2007-03-12
O Couço terra de heroísmos
Trabalha-se neste momento a criação de uma sala-núcleo museológico no futuro condomínio de luxo que substituirá a antiga sede da PIDE face à falta de apoio institucional para mais, um museu na antiga prisão do Aljube, junto à Sé de Lisboa. Criaram-se grupos de trabalho de recolha documental, criação de roteiros da memória, etc. fazem-se reuniões e plenários com quem queira colaborar. O Movimento não tem sequer estruturas hierarquizadas, tem funcionado com a maior democraticidade e abertura e é uma espécie de reunião de boas vontades.
Uma parte maior da memória a preservar diz respeito à luta dos comunistas organizados no PCP, por isso era natural que este movimento de origem não partidária nem telecomandado por qualquer partido, onde se encontram pessoas como o "Capitão de Abril", agora Almirante, Martins Guerreiro, ou o arquitecto Nuno Teotónio Pereira dos "católicos da capela do Rato" ou o historiador António Borges Coelho, tivesse o apoio ou a simpatia dos partidos de esquerda e não só, e particularmente daqueles que têm um passado de luta contra o fascismo.
Segundo algumas fontes, o PCP terá considerado que essa Memória é sua propriedade. E dela deverá ter o monopólio. E que o PCP ou controla ou não colabora. Que podia simplesmente alhear-se mas ao contrário tenta criar dificuldades. Custa-me a crer. Ou então não mudou!
Vem isto a propósito da comemoração do dia da Mulher pelo movimento NÃO APAGUEM A MEMÓRIA que além de um colóquio muito interessante na Biblioteca Museu da República e da Resistência, no dia 8 de Março organizou uma excursão a Coruche e ao Couço com passagem pela igrejinha símbolo de resistência ao fascismo, no tempo dos padres holandeses, na Azervadinha. António Melo fez do evento um excelente relato.
A excursão tinha uma motivação central: visitar o local mais emblemático da luta heróica dos operários agrícolas e em especial das operárias agrícolas pelo pão, pela sobrevivência, pela dignidade, contra a exploração dos latifundiários, contra a ditadura. Uma visita guiada pela aldeia, pelos locais símbólicos das greves, das manifestações, dos choques com a GNR e a PIDE, por Paula Godinho, uma antropóloga que viveu no Couço 14 meses, onde ganhou grandes amizades e a simpatia (para dizer o mínimo) de toda a aldeia, para melhor fundamentar a sua tese de doutoramento (Memórias da Resistência Rural no Sul (Couço 1958-1962) Celta Editora, Oeiras 2001).
Interrogo-me sobre que partido terá ganho a Junta de Freguesia do Couço. E também se se terá tratado de uma decisão local ou de uma ordem de Lisboa.
(O post inicialmente publicado sofreu, entretanto, umas ligeiras correcções de estilo.)
Sabe o Sr. ou devia saber que o Couço, nunca reclamou nem participou em heroismo, isso é para outros que tudo fazem para esticar o pescoço. No Couço lutou-se e luta-se por um país mais justo.
A Junta, ao contrário do que disse não se opôs nem nunca se oporia à realização do evento simplesmente foi dito aos promotores que a programação para esse dia já estava preenchida e que, caso entendessem poderiam, como é óbvio assistir e participar. Tal não aconteceu nem tão-pouco foi comunicado o horário da visita.´
Se não percebeu nunca irá perceber.
Cumprimentos
Luis Ferreira
É com vincada tristeza que leio estas palavras que escreve. Foi com estranheza que percebi que nutre um ódio irracional, num registo manifesta e obsessivamente patológico, contra os órgãos e os cidadãos democraticamente eleitos na Freguesia do Couço, mostrando que não gosta da democracia. Não só demonstra ignorância activa, falta de respeito e desconhecimento da realidade local - como por exemplo do que a Assembleia e Junta de Freguesia projectam para as comemorações do Dia Internacional da Mulher todos os anos e, do apoio da população local a essas mesmas comemorações - como decide escrever afirmações falsas e sobre as quais não tentou sequer apurar a verdade dos factos, pois se tivesse optado por tomar uma atitude séria teria indagado. É FALSO que a Junta de Freguesia do Couço tenha recusado contactos, tendo recebido uma delegação do Movimento Não Apaguem a Memória e explicado das dificuldades em apoiar esta iniciativa, uma vez que a duas semanas do evento já estava tudo a postos para as comemorações na Freguesia. Seriam bem vindos a participar nas nossas comemorações caso o entendessem, não poderíamos era “apagar” o nosso trabalho de meses, o nosso investimento pessoal, colectivo e emocional, na preparação do nosso programa para apoiar exclusivamente o projecto do Movimento. Enfim, não me parece que tenhamos de nos explicar a alguém (a si) que julga que o Couço, a sua população, a luta que projecta no futuro e o esforço dos seus autarcas sejam de alienar em função daquilo que se apelida de “heroísmo”. Parece-nos, isso sim, justo para quem por aqui passa a ler sobre o Couço não ficar apenas com uma imagem pervertida, facciosa, equívoca e falsa acerca deste povo, desta terra e destes autarcas. Apenas acrescentar que o Couço não é aldeia é uma Vila, não de “heroísmos” mas, de muita Dignidade. Cumprimentos. Liliana B. de Sousa
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O Movimento Não Apaguem a Memória quiz comemorar o Dia da Mulher com uma visita a Coruche e ao Couço. Para isso contactou as autarquias respectivas para saber se haveria receptividade à visita e eventual possibilidade de algum acto em conjunto.
A CM Coruche foi receptiva. Proporcionou uma reunião de Boas Vindas, ofereceu uns livros relacionados com o concelho, o presidente da Cãmara arranjou disponibilidade (era um Sábado)para nos acompanhar a uma visita ao museu, a uma exposição sobre o Zeca Afonso, ofereceu um almoço e por fim da parte da tarde teve a gentileza de nos acompanhar ao Couço onde nem o presidente da Junta nem ninguém em sua representação tinha disponibilidade de agenda nesse dia para nos dizer sequer "bom dia! Sejam bem vindos ao Couço".
Claro que houve contactos prévios e desses contactos resultou o que acabo de expôr. No Couço nem a Junta nem qualquer representante seu tinha a mínima disponibilidade de agenda. Nem um minuto.
Não vem nenhum mal ao mundo por isso. Nem a Junta passa a ser melhor ou pior por causa de coisa de tão pouca monta. Nem é caso para zangas nem muito menos, que disparate! para ódios como diz o anónimo que assina Liliana B. de Sousa.
Agora que o facto é no mínimo insólito e naturalmente leva a inscrevê-lo num conjunto de outros casos do mesmo jaez, isso leva.
Aliás, o estilo e a falta de compostura, especialmente do prosélito que faz o segundo comentário, só vem em apoio do que afirmo.
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