2009-02-11
A taxa "Robim dos Bosques"
Creio que foi na SIC Notícias, moderados por Ana Lourenço, que assisti, sem excessiva surpresa, é certo, ao frente a frente de Ruben de Carvalho e Ângelo Correia. Era enternecedor ver como políticos supostamente de ideologias e partidos tão antagónicos se entendiam até caírem nos braços um do outro (em sentido figurado, convenhamos, que a mesa era larga e Ana Lourenço estava pelo meio) especialmente ao pronunciarem as letrinhas mágicas: PS.
A coisa tornou-se excessiva (ou talvez não) quando Ruben concordou em uníssono não apenas com Ângelo Correia mas com todos os dirigentes das associações de patrões, interrogados pouco antes sobre a promessa de Sócrates de subir o IRS a cobrar aos ricos para diminuir o das camadas médias.
Diziam algo inatacável. Todos. Como que combinados e Ruben também: que isso não resolvia a crise. Na realidade não resolve a crise como não influi no estado do tempo nem nas chamas que consomem a Austrália.
Que os advogados dos muito ricos verberem medidas com o sentido daquela percebe-se. Mas a Ruben de Carvalho não fica bem, que diabo!
Impostos progressivos com taxas de IRS que vão até 57% como nos países nórdicos é o mínimo que se pode exigir a quem se auto-remunera (rouba) com 80 mil, 100 mil ou 400 mil euros por mês (sem falar nas mil e uma regalias associadas) como acontecia com o presidente do CA do BCP.
A medida "Robin dos Bosques" não resolve a crise nem equilibra o orçamento da Segurança Social. Não é para isso que será eventualmente criada mas é uma medida de saudável moralização.
O que é questionável é se ela é realmente expressiva. Pois, pelo que ouvi, me parece se tratar de medida pouco mais que simbólica. O que devemos exigir a um Estado que se pretende social é, entre outras, um conjunto de medidas fiscais que diminua o escandaloso fosso que separa uma minoria fabulosamente rica e a maior parte da população que empobrece.