2006-02-12
Ainda a OPA da SONAE...
A anunciada OPA da Sonae sobre a PT veio trazer à economia portuguesa elementos novos que dificilmente poderão ser ignorados ou neutralizados, mas também alguns receios sobretudo nos trabalhadores da PT. O público em geral olha para o facto com alguma expectativa e curiosidade.
Como elementos novos temos:
- A dimensão do negócio pela mobilização de fundos que representa cerca de 8% do PIB português.
O facto do protagonista Belmiro de Azevedo ser um empresário com uma postura de contestação e líder de um grupo português produto do pós-25 de Abril.
Independentemente do desfecho muita coisa vai mudar.
Acreditei muito pouco no surgimento de uma OPA concorrente, embora não esteja ainda de todo afastada essa hipótese.
Agora a PT é uma empresa estratégica, no tecido económico nacional, devido à capacidade de inovação própria, quadros de elevada craveira técnica para o nosso meio, reconhecimento internacional e experiência do processo de globalização.O governo não pode ficar indiferente a esta movimentação. Não pode deixar nas mãos do mercado a solução. Agora não há que temer a mudança e o aparecimento de posições de defesa do status quo (não defensável no quadro da concorrência).
Daí, deve aproveitar este dinamismo para definir uma estratégia e delinear as alterações possíveis no âmbito das mudanças tecnológicas e da inovação necessárias ao desenvolvimento deste País.O governo tem uma enorme responsabilidade neste processo e dispõe de uma excelente oportunidade para dar rumo ao Plano Tecnológico, que tanto tem defendido.>/P>
Quanto ao capitalismo nacional do século XXI não atinjo, porque o grupo da OPA, mesmo que fosse seu adepto, tem uma visão e uma estratégia global. Aí está um dos pontos menos claros em tudo isto.
O governo não deveria manter-se numa posição defensiva, mas aproveitar esta oportunidade para influenciar a mudança.
O que é dito no post serve para justificar quase tudo.
O que é importante é que a concretizar-se vai haver mais concentração e muito menos concorrência, sobretudo na rede de telemóveis. A possível fusão TMN+Optimus vai criar um duopólio com uma quota de mercado praticamente hegemónica para um operador. Isto vai ter a prazo consequências no consumidor.
E ainda há o problema da rede que, em má hora, o Estado vendeu à PT.
Esta OPA é óptima para a SONAE mas é negativa para o conjunto da economia nacional.
José Manuel
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