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2006-09-17

 

A "excepção" de Sernancelhe





Carnaval das Escolas de Sernancelhe (os miudos até já estão habituados...)

O fecho das escolas (tal como o das maternidades e outros serviços públicos) estribado na contabilização estrita da capitação imediata da despesa, promete dar que falar.

“Maria João Espírito Santo, mãe de uma aluna do Granjal, explicou à Lusa que não há condições de transporte para Sernancelhe, a cerca de cinco quilómetros, nem na escola de acolhimento, e que, por isso, os sete alunos da localidade ficarão sem aulas até o problema se resolver.”

Os apoiantes incondicionais das políticas do ME, aboletados nos seus confortos citadinos e, sobretudo, ideológicos, sobrevivem bem com o mal dos outros. Enquanto louvam os “progressos” que conseguem divisar nas escolas dos seus filhos, minimizam o despautério de uma política que vira as costas ao interior, depois de os seus arautos terem prometido exactamente o contrário.

Vimos as meninas e os meninos de pratos e talheres nas mãos, a encaminharem-se para escolas sem refeitório, preparados para comer na mesma “carteira” onde estudam e assistem às aulas.

Sei que é lá para Sernancelhe... Sabem onde é? Sim. No distrito de Viseu. Aquela terra que

atrai pelas suas pequenas casas caiadas de branco numa moldura granítica e pela igreja de fachada romana, também com estátuas de granito.

Não se incomodem. Não se inquietem. Continuem a fingir que tudo está a melhorar e que Sernancelhe é apenas uma excepção. Fecharam “apenas” 17 das 21 escolas que existiam.

A Beira Interior está a tornar-se cada vez mais “atraente”. Os miúdos têm de nascer longe, e comerem nas escolas sem refeitórios, levando os pratitos na mochila. Que importa? Em certas escolas, noutros lugares, as coisas até têm melhorado...

Apoiemos, pois, o Ministério das Escolas que têm melhorado!

Comments:
De facto estes casos são inaceitáveis. O Ministério da Educação tinha obrigação de garantir as condições de TODOS os meninos deslocados. Neste caso concreto no que se refere à alimentação e respectivo refeitório e transporte com o apoio que é inclusivamente obrigatório por lei.
Está mal o ME e está mal a CM de Sernancelhe que devia lutar para que existam condições de encerrar as escolas.

Não ficarei no entanto refém de sentimentos de culpa pelo facto de estar alojado (lá fui outra vez ao dicionário sentindo-me ignorante após ler um texto teu ;-) ) numa cidade e estar ideológicamente próximo do governo.

Em vez de reagir como uma espécie de velho do restelo que apenas é capaz de referir as situações negativas gosto também de referir aquelas que correm bem. E elas existem por mais incómodas que sejam para quem é adepto (mesmo que inconscientemente) da politica da terra queimada.

Fazes bem em criticar o que não está bem. Também já por vezes o fiz (mesmo relativamente ao ministério da educação). Anotarei mentalmente a critica e tantarei fazê-lo mais vezes sempre que achar necessário.

MAS NÃO PENSEM QUE ME CALAREI SEMPRE QUE TENHO DE ME COLOCAR NA SITUAÇÃO QUE NESTE PAÍS É MAL VISTA DE ELOGIAR BONS TRABALHOS.
 
Aquilo que penso saber é que as autarquias foram convidadas a estabelecerem uma espécie de cartilha, para o sistema de ensino nas suas áreas de influência.
A maior parte delas, terá assumido, (a troco de (?)) e não tem condições para cumprir a sua parte.
Isto exclui o ME das responsabilidades, claro que não…
 
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Caro Lester Burnham,

Muito obrigado pelo teu coemntário. Fiquei elucidado acerca do modo como encaras a tua adesão (crítica) a certas políticas públicas. Acho corajoso, alguém que apoia o Governo (como tu) se disponha, sempre que tal se justifica, à crítica, ao reparo, à interpelação.
Tentei conversar contigo sobre o mesmo assunto num dos teus anteriores posts, -- «1º dia de escola - Há algo de novo no ar» --
e pareceu-me que, quer tu, quer o Raimundo Narciso, estavam mais empenhados em apoiar do que em se indignarem com a "excepção" de Sernancelhe.
Gostei da tua piada acerca da "terra queimada", apesar das conotações incendiárias que se podem estabelecer.
Tendemos a olhar as críticas alheias como exageros. Fico sem saber se uma política pública que melhora de um lado e despreza do outro, merece o apoio que tu e o Raimundo Narciso lhe deram, sem que, na altura tenham feito qualquer reparo aos aspectos negativos.
Acho muito bem que não te cales sempre que vires motivo para apoiar o Governo. Às vezes, de facto, o Governo não parece querer o apoio de ninguém...
 
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Meu caro Zé,

Obrigado pelo seu comentário. Tb acho que se trata, em muitos casos de má articulação com as Câmaras Municipais. O Estado deixou-lhes, em testamento (aparentemente descentralizador) o pesadelo de um parque escolar obsoleto e degradado. Algumas autarquias poderiam, ecentualmente, fazer um pouco mais, claro. Porém, como muito bem aponta, a responsabilidade nacional pela coordenação das políticas é do ME. Avaliar as implicações das medidas tomadas (encerramento de escolas e concentração dos alunos em edifícios inadequados) é o mínimo que se deve exigir ao Governo, primeiro, e às autarquias locais, depois.
 
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