2004-09-13
As Taxas Moderadoras na Saúde (1)
Pode pensar-se em vários ângulos para abordar esta questão das taxas moderadoras.
A taxa moderadora para “refrear” o acesso “imoderado” aos serviços de saúde seria um ângulo possível e interessante para a sua melhoria qualitativa e prestação mais atempada ao utente;
Um outro ângulo, bem mais complexo, será o de olhar para as taxas moderadoras, como meio de financiamento do sistema de saúde;
Um outro ainda consiste em utilizar as taxas moderadoras como instrumento de mudança dos princípios que enformam o sistema de saúde, ou seja, passar a certidão de óbito ao actual sistema, universal e tendencialmente gratuito, que, apesar de funcionar mal, sobretudo porque mal gerido, é aquele que ainda melhor serve os portugueses e o mais justo e equilibrado.
Sobre a primeira hipótese, haveria muito a fazer, mas não nos parece francamente que seja esse o espírito do Governo ao vir falar da mudança das taxas moderadoras.
Assim, resta-nos os dois outros ângulos de análise, que não se excluem mutuamente. Bem pelo contrário proporcionam efeitos na mesma direcção.
Diferenciar as taxas moderadoras com o argumento de que os ricos devem “pagar os cuidados de saúde” – pagar a crise, como também se diz, é uma pura mentira, porque não vão pagar “coisa alguma” e sobretudo, é iníquo para aqueles que cumprem os seus deveres de cidadania (deixo aqui de lado os aspectos da constitucionalidade).
Não vão pagar “coisa” nenhuma pela simples razão de que eles têm “esquemas montados” para não pagar ou pagar apenas aquele “mínimo” que encobre a fuga. Fogem aos impostos e o fisco não actua. Fogem ao pagamento de propinas porque fogem aos impostos. Fogem ao pagamento das multas porque têm amigos “altos” que os protegem. E se ainda for preciso recorrem aos paraísos fiscais para as situações de maior complexidade. Mas pagar de certeza não pagam, até porque já pouco pagam porque a maioria já recorre aos privados.
Em conclusão, se não fizermos recuar esta “senha” persecutória do governo contra os que declaram, ou seja, contra os trabalhadores por conta de outrém, lá estarão os mesmos e sempre os mesmos a pagar tudo aquilo que o governo entender.
E estes que são muitos. Ainda um dia hão de se questionar muito seriamente sobre a razão dos seus impostos, quando o governo lhes vai retirando a pouco e pouco as poucas contrapartidas. Para onde vai este dinheiro? O que faz o Estado/Governo com este dinheiro que todos os meses nos descontam no vencimento?
E apenas mais uma dúvida: será que a saúde se coloca no mesmo patamar de princípios das propinas do ensino superior?
E se a saúde tem de ser cada vez mais financiada pelo doente (decisão anunciada do governo) porque não o utente financiar também todo o ensino, o primário, o secundário, etc.?! O governo, dentro da sua lógica, não pode deixar fugir este filão, para chegar a umas contas públicas equilibradas!!
A taxa moderadora para “refrear” o acesso “imoderado” aos serviços de saúde seria um ângulo possível e interessante para a sua melhoria qualitativa e prestação mais atempada ao utente;
Um outro ângulo, bem mais complexo, será o de olhar para as taxas moderadoras, como meio de financiamento do sistema de saúde;
Um outro ainda consiste em utilizar as taxas moderadoras como instrumento de mudança dos princípios que enformam o sistema de saúde, ou seja, passar a certidão de óbito ao actual sistema, universal e tendencialmente gratuito, que, apesar de funcionar mal, sobretudo porque mal gerido, é aquele que ainda melhor serve os portugueses e o mais justo e equilibrado.
Sobre a primeira hipótese, haveria muito a fazer, mas não nos parece francamente que seja esse o espírito do Governo ao vir falar da mudança das taxas moderadoras.
Assim, resta-nos os dois outros ângulos de análise, que não se excluem mutuamente. Bem pelo contrário proporcionam efeitos na mesma direcção.
Diferenciar as taxas moderadoras com o argumento de que os ricos devem “pagar os cuidados de saúde” – pagar a crise, como também se diz, é uma pura mentira, porque não vão pagar “coisa alguma” e sobretudo, é iníquo para aqueles que cumprem os seus deveres de cidadania (deixo aqui de lado os aspectos da constitucionalidade).
Não vão pagar “coisa” nenhuma pela simples razão de que eles têm “esquemas montados” para não pagar ou pagar apenas aquele “mínimo” que encobre a fuga. Fogem aos impostos e o fisco não actua. Fogem ao pagamento de propinas porque fogem aos impostos. Fogem ao pagamento das multas porque têm amigos “altos” que os protegem. E se ainda for preciso recorrem aos paraísos fiscais para as situações de maior complexidade. Mas pagar de certeza não pagam, até porque já pouco pagam porque a maioria já recorre aos privados.
Em conclusão, se não fizermos recuar esta “senha” persecutória do governo contra os que declaram, ou seja, contra os trabalhadores por conta de outrém, lá estarão os mesmos e sempre os mesmos a pagar tudo aquilo que o governo entender.
E estes que são muitos. Ainda um dia hão de se questionar muito seriamente sobre a razão dos seus impostos, quando o governo lhes vai retirando a pouco e pouco as poucas contrapartidas. Para onde vai este dinheiro? O que faz o Estado/Governo com este dinheiro que todos os meses nos descontam no vencimento?
E apenas mais uma dúvida: será que a saúde se coloca no mesmo patamar de princípios das propinas do ensino superior?
E se a saúde tem de ser cada vez mais financiada pelo doente (decisão anunciada do governo) porque não o utente financiar também todo o ensino, o primário, o secundário, etc.?! O governo, dentro da sua lógica, não pode deixar fugir este filão, para chegar a umas contas públicas equilibradas!!
Comments:
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Não seja tão cínico. Eles ainda o "ouvem", porque as elites são mesmo assim têm de defender os seus.
Muita gente do PSD está incomodada, sobretudo no interior do País. Há que fazer qq. coisa para barrar o caminho a mais esta deriva. Por detrás de tudo isto estão sobretudo os Melos. São uns "mamas" do Estado. Vejam CUF, Lisnave. Foi só a encher. E o que é o ministro Filipe Pereira?
C. Pedro
C. Pedro
Acabo de ouvir Bagão Félix. Entrou-se de facto na bagunça dos aumentos de tudo e Jorge Samapaio a cobrir esta onda de ultra liberalismo do Governo.
Têm razão. É preciso fazer parar este governo.Temos todos que lhe fazer frente, independente dos partidos em que votamos.Muitos PSD estão contra os aumentos.
A extrema direita está cada vez mais forte neste país. A destruição do estado social está à vista. Se a isto juntarmos o que o Governo PS não fez ou fez mal, o que vai servindo de alibi para a actuação da direita, estamos fritos. Há que promover movimentos cívicos contra este avanço claro, pois só com os partidos não vamos lá.
Franco Silva
Franco Silva
O Franco Silva dá uma sugestão interessante. Em momento oportuno utilizemos SMS para as acções oportunas.
Clara Fonseca
Clara Fonseca
Os blogs tb podem ir para além da conversa. Porque não se movimentam na defesa do que está em perda? Só para conversa já temos muito "intelectuais" de café.Ou os bloguistas tb fazem parte destes? Só conversa.
Gostei muito da conversa do anterior comentarista. Acha q os blogs tb podem ir p além da conversa. Estou em pulgas à espera das sugestões. Referir-se-á a post com fotografias? Música? Filmes?
Na frase seguinte dá o q talvez seja uma pista. Porque não se movimentam na defesa do que está em perda? Movimentam? Os blogs? Como? Com o rato? Para cima e para baixo?
Uma informação ao esforçado comentador. O pessoal dos blogs não faz parte dos "intelectuais" de café. São, intelectuais ou "intelectuais" dos blogs.
Que sugere? Diga q eu mobilizarei aqui o pessoal de Leiria para ajudar. Um aperto de mão e não se zangue.
Zé do Telhado (www.pinhal-de-leiria.com)
Na frase seguinte dá o q talvez seja uma pista. Porque não se movimentam na defesa do que está em perda? Movimentam? Os blogs? Como? Com o rato? Para cima e para baixo?
Uma informação ao esforçado comentador. O pessoal dos blogs não faz parte dos "intelectuais" de café. São, intelectuais ou "intelectuais" dos blogs.
Que sugere? Diga q eu mobilizarei aqui o pessoal de Leiria para ajudar. Um aperto de mão e não se zangue.
Zé do Telhado (www.pinhal-de-leiria.com)
Não me zango,não. Sei q o mundo blogueiro é mto amplo e obtuso e que há de tudo n"os intelectuais dos blogs", esses mesmos. Mas não esteja tão descrente oh Zé do telhado, senão fechamos o país.
Acho que alguns desses "intelectuais" podem movimentar-se, apoiar movimentos, petições nem que seja só divulgando-os(as).
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Acho que alguns desses "intelectuais" podem movimentar-se, apoiar movimentos, petições nem que seja só divulgando-os(as).
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