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2009-03-31

 

Freeport na tablóide TVI

A TVI passou no Jornal da noite com a máxima publicidade e escândalo, como convinha, uma gravação de uma conversa em que Charles Smith acusa José Sócrates, de “corrupto” e de ter (ele C. Smith) entregue uns milhões de euros em envelopes com 3 ou 4.000 de cada vez a “um homem” do 1º M, ao longo de 2 anos. A conversa gravada foi feita na presença de outros personagens ligados ao Freeport e perante um solicitador inglês que gravou a conversa sem o conhecimento dos presentes.
O mesmo Charles Smith veio a seguir dizer que a gravação é verdadeira mas as declarações são falsas e que foi a forma de ele justificar o desaparecimento do dinheiro.
O crédito que este Charles Smith goza já era o que agora ficou aos olhos de todos. Quando falou verdade? Na conversa gravada ou quando a desmentiu?
A peça passada pela TVI não é um mero, justificado e idóneo trabalho informativo. É o exemplo típico de uma estação de TV que se transformou no ícone nacional do tablóide .
No caso concreto a oposição ao Governo que encontra dificuldades no terreno político agradece esta transferência de arena de combate, do território da política para o campo difuso da insinuação moral. A oposição agradece… se a melhor interpretação do caso não for mesmo a de se tratar, pura e simplesmente, de mais uma peça do puzzle Freeport que renasce e se serve frio, com “fugas” do processo judicial, a compasso eleitoral.
Mas não é um dever o de um órgão de comunicação social dar a conhecer coisas como esta? Obviamente que não do modo como o fez. Se se tratasse de informação e comportamento idóneo o assunto teria sido apresentado de modo distinto e isento, ouvindo várias fontes e partes interessadas. Porque o que se passou foi o anúncio de crimes, de consequências graves para o governo do país com base não em factos mas numa montagem inconcludente, de duvidosa idoneidade, que parasita uma investigação a que o acesso ilegal é fácil e oportuno e serve claramente objectivos políticos.

A peça da TVI é tudo menos informação isenta. É a gravação de uma conversa que não tem imagens mas que para ter o impacte necessário ao fim em vista a TVI apimentou com imagens impressivas do 1ºM rindo, cumprimentando, conversando, num ambiente “Freeport”, com alguns personagens que bem poderíamos imaginar ser os Charles Smithes da escuta e os comparsas que trariam (semanalmente?) o tal envelopezinho. Com as imagens álacres e airosas em pano de fundo, a conversa em inglês e as legendas em Português que mais seria necessário para comprovar o corrupção e o envolvimento do 1ºM?
Muito mais grave que as declarações de um personagem desqualificado e pouco fiável que diz hoje uma coisa e a seguir o seu contrário me parece ser o comportamento da TVI.

É óbvio que nada se sabe, de fidedigno a respeito de qualquer eventual envolvimento de Sócrates no nebuloso caso do Freeport. Mas não é ao acusado que cabe o ónus da prova.
A Justiça se funcionar talvez consiga esclarecer o caso, e é importante que o faça, rapidamente como conviria mas o que qualquer observador percebe é que o DVD sobre o Freeport é tudo menos informação e o programa da TVI uma peça tablóide que não prima pelo são critério da isenção.

O objectivo é a audiência e o lucro a qualquer preço ou o ataque político sujo? Será um deles ou os dois? Cada um tire as suas conclusões.

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