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2006-11-17

 

Um estudo que incomoda (2)

Há dias ao saber pela imprensa escrita que o governo encomendara um estudo à Capgemini sobre níveis de comparação salarial público/privado e que estava com alguns problemas em digerir as conclusões que vão no sentido que o Estado patrão paga menos do que o sector privado, teci algumas considerações sobre o facto, pois em minha opinião, a realidade é mesmo essa.

Agora é bom que se precise a que Estado nos referimos. Não entram aqui as empresas públicas, tipo TAP, EDP, CTT, etc. Nem tinham que entrar ou a entrar entrariam para esta comparação do lado do privado, pois é essa a filosofia que vigora na determinação salarial.

Para sermos concretos, a comparação só faz sentido se feita ao nível da Administração Pública.

Definidos estes pressupostos não tenho a mínima dúvida sobre a objectividade das conclusões em termos globais, embora outros estudos, esses no meu entender mal fundamentados como os do BP, tenham levado a afirmações públicas por exemplo de Vitor Constâncio no sentido de que os funcionários públicos são melhor pagos.

A minha experiência porque por lá passei e conheci, penso, bem a realidade da AP central, pelo menos do Ministério da Economia revela exactamente isso. Os funcionários públicos são pior remunerados que os da privada para idênticos níveis de funções e habilitações. Aliás não é dificil decomparar. As tabelas de vencimento são públicas.

Parece que há aqui um complexo de abordagem da questão Função Pública. Nada disto invalida que não tenha de haver e de forma profunda uma reforma da AP.

Sempre defendi isso e continuo a defender, embora entenda que há duas premissas de fundo. Primeira, os ministérios têm de ter uma visão e segunda uma definição do que é o Estado e das suas funções. Só nesta base pode assentar uma reforma duradoura.

Mas resumindo não baralhar reforma e salários e isso está a ser feito.

E, neste contexto, não consigo perceber porque razão o MFinanças retém o estudo. Se não concorda com a metodologia, divulgue-o com o contraditório.

Comments:
Concordo com a análise deste poste. Ainda não percebi aonde pretendem chegar os que querem falsear uma realidade tão evidente. Sou funcionário público licenciado em engenharia há 20 anos e os meus colegas (aqueles com que me dou ganham mais 40%). Acabo por ganhar tanto como eles, fazendo trabalhos em profissão liberal, mas isso são mais umas horinhas...
 
O Ministério das Finanças procurou criar um ambiente político favorável aos seus objectivos com um conjunto de mentiras propagandeadas (ps "privilegiados", os "custos salariais exorbitantes", etc)que supostamente serviriam para abrir caminho às famosas "reformas". Como este estudo vem demonstrar que o ministro das finanças tem andado a mentir descaradamente. Por isso é que o pretende esconder. Aliás como o principal objectivo destas "reformas" é reduzir os salários dos FPs têm naturalmente que o esconder e fazer como fazem todos os mentirosos quando são descobertos: ensaiar a "fuga para a frente", isto é mentir ainda mais.
 
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