2014-06-14
Iraque, Líbia, Síria... não eram "OS NOSSOS" ditadores...!
Os Jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
ISIS) uma versão mais abrangente da Al Quaeda já ameaça Bagdad. Cerca de 300
mil pessoas abandonaram há dias a cidade de Mossul e fogem do terror, na
província de Anbar são agora 500 mil os refugiados. O caos agrava-se todos os
dias no Iraque.
Grosso modo é uma guerra dos extremistas sunitas contra os fundamentalistas
xiitas que foram postos no governo pela intervenção americana e contam com o
apoio do Irão dos Ayatollahs . Enfim uma aliança EUA-Irão para os assuntos do
Iraque. A população sunita constituía a parte mais moderna, mais laica e
preparada do país.
Sadan era um ditador
horrível, igual aos dos países vizinhos, mas no Iraque que ele governava as
mulheres podiam sair à rua sem véu na cabeça, sem a companhia obrigatória de um
homem, guiar automóveis (na Arábia saudita não!) podiam ir à escola,
frequentavam as universidades, podiam ter emprego e usar calças ou saias que
mostrassem… horror dos horrores, o tornozelo ou o joelho ou o que quisessem. Quase como por aqui.
O Iraque era na região, tal como a Síria, o país mais livre
quanto aos costumes, um Estado laico e o mais moderno. Mas, em contrapartida, o
governo do Iraque, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, revelava, pela
mão de Sadan, no plano político e económico
comportamentos absolutamente intoleráveis à boa ordem do Tio Sam, o primeiro das quais
era julgar que o petróleo do Iraque era dos iraquianos e em consequência querer
mandar nele. E, despautério dos despautérios, decidir que ia vender o petróleo
do Iraque sem ser obrigatoriamente em dólares, como os EUA impunham no seu comércio
mundial. Impunham… onde chegasse o seu braço armado, é claro.
Na base norte-americana das Lages, nos Açores português, em
Março de 2003, com o testemunho do trabalhista britânico Blair, do conservador espanhol Aznar e do português do PSD (ex- MRPP, ex-
stalinista “viva Stalin!”, “Viva Stalin!!”) Durão Barroso, o protofascista, republicano,
evangélico/renascido, W. Bush “provou” que o horrível Sadan tinha armas
nucleares capazes de arrasar o mundo e invadiu o Iraque para, com a máscara da
defesa da Paz, dos direitos humanos, da liberdade, da democracia e tal deitar a
mão ao petróleo.
Enforcou-se o homem e impôs-se a ordem ou seja o controlo
norte-americano do petróleo do Iraque.
Morreram e ficaram feridos milhões de homens? Arrasadas cidades
inteiras ? Milhões de deslocados? Terrorismo e o caos todo estes anos e que
aumenta hoje? Pois, isso é lamentável, mas não se pode ter tudo! O petróleo e ao
mesmo tempo a paz, a ordem e o agradecimento das vítimas do terror e do caos.
Paciência.
Foi assim no Iraque, foi assim na Líbia, foi assim ou quase
assim na Síria. Que tinham afinal de comum estes países para lá de serem os
mais ocidentalizados, os mais livres, os mais laicos, sem a escravatura das mulheres, o que tinham de comum era… era terem ao comando dos seus países
ditadores. Mas se todos os países da região tinham ou têm ditadores! Se alguns
são muito mais execráveis e têm a simpatia e apoio dos EUA!! Bem, o que tinham
em comum é que não eram “OS NOSSOS” ditadores visto o mundo do alto da Casa Branca, do
Capitólio e do Pentágono.
2014-06-09
Salário Mínimo
Num
estudo sobre salário mínimo por tido o mundo apresentado no Corrier Internacional de Junho de 2014 dizia-se, relativamente a Portugal, que o
congelamento em 2011 do valor de 485 € (14 vezes por ano quando o governo não rouba os
subsídios) já perdeu com a inflação o valor de 15 euros ficando o seu valor
real em 470€. Diz também que levando em conta a inflação o salário mínimo
está hoje em Portugal inferior ao valor de quando foi criado em 1974 e que era muito baixo, como se sabe, mas apesar tudo um importante avanço. Para
ter o poder de compra de 1974 deveria estar em 550 €. Se tivermos em conta o progresso e o acréscimo de riqueza do país, em 40 anos, vemos como o salário mínimo e a remuneração do trabalho em geral se atrasa permanentemente para não falar da brutal espoliação dos últimos anos.
A
mesma fonte relata lutas pelo aumento ou pelo estabelecimento de um salário
mínimo por quase todo o mundo. Dos EUA ao Japão ou à Indonésia, em África e
na América Latina.
No Cambodja, no setor têxtil e nas fábricas que abastecem a Europa de produtos da Nike, das Adidas, Puma, Primark, C&A, H&M os trabalhadores ganham 72 euros/mês. Numa manif recente em que reivindicavam um salário mínimo de 132€ a polícia fez 4 mortos e 140 feridos.
_____________
Os
valores sobre o salário mínimo apresentados no quadro têm origem no Corrier
Internacional de Junho de 2014 e como só alguns países têm subsídios de férias
e Natal para se estabelecer uma comparação real dos valores mensais estes foram
obtidos dividindo o valor anual por 12. O sal mínimo na Alemanha tem início em 2015-01-01. Vários países como a Itália ou os países escandinavos não têm um salário mínimo fixado por lei.
Outros dados sobre a Europa do Euro:
2014-06-08
O BCE? Deixa ver se percebo
- Ó seu Zé, eu isso não percebo nada.
Chame ali o Sô Antunes que ele é que sabe lá das políticas.
- Oh Sr Antunes, explique lá isso do Banco
Central Europeu, aqui à rapaziada.
- Vá lá mas só mais esta vez que eu
não estou para andar sempre a falar p' ó boneco. O BCE é o banco
central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de
Portugal.
- E donde veio o dinheiro do BCE?
- O dinheiro do BCE é dinheiro de nós
todos, europeus da zona euro, na proporção da riqueza de cada país. Os seus
accionistas são bancos centrais de cada país do euro.
- Então se é o banco destes Estados
pode emprestar dinheiro a Portugal, não? como qualquer banco pode
emprestar dinheiro a um ou outro dos seus accionistas.
- Não, não pode.
- Porquê? Porque... porque, bem... já lá
vamos (não interessa falar muito alto, isto é assunto para entendidos, não
é para se ouvir aí pela rua)
- Então a quem pode o BCE emprestar
dinheiro?
- A outros bancos, já se vê, a bancos
alemães, bancos franceses ou portugueses.
- Ah percebo, então Portugal, ou a
Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai
aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE e tal.
- Pois.
- Mas para quê complicar? Não era
melhor ir directamente ao BCE?
- Não. Sim. Quer dizer... em certo
sentido... mas assim os bancos não ganhavam nada nesse negócio.
- ??!!..
- Sim os bancos precisam de ganhar alguma
coisinha. O BCE, por exemplo, empresta 40 mil milhões de euros (mais ou menos o
que Portugal precisa de pedir emprestado este ano) ao banco XPTO, a 1% e o
banco XPTO (ou um conjunto de bancos XPTO) empresta a Portugal a 7%. E ganha o
seu.
- Mas porr gaita então por ir de avião a Bruxelas
e vir para cá com a massa precisam de ganhar tanto dinheiro?
- É só 6%, que neste caso representa
apenas 2 mil e 400 milhões de euros. E não tem de se deslocar a Bruxelas, nem
precisam de levantar o cu o rabo da cadeira, isso é tudo
feito informaticamente, pela web, -
vocês não percebem mas é nada disto. E qual Bruxelas qual carapuça. A sede
é na Alemanha, em Frankfurt, onde é que havia de ser?
- Mas, assim, são uma cambada de
ladrões... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no
subsídio de desemprego ou de nos tirarem o 13º mês que já dizem que vão
tirar...
- Mas, oh seu Zé, você agora tá
armado em comunista ou quê?
- Mas quem é que manda no BCE e permite um
roubo, um escândalo destes?
- Mandam os governos dos países da zona
euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e
os outros países.
- Deixa ver se percebo. Então os
Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%
para depois estes nos emprestarem a 7 a nós que somos os donos do
dinheiro?
- Não é bem assim. Nós, nós, qual
nós? O país, Portugal ou a Alemanha, é composto por gentinha vulgar e
por pessoas importantes que dão emprego e tal. Você quer comparar um
borrabotas qualquer que ganha 600 euros por mês com um grande accionista que
recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou um administrador
duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a
que tem direito, uns 80, 100 ou 150 mil euros por mês ou, como o
antigo presidente do BCP, que segundo os jornais, tem uma
justa reforma de 175 mil euros por mês? Não se pode comparar.
- Mas e os nossos Governos aceitam uma
coisa dessas?
- Os nossos Governos, os nossos
Governos... mas o que é que os governos podem fazer? Por um lado
são na maior parte amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus
favores ou de um empregozito razoável quando lhes faltarem os
votos. Em resumo, não podem fazer nada, senão quem é que os apoiava?
- Mas oh que porra de gaita então eles
não estão lá eleitos por nós?
- Em certo sentido sim, é claro, mas
depois... quem tem a massa é que manda. Não viu isto da maior crise
mundial de há quase um século para cá? Essa coisa a que
chamam sistema financeiro que transformou o mundo da finança num
casino mundial como os casinos nunca tinham visto e que ia levando os EUA e a
Europa à beira da ruina? É claro, passaram-se com a massa e deixaram a canalha
que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos a ver navios. Os governos,
nos EUA e cá na Europa tiveram que repor o dinheiro.
- E onde o foram buscar?
- Onde havia de ser aos impostos, aos
ordenados, às pensões. Donde é que havia de vir o dinhero do Estado.
- Mas meteram os responsáveis na
cadeia.
- Na cadeia? Que disparate. Então se eles
é que fizeram a coisa só eles é que têm o remédio, só eles é que podem arrumar
a casa. É claro que alguns mais comprometidos como Raymond
McDaniel, que era o presidente da Moody's foram passados à
reforma. Com a indemnização a que tinha direito, que para este
Raymond McDaniel foi 10 milhões de dólares. Oh Sr José não esteja a abrir a
boca assim! Não percebe que para pessoas importantes 10 milhões não é
nada...
- Oh sô Antunes, mas então como é? Comemos
e calamos?
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Este post foi escrito em 18 de Abril de 2011 (e
encontra-se com esta data em http://puxapalavrainextenso.blogspot.com e também
mas só parte neste blog em 2011 -04-18) mas ao introduzir-lhe, hoje, a
foto da nova sede do BCE, o blog assumiu a data de hoje 2014-06-082014-06-06
Juiz António Martins comenta acórdão do Tribunal Constitucional
"O juiz desembargador António Martins comenta os assuntos relacionados com o acórdão do Tribunal Constitucional que chumbou três das normas do Orçamento do Estado para 2014. Nesta entrevista conduzida pelo jornalista Nuno Rodrigues, o antigo presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses e autor do livro “A Jurisprudência Constitucional sobre as Leis do Orçamento de Estado” refere-se por exemplo às consequências do acórdão quanto aos subsídios de férias e aos retroativos."
Foto: João Relvas/Lusa
Foto: João Relvas/Lusa
2014-06-03
António Costa ou António José Seguro?
Há, desde o dia 25 de Maio, um facto novo e incontornável, à
maior e estrondosa derrota da coligação neoliberal no poder, o maior partido da
oposição, o PS, que em circunstâncias idênticas no passado, conseguiu uma grande
vitória, teve agora uma "vitória de Pirro".
Este facto novo leva qualquer cidadão interessado na
substituição deste governo às ordens da troica e do sistema financeiro internacional,
inimigo da maioria dos portugueses, a ter as mais fundadas dúvidas na
capacidade do PS triunfar em 2015 com o atual líder.
Portanto o óbvio é os militantes do PS, porque só eles têm esse
poder, serem chamados de imediato, mas de imediato! a decidir se querem
continuar com o atual líder que teve um “enorme vitória” mas de
"Pirro" ou se preferem outro líder que lhes pareça dar mais garantias
de vitória e de vitória para outra política, pressupõe-se.
As hostes governamentais estão assustadas com a eventual
troca de líder no PS. A gentinha do pior governo que Portugal já teve, no atual
regime democrático, prefere Seguro a Costa. Não porque simpatize mais com este dirigente
do PS do que com aquele mas porque, tal como o simples eleitor, crê que com
António José Seguro há uma oportunidade de voltarem a ganhar as eleições
legislativas. Com a ajuda de uma boa tática
eleitoral, demagogia em doses cavalares, mil promessas e a distribuição de
algumas aparas do bolo que governam em nome dos mercados e da troica, talvez...
Nos corredores do poder, os seus homens estudam respostas à
eventual e “muito inconveniente” mudança de líder do PS. Por exemplo, cenários
à Marcelo Rebelo de Sousa. Eleições antecipadas já, o mais depressa possível,
apanhando o PS em contramão.
Seria, no entanto, necessário um véu para tal golpe de mestre.
Por que não uma dramatização levada ao rubro em torno das decisões do Tribunal
Constitucional? Nisso contam com o apoio do mercenário que têm na Comissão
Europeia, contarão com o locatário de Belém e contam com toda a tralha da UE que
se posterga perante a constituição alemã como perante o boi Ápis mas que tem a
lata de considerar oficialmente a Constituição de Portugal algo desprezível e que só atrapalha.
Fulanizar o caso da liderança do PS é iludir o problema. Entregar
isto à disputa entre os amigos de Seguro e os amigos de Costa seria um
desastre anunciado. Os portugueses sabem
que a possível alternativa ao desgoverno do país pelos Passos/Portas tem de contar com o
PS e não querem saber dos interesses pessoais deste ou daquele seu líder por
mais compreensíveis e estimáveis que sejam no plano pessoal. Exigem do maior partido da oposição uma política
alternativa e a escolha de um líder ganhador.
Para lá da
"tragédia" pessoal de um corte brusco de expectativas está o futuro
de milhões de portugueses. A política é isto. O que está em causa é o futuro dos Portugueses.
Por isso me parece que ou o PS faz um congresso extraordinário já, onde se fale
de política, para uma escolha rápida de políticas alternativas e de líder que
as garanta ou terá um dramático divórcio do país.
Argumentarão
alguns: mas António Costa garantirá
melhor que António José Seguro o êxito, isto é uma vitória do PS para a banda
dos 40%, nas legislativas? Que garantia há? Não há nenhuma garantia. Na política
não há certezas sobre o futuro. Mas as eleições para o PE ofereceram uma
informação incontornável. A uma derrota estrondosa, como nunca se vira, desta coligação Passos/Portas, correspondeu, com António José Seguro há
três anos à frente do PS, uma… uma vitória-derrota. Pode-se tentar "tapar o Sol com a peneira" mas... les faits sont têtus (os factos são teimosos) como dizem os franceses.