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2009-11-30

 

Ler e Entender (5)



Chama-se a isto [post de Mário Lino intitulado "Lido e Entendido (único)"] um bom conversador a resvalar para o laconismo. Um poste que se quer "Único" poderia querer significar "fim de papo" ou "não me chateies mais que não estou para isto". Porém, habituado que estou a não me deixar emocionar com estes efeitos arrojados, passo ao lado para reparar que, como de costume, Mário Lino, em matéria política não respondeu às grandes questões colocadas. Não é obrigado a fazê-lo - olha quem! - mas, na prática, tendo-se exposto largamente na entrevista ao Weekend Económico, limita-se agora a justificar a sua opção pelo prolongamento do contrato no caso dos "Contentores de Alcântara". Todas as outras questões políticas ficaram no tinteiro como se dizia no tempo em que lá molhávamos as nossas penas.

Pronto. Isto é mesmo assim: cada um é como cada qual.

O que é que me fica a sobrar da leitura do poste "único" de Mário Lino?

Duas coisas.

Uma insinuação e um desvio semântico.

Vamos ao desvio semântico que me parece mais prático. O substantivo "autor" que Mário Lino utiliza na entrevista que comentei, diz respeito não apenas aos bloggers postadores da equipa do Puxa-Palavra, mas a tutti quanti, de fora e de dentro, passantes ocasionais e até provocadores de todos os quadrantes. Chama-se a isto português forte, abarcante e inclusivo. Saberei doravante que quando Mário Lino se referir a "autores de blogues" se está a referir também aos comentadores que vão deixando pérolas de valor variável nas respectivas caixas de comentários. É uma espécie de manifesto apregoando que "Autores somos nós todos, ou ainda menos..." dobrando o sentido da língua pátria até onde se pretende. Mário Lino dixit.

Quanto à insinuação, devo recordar que muitas vezes, pior do que se pertencer a uma federação de tribos é não pertencer a tribo nenhuma, temporária ou definitivamente. De passagem, Mário Lino deixa-me esta simpática homenagem no seu texto:

" (...) na verdade, nem sei do que ele está próximo, tal é a diversidade e heterogeneidade das posições políticas e ideológicas que, normalmente, defende, o que está no seu pleno direito e donde, evidentemente, não vem nenhum mal ao Mundo."

Passo por cima da diversidade (o que é diverso é rico e não exclui a possibilidade de ter lógica interna) e centro-me na "heterogeneidade de posições políticas e ideológicas". A isto se chama na linguagem futebolística da minha juventude, uma sarrafada. É o homem que escreve a tirar desforço do homem sobre quem escreve. É falta. É batota.

Entre a deriva ideológica da direcção do PS e a tendência para disfarçar as incongruências e dificuldades do XVII Governo Constitucional, vem o Mário Lino insinuar que é à minha pessoa que devem ser assacadas acusações de heterogeneidade política e, pasme-se!, ideológica, até!

Se o Mário Lino for capaz de dar algum exemplo da minha deriva política ou ideológica, fico-lhe grato.

Se não, fica-se a saber que se tratou apenas de uma valente sarrafada, num desafio "único" de que Mário Lino se quis tornar, ao mesmo tempo, jogador e juíz de partida.

Se assim for, fica para mim aprendido que em tais jogos discursivos, de futuro, as caneleiras são indispensáveis.


Comments:
Pois é Manolo. O gajo é um grande sarrafeiro. Estavas à espera de quê?
Ai pobrezito!

Guerreiro do Rio
 
Caro Correia,

numa coisa vc pode ter razão. Eu não quero ser "autor" do vosso blogue. Para confusão já me basta a minha.

Saudações cordiais

Santos Júnior
 
O autor zangou-se.
Que foi sarrafado...
E vitimizou-se.
Está muito magoado.
Ou será q' afinou-se
Assim não. Coitado.

Guerreiro do Rio
 
Manuel Correia

Até parece que não conhece o ex-ministro Mário Lino. Se ele disse que aquele poste é Único é porque não quer dizer mais nada. Ou porque não lhe convém ou porque não quer dar confiança. Há-de reparar que muitos ex-comunistas também conservam esses traços de superioridade moral.
Não se apoquente. São só palavras...

A. Teixeira
 
Tal como muitos comunistas, certos ex-comunistas acham que só eles é que detêm a pureza e a coerência político-ideológica. São manias muito arreigadas. Se fosse ao senhor, não os levava muito a sério.

Cunha Santos
 
Manuel,

acho que está a ferver em pouca água. O autor Mário Lino com o substantivo qualificativo "Único", apenas terá querido dizer que respondia aos seus três postes anteriores, com um apenas. Acho que está a delirar.

Maria Luísa
 
Então Manolo, continuas à espera da resposta do sr. ministro? Não vês que a democracia e o diálogo para eles tem uma "geometria variável"?

Ai Manolo, Manolo...

Guerreiro do Rio
 
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