2011-11-24
os planos de resgate da Tróika não tratam do crescimento ...
Como muitos analistas têm demonstrado, "as medidas" de austeridade dos planos da Tróika enfermam dessa grande lacuna e, por conseguinte, aprofundam ainda mais a crise, apesar de tudo quanto os governos que aceitam e negoceiam aqueles planos nos querem impingir.
Um trabalho muito recente de Patrick ARTUS, do banco de financiamento e investimento, NATIXIS, vem exactamente nesse sentido.
Diz Patrick ARTUS "para que a situação de Grécia (ou de outros países periféricos como Portugal) seja sustentável é preciso:
- que o excedente orçamental primário que estabiliza a taxa de endividamento público seja possível de realizar;
- que o défice da balança corrente possa ser financiado sem alta anormal da taxa de endividamento externo."
Nos países periféricos que recorreram a apoio da Tróika como Portugal e a Grécia verifica-se uma situação complexa.
Por um lado, dispõem de fraco potencial de crescimento porque têm uma estrutura económica constituída por sectores pouco dinâmicos que não geram rapidamente ganhos de produtividade e, por outro, é fraca a sua capacidade de exportar. O fraco potencial de crescimento interfere com o excedente orçamental primário e a fraca capacidade de exportação com o défice exterior.
Desta conjugação nasce a necessidade dos países se endividarem de forma contínua, o que não é sustentável a prazo mesmo que a taxa de juro seja baixa.
Foi o caso português.
As saídas preconizadas pelo plano da Tróika não se encaminham, então, no sentido de reformatar esta deficiência estrutural da economia portuguesa e, por conseguinte, não promovem um "crescimento de qualidade", ou seja, um crescimento orientado para debelar estes problemas de fundo criando capacidade de exportação e investindo em sectores dinâmicos para que o país tenha apetência e reúna condições.
Em síntese, as medidas da Tróika só nos levam a um maior empobrecimento.
Essa medidas encaixam-se perfeitamente na ideologia neoliberal do actual governo Passos/Portas que pretendem, embora não o digam, um Estado mínimo ao serviço do grande capital global, conduzindo ao empobrecimento da população portuguesa e até a uma subalternização na economia do capital português que vai restando.
E, assim não vamos lá, ainda com este Europa sem rumo, onde reina a Srª Merkel.
Etiquetas: Angela Merkel, Capital financeiro, Governo Português