2009-07-29
Em busca do fundo (8)
António Costa parece estar convencido de que os lisboetas são sensíveis à questão da dívida. Num mundo endividado e desconfiado do sistema financeiro é pouco provável que o seu investimento na 1ª parte do debate tenha servido para alguma coisa. As minudências das contas públicas só se tornam interessantes quando surgem associadas a exemplos de "obras", "serviços", "contrapartidas para os munícipes". A separação entre contabilidade e medidas programáticas empobreceu o debate e não trouxe vantagens a nenhum dos contendores.
Santana Lopes, saído de duas derrotas políticas retumbantes, apostou na "sensação de proximidade", dando a entender que conhece muito bem os bairros da cidade, os quotidianos, as cores. Deveria estar na defensiva, tenso e atento, e, no entanto, parecia estar à vontade. Quer o resultado das legislativas lhe seja favorável, quer não, terá, em qualquer dos casos, uma margem de manobra que o seu adversário não tem.
Se o PSD perder, Santana Lopes dificilmente se perfilará como possível sucessor de Manuela Ferreira Leite.
Com António Costa passa-se exactamente o contrário.
No fundo, em política, tal como na hora de matar a sede, é assim mesmo:
- não se pode soprar e sorver ao mesmo tempo.