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2007-11-13

 

Por qué non te callas?! (4)

"Si yo me callo, gritarian las piedras de los pueblos"

O mundo seguiu o "caso" da cimeira Ibero-Americana sem um entusiasmo por aí além, mas com uma atenção indisfarçável. No fundamental, há os que acham que o Rei de Espanha fez bem em mandar calar o Presidente da Venezuela, em oposição aos que sustentam que, este, esteve no seu pleno direito de chamar "fascista" ao ex-1º Ministro do Governo Espanhol, José Maria Aznar.

Imaginemos, por um instante, que o principal objectivo da cimeira, na sequência das 16 anteriores, era o de aproximar, incentivar e enquadrar a inter-influência dos países e povos lá representados.

Que quis fazer Chávez? Liderar o protesto e o ressentimento continental, impor-se como lídimo representante dos injustiçados. Se é capaz de dizer na Assembleia Geral da ONU que Bush é o Diabo e se é capaz de desfeitear o protocolo, chamando fascista a Aznar, então quem, melhor do que ele, pode falar com propriedade em nome dos oprimidos?

Que quis fazer Juan Carlos?
Mandá-lo calar, apenas?

Talvez. Mas o que aconteceu, de facto, foi dar razão a Chávez, ajudando a consolidar a base bolivariano-cristã da argumentação deste.

A não ser que os europeus mais passadistas continuem a não conseguir enxergar o que aproxima um índio populista (por acaso chefe de Estado, eleito e tudo) de um Rei arruaceiro (por acaso chefe de Estado por direito divino).

Se assim for, o aproveitamento que Chávez começou já a fazer, torna-se plenamente compreensível.

Em declarações recentes, recordou as palavras que a Bíblia atribui a Jesus Cristo (Lucas, 19 38-40): "Si yo me callo, gritarian las piedras de los pueblos".

A apropriação da religiosidade dos colonizadores pode, por vezes, jogar contra a real pesporrência. Ou seja, os resultados de uma cimeira podem ser ensombrados por uma frase curta.

É ainda o poder da palavra.

Comments:
Verdade! Como comenta o João José Fernandes Simões no '5 dias' (...) neste caso, o Rei bem que podia estar… calado.
 
Não estou de acordo.
Numa cimeira desta responsabilidade, chamar fascista a um 1º Ministro democraticamente eleito é irresponsável.
Estou com o Rei.
 
Só não estou com o Rei porque interrompeu uma defesa sensata de Zapatero, certamente para dar um aconchego à direita espanhola. Será por acaso que em Portugal a direita não fala noutra coisa?
 
Agradeço os comentários. Coloca-se, para muitos de nós, a questão de saber como expressar a desaprovação da atitude desajustada (de Juan Carlos, em contraste com a de Zapatero, como alude o anónimo das 10:06)) numa cimeira que tinha por objectivo a procura de entendimentos. Melhor: como fazê-lo sem se ser acusado de cumplicidade com Chávez. É difícil fugir à padronização simplificadora. Digo-vos, por isso, que registo as diferenças de opinião para reflectir sobre elas.
Desde que não se apague a memória...
;-)
 
O Rei anda numa fase complicada da sua vida. Nunca foi tâo abertamente contestado e duma forma até demasiado agressiva no seu próprio país.
Quanto a mim deveria ter deixado a defesa da honra do Aznar para Zapatero. A sua posição deveria ser mais discreta e sem microfones.
G.
 
...
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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