2006-12-03
Ao Assalto do Céu (1)
Salto para o Céu
É curioso que pessoas como o Raimundo Narciso, escolhendo bem as palavras e preocupando-se minimamente com as ideias, venham comparar a crítica de certos aspectos da deriva autoritária do Governo de Sócrates às aspirações que Marx atribuiu aos comunardos de 1871 (ver aqui).
É uma técnica um tanto escangalhada.
Primeiro, porque insinua existir no contraditor um maximalismo reivindicativo que, no caso vertente, se resume a uma apreciação das políticas governamentais e não do sistema capitalista.
Segundo, porque não diz frontalmente o que insinua subliminarmente. O contraditor aproxima-se de Marx, Comuna de Paris, etc. E eu a pensar que a Margarida e o Vítor Dias é que achavam que a "propaganda" vai de braço dado com qualquer mensagem...
Terceiro, porque foge à questão central: o Governo vai ao rendimento dos que não podem esquivar-se, decreta-lhes cortes leoninos, sem apelo nem agravo e, de cambulhada, “esquece-se” de negociar. Impõe.
Ora a imposição, que parece ter arrebanhado adeptos de vulto entre os democratas mais tolerantes e flexíveis de que havia notícia, falha num aspecto primordial. Renega o princípio básico da governação socialista: o que se pode conseguir pela via da negociação, reforça a coesão social e política.
O Governo, já percebi, não tem tempo. Tem de atacar agora, para (tentar) fazer esquecer as malfeitorias de acordo com o ciclo eleitoral.
Não estou de acordo mas, enfim, não me surpreende. Todavia supunha que o Raimundo Narciso tivesse algum tempo mais...