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2005-05-31

 

A Europa abalada

A crise económica e social na Europa não é de hoje. Muitos anos já que a Europa vem patinando, que está sem força anímica, designadamente por falta de líderes e de um projecto mobilizador.

Desde Jacques Delors não há um presidente da Comissão Europeia, digno desse nome. E de cinzentões, sem ideias e sem dinamismo, os europeus cansaram-se.

A nível mundial, a vida marcha a uma velocidade alucinante, com um processo de globalização onde a Europa se auto-marginaliza, exactamente porque a União Europeia não tem projrcto e sem projecto não se sabe responder aos desafios.

E neste contexto, o "Estado Social", uma das conquistas dos europeus mais sentidas e arreigadas, um bem a que todo o europeu, independentemente da sua tendência político partidária, se agarra, está sistemáticamente a ser bombardeada contra a apatia dos políticos quando não com a sua colaboração.

No meio deste pântano, para usar um termo tão querido dos políticos portugueses, há pequenos países que souberam encontrar caminhos e não foram só os nórdicos para estes problemas, inclusive onde o "Estado Social" se aprofunda e fortifica, através de reformas de grande envergadura e coragem política. Nos grandes países, os "motores" só fazem marcha a ré, e é aí que estão os verdadeiros grandes problemas. Não puxam, desajudam, ao manterem por exemplo uma PAC, ao instituirem instituições pesadíssimas para seu benefício específico, etc, etc.

Ora, foi exactamente num desses países, a França, que a União Europeia foi abalada.

E como escrevia Le Monde foi abalada porque é preciso "restituir confiança às classes médias que têm a impressão de perder terreno".

Este sentimento de perda não é específico apenas das classes médias francesas. Em minha opinião, as classes médias de toda a Europa estão neste registo.

Daí que, apesar de concordar que é fundamental um debate sobre a Europa que nunca se realizou em Portugal e, mesmo na Europa, talvez o mais profundo tenha sido este último em França o resultado foi o de um terramoto, exactamente porque os franceses se sentiam marginalizados do processo Europa porque nunca lhes foi dada a oportunidade de uma larga participação livre na sua construção.

Face a este abalo, o tratado europeu está no mínimo "em estado comatoso". Jamais será este o tratado europeu do futuro. E por isso passei a interrogar-me sobre qual a matéria a referendar em Outubro, sobre algo em estado comatoso?

Tendencialmente estou com Jorge Miranda, pelo adiamento do referendo, não adiando contudo o debate da Europa. Para votar é preciso ter ideias sobre a Europa que se quer. E se ainda hoje como refere Pedro Correia, Jornalista do DN em artigo intitulado "ainda não li o tratado", em 30 deputados interrogados sobre se conheciam o tratado, 29 ainda não o tinham lido, é mesmo preciso um grande debate. Certamente são estes senhores que nos vão elucidar sobre o que não sabem/não leram mas já têm opinião formada.


Comments:
Parar para pensar é o que falta aos nossos políticos. Que participação temos tido nós portugueses na construção da Europa? Nenhuma.
 
Os responsáveis politicos estão de tal maneira distantes das preocupações das pesssoas que perdem a cabeça quando as coisas não correm como gostariam. Um exemplo disso é o artigo de Ana Gomes no Causa Nossa a propósito do referendo em França. Como é possivel reduzir o voto ao "soberanismo barato, a xenofobia e o medo"?
Como tive oportunidade de explicar aqui várias vezes tanto o campo do SIM como o do NÃO tinham argumentos válidos.
 
O artigo de Ana Gomes, como refere o Pedro Ferreira é na realidade um atestado de menoridade ao povo francês. Não merece nem é justo. os senhores deputados t~em alguma dificuldade em ir ao fundo das questões. Nunca tinha visitado o causa nossa, mas fiquei fã, não por este artigo mas por vários que lá consultei sobretudo da MMLB, pelo que me vou ter que me dividir. Ana ESteves
 
Peço desculpa no meu comment anterior enganei-me na sigla da Maria Manuel que é MMLM.Ana Esteves
 
"Pensa-se" em função do oportunismo e não em função do tema em debate e dos cidadãos. Isto vem a propósito de que votar sim em Portugal, segundo Marques Mendes afirmava hoje, até seria bom para a negociação do pacote financeiro. Taxar a estupidez endireitaria as contas públicas. Pensam os políticos como Marques Mendes que andamos todos a chuchar no dedo?
 
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