sorte que o botânico, nomeadamente a sua irmã Catarina. Ela foi queimada num auto-de-fé em 1569, tendo sido condenada à fogueira pelo crime de judaísmo.


2022-11-23

 

Novos ataques ucranianos à central Zaporizhia" ameaçam catástrofe nuclear

 El ejército ucraniano bombardeó Donetsk con armamento de la OTAN provocando numerosas víctimas, denunció el Ministerio de Defensa ruso. | Foto: RT

"El régimen de Kiev reanudó los ataques para crear la amenaza de una catástrofe nuclear en la planta nuclear de Zaporiyia", denuncia el Ministerio ruso de Defensa.

El Ministerio de Defensa de Rusia afirmó este sábado que las tropas rusas han frustrado un nuevo intento de contraataque ucraniano en la región de Jersón, en el sur de Ucrania.

"En el área del asentamiento de Pravdino, región de Jersón, el enemigo, con la ayuda de dos compañías, apoyadas por nueve tanques y 16 vehículos blindados de combate de la brigada mecanizada 28, realizó un intento ofensivo fallido", indicó el vocero Ígor Konashénkov.

El teniente general ruso afirmó que las fuerzas armadas rusas destruyeron equipo del enemigo y abatieron a decenas de soldados ucranianos.

"Durante los combates, las fuerzas armadas rusas destruyeron en pocas horas siete tanques, 13 vehículos de combate de infantería", y más de 120 militares ucranianos murieron en los combates,  agregó. 

Konashénkov adelantó también que el Ejército ruso destruyó cuatro depósitos de armas y municiones de cohetes y artillería de Ucrania en las regiones de Járkov y Zaporiyia y en la autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD). 

Asimismo, los sistemas de defensa aérea derribaron ocho drones del régimen de Kiev en las provincias de Zaporiyia, Jersón y Nikoláev y en Donetsk.

Las fuerzas aeroespaciales rusas abaten a más de 50 nacionalistas ucranianos y más de 10 unidades de técnica especial en la región de Járkov, informó el Ministerio de Defensa de Rusia.

"El régimen de Kiev reanudó los ataques para crear la amenaza de una catástrofe nuclear en la planta nuclear de Zaporiyia. Durante una jornada se registraron dos bombardeos de artillería de la aldea de residencias de verano Volna, y una estación eléctrica térmica ubicada en las inmediaciones de la central", comunicó el Ministerio.

La planta de Zaporiyia, la mayor de Europa, permanece desde marzo pasado bajo el control de los especialistas rusos.

Desde hace varias semanas Ucrania bombardea diariamente las instalaciones de la planta, empleando para ello las armas suministradas por Occidente. 

Las fuerzas ucranianas han lanzado la mañana de este sábado nuevos ataques de artillería contra el centro de Donetsk, comunicó el alcalde de la ciudad, Alexéi Kulemzin.

Según las primeras estimaciones, la ofensiva lanzada por Kiev esta jornada costó la vida a una persona en el distrito Petrovsky, ubicado en las afueras de la urbe, así como a otras cuatro en el distrito Voroshilovsky, cerca del Teatro de Drama. Otras tres personas resultaron heridas.

Asimismo, Kulemzin indicó que un proyectil impactó contra el edificio de la Administración, en el distrito Voroshilovsky, cuyo tejado quedó destruido.


2022-08-09

 

Gaza sofre e a Europa ignora

  Nota Prévia: 

Israel: independência do mandato britânico da Palestina em 1948. População cerca 9 milhões. Área pouco mais de 1/5 de Portugal. Armas nucleares.

Faixa de Gaza é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). O território tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados.[5] (Wikipédia)


                                       ____________***____________

 Gaza sofre e a Europa ignora

Artigo de Jorge Fonseca de Almeida

No DN de 08 Ago 2022

Israel lançou de surpresa o que denominou de "ataque preventivo" sobre a faixa de Gaza, uma estreita língua de terra onde Israel criou um enorme gueto para os palestinos, grande parte dos quais expulsos das suas casas e das suas terras para que aí se estabeleçam os colonos israelitas. Aí vivem, sem condições dignas, sob um bloqueio terrível, mais de dois milhões de seres humanos. Esquecidos das grandes potências, sujeitos a violências constantes dos seus carcereiros israelitas.

Tanques e tropas israelitas entraram em Gaza e uma enorme linha de tanques está alinhada na fronteira do gueto prestes a invadi-lo.

Logo no primeiro dia do ataque, dezenas de crianças foram mortas pelos bombardeamentos, centenas de pessoas foram mortas ou feridas e várias infraestruturas civis foram destruídas. As imagens são arrepiantes, o sofrimento humano intenso, a destruição massiva, o poder de fogo israelita imenso, uma arrepiante tempestade de explosões, uma violenta tempestade de ferro e morte lançada sobre uma população indefesa.

Como se sabe a faixa de Gaza tem cerca de 40 Km de largura pelo que está ao alcance da artilharia de alta precisão israelita, pelo que o ataque a infraestruturas civis é propositado e não um dano colateral.

Infelizmente não se ouviram no Ocidente, nem da parte da Nato, o incitamento à defesa palestina, nem à promoção de Issam al-Da"alis o primeiro-ministro de Gaza, nem à censura sobre a televisão israelita, nem à imposição de sanções contra os oligarcas israelitas, nem ao boicote às exportações israelitas, nem mesmo à oferta de armas e munições para defesa. Os mísseis antitanque Javelin faziam muita falta às forças palestinas, para já não falar dos Himars. Pelo que sabemos a NATO ainda tem dezenas de milhares destas armas em armazém, prontas a usar.

Infelizmente quando são os nossos aliados a cometer atrocidade, elas são justas e perfeitas e todas as desculpas são boas e utilizáveis, até mesmo o "ataque preventivo", isto é um ataque sem que tenham sido ameaçados.

E toda a resistência proibida, vilipendiada, denominada terrorismo, mesmo para aqueles que vivem sob o que organizações independentes como a Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) descrevem como um odioso sistema de apartheid imposto pelos sionistas aos habitantes da Palestina. Note-se que a HRW e a AI são organizações não-governamentais ocidentais, a primeira norte-americana e a segunda inglesa.

A limpeza étnica levada a cabo por Israel, ocupando as terras e expulsando os habitantes da Palestina, a concentração das populações refugiadas palestinas em guetos, e o seu lento genocídio às mãos das tropas de um dos mais poderosos e bem equipados exércitos do mundo, são um dos maiores crimes contra a Humanidade das últimas décadas. Contudo Israel é elogiado como democracia, integrado nas instâncias europeias, apesar de nem se situar na Europa, aceite como aliado, defendido sempre que comete mais uma ação criminosa.

Este enorme cinismo ocidental não deixa de ser visto no mundo inteiro, isolando a Europa e retirando-lhe qualquer autoridade moral para intervir em qualquer outro conflito. Basta pensar nas massivas votações a favor da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas. Resoluções contudo que esbarram com a vontade dos Estados Unidos e seus parceiros europeus.

Esta é uma opção errada. Melhor seria pressionar Israel a cumprir as resoluções internacionais e reconhecer o Estado da Palestina.


2022-04-27

 

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