2007-05-24
Um circo no deserto (1)
O deserto, de facto, começa um pouco mais abaixo, passadas a colónia britânica de Gibraltar, Tarifa, e o estreito que liga o Atlântico ao Mediterrâneo. Apesar de Portugal ser relativamente pequeno, ainda são uns bons quilómetros até à costa africana, e mais uma jornada até ao deserto propriamente dito. Até há pouco, o sul de Portugal, desértico, povoado de mouros, com turbantes exóticos e trajes brancos, era piada sinuosa reservada ao imaginário dos indígenas da invicta e arredores.
“Ai que temos mouro na costa” – pronuncia-se com sotaque de entre o Douro e Minho, fazendo prova de uma malícia benigna.
As declarações de Mário Lino, e o aproveitamento que delas tem sido feito, não impressionam.
Depois das historietas da licenciatura de Sócrates, do processo pidesco contra o Professor Charrua, das ondas de entusiasmo que se elevam da administração pública com a prolongação do congelamento das progressões na carreira, faltava apenas esta graçoleta colada com goma arábica.
Um autêntico circo (como o meu companheiro de blog,
Não perdendo seguramente de vista aqueles tempos remotos em que o actual Presidente da República, então 1º Ministro, via os frutos da sua governação transformar Portugal num “oásis”, o Ministro Mário Lino foi agora acometido pelas miragens do deserto.
É evidente que se tratou de uma liberdade poética.
Olhar o país não deve ser fácil para os governantes.
Ver um oásis ou ver o deserto é apenas uma questão de ajustamento do ponto de mira.
Um circo no deserto até me parece uma ideia melhor!
Que diabo. Trata-se de um cargo político e de sessões públicas.
Está tudo a ouvir e a gravar.
Não se trata de uma discussão à porta fechada.
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