2011-05-24
A experiência de um dos "Tigres asiáticos" com FMI. Lições para Portugal
"Da Coreia do Sul vem um exemplo a olhar por Portugal com atenção: na sequência da crise asiática do final da década de 1990, o FMI impôs ao país um pacote de ajustamento estrutural como contrapartida de um financiamento de 54 mil milhões de dólares, quando a Coreia tinha um nível de desenvolvimento idêntico ao de Portugal, mas um mercado interno de quase 50 milhões de pessoas. O resultado foi positivo do ponto de vista macroeconómico, mas criou um país com maiores desigualdades sociais. [Choong Tong Ahn, economista sul-coreano que é também provedor do Investimento Externo no seu país].
No final de uma década com crescimentos do PIB sempre acima de cinco por cento, a Coreia do Sul foi atingida pela crise financeira asiática, que se declarou na Tailândia no Verão de 1997 e alastrou a vários países da região. Mas como é que um país com aquelas taxas de crescimento e uma balança de transacções externas apenas levemente negativa (o seu maior défice foi de quatro por cento do PIB em 1996) precisa da ajuda do FMI? "A crise espalhou-se até à Coreia do Sul e os credores deixaram de emprestar ao país, apesar de os seus indicadores serem sólidos", explica Choong Tong Ahn.
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Com a necessidade de recurso ao FMI, a Coreia do Sul teve de se submeter ao "programa de ajustamento" da praxe.
Em cumprimento desta determinação, o país empreendeu um conjunto de reformas. A generalidade das empresas públicas foi privatizada. Quais as excepções? "Electricidade, caminhos-de-ferro, água para consumo público e um banco semipúblico, o Korean Development Bank", responde Ahn. Houve também um reforço da liberalização do mercado de trabalho, dando às empresas grande liberdade para despedir em função da conjuntura.
... "Considera que o programa foi "demasiado severo" e que podia ter sido mais flexível. Além disso, "polarizou os rendimento", uma forma de dizer que "os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres", sem que esse efeito se tenha revertido desde então. O país tem "uma estrutura dualista".
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