2006-06-26
O centro de todas as atenções
Aos sábados visita-nos. De braços abertos corre para o abraço da avó ou do avô. E assim entra em casa para o dia grande. Vai ao caixote dos brinquedos despeja tudo no chão mas depressa se desinteressa. O que o atrai mesmo é as coisas dos adultos. E mostrar que já sabe tudo. Abrir a televisão, lavar as mãos e molhar tudo à volta, ajudar a pôr a mesa levando as coisas pequeninas, usar as chaves das estantes, folhear Kant, Petrarca ou o último livro do Mário de Carvalho enquanto não acudimos e explicamos que é cedo para tanta Filosofia e Literatura.
Vó, vó, flor, flor! E a avó lá mete meio litro de água no regador e abre-lhe a porta da varanda.
Criado a beijinhos... Depois os pais vão ensiná-lo a ser honrado, solidário e generoso. Ver no outro um irmão e não um lobo. Não será um perigo tal educação?
Tanta "babosice" é uma coisa boa, pelo menos,temporária.
Mas como tu próprio "admites" e te interrogas, um certo doseamento é preciso. Uma compensação para o que é mundo, pois o risco de "passar-lhes" um mundo inexistente pode, no futuro, levá-los a colocar aquela questão ingrata: afinal, "aqueles gajos tão porreiros" - que eram os meus avós - não me deram os dados deste "mundo-cão" em que vivo.
A mim, ainda me não chegaram os netos, mas sinto-lhes falta.
Há um tempo para só mimar e haverá outro para mostrar com mais clareza.
Se/quando tiver netos, vou babar desta maneira, tenho a certeza.
RN, bem o compreendo!
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