2015-02-25
O Baptista Bastos está na
"linha justa" por isso fica aqui muito bem. Mas que é isso de "linha
justa"? É a dos interesses dos que são empobrecidos pelas políticas
de governos dominados pela especulação financeira, como sucede na UE, com a
esperançosa excepção do governo grego do Syriza, para enriquecer mais os 1%
de multimilionários e sustentar os 9% da sua empregadagem que troca a decência
e a honra por umas migalhas, desde o infeliz jornalista que não
quer perder o emprego e tenta ser a agradecida "voz do dono" -
fica com umas "migalhinhas" - até aos pançudos administradores a
quem cabem umas migalhas grossas. Vejam o que o BB diz. E diz bem.
Baptista-Bastos, CM 25.02.2015
Jean-Claude
Juncker, presidente da Comissão Europeia, chega ao proscénio e diz que a Troika
exagerou na imposição da austeridade, por desnecessária, e roubou a decência
aos povos de Portugal, Espanha e Irlanda. Surge, afobado, o dr. Passos Coelho,
e desmente Juncker, quase declarando que a Troika trouxe consigo felicidades
inauditas. As aldrabices, mentiras e omissões deste cavalheiro atingem as zonas
da coprolábia. Ou, então, pior do que tudo, usa os óculos de Pangloss, e vê um
Portugal abençoado pelos deuses, embora esses deuses sejam desconhecidos, e o
país seja absolutamente outro.
Um milhão e
quinhentos mil desempregados; dois milhões na faixa da miséria: cento e
quarenta mil miúdos que vão diariamente em jejum para a escola; quase duzentos
mil jovens que abandonaram o País por carência de futuro; dezenas de doentes
que morrem nos corredores dos hospitais por falta de assistência; velhos a quem
foi subtraído todo e qualquer meio de subsistência; funcionários e outros aos
quais cortaram todos os escassos salários – isto não terá como consequência a
perda da decência e da dignidade? E perda da decência e da dignidade não
consistirão nos constrangedores actos praticados por membros do Executivo, e
pelo dr. Cavaco, relativos ao governo e, decorrentemente, ao povo grego?, com a
torpe recusa em apoiar as propostas de quem foi legitimamente eleito, e colando-se,
vergonhosamente, à estratégia da política alemã?
O grupo do
dr. Passos é, por sistema, apupado e execrado, e o governo do Syriza recebe
banhos de multidões a apoiá-lo e a incitá-lo.
A melancolia
portuguesa e a dor do nosso viver sem luz advêm desta subalternidade que nos
corrói a decência, a dignidade e a integridade moral. Fomos coagidos a perder
os valores que cimentaram o nosso ser, mesmo em tempos sombrios. A nossa
honradez e probidade foram substituídas pelo individualismo mais atroz.
Resta-nos, afinal, quê? Estes mentirosos, esta casta de indigentes mentais, e
este mutismo dos que se deviam opor e alimentam a apagada e vil tristeza são
sintomas de quê? Da indeclinável decadência em que vivemos. Sem solução?
Cabe-nos a última palavra no próximo combate. Os gregos podem ser o exemplo de
que não há impossibilidades na História.
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