PUXAPALAVRA

Parabéns ao Manuel Alegre. Teve um final muito bom e mobilizador.

Naturalmente coloquei-me, como provavelmente qualquer telespectador interessado na coisa pública, na pele do meu candidato, e ia antecipando as minhas respostas. Eu teria sido bem mais incisivo na denúncia da conspiração e manobra do caso das escutas. Aí teria dito que não se pode aceitar de um Presidente da República que promova uma conspiração através do seu principal assessor, em cumplicidade com um director de jornal que acabou, por causa disso, a contragosto do patrão, por ser despejado do emprego, no meio de uma campanha eleitoral para o Parlamento, para dar sustentabilidade às suas acusações falsas de que o Governo montara um serviço para espionar o PR, o espionar a si. E se não se pode aceitar isso de um PR menos ainda se pode ou deve reelegê-lo.

Nisto acho que Manuel Alegre foi demasiado soft. Mas, enfim, é uma táctica e talvez tenha razão. Por isso não achei mal que não se tivesse metido a desmascarar as mais valias de Cavaco nas acções da SLN (dona do BPN). Se fosse eu teria apenas dito que aqueles seus amigos e colaboradores foram muito ingratos. V. Exª deu-lhes notoriedade levando-os para o Governo e eles que fizeram? Findo o Governo constituiram-se num bando de banqueiros delapidaram e amanharam-se com centenas ou milhares de milhões de euros e a ele ofereceram-lhe um negociozeco foleiro, legal é certo, mas opaco, vendendo-lhe umas acções da SLN fora do mercado de valores e recomprando-lhas um ano depois, com um ganho mexeruco para Cavaco, de uns 150 mil euros e um ganho para a sua filha de uns 200 e tal mil. Vigaristas e ingratos.

Parabéns Manuel. Apostei nele aqui e não estou arrependido.