2011-07-04
Juros e dividendos não pagam crise. Só os salários.
Por Nossa Senhora!... Caro Passos Coelho! Não prometa, faxavor, mais coisa nenhuma. Que os seus ministros, académicos do mais alto gabarito, puxam dos galões da ciência e estamos fo feitos com eles. E consigo.
Aqui está uma medida - esta do ministro das Finanças - que os capitalistas, os que vivem de rendimentos, de dividendos e de juros, aplaudem.
- Então quem paga a crise?
- Quem vive do salário, dos rendimentos do trabalho.
É uma decisão que, a confirmar-se, penaliza o trabalho e favorece o capital. E contraria a promessa feita na AR dois dias antes pelo 1ºM.
Será uma decisão genuinamente neoliberal, do ministro que revelou aos media ser um grande admirador de Milton Friedman (“O economista que mais admiro é Milton Friedman”).
Que defende o neoliberalismo? "Liberdade económica", "desregulamentação", "monetarização da economia", Estado fora da economia, Estado mínimo.
Frases bonitas. Que os media, os jornalistas e analistas por conta, tornaram muito simpáticas. Tão simpáticas que até dá mesmo vontade de votar nelas. O pior são as consequências. Com tais ideias, os muito ricos ficam muito mais ricos e os menos ricos muito mais pobres. Não é que os mais ricos desejem empobrecer as classes médias ou os trabalhadores mas para enriquecerem ainda mais têm de ir buscar o dinheiro a alguém. Que é que hão-de fazer, coitados?!
O guru da escola de Chicago, e um dos mais célebres economistas do sec XX, Milton Friedman, não era nenhum reaccionário, mas a sua teoria económica era muito apreciada pela mais alta finança e pelos políticos de extrema direita, seus representantes. Não foi por acaso que Friedman foi consultor económico de Barry Goldwater, o candidato da extrema direita republicana à presidência dos EUA, em 1964, que felizmente foi derrotado por Johnson. Não foi por acaso que Pinochet seguiu os seus conselhos quando, em 1975, Friedman foi ao Chile explicar como resolver a crise económica. E, seguindo a sua doutrina, Pinochet venceu a crise mas com um pequeno senão, lançou milhões de chilenos na miséria. Milton Friedman também foi muito estimado por Reagan o presidente norte-americano da viragem do sistema financeiro mundial para a desregulamentação que culminou na apoteose da grande crise mundial de 2008/2009, crise que continua, como os vulcões, em estado entre o larvar e o explosivo.
Com o tempo vamos todos ver melhor o que é o "neoliberalismo", bandeira que Passos Coelho, não sei se com plena consciência, ufano, iça a mãos ambas.
Etiquetas: Cortes de Passos Coelho, Milton Friedman, neoliberalismo., Vitor Gaspar