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2006-06-26

 

A propósito da Opel Azambuja

... que, entre muitas outras coisas, segundo diz o Raimundo no poste logo antes, o jogo de ontem faz esquecer, pelo menos por uns dias, era bom que se reflectisse profundamente no caso.

Era bom até, apesar do grande gozo que nos deu o resultado final do jogo, que se reflectisse na razão porque só levamos de vencida a Holanda "em jogo de pés" .... Na economia e em termos de Estado Social, a distância é o que se sabe.

Era bom, era bom, ... , era bom pensar o País.

Penso que foi o Eng. João Martins Pereira que fez uma excelente reflexão económica, já lá vão uns bons anos, num livro publicado com este mote: "Pensar o País".

E a propósito da Opel Azambuja era bom pensar se este tipo de investimentos interessa à nossa economia.

A tendência de muitos é o enfoque no número de postos de trabalho. Foi, assim, que se olhou para a refinaria Vasco da Gama de Patrick Monteiro que morreu na casca e ainda bem, porque como investimento económico era negativo em termos de incidência.

É evidente que a Opel Azambuja irá fechar. É bom estar atento ao evoluir da AutoEuropa, apesar de alguma euforia agora reinante. Foi/é um investimento de risco e cada vez mais, apesar de diferenças significativas em relação à Opel.

Não é preciso perceber-se muito da indústria do automóvel nos seus pormenores. Só é preciso pensar-se que se trata de um sector global, detido por grandes multinacionais e que os mercados emergentes não se encontram por estes lados. E segundo que, em Portugal, não está sediado nada de fundamental desta indústria. Na sua cadeia de valor só há fabricação. Uma cadeia de valor muito curta. Atrasamo-nos em alguns domínios que poderiam dar maior sustentabilidade a projectos desta natureza.

Azambuja, para além dos postos de trabalho, teve impactos muito fracos na economia do país. Ao contrário, a AutoEuropa sempre arrastou consigo um conjunto significativo de diversas unidades fornecedoras de componentes, para além das que induziu cá.

Ora, uma unidade fabril sediada na Azambuja, com os fornecedores localizados em Espanha ou na Alemanha, só nos transportes das componentes a integrar tem custos não comportáveis em termos de competitividade e depois há os custos inversos da expedição do produto final. Trata-se, efectivamente, não de competitividade no fabrico (apesar da tecnologia não ser a melhor) mas na logística tanto mais imperando no sector o Just in time.

A Auto Europa está melhor porque criou uma plataforma logística de fornecimentos, o que lhe dá alguma defesa, alguma competitividade e o uso do transporte marítimo na expedição que é mais barato.

Há aqui muito que o país não fez: transportes e logística. Daí que o país deveria ter sido há muito pensado. Já não era cedo quando JMP alertou para o assunto.

Nunca será tarde, mas agora certamente sobre outras bases. Modelos de desenvolvimento ultrapassados, cuidado.

Comments:
LOGISTICA, como o João escreveu, é de facto a area que impulsiona o "supply chain" onde se exige Repensar missões, estratégias e objectivos.
Tudo se resume a fluxos: de onde vem, para onde vai, qual o valor acrescentado?
 
Não é Opel?
 
...claro que é a OPEL e não a FORD, ou seja, é a GENERAL MOTORS (que se saiba ainda não se fundiu com a FORD).
Mas tanto a FORD como a GENERAL MOTORS são exemplos que merecem ser olhados.
Ambas as empresas foram, no início e durante décadas, muito integradas verticalmente, até que começaram a sofrer fortemente a concorrência dos japoneses que subcontratavam e subcontratam a maioria dos subconjuntos dos veículos (os americanos também já o fazem, como é evidente).
Na cadeia de valor dos automóveis, de resto, as fases onde é criado valor acrescentado a sério não têm a ver com a montagem, haja ou não um bom sistema logístico associado às linhas de montagem como não é o caso da Azambuja.
O valor acrescentado está na marca (no domínio do mercado) e no projecto, essencialmente.
Que é o que Portugal não tem, nem se vê que venha a ter!
Aliás, interessará hoje a Portugal desenvolver um cluster de montagem de automóveis, uma indústria clássica, praticamente uma commodity?
Não há outros clusters com muito mais interesse para o país?
Seguramente que há e o que é mais preciso, agora, é coragem política para os definir e os estabelecer como verdadeiras prioridades nacionais para esta e as próximas gerações.
É, de resto, a partir desta definição e implementação como prioridade que o próprio ensino técnico e universitário se deve maioritariamente orientar para apoiar verdadeiras competências, em Portugal, nesses clusters, em termos internacionais.
 
Ó meu caro João Abel Freitas, se a tendência de "muitos" é porem o enfoque nos postos de trabalho, qual é a sua? Onde é que o meu caro põe o seu enfoque?
Estará algum Estado nacional (e, por maioria de razão, Portugal) em condições de impôr a "clusterização" do investimento estrangeiro?
A sua abordagem, escapando à questão (para mim central) do emprego, não correrá o risco de se "macroeconomizar" num plano em que só as multinacionais têm o poder?

Rui Conceição
 
Obrigado pela correcção é OPEL, claro.
 
Meu caro Rui Conceição

Em meu entender, um investimento orientado apenas para a criação de uns quantos postos de trabalho e sustentado fundamentalmente em subsídios não se justifica, porque carece de sustentabilidade. daí que o meu enfoque seja posto na viabilidade ou na criação de condições para tal.
 
Das 4 perguntas que fiz, o autor do texto respondeu a uma. Que falta de disposição para a conversa. O vosso blogue ainda se chama Puxa-Palavra? Por este andar, deviam pensar em mudar de nome.

Rui Conceição
 
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