2005-04-29
A Invasão Chinesa (2)
O proletariado queria alimentar-se de forma mais barata, enquanto o patronato batia-se pela protecção do seu mercado doméstico, pelo que o patronato resistiu enquanto pode à introdução das regras da concorrência. Ainda, na última década do século XX, como refere um grande mestre da história económica sueco, Lundqvist, a indústria e o comércio suecos opunham-se à harmonização no mercado comum da política de concorrência.
A situação é agora bem diferente, porque as armas são bem mais fracas. Existem regras (não vou discutir aqui o seu mérito) que, dificilmente, poderão ser ultrapassáveis. A entrada da China na OMC previu cláusulas de salvaguarda que poderão ser accionadas, mas que só adiam a questão por algum tempo (tecnicamente tenho dúvidas de que seja oportuno com tão pouca informação e sobretudo sem que as tendências de evolução sejam claras que se accionem esses mecanismos).
Este governo pouco pode fazer, outros anteriores poderiam ter tidos políticas dinâmicas que "revolucionassem" esta situação. Mas demonstraram não ter capacidade. Jogavam mais no compromisso.
O governo deve estar muito atento e em cooperação com os parceiros sociais lançar medidas em várias frentes, desiganadamente em termos de políticas de desemprego, enquadrando-as num plano de fundo que é o de criar as condições de desenvolvimento na mudança da estrutura produtiva. Eis um domínio em que o Plano Tecnológico tem de actuar.
Este desemprego extra é inevitável. Por isso não compreendo alguns partidos de esquerda que, durante os últimos anos, se mostraram muito escandalizados com o aumento do desemprego, e exigiram medidas para diminuir o desemprego. Um aumento do desemprego é, de facto, inevitável a curto prazo.
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