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2006-06-17

 

Estalou a Polémica! (Resposta a Raimundo Narciso)





... desta água não beberei.

Promessa de Polémica: os 3 truques de Raimundo Narciso no apoio à Ministra da Educação

(ainda o regresso do kitch à análise política) (1)


Caro amigo Raimundo Narciso,

Já exprimi no PUXA-PALAVRA (aqui e aqui) o que acho desconchavado e preocupante na actuação do Governo para as políticas da educação. As medidas acertadas não nos devem inibir de criticar o conjunto, – as propostas disparatadas e o estilo de cruzada anti-professores – nem de discutir os traços negativos do ambiente que se está a criar em torno de reformas cuja viabilidade depende, acima de tudo, do trabalho empenhado dos professores.

Quando te citas a ti próprio, sustentas que por a acção da Ministra da Educação dever ser posta ao serviço dos alunos (suponho que te estás a referir ao processo pedagógico que decorre na comunidade educativa e não dispensa nenhum dos intervenientes) e os sindicatos do sector exprimirem somente os interesses profissionais dos professores, a autoridade da Ministra é mais virtuosa porque está ao serviço de «todos os portugueses».

Como não quero abusar da paciência de ninguém, peço-te para meditares, para já, apenas nesta postura perigosamente simplificadora.

Sempre que o Estado se arvora em paladino de interesses não representados, fá-lo por uma de duas razões: ou quer usurpar o direito de representação (neste caso, os alunos do ensino básico e, pelo visto, os respectivos pais); ou quer diminuir a importância de interesses mais estruturados e organizados (neste caso, os sindicatos dos professores).
Falar em nome de quem não está organizado de modo a poder fazer-se representar é um velho expediente. Tem o seu quê de demagógico e populista. E é decepcionante.

Depois, face à oposição de vários sindicatos, a Ministra da Educação, e tu com ela, acusam a FENPROF de ser detentora de uma agenda política, para além de a cobrirem com os mimos relhos (kitch) a que me referi no meu poste anterior.

Tendo as outras forças sindicais também expresso desagrado e desacordo com muitos aspectos das propostas do Ministério da Educação (Estatuto da Carreira Docente, e outras), seria bom apurar se tu e a Ministra estão de facto convencidos de que a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (UGT), o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados, o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação, e a Federação Nacional do Ensino e Investigação, são completamente virginais e desprovidos de agenda política (ou político-partidária).

Seria caso para rir se respondessem que sim, mas não deixa de ter uma enorme piada que só acusem a FENPROF de ter agenda...

Fazer equivaler os alunos a «todos os portugueses» (à Nação?) que a Ministra deve servir com um desvelo despojado de toda a tentação ideológica; recusar aos sindicatos dos professores a titularidade do interesse, da competência e da capacidade de ajudarem a melhorar as propostas do Ministério, separando os interesses profissionais dos professores da prestação pedagógica que lhes está intimamente associada; e descobrirem que, de entre todos os sindicatos que se opõem à Ministra, apenas a FENPROF tem agenda própria, são três truques que, sem embargo do que de acertado tem também sido feito no sector, dão demasiado nas vistas.

Não me parece que tais truques estejam a contribuir para uma abordagem séria e construtiva dos desafios que se colocam às comunidades educativas dos nossos dias...


Bom fim-de-semana e um abraço largo.


Comments:
Uma das debilidades do sindicalismo dos professores tem sido a excessiva fraccionação nm mosaico sem fim de sindicatos independentes a par com duas estruturas sindicais mais fortes e organizadas (FENPROOF e FNE). Aliás esta divisão foi sempre estimulada pelo ministério.

Este ministério conseguiu o feito inédito de conseguir unir a totalidade das estruturas sindicais (mesmo a FNE apesar de não ter subscrito a passada greve, mas a qe os seus associados também aderiram). Este movimento é muito mais amplo do que qualquer eventual agenda dum determinado sindicato.

O que vou conhecendo nesta área mostra-me contudo que o sentimento entre os professores é bastante mais radical do que o demonstrado pelos sindicatos.

José Manuel
 
Há pequenos gestos que têm um profundo significado simbólico. Recentemente uma docente foi agredida no local do trabalho por familiares de um aluno que terá sido repreendido.
Houve alguma solidariedade do ministério para com a propfessora (era o minímo que se esperava)? Não. A preocupação do ministério foi apenas a de proibir falar com os jornais.

Com atitudes destas não se pode esperar que os professores confiem nos responsáveis políticos do ministério.

José Manuel
 
Mas qual polémica? Desculpe a intromissão, mas para além do "avacalhamento" dos temas, de que polémica está a falar?

Fátima
 
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