.comment-link {margin-left:.6em;}

2005-08-31

 

Tragédia colateral no meio da tragédia geral

640 mortos e 235 feridos é, por enquanto, o trágico balanço do pânico gerado pelo anúncio da presença de um "homem bomba" no meio de uma multidão de fiéis xiitas que seguiam em peregrinação sobre uma ponte de Bagdad para festejar o aniversário do imã Mussa al-Kazem .
Para além dos que morreram espezinhados a fuga precipitada provocou o colapso do parapeito da ponte fazendo cair no rio Tibre centenas de pessoas.

Para muitos não se trata bem de pessoas mas de infiéis. Assim vai parte do mundo "cristão". E também do muçulmano!

O dia foi marcado por mais bombas e tiroteio e mais mortos e mais feridos num cenário que, por ser quotidiano, já pouco atrai os media mas que, nem por isso diminui o desespero e a tragédia de um país que teve, por causa do seu petróleo, a pouca sorte de ser escolhido por W. Busch como alvo de pseudo combate ao terrorismo.


 

Um rasto de tragédia

Estas imagens, do NYTimes, revelam bem a trágica devastação provocada nos últimos dias pelo furacão Katrina, em Nova Orleães e que atingiu grande parte da costa norte-americana do Golfo do México.




2005-08-30

 

Um passo à frente

de Cavaco vai Soares. Amanhã, no Hotel Altis em Lisboa, o melhor é Mário Soares não perder tempo com a "candidatura" de Manuel Alegre. Para não perder a passada.
 

Manuel Alegre já

tem uma estátua... podia ficar por aqui.
 

A rentrée...

não se apresenta fácil para Sócrates. As manifs dos sindicatos das polícias, dos militares, dos pescadores, dos juízes?
O barril a 70 dólares!
 

Olhar a Madeira a partir da... Madeira!

O pedido de "Socooorro" que aqui em baixo lancei foi bom pretexto para oportunos e lúcidos comentários da Sofia, uma visita madeirense, sobre o fenómeno do jardinismo. Estão lá nos comments. Mas aqui ficam melhor.

Primeiro comentário:

"O dr. Jardim já ameaçou tudo e todos, incluindo presidentes da República, Assembleia da República, orgãos de soberania - ele que faz parte do Conselho de Estado - e o que é que lhe aconteceu? Nada. Quem sofre no meio de tudo isto é quem vive na Madeira e tenta estar fora do sistema. É uma pressão diária que vocês aí no Continente não fazem ideia. Só que a República abandonou-nos. REPITO: ABANDONOU-NOS e até acha graça ao comportamento ditatorial do "secretário da União da Corporativas de Laticínios da Madeira (era esse o cargo que o Jardim tinha em 74) sustentáculo de uma rede pidesca que controla tudo.
Jardim já não precisa de dar ordens. Tem os controleiros para fazer o serviço. As comissões de sítio para elaborar os relatórios. Não se pode ter grandes desabafos pois nunca se sabe com quem estamos a falar. Se há ou não jogo duplo. O medo foi interiorizado pela população. Jardim não está xexé como refere o autor do comentário anterior.
Jardim está bem lúcido e sabe o que o diz. O pior - o maior erro - que podem fazer é oferecer-lhe essa atenuante que o torna inimputável pelos actos que comete. Tenho pena de não ter feito o mesmo que o dr. João Abel. Abandonado a ilha, antes que a oligarquia tomasse conta do poder. A oposição deveria assumir um registo de resistência mas também ela deixou-se enredar na teia.
Sou uma madeirense que vive na ilusão de que, um dia, a liberdade de expressão, de debate, de exercício da cidadania há-de chegar à Madeira. E será o povo a fazê-lo. Acho que os madeirenses em Lisboa têm um papel fundamental pois podem ser uma ponte para a discussão que aqui não se faz. Desculpem a longa metragem de palavras. Mas há dias em que custa suportar o ar húmido desta ínsula.
Sofia "

2º comentário:

"Quando alguém quiser estudar as razões verdadeiras que justificam a longevidade de Jardim terá de passar obviamente pela comunicação social. Recordo que durante mais de 20 anos os madeirenses (e açorianos) só tiveram acesso a 1 canal de televisão - a RTP/Madeira, cujos directores eram nomeados pela administração da RTP após aprovação do presidente do governo regional. A Lei era assim. A Constituição de 76 consagra, por outro lado, o direito das regiões autónomas usufruirem, em sinal aberto, do mesmo número de canais de televisão (o chamado serviço público) do que o restante território nacional. Só que nunca cumpriu. Só há dois anos a esta parte é que foram disponibilizados (RTP1 e A2). Isto fez com que ao longo de décadas a informação fosse "filtrada" pelos homens de mão de Jardim.

O autor do comentário

[trata-se do comentarista que precedeu a Sofia nos comentários ao post e que tinha dito: "Jardim tem de estar supremamente grato à comunicação social, à que sempre o apoiou e bajulou e à que o criticou e mais a esta ainda porque sem ser objectivo foi quem o promoveu"]

fica a saber, ainda, que entre 1978 e 1992 quase não há notícias sobre as práticas do jardinismo nas páginas dos diários locais nem nacionais. Localmente, porque uma censura explica parte da história. A nível nacional, porque a imprensa dita séria, também se borrifou durante décadas para a vida política, económcia e social madeirense, pois estavam mais preocupados com São Bento e Belém. Acordaram quando, em finais de 1991, Mário Soares, na qualidade de candidato a presidente da República, disse no aeroporto do Funchal que «havia défice democrático na Madeira».
No ano seguinte, durante as eleições internas do PS disputadas entre Guterres e Sampaio, Guterres fez suas as palavras de Soares e transformou-as em bandeira durante a sua campanha eleitoral para liderança do partido. Nessa altura, a Imprensa do continente acordou. Abriu delegações de jornais (DN e Público) na Madeira. A Lusa deixou de estar nas mãos de gente ligada ao PSD/M e que travava a saída da informação. Só a partir desta data (1992) é que o país deitou as mãos à cabeça e entrou em delírio com o epíteto de Bokassa lançado na
Assembleia da República por Jaime Gama. Nessa altura, choveram jornalistas dos mais prestigiados órgãos de comunicação social de Lisboa. O objectivo era denunciar situações que aniquilavam as elementares regras de um regime democrático. Mas já era tarde.
Portanto, caro senhor, não fale do que não sabe. As ideias-feitas desfocam sempre a realidade. Aqui a história é outra e um dia há-de ser contada. Por exemplo, em 1995, quando Guterres, já então primeiro ministro, veio dizer numa visita oficial à Madeira, que já não havia indícios de défice democrático... Dá vontade de rir. Se calhar o senhor preferia que se continuasse no silêncio. Mas esse tempo acabou. A promoção do dr. Jardim deve-se, sobretudo, à falta de coragem dos governantes nacionais que nunca o meteram na ordem. Antes pelo contrário. Quando a convite de Jardim visitam a ilha oficialmente é só elogios. Quando vêm na qualidade partidária dizem aquilo que José Lello disse no passado fim de semana. Para mim, quem promoveu Jardim foram os políticos nacionais. Todos. Por cobardia política e interesses partidários. Sabia que o Presidente da República pode dissolver a Assembleia Regional? Nunca o fez. Porquê?
Sofia.

2005-08-29

 

Sharon um novo De Klerk?

A ilusão é de José Cutileiro que no Expresso (2005-08-27) sustenta que "a comparação com a África do Sul impõe-se" e que assim como o presidente De Klerk lider do apartheid libertou Nelson Mandela e pôs fim ao regime racista da África do Sul também Sharon, campeão do terrorismo de Estado contra os palestinos, enfrentará o partido dos religiosos fanáticos para negociar com aqueles uma paz justa.
"Posso estar enganado mas palpita-me que ...um sentido de história começou a formigar no bojo do velho general e lhe ensinou que só paz negociada com os palestinianos lhe dará nela um bom lugar" - diz Cutileiro.
Também o escritor israelita de esquerda Amos Oz se mostra esperançado com a retirada de Gaza mas verdadeiramente confiante está Nuno Guerreiro que crê que "O desmantelamento dos colonatos israelitas de Gaza e do norte da Samaria (Cisjordânia) – e a retirada militar –, é um momento histórico inegável. Nos próximos meses deverão ser lançadas as bases para um futuro no qual coexistirão Israel e Palestina, dois Estados livres e independentes."
Gostaria muito de estar enganado mas sobejam explicações mais realistas para a retirada dos 21 colonatos de Gaza e dos 4 colonatos no Norte da Cisjordânia. Sharon muda alguma coisa para ver se mantém o essencial. E o essencial é reforçar a colonização da Cisjordânia e emparedar com o Muro da Vergonha os palestinos. Para isso já está a rodear Jerusalém de novos colonatos e a encher a região de Ma'ale Adumin que irá cercar a parte oriental (palestina), da Cidade Santa, ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de Junho de 1967) tornando irreversível a sua ocupação. Para isso estão a ser expropriados aos palestinos, já depois da retirada de Gaza, novos terrenos e instalados à pressa milhares de colonos em novos colonatos na Cisjordânia de modo a dividir esta em duas partes e dificultar um futuro estado palestino viável.

 

"No jantar vou falar.

Amanhã vou dizer tudo o que tenho a dizer. Sobre as presidenciais, sobre o apoio do PS a Mário Soares". Foi o que declarou hoje Manuel Alegre à Lusa, a propósito do jantar de apoiantes que se realiza amanhã em Viseu.

Já aqui várias vezes referi a minha posição sobre a eventual candidatura de Manuel Alegre à Presidência, muito antes do aparecimento de Soares.

Alimento alguma curiosidade acerca do tudo de amanhã de Manuel Alegre.

Alegre vai mesmo candidatar-se? Face ao tabu que tem alimentado é uma hipótese que a acontecer, no meu entender, não cria mossa, pode ter outros significados, outras leituras. Talvez até ajude. Pode levar a rearrumar pedras do xadrez e ajudar a fixar franjas do centro em Soares.

Com reservas embora irá Manuel Alegre declarar o apoio a Soares? Bem, não sei, mas se fôr essa a decisão, qual o sentido de tudo o que se passou? O seu campeonato vai um bocadinho avançado para pensar em "refundar" o PS. Tempo, é sempre tempo!!!

Porque razão Manuel Alegre antecipou falar quando antes fez passar a mensagem de que só falaria depois das autáquicas e agora exactamente um dia antes de Mário Soares anunciar formalmente a sua candidatura? É uma posição de paralelismo?


 

Frota da TAP, um mega-negócio

"Está para breve a decisão sobre quem será o fabricante vencedor na corrida à inovação da frota da TAP: Airbus ou Boeing? No estudo e profunda análise de tão importante decisão, o Governo português devia fazer-se representar, através de uma comissão de acompanhamento". - É Sousa Monteiro (SM); comandante sénior reformado da TAP e professor na Universidade Lusófona que o diz, hoje, no Público.
Trata-se - segundo SM - da compra de 11 grandes aviões de longo curso cujo custo ultrapassará o que o Estado gastará com o novo aeroporto!
SM lembra que seria uma forma de prevenir situações pouco transparentes e nunca cabalmente esclarecidas como as compras de aviões nos anos 80/90 que envolveram acusações de alegadas comissões e corrupção envolvendo elevadas somas.
"Não se deseja a discussão na praça pública das cláusulas dos contratos a assinar. Mas a comissão de acompanhamento faria muito bem em saber de tudo, começando pela análise dos estudos da viabilidade económica que sustentam a decisão, e por aí adiante. [artigo aqui]

2005-08-28

 

SOCOOOORRO

Alberto João Jardim - ameaça "reactivar a FLAMA [Frente de Libertação da Madeira]" para...? "eliminar João Abel de Freitas" - DN de hoje .

"Alberto João Jardim não gostou da reportagem do DN sobre o Verão Quente na Madeira publicada na edição de terça-feira [aqui] e [aqui]
... Mas do que o presidente do Governo Regional da Madeira realmente não gostou foi das afirmações do economista João Abel de Freitas, um dos membros da Junta de Planeamento. Alberto João Jardim esgotou a ironia ao dizer, ao Jornal da Madeira, que iria lançar um candidato à Assembleia da República com o objectivo de "reactivar a FLAMA [Frente de Libertação da Madeira]" para "eliminar João Abel de Freitas".

O post que ainda hoje colocou aqui, no Puxa Palavra, prova que João Abel de Freitas se encontra vivo e de boa saúde mas as ameaças fazem antever grandes perigos.
Tendo em conta o risco que o nosso colega de blog corre e em virtude de diligências discretas no sentido de reactivar a ARA terem fracassado, faço um apelo urgente a toda a blogosfera - amigos, visitantes, simpatizantes, antipatizantes, concorrentes e adversários - para nos socorrer, com o que achar mais eficaz. Comentários que levantem o moral, gritos de guerra, palavras de ordem do género Alberto João para a China, ou O meu blog não quer a FLAMA, voluntários para um corpo de guarda-costas...

 

Ainda voltando ao Futebol

Conheci um professor universitário de quem me tornei amigo que dizia: para conhecer bem este país, por dentro, era necessário incentivar a feitura de muitas teses de doutoramento sobre futebol.

Não sei se ele conseguiu incentivar alguma, mas penso cada vez mais que tinha muita razão. No futebol passa-se tudo. Dinheiro, política, corrupção política, corrupção nos negócios, comportamentos que revelam muito o que somos como povo, a pequena e a grande traição, enfim tudo.....

Aí temos um bom espelho deste país, onde a culpa, do que de mal acontecesse ao nosso clube predilecto, éestá sempre nos outros, nos árbitros em primeiro lugar. Se transferirmos esta forma de estar e de pensar para o país, encontramos a "desculpa" para as nossas incompetências.

2005-08-27

 

O futebol ... e a selecção nacional

Acabo de assistir à derrota do Benfica com o Gil Vicente. Para um lagarto é uma satisfação pois anima a concorrência.
Mas o que me leva a este post não é o Benfica mas o grande guarda redes do Gil Vicente. Já o vi jogar várias vezes e nunca o vi jogar mal. Faz jogos espectaculares como o do hoje. E acho que é uma grande injustiça o Jorge Baptista não ser chamado à selecção. Será que apenas os jogadores dos chamados "grandes" têm direito, mesmo em baixa forma? Até parece que no futebol reina o apartheid. O Sr. Scolari deveria estar mais atento aos jogadores do campeonato nacional

2005-08-26

 

Energias renováveis

A Espanha aprovou hoje o plano de energias renováveis (PER) para o período 2005-2010. O investimento previsto é de 23. 600 milhões de euros.

Segundo a informação divulgada pelo ministério de indústria, turismo e comércio 77.15% do custo do plano será financiado por empresas do sector energético e 20% por empresas da construção e tecnológicas que participam no plano. As ajudas públicas ascendem apenas a 2.9%
 

Orçamentação das eleições autárquicas

Os cinco partidos ou coligações, representados no Parlamento, apresentam de despesa orçamentada para as autárquicas de 9 de Outubro a quantia de 108 838 203, 5 €, ou seja, quase 22 milhões de contos. Juntando as candidaturas de independentes, a orçamentação ultrapassa os 22 milhões de contos.
A questão é que há a impressão geral de que nada disto é mesmo assim. Que muito mais dinheiro corre de muitas formas.
Existe uma Entidade das Contas criada este ano junto do TC para verificar os gastos das campanhas e dos partidos. Mas esta mesma entidade acaba por reconhecer que não tem meios para ir muito longe.
Traduzindo, essa entidade é mais uma para nada fazer e, deste modo, avalizar o que se passar.
Para quê mais entidades se tudo fica como dantes, ou seja, impune?

 

Os incêndios em Portugal

A "tese" da indústria dos incêndios carece, em minha opinião, de fundamento. A velha ideia de que as celuloses tiravam lucro disto está mais do que rebatida. Aliás só têm a perder porque a madeira queimada não pode ser usada na produção. É uma questão de qualidade do produto saído da fábrica.

Os "madeireiros" eventualmente poderão alguns retirar uns tantos benefícios marginais pelo baixo preço da madeira ardida. Mas não é situação que justifique. Daí que ... sem grande investigação me pareça uma tese bastante inconsistente.

Que há alguns pirómanos, como aliás hoje o DN revela, não há dúvida!!!. Aqui e noutros países. Segundo o DN 20% dos incêndios em 2005 terão sido de fogo posto. 80% é o que resta: 4 vezes mais.

Admitindo que nos 20% de fogo posto se cai no domínio da justiça, admitamos que algum dia neste país possa haver justiça que funcione. Em Espanha, com muito menos incêndios, foram presos o dobro de potenciais incendiários. O dobro e não foram libertos de seguida.

Mas concentremo-nos nos 80%, admitindo que este número faz fé. Aqui chegamos à questão da prevenção que tem de ser encarada a três níveis. Estrutural - qualidade da floresta, nada feito. Gestão - nada feito. Curto prazo, limpeza das matas- nada feito, apesar de haver leis - sem o mínimo controle da sua aplicação.
Agora fala-se de várias coisas. O ministro António Costa vai comprar aviões. Muito bem: Quem serão os pilotos'? Para que se quer uma força aérea, que tem alguns aviões adaptáveis e que penso se sentiria útil se dessa função fosse incumbida? E se não se sentisse, o melhor é fechá-la. Não é à Marinha que compete a fiscalização das nossa ZEE? Porque não dar esta incumbência à força aérea?

E a limpeza das florestas, a tal operação compulsiva, que Jorge Sampaio diz defender? Não serão as Câmaras e as Juntas as entidades que melhor se localizam para esssa tarefas'? E porque não entram os militares nessa tarefa? Tanto dinheiro gasto por um país de poucos recursos numas forças armadas que, se não são úteis ao País, porque existem?


 

Sol LeWitt


Splotch #15 - 2005
Cantor Roof Garden. Central Park, New York City.

 

René Magritte


2005-08-25

 

Governo desautorizado?

Notícias davam ontem essa ideia ao informarem não ter o Ministério da Defesa concretizado a ameaça de instaurar processos disciplinares aos militares que ilegalmente se manifestaram fardados contra as medidas do Governo.
Hoje o Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) anunciou que vão ser instaurados inquéritos a esses militares. A aparente contradição terá resultado de que o poder disciplinar cabe estritamente às Forças Armadas e não ao MDN.
Alguma lentidão pode ser sempre atribuída às férias ou então, tendo em conta o objecto das manifestações - perda de privilégios dos militares, praças ou oficiais generais - a hierarquia pode não ter conseguido ser tão célere quão é seu timbre.

 

"A luta entre a sinagoga e o Estado"

é com este título que Vital Moreira, no Causa Nossa, comenta o artigo de Amos Oz , no Público de ontem, onde o escritor israelita afirma que:
"O sonho dos colonos é criar um "Grande Israel" com colonatos judaicos colados uns aos outros. Nesses colonatos só os judeus podem viver e os palestinianos só lá podem trabalhar, empregos modestos com salários baixos. Num Estado assim, a democracia teria de se submeter aos rabis.
... na fantasia dos colonos não há lugar para mim, não há lugar para um Israel secular, moderno.
...Israel só será uma nação livre quando acabarem a ocupação e os colonatos e a Palestina se tornar um país vizinho independente.
A luta em Gaza não é, no essencial, uma luta entre o exército e os colonos, uma luta entre Sinagoga e Estado.
...As outras fases serão assim? Será assim quando chegar a altura de desistir da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental em troca da paz com os palestinianos? Estas questões dependem não só dos israelitas, religiosos e laicos, "falcões" e "pombas", da esquerda e da direita. Estas questões dependem muito da resposta dos palestinianos."

 

No Israel de Sharon

Nuno Guerreiro - na Rua da Judearia - acha que:
"O desmantelamento dos colonatos israelitas de Gaza e do norte da Samaria (Cisjordânia) – e a retirada militar –, é um momento histórico inegável. Nos próximos meses deverão ser lançadas as bases para um futuro no qual coexistirão Israel e Palestina, dois Estados livres e independentes.
"... Em Maio do ano passado, centenas de milhares de pessoas manifestaram-se em Tel Aviv, na mesma praça onde Yitzhak Rabin foi assassinado, exigindo o fim da ocupação, a retirada dos territórios e o reatar das negociações de paz. As sondagens mostram que a esmagadora maioria dos israelitas apoiava essas pretensões. "

 

Incêndios vistos da Califórnia

"... quando morei em Hollywood Hills, uma área de Los Angeles fortemente arborizada... No final da Primavera, todos os anos, passava por lá um fiscal dos bombeiros que metia uma carta nos correios, dando aos moradores um prazo de três semanas para limpar a mata em redor das suas casas. Terminado o prazo, o fiscal fazia uma nova ronda e o incumprimento do aviso dava direito a uma multa entre €500,00 e €2500,00, ou pena de prisão até um ano.
...Nos anos que ali morei nunca conheci ninguém que não limpasse a mata." - diz Nuno Guerreiro.

Temos que andar um bocado para chegarmos à Califórnia!


 

A Indústria dos incêndios

Na SIC on line José Gomes Ferreira, sub-director de informação, diz que

"A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada. "

JGF explica em 5 pontos e oferece 6 remédios.


2005-08-24

 

Empresa brasileira opta por Espanha

Depois de ler a notícia e as razões da ida para Espanha desta empresa farmacêutica, só vos remeto para o post logo antes deste - finalmente percebi - o calvário de uma ida ao hospital.

Por razões similares "excesso de burocracia" em Portugal e "baixa produtividade" a terceira maior empresa brasileira de fármacos desiste de se instalar cá. Pudera?
 

Finalmente percebi !!!...

Finalmente percebi o porquê de tanta intervenção cirúrgica em atraso.!!!... Percebi porque é Portugal "tão improdutivo"..... Compreendi o porquê de tanta incompetência neste país e sobretudo porque grassa tanta irresponsabilidade....E finalmente concluo. É impossível contrariar a burocracia porque é uma instituição que justifica muita coisa.

Vou apenas descrever factos de hoje passados num hospital público desta cidade. Um hospital de nome, um hospital de crianças.

Consulta marcada para as 8 horas, por telefone segundo todas as orientações prescritas pelo médico. Chega-se às oito, dá-se o nome da criança na recepção que confirma tudo estar bem e mandam aguardar. E a sala começa a encher. Aí por volta das nove não está cheia, está a transbordar.

Nove e quarto como nada tivesse acontecido, vou perguntar qual é o imprevisto. Nada, nenhum imprevisto, o médico já começou a atender. Então vamos entrar a seguir? Que não, que há seis pessoas à frente. Aqui começo eu a não "querer" perceber. Mas então a consulta não era às oito, pergunto? Que sim, mas primeiro vão os bebés. Havia dois chegados depois, barafustei um pouco, mas esforcei-me por compreender. Só que aqueles bebés nunca mais entravam. Ás dez horas segunda pergunta quando somos atendidos?

Aqui, a coisa foi menos clara, alguma indisposição talvez de lado a lado, até que às dez e cinquenta e cinco chegou a vez de entrar. A consulta resumiu-se praticamente à entrega de uma requisição para ir ao serviço de radiografias fazer a dita. Aqui correu rápido e bem e volta-se à ortopedia, agora com uma pequeníssima espera: lido o resultado pelo médico, é marcada nova consulta. Onze e meia tudo OK.

Concluindo, em termos práticos o serviço prestado pelo hospital ao doente precisa de 35 minutos com as idas e vindas aos diversos serviços, sem grandes acelerações.

Só me interrogo sobre o Porquê destas três horas e meia. De uma manhâ de trabalho perdido. Uma criança acordada às seis e quarenta cinco e um mau serviço prestado. Será que alguém no Hospital D. Estefânia pára dois minutos para se interrogar sobre isto?

Acho francamente que este processo, que bem percebi é universal naquele sector, (talvez estendível a todo o hospital ou a todos os hospitais e os privados não são muito melhores) não se trata de nenhum caso especial,é intrinsecamente assim.

Penso que explica a prestação de cuidados de saúde que temos e o país que temos, pois já não conheço nenhuma área em que estes factos não aconteçam. Percebe-se porque arde e continuará a arder este País.

2005-08-23

 

Às vezes

até leio António Ribeiro Ferreira. Para aquilatar do estado de esquizofrenia dos media. Hoje no DN diz coisas a propósito da retirada dos colonos israelitas de Gaza por Sharon.

"[Israel] único país democrático do Médio Oriente que sempre combateu o terrorismo..."

Mas então não foram os sionistas que fundaram o Estado de Israel, exactamente à bomba?

"[Israel] é o maior defensor da paz no Médio Oriente". Enfim opiniões.

"A partir de agora não há lugar para mais recuos. Israel fica na Cisjordânia e em Jerusalém". Ah bom, estou a perceber, alterar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

Em boa verdade nem antipatizo com ARF acho-o só um pouco exagerado. Primeiro vivas a Stalin, em 1975, quando isso já tinha passado de moda agora loas ao "pacifismo de Estado" de Israel? Paciência.

 

Aeroporto de Génova


 

OTA e TGV (6)

João Cravinho - que está na origem da escolha da Ota durante o Governo de Guterres - diz no DN de hoje várias coisas interessantes:
1 - Sobre o novo aeroporto há um dossiê acumulado ao longo de 30 anos com mais de uma centena de peças algumas com grande densidade técnica.
2 - A discussão pública em geral ignora-o e tem sido fértil em equívocos e erros.
3 - Substituir a Portela é um dado adquirido e incontroverso para quem saiba do que fala.
4 - A questão não é decidir se [ se substitui o aeroporto da Portela] mas quando, onde e como.
5 - O processo de decisão relativamente a estes 3 aspectos decorreu sequencialmente, cada um sujeito a estudos próprios.
6 - Pelo que não faz sentido a exigência de estudos económico-financeiros antes da fase do como, aquela que vai ter início agora.
7 - A última fase assenta numa parceria público-privada que vai exigir estudos sobre rendibilidade económica, financeira na óptica pública e óptica privada necessária a um bom caderno de encargos para a construção e exploração até lá para 2050.
8 - Segue-se concurso público internacional e decisão.

"Não vale continuar a baralhar fases e procedimentos."

joaocravinho@hotmail.com [aqui]


 

Desculpem lá...

mas têm de dar corda aos sapatos. A oposição está fortíssima, fortíssima. A Economia. Acima de tudo a Economia. Estagnação, quiçá recessão. A seca, a agricultura ( o que resta). Os incêndios. Os incêndios. Os incêndios! E a seguir, na rentrée, as associações sindicais da polícia, das praças da armada, dos sargentos e a dos oficiais e a dos procuradores e a dos juízes (que ao princípio, férias só um mês, oh até era melhor mas afinal parece que não é) e também os que, por atingidos, não aceitam as mexidas nas reformas.

A oposição vai ser dura de roer e mais ainda de vencer. É claro, ainda há a outra, do Mendes ao Jerónimo, mas se for possível dar alguns passinhos na primeira esta conta menos.

Palavras não chegam. Mas ajudam. É preciso explicar melhor que há uma ideia, um desígnio? para Portugal. Que inclua o plano tecnológico e as várias e interessantes iniciativas já publicitadas.
O novo aeroporto e a alta velocidade (integrados num plano global de transportes/logística) são dois factores muito positivos mas a oposição (a dos partidos) está a transformá-los na besta negra da governação. É necessário, com informação, colocar esses grandes e estruturantes projectos no seu lugar. Lugar de prestígio do Governo.

 

Sharon

Primeiro meteu. Agora tira. Claro que apoio. Mas... vá uma aposta! é para ver se pode salvar o grosso da coluna. Os milhares da Cisjordânia.
 

Ai foi tão bonita...

a festa lá n'aldeia! Houve procissão e tudo. O sr Prior debaixo do pálio ia à frente. A seguir, uma longa fila de cada lado, a Irmandade, todos com aquela capa vermelha... depois o andor com a Nossa Senhora do Ó, os anjinhos com lindas asas de tule branco. E a quermesse? Saiu-me um galo de Barcelos. Mas bonito bonito foi o fogo de artifício. Pela primeira vez. Antes era só foguetes e morteiros. Viam-se as estrelinhas a cair, a cair, de todas as côres. Correu muito bem pois só pegou dois incêndios.

2005-08-22

 

"Os incêndios do regime"

É o título do artigo do Paulo Varela Gomes no Público de 2005-08-12 e que pode ser lido [aqui]. Já tinha um link no Memórias mas talvez fique bem aqui, a propósito do post do João Abel aqui em baixo.
 

"O fogo de Colónia"

"Imagino que para um não crente deve ser difícil aceitar a participação do Espírito Santo" [na eleição do papa]. ...
"É difícil perceber que essa inspiração divina não se sobrepõe à liberdade individual dos cardeais eleitores. É, no entanto, essa a mais absoluta prova da divindade de Deus. "
(É a Graça Franco no Público de hoje).
Bom... vou repensar!

 

Um país circunscrito de fogos

"Ontem à noite: 31 incêndios não circunscritos"




 

Os incêndios neste País têm sido uma Fatalidade

... e penso que vão continuar a ser. Estou a meter-me por domínios complexos e partindo de uma base de grande pessimismo.

Mas alguém pode acalentar alguma ténue esperança de que isto vai mudar?

Todos os anos oiço os governantes deste país dizerem: no próximo ano é que vai ser. Vai haver um plano etc.

Ao dizerem isto acredito na sua sinceridade. Mas já acredito pouco na sua capacidade de execução, ou melhor, na sua capacidade de pensar e planear algo que certamente demorará muitos anos, décadas a pôr em prática e desse modo começar a pôr cobro a esta situação que tantos prejuízos materiais, psicológicos e humanos, acarreta a este país.

A questão dos incêndios é complexa. Portugal é caso único na Europa. Diz quem sabe e as estatístivas o provam, que a floresta é eminentemente privada, ao contrário dos outros países onde o Estado tem uma posição significativa na propriedade florestal.

E a questão base dos incêndios prende-se com a forma de organizar a gestão profissionalizada da floresta que não se coaduna com cada parcela de minifúndio fazer ou não fazer o que bem entender.

Li na imprensa que o presidente da câmara de Ourém , David Catarino, reclamou ontem "limitações ao direito de propriedade para facilitar acções de limpeza compulsiva nas florestas e matas por parte dos serviços camarários e estatais".

Trabalhar com a floresta, de forma profissionalizada, é preciso reunir muitos hectares, centenas ou milhares. Só assim se pode dispôr de técnicos competentes.

Ora, avançar por este caminho exige um Estado fortemente determinado com uma estratégia e um projecto de mudança para a floresta deste país e um grande diálogo e o estabelecimento de uma forte cooperação com as organizações dos produtores florestais exactamente porque o tipo de propriedade existente tem de ser reorganizada e gerida sobre novos moldes.

Daí o sentimento do Presidente da Câmara referido quanto a este problema. E de facto isto não vai longe, enquanto o papel dos bombeiros é tido como primeiro plano quando eles deveriam ser o último recurso na protecção dos incêndios. Esta inversão da acção deita tudo a perder.


2005-08-21

 

A Sociedade em Rede em Portugal




A Sociedade em Rede em Portugal
Gustavo Cardoso, António Firmino da Costa, Cristina Palma Conceição, Maria do Carmo Gomes.
Campo das Letras
Porto
2005
(342 páginas)



A principal virtude do estudo publicado sob o título de «A Sociedade em Rede em Portugal» é a de corresponder à produção de conhecimentos acerca das mudanças que se têm operado desigualmente no mundo, comparando resultados obtidos em Portugal com outros de diferentes proveniências. À cabeça vem a Catalunha, cotejada com Singapura, Finlândia e EUA. Esta selecção obedece a uma tipificação das Sociedades em Rede, influenciada pela composição da equipa internacional em que Manuel Castells desempenha um papel preponderante. Os tópicos centrais da teorização sócio-histórica passam pelos seus trabalhos anteriores e em curso, designadamente a elaboração do conceito de Sociedade em Rede, apresentada como modelo que sucede à Sociedade Industrial, dela emergindo e com ela coexistindo num movimento de gradual superação.

(O desenvolvimento da recensão pode ser lido aqui)

 

A revolução que falta

Referiro-me apenas à revolução na Administração Pública. Apenas! Tal revolução apresenta, no entanto, perigos difíceis de avaliar. Teria um efeito devastador na nossa capacidade de impedir o progresso. Acabaria com a nossa tradicional e saudável resistência ao aumento da produtividade da economia. E como ocupariam os Portugueses o seu tempo sem a oportunidade de gozar a distração das agradáveis repartições da Administração Pública?

Vou deixar aqui uns casos à consideração de Sócrates, de António Costa (que se responsabilizou pela reforma da Administração) e de Maria Manuel Leitão Marques coordenadora da Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa na presidência do Conselho de Ministros.

Caso Primeiro - O Célebre Caso do IMI

O Sr Antunes comprou casa e foi à repartição de finanças pedir a isenção de pagamento do IMI a que tem direito, durante 3 anos. Tem 60 dias após o início da habitação da nova casa para tratar disto. Que exagero - pensou - para fazer um pedido.

No dia 2 de Maio de 2005, uma semana depois da mudança, o Sr Antunes estava na repartição de finanças (RF) a tratar do IMI.
- Tem de trazer uma declaração da Segurança Social (SS) a provar que não lhe deve nada.
No dia seguinte o Sr. Antunes foi à hora de almoço à Loja do Cidadão. A fila tinhas horas e perdeu a tarde de trabalho.
- O Sr é ou foi também trabalhador independente(TI)?
- Sim - coisa de uns trocos - mas sempre em simultâneo com trabalho por conta de outrém e portanto sempre a descontar para a SS.
- Não temos registo aqui na SS. Tem de ir à RF e pedir certificado do início, fim e interrupções como TI.
Depois de espera na bicha, comprar o impresso necessário e pagar taxas de vários euros voltou o Sr. Antunes ao balcão inicial informaram-no que voltasse lá daí a 2 dias buscar o papel.
Munido da informação da repartição de finanças regressou o Sr. Antunes à SS. Mas analisada a sua ficha no computador a funcionária diz-lhe que há um período em que é TI e não desconta para a SS. O incansável Sr Antunes chama-lhe a atenção que nesse período descontou como funcionmário público para a CGA. Como a funcionária lhe garantiu que o seu sistema informático não tinha acesso ao da CGA lá foi o "portuga" à CGA. Felizmente estava na Loja do Cidadão, foi só descer um andar e logo ali lhe confirmaram o que ele já sabia. Mas... mas nem a funcionária da CGA podia informar a da SS nem esta podia vir um andar abaixo tomar conhecimento de tal, o Sr Antunes tinha de comprar um impresso, pagar uns quantos euros e aguardar calmamente em casa que 10 dias depois a CGA lhe enviasse pelo correio a prova de que tinha feito os devidos descontos.
Ao fim de apenas 16 dias o Sr Antunes correu felissíssimo à SS de papel em riste. Mas... que não Senhor ali não lhe davam papel nenhum. A tão cobiçada declaração comprovativa de que nada deve à SS chegará ordeiramente a sua casa pelo correio 10 dias depois.
Duas semanas após chegou o papel da SS. Mas enigmático. Não dizia preto no branco que não devia nada. referia um decreto e uns artigos. Bom, Deus (no caso a SS) escreve direito por linhas tortas. Foi às Finanças. Foi gozado. Aquele papel não era a tão anseada declaração de bom comportamento perante a SS. Foi à SS saber o que se passava. Que aquele ofício e os conspícuos decretos e artigos que referia destinava-se a comprovar a regularização da sua situação como trabalhador independente junto da SS e que apesar de largamentre ultrapassados os 10 dias a declaração de ausência de dívidas haveria de chegar. E chegou, depois de vários telefonemas para os serviços da verdadeira SS (não para a SS da Loja do Cidadão porque essa é só um terminal para enviar recados aos verdadeiros serviços da SS) depois de vários telefonemas, esperando entre 15 a 30 minutos que atendessem o telefone, nos dias em que atenderam, a "DECLARAÇÃO" da SS chegou. Chegou 48 dias depois, em 9 de agosto de 2005. Porque se meteu o Julho e o Agosto, as férias...
Na repartição de finanças o Sr. Antunes levava o discurso preparado para "vender" cara a multa com uma refinada colecção de impropérios e mimos ao Governo. Porque os tais 60 dias não chegaram. Passavam exactamente 97 dias desde o dia em que fora diligentemente tratar do IMI e 104 desde que habitava a nova casa.
Final feliz. Oh meu amigo a gente já está habituada a essa trapalhada toda. Basta que o Sr. me diga que começou a habitar a casa ontem e eu confio.
E assim ficou 97 dias depois, 8 deslocações aos balcões do Estado, 5 tardes de trabalho perdidas, e várias taxas para pagar a máquina emperrada da Administração Pública.
Solução A - quem muda de casa contacta a repartição de finanças pela internet e faz o seu pedido. A repartição de finanças consulta todos os serviços do Estado necessários
e liberta o cidadão de mais tormentos.
Solução B - o cidadão vai à repartição de finanças e o funcionário consulta por computador a SS, os seus serviços (das Finanças) que tratam dos trabalhadores independentes, a CGA e 20 minutos depois, no caso de o sistema informático estar lento, resolve o que demorou 97 dias dinheiro e saúde ao Sr. Antunes.
Têm de se colocar os sistemas informáticos a falar uns com os outros ou substituí-los (Cada serviço comprou o seu. Talvez conforme as comissões). Sei que isto custa dinheiro e leva algum tempo. Mas digam-nos se estão a trabalhar para isto e para quando prevêm uma Adminitração Pública digna do nome.
Mas não é só de tecnologia que se trata. É também de outro modo de encarar os deveres da Administração Pública e os deveres (os impostos) e os direitos dos cidadãos.
Por que tem o cidadão que se inscreve como trabalhador independente e já desconta como trabalhador por conta de outrém para a SS, de ir à SS comunicar que também é TI desde o dia tal? Todas estas obrigações de andar de repartição em repartição a informar são, em muitos países, uma tarefa da Administração Pública que comunica entre si.

Caso segundo: Actualizar o BI

O Sr Antunes na sequência da mudança de casa foi à Loja do Cidadão informar o Registo Civil do fausto acontecimento. Tem de pedir um BI novo. Compre aí um impresso, junte duas fotografias pague 7 € e tal preencha, entregue, dê-me o seu BI para ser destruído e volte cá daqui a 10 dias.
O Sr Antunes retorquiu, com amor ao seu cartãozinho não o queria destruído, que não havia alteração nenhuma a fazer no cartão do seu BI porque não mudava sequer de freguesia. Bastava que alterassem a morada no computador, ou nos registos centrais. O funcionário recuperou do contratempo e observou que tinha de entregar o cartão porque passava também a ser uma renovação (alargamento do prazo de validade) o que dava uma vantagem ao cidadão. Infelizmente o Sr. Antunes devido ao correr dos anos possuía um cartão vitalício! Desarmado, o pobre do funcionário teve de se munir da autoridade que o Estado lhe dá e respondeu vitorioso que mesmo assim tinha que dar o cartão para ser destruído e pagar os devidos euros (para amortizar a máquina corta-papel e o trabalho dele a gastar os neurónios com a minha insolência)Porque era a lei, ponto final.

Caso Terceiro. O caso da micro-empresa em crise.

O Sr Antunes mudou a sede da sua micro-empresa de Lisboa para a Amadora. Já se sabe a crise, pagamentos em atraso, falência à espreita, enfim um escritório mais barato.
Foi à Conservatória do Registo Comercial de Lisboa fazer o registo. O Sr tem de ir primeiro ao registo Nacional de Pessoas Colectivas para saber se autorizam o nome da sociedade no outro concelho, informaram-no com simpatia. Mas como assim? A autorização do nome tinha âmbito nacional! Bem, explicaram-lhe depois, é preciso pagar a máquina do estado.
Foi rápido, pediu urgência, pagou mais 28€ e ficou tudo por 80€. Na Conservatória também não demorou muito. Os 140€ é que tornou o caso mais desagradável mas como registou também a mudança de gerência... Faltam ainda cobrarem-lhe talvez uns 150€ para a publicação no Diário da República.
Mal a empregada chegou de férias mandou-a à repartição de finanças informar da mudança de sede. O pior foi aí. Tinham passado mais de 15 dias da data da acta que mudava a sede. 100 € de multa. Ah não! é que a data da mudança de gerência tem aqui Novembro de 2004, ano anterior, portanto mais duzentos, o que perfaz 300€ de multa.
Em resumo o Sr. Antunes gabava-se, no café, que o Estado para facilitar a vida à sua micro-empresa lhe comeu sem justificação plausível quase 700€. Mas ao mesmo tempo estava muito feliz porque apesar de se tratar tudo de pequenos truques para sacar dinheiro à micro-empresa em dificuldades estava a contribuir para o resolução do défice.

2005-08-20

 

Diz-se por aí

no Jumento:
"Correspondendo às críticas da oposição José Sócrates [indispensável ver a foto no link] decidiu-se pela criação do corpo de Bombeiros Voluntários, ao qual todos os membros do seu gabinete estão obrigados a pertencer, e que será instalado num anexo do Palácio de São Bento;..."
no Abrupto
"...A Culpa não é dos terroristas da Al-Qaida, que eles sim mataram o infeliz trabalhador brasileiro, eles sim lhe roubaram a “dignidade” e “respeito”, mas a da polícia londrina para quem todas as indignações se dirigem."
no Causa Nossa
Subscreve Jorge Miranda [hoje no público] «Faz sentido, em caso de interrupção do mandato de qualquer gestor [público] por acto do Governo, que ele tenha direito a uma "indemnização"... » "Subscrevo. - diz VM - Há muito que contesto essa situação."
no Água lisa 3
"Eu acredito em Lula. Não me passa pela ideia que Lula não fale verdade. Só não percebo é para que raio, nada sabendo nem conseguindo saber, Lula é Presidente do Brasil. "
na Praia
" Oico dizer que ha dias, no blog de Jose Manuel Fernandes, Vasco Pulido Valente "explicou" a imprescindibilidade das bombas atomicas de 1945 sobre Hiroxima e Nagasaqui. As vezes quando se esta no estrangeiro torna-se quase dificil de acreditar no nivel de insanidade em que se processam os debates portugueses".
no Blasfémias
"Segundo noticiam hoje vários jornais, entidade ligada ao Governo teria decidido proibir a compra de novos automóveis, por parte do Estado ...Talvez valha a pena recordar sugestão aqui apresentada anteriormente."

 

Blogs de referência

Vários blogs do campo "inimigo", da direita ou aparentados, como Jaquinzinhos, Fora do Mundo (que começou por ser de Francisco José Viegas, Pedro Lomba e Pedro Mexia e acabou por ficar só do Mexia), e outros menos rotuláveis como o Avis de Francisco José Viegas ou o Ponto Media de António Granado, encerraram as portas. Eram blogs do que melhor havia na blogosfera! E como tal fazem falta a todos. Incluindo ou principalmente à esquerda.

 

Os Lucros da Política e a Política dos Lucros

Normalmente nas empresas, sejam elas públicas ou privadas, costuma haver um "bolo" retirado dos lucros para distribuir pelas chefias. Um bolo usualmente graúdo, bem compensador. Em alguns casos chegam ainda umas migalhinhas aos colaboradores.
Ora a política também "distribui" dividendos. Como acabo de ler no Expresso (pg4 - curtas) Luis Filipe Pereira teve direito a um "dividendo" de €22 mil euros por ter saido de ministro, para ser integrado na vida activa. O que já aconteceu porque entretanto regressou ao seu lugar de administrador do grupo Mello. As notas recebidas foram certamente para aquisição do tapete de regresso ou então para comemorar a entrada na vida activa, pois ele como ministro, presume-se, esteve na vida inactiva.
Afinal os cargos públicos também dão lucros na despedid!!!.

2005-08-19

 

Soares à Presidência (4)




Mário Soares manifestou apoio público à candidatura de Manuel Alegre, caso este último se candidatasse à Presidência da República. Depois, Soares mostrou-se, ele próprio, disponível para concorrer a um terceiro mandato. Entretanto, José Sócrates, cujo candidato presidencial brandido na sua corrida à presidência do PS era António Guterres, prometeu, primeiro a Alegre e, depois, a Soares, o apoio do seu partido, caso eles decidissem candidatar-se. O grande colectivo partidário que o PS é, viu-se, pois, confrontado com duas manifestações de apoio a dois candidatos diferentes, enquanto o diabo esfregava um olho.

Reveste isto alguma gravidade?

Para o meu amigo Raimundo Narciso, Ana Esteves, A.B.C. e outras entidades mais ou menos virtuais (postas a conversar nestas alturas de aperto ideológico), reveste. Porém, não acham pragmático que nos detenhamos a analisar e discutir sobre isso. Dizem eles e elas que, tendo já escolhido (Soares), não é agora tempo de nos pormos com essas perdas do mesmo.

Ao falharem, reverencialmente, (como sempre), a discussão sobre o que Soares tem de melhor e de pior, evitam enxergar o modo acrítico e irreflexivo com que temos vindo a fazer política.

Para evitar o plebiscito de Cavaco Silva, arriscamo-nos a plebiscitar Mário Soares.

Para não deixar o PS no deserto presidencial em que a liderança de Sócrates o internou, relativizam e menorizam, na política, a dimensão ética. Vêem o que se passa (se vêem!) mas afeiçoam-se a um pragmatismo que preza a eficácia em detrimento dos princípios. Mantêm, assim, uma atitude dúbia relativamente ao que mais tem desacreditado a actividade política.

Como é que a pedirem mais do mesmo podem convencer alguém de que estão seriamente preocupados com a cultura política do eucalipto? [ver discussão do poste Soares à presidência (3), aqui]

A alternativa a Soares é a vitória de Cavaco nas próximas presidenciais? Talvez fosse. Todavia o entendimento tácito com o que Soares e a política portuguesa têm de pior, mesmo triunfando sobre Cavaco, não auguram nada de melhor, depois.

E depois, a pressa política que poderá haver em convencer Ramalho Eanes ou Jorge Sampaio a se recandidatarem, poderá não deixar espaço ou tempo para quaisquer discussões.

O que Soares tem de melhor obriga-nos a silenciar o que ele e nós, no nosso pior, dizemos querer transformar?

Assim nos condenamos, pois, a ter no passado o nosso melhor futuro.

 

Algarve e as notícias incómodas

Dois dias seguidos de notícias incómodas para o Algarve.
Ontem foi o dia do anúncio de mais betão (+ 100 000 camas autorizadas). Do Algarve Torremolinos. Do Algarve que hipoteca o seu futuro. E a caminho do Alentejo foi ouvindo de várias proveniências comentários sobre este Algarve. As posições acertadas do presidente da Quercus, o meu conterrâneo Helder Spínola, a falar desse Algarve que está desta forma a hipotecar o seu futuro humano e turístico. De Macário Correia, numa posição defensista, sem querer entrar em choque com os construtores, a dizer que havia autorização para as 100 000 camas mas que, de certeza, não se iriam construir todas. Nos jornais já tinha lido as declarações de Pedro Serra, presidente das Águas de Portugal sobre a eventual falta de água no próximo verão a não ser que chuva a cântaros.
Hoje foi o dia de ouvir falar do "négocio dos mortos", o caso indiciado de corrupção ligado ao negócio dos funerais no Hospital de Portimão.
De tudo isto, incomoda-me a falta de água e a postura passiva das entidades ligadas ao sector, quando há experiências positivas, pelo menos por um grupo privado, de começar a resolver o problema, através da dessalinização e não se fale nisso e segundo o betão que já vem a matar de há muito a galinha de ovos de ouro do Algarve- o turismo e com estas 100 000 camas algo se tornará irremediável.

2005-08-18

 

Afinal o brasileiro morto

pela Scotland Yard, no Metro de Londres, não foi morto. Foi assassinado.

A ITV e a imprensa britânica publicou os resultados da investigação de comissão independente, a pedido do Governo, sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Meneses, na estação do metro de Stockwell, em Londres, a 22 de Julho passado, um dia depois dos falhados atentados bombistas.
O que Ian Blair, chefe da polícia britânica e Tony Blair 1º Ministro explicaram:
Homem suspeito saiu de um prédio vigiado que poderia albergar terroristas. Dia quente e o homem com um estranho casaco de inverno almofadado. Mochila às costas. Ao encaminhar-se para a estação do metro foi mandado parar. Resistiu e correu para a estação, saltou por cima da barreira de controlo dos bilhetes e entrou a correr no Metro. Aí e para não ter tempo de fazer explodir eventual bomba a polícia de acordo com os novos regulamentos matou-o com um tiro na cabeça.
Resultados da comissão de inquérito (testemunhas e circuito de televisão):
o polícia que devia identificar quem saia do prédio, ausentou-se e não identificou a pessoa que saiu do prédio e apanhou um autocarro para a estação do metro. Mesmo sem nenhum dado suspeito o comando da polícia acciona o alerta vermelho. O homem vestia um blusão de ganga leve e não levava qualquer mochila. Não resistiu a qualquer ordem nem teve qualquer conduta suspeita e não saltou por cima de nenhuma barreira de controlo de bilhetes. Sem se aperceber que estava a ser seguido, já dentro da estação, apressou o passo para apanhar a carruagem que entrara na plataforma.
Já sentado, no metro, um membro do comando especial da polícia agarra-o e imobiliza-o, um segundo aponta-lhe uma pistola (à distância de 20 cm da cabeça, diz o passageiro testemunha, que estava sentado a seu lado) enquanto, sem mais, em poucos segundos, um terceiro lhe dispara um tiro na cabeça.
É isto o perigo do securitarismo! Assim os terroristas não só matam com bombas como também com as armas da polícia.
E isto na Inglaterra não é nada comparado com os EUA e onde o "Patriot Act" infecta o Estado democrático com o vírus do Estado terrorista e que, por exemplo, permite a prisão arbitrária e indefinida, além da tortura, pela polícia, a qualquer um dos milhões de residentes nos EUA que não gozem da sua cidadania.

2005-08-17

 

As vulnerabilidades da democracia!...

Valentíssimo:

Na ditadura, com Salazar: ignorado ex-capitão de Administração Militar expulso do Exército por roubo em negócios de batatas para o rancho e meses das tropas em Angola (noticiado na arrasadora biografia não autorizada - pudera - na revista do Expresso, nos anos oitenta).

Na Democracia: expulsão por roubo considerada saneamento político. Reintegração nas Forças Armadas, promoção a major, indemnização com o pagamento retroactivio dos ordenados (direitos adquiridos?!). Importante figura política, importante figura empresarial, importante figura do futebol. Omnipresente na televisão, tu cá tu lá com o primeiro Ministro Durão Barroso e outras altas figuras do Estado, padrinho de Nino Vieira ou vice-versa, absolvido de inocente envolvimento no truque do cheque (clássico da mafia) que custou 40 mil contos ao BCP (minuciosamente explicado pelo Público, há uns 10 anos, talvez).

Apenas um contratempo: o Apito Dourado! Mas talvez tudo fique em águas de bacalhau. Foi noticiado desenvolvimento da acusação para Setembro mas talvez seja adiado para depois das autárquicas... Voto popular pode ser que apague tudo! Bom povo valentim. Algum. Só algum.

Moral da história: o regime democrático tem muito, mas mesmo muito, para melhorar.

 

Um País permissivamente negativo

Neste País é tudo, enfim, admitamos, quase tudo possível. Agora estão aí "os produtos biológicos", que de biológicos nada têm, pois neste país que é o nosso, basta alguém se lembrar porque está a dar e tenta de enganar o parceiro para fazer uns trocos.

Acredito que há gente bem intencionada e que conscientemente está a alinhar em verdadeiros produtos biológicos. Mas como posso eu, mero cidadão, acreditar neles, se não há nenhuma certificação, como existe, por exemplo nos EUA, nos países nórdicos, etc., certificação aliás exigentíssima.

Aqui no rectângulo alguém lembra-se e "é já a seguir". Produtos biológicos é o que está a dar e lá vai disto. Vejam o exemplo: Natura (a verde e fundo a verde - à venda nos super) ovos de agricultura biológica. Mas afinal como é? O que significam estas inscrições? Ovos de agricultura? Uns amigos meus americanos que lêem português mas não raciocinam em português entram-me em casa admirados e satisfeitos. E este é que é o problema, enrascam-me como lhes hei de explicar que os ovos que compraram, afinal são de galinha criada ao ar livre, como também está inscrito na embalagem mais abaixo. Isto dá direito a produto biológico?

Poupem-me que se tire a tanga a este país. Pelo menos vê-se o nú da nossa situação.


 

"Ele é que devia ter um processo disciplinar!"

Se há alguma coisa a elogiar a Marques Mendes uma delas é a decisão de impedir Valentim Loureiro e Isaltino Morais de se candidatassem às autarquias em nome do PSD.
Claro que nenhum deles percebe porquê! E no Público de hoje Valentim Loureiro, em resposta à "instauração urgente" de processo disciplinar contra o candidato independente pedida pela Direcção social-democrata, faz ameaças a Marques Mendes:: "pequeno ditador, quando encontra uma oportunidade para se vingar de alguém de quem não gosta, ou com quem tem contas a ajustar, actua como ele actuou". "Como razões directas dessa alegada vingança diz o Público - Valentim apontou "problemas pessoais" que existirão com o presidente do partido, aliados ao facto de não ter apoiado Marques Mendes no Congresso de Pombal, que o consagrou como líder"
"Vou ficar de lado - diz o autarca do "Apito dourado" - até ao próximo congresso nacional. De certeza que os militantes se vão expressar e vão condenar a atitude de Marques Mendes porque ele está a dividir o partido, ele é que devia ter um processo disciplinar não eu!"
Pelo que se sabe da candidatura de Fátima Felgueiras e do apoio popular que parece gozar não me surpreenderia.
Pela cabeça de Valentim não passa nem podia passar é que um partido que se preocupe minimamente com a decência e a higiene política, nem que seja apenas para salvar as aparências, não se pode comprometer com pessoas como ele ou Isaltino, pelo menos no estado em que estão, indiciados de vários crimes.

 

Soares à Presidência (3)

Ali ao lado, agora mesmo, na Presidência Aberta, perdão, na Sociedade Aberta do António José Teixeira, Mário Soares, ele mesmo, a mostrar como se toca a política! Enfim uma dor de cabeça para a direita. Vamos ter aí mais uns vinte analistas das direitas a querer ajudar a esquerda explicando que Soares não é boa ideia! Que está velho, que é chato para o Manuel Alegre e tal.
Aqui, no Puxa a minha parceria com o João Abel nesta saborosa aventura não é de agora. Soares à presidência (2) a 26 de Julho e Soares à presidência (1) a 14 de Junho, mostram que já vem de longe.

2005-08-16

 

Olhar as matas... de um outro ângulo

Sobre a floresta e os incêndios florestais vale a pena:

Ribeiro Teles na entrevista à Visão On Line cuja referência encontrei no Blasfémias.

Victor Louro no seu artigo "Com o cheiro a queimado dos incêndios" no último Expresso (caderno principal, pág 13, não está on line):

"Abandono das matas: aí estão as ZIF (Zonas de Intervenção Florestal). São a resposta legislativa. Elas visam criar as condições para a gestão sustentável dos espaçoes florestais que as integram, reduzir as condições de ignição e de propoagação de incêndios. Constituem-se por iniciativa dos proprietários ou da Administração..."
"É lamentável que se tenha perdido um quarto de século, dezenas de vidas humanas e 2 milhões e setecentos mil hectares de floresta(o equivalente a 82% da área florestal do país). Será desta? Faço votos por que sim."

Este último parágrafo não liga com os anteriores? Pois... falta o resto do artigo. E nele se diz que há 25 anos, era então Victor Louro deputado e militante do PCP, apresentou um projecto de lei com o essencial do conteúdo destas ZIF e curiosamente com o mesmo nome.

Foi há 25 anos. Governava a AD e a maioria viu então, através dos "óculos" do seu exacerbado sectarismo, insondáveis e maléficos desígnios na iniciativa legislativa.

Victor Louro reproduz os sisudos juizos de alguns dos deputados de serviço de então: Ferreira do Amaral-PPM, Mário Lopes e Gaspar Mendes - PSD, Soares Cruz - CDS. Foi há um quarto de século!


 

A Floresta? Continua a arder!

Da entrevista ao director da PJ de Coimbra, Pedro do Carmo, ao Público.

Detidos este ano: 81 incendiários mas só 50 de florestas. Mais do que em 2004.
Inquéritos em marcha: 600 (368 na directoria de Coimbra - coordenador nacional)
Quadro penal: 3 a 10 anos de prisão.
Média das condenações: 5 anos.
Perfil do incendiário: entre 20 e 40 anos, baixo nível de escolaridade, elevado número dependentes do alcool e outras drogas.
Motivações: fúteis, de carácter pessoal, acção solitária, vingança, divertimento, vandalismo. "Age desconsiderando a pena em que pode vir a incorrer". Das investigações da PJ ao longo dos anos não há indícios de interesses económicos mais ou menos organizados.

Creio que a origem criminosa dos incêndios é bastante minoritária mas todos os anos há notícias, e nalguns casos provas, de avionetas a largarem material incendiário, para além dos very lights! Andarão os bêbados a alugar avionetas?


 

"Vladimir Efimkin...o intruso

... que ganhou a Volta de Cândido". Bem "esgalhado" que é este título do DN.
Não sei a profundidade que o seu autor lhe tentou dar. Há várias leituras possíveis. A minha é a de que é uma boa imagem do que este país é. Por falta de muito concretiza muito pouco
Alguém anda a vender-nos a ideia de que alguém nos anda a roubar (falseando os factos) aquilo de que não somos capazes.

 

A falta de planeamento estratégico...

....é um mal intrínseco deste nosso País. E como refere João Morgado Fernandes no editorial do DN de hoje "fragilidades estratégicas", esta nossa incapacidade "custar-nos-á muito caro no futuro".

Eu apenas acrescentaria. A falta de planificação estratégica já nos está a custar muito caro agora e tem-nos custado muito caro no passado, exactamente porque essa condicionante, acima de tudo mental, nos tem impedido de lançar um programa de modernização da sociedade com o impacte negativo e mais visível que se conhece no domínio económico.

E assim, por não haver planificação energética a sério desde há anos e, por planificação entenda-se ter um rumo e subordinar a orientação dos investimentos a esse rumo, temos um país altamente dependente do petróleo; por nunca se ter pensado em como aproveitar a água que temos, temos uma seca fortíssima; por não termos atacado de há largos anos os incêndios temos o país a arder, e por não termos uma planificação estratégica de desenvolvimento económico (apontar para onde queremos ir, com que meios) o país entrou num ciclo de empobrecimento e a saída deste ciclo apresenta-se agora muito nebulosa. Sobre isto, aconselho a leitura da entrevista de Teodora Cardoso no DNegócios de hoje.

Mas parece que o planeamento nos escapa a todos os níveis. Até Fonseca e Costa, um dos mais conceituados tácnicos nacionais, acusa a Federação Portuguesa de Atletismo de não ter planeado a participação nacional em Helsínquia.

Às vezes dou comigo a pensar, será que não temos mesmo capacidade para pensar à distância? Ou será que as nossas elites por razões de calendário político pouco "se entusiasmam" com o futuro do País?

2005-08-14

 

Neste País há uma facilidade de embalar...

.... No disparate... Nestes últimos dias, a comunicação social falou do país com mais férias, mais feriados... o país que menos trabalha.

Há qualquer coisa que não joga "neste país que menos trabalha".

Vale a pena ler ler o que nos dizem várias instituições europeias e nacionais sobre esta questão que encheu páginas e primeiras páginas nestes últimos dias.

A DGEP- Direcção Geral de Estudos e Previsão do Ministério das Finanças em estudos vários diz exactamente o contrário. Mas para quem queira entrar no site da DGEP pode ir direitinho ao estudo de 2002 "A economia portuguesa: produtividdade e competitividade" onde lê algures que a taxa de produtividade nacional é relativamente reduzida, apesar de aumentos significativos recentes. E lê também que o grande problema prende-se com a produtividade horária. Na verdade e cito "o número médio de horas de trabalho dos portugueses é superior ao da média dos cidadãos europeus, sem que isso implique ganhos significativos de produtividade". A OCDE, no Economic OutlooK nº 73 e em vários outros dossiers, diz exactamente o mesmo.

Mas folheando as estatísticas da UE sobre produtividade e horas trabalhadas a informação vai no mesmo sentido.

Daí este meu simples comentário. Às vezes ...vale a pena não embalar à primeira. Alguma informação é precisa.


2005-08-13

 

OTA e TGV (5)

Será necessário ir à bruxa para perceber que a campanha bloguística de Pacheco Pereira a propósito da Ota releva mais do ataque partidário-PSD ao Governo PS-de-Sócrates do que de um inocente intuito de dar a conhecer os 12,7 milhões de euros de estudos já realizados e os que faltarão fazer para um novo aeroporto?

Pacheco Pereira exigiu diariamente, durante semanas, que o Governo publicasse na net os estudos que sustentam aquela opção em respota a uma entrevista do ministro da Economia, Manuel Pinho. Por fim conseguiu! Conseguiu?

"Mais vale tarde do que nunca: EPIA - Estudos Preliminares de Impacte Ambiental (OTA e Rio Frio) - diz PP no Abrupto - Falta o resto, mas este é o bom caminho."

Só que... só que esta "uma nova informação arrancada a ferros" [PP dixit]está na rede desde 1999!

Se o propósito fosse estrita ou principalmente o esclarecimento então um mero principiante de navegações na net tinha ido ao Google ou a qualquer outro motor de busca e logo encontraria o site da NAER e o EPIA (Estudo Preliminar de Impacte Ambiental). Se o objectivo da campanha fosse estrita ou principalmente a preocupação com o investimento na Ota então talvez PP tivesse iniciado a campanha na net em 2002, contra Barroso.

Reprovo então Pacheco Pereira por esta campanha contra o Governo de Sócrates? De modo nenhum. Até lhe tiro o meu chapéu pois, de acordo com os actuais, mas deletérios, padrões de luta político-partidária - fazer tudo o que se pode para desautorizar ou derrubar os Governos da oposição não tanto pelo que façam de mal mas para dar o lugar aos nossos - pois, dizia eu, PP até vai razoavelmente bem.

Reprovo então o uso da blogosfera para o combate político, para obrigar os Governos (e as oposições) e a administração pública a darem conta das suas decisões, (nomeadamente sobre o novo aeroporto ou a Alta Velocidade) a tornarem transparente o governo da república, a alargar o campo da participação dos cidadãos, a criar fortes movimentos de opinião pública? De modo nenhum. Por isso estou com todos os blogs, incluindo, claro está, o Abrupto, na aventura dos novos caminhos da comunicação entre eles o da blogosfera.

Mas é importante também escrutinar as razões de cada campanha da oposição.

 

OTA E TGV (4)

OTA - antecedentes.
1969 (Marcelo Caetano) - O GNAL - Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa identicou 5 locais: Fonta da Telha, Montijo, ALcochete, Porto Alto e Rio Frio.
1982 (Pinto Balsemão) - TAMS/Profabril reaprecia aqueles locais e ainda: Stª Cruz, Ota, Azambuja, Alverca, Granja, Tires, Marateca.
1987 (Cavaco Silva) - Nova reapreciação.
1994 (Cavaco Silva) - Estudos comparativos sobre Ota, Montijo, e Rio Frio. Montijo reunia mais vantagens mas sem levar em conta o impacte negativo sobre a Reserva Natural do Estuário do Tejo.
1997 (António Guterres) - Concurso internacional para estudos sobre novo aeroporto. O Governo toma medidas preventivas sobre o uso do solo para a eventual localização do aeroporto na OTA e em Rio Frio.
1998 (António Guterres) - Criada a NAER, Novo aeroporto, SA (que fez estudos até ao presente). É dada preferência a Ota. A queda do Governo inviabiliza início da construção
2002 (Durão Barroso) - Apesar de considerar não prioritário devido à situação orçamental reafirma a opção de novo aeroporto em Ota ao desmentir afirmações do seu ministro Carmona Rodrigues, ou ao prorrogar a reserva de terrenos em Ota (decreto Lei 118 de 14 de Jul de 2003).
2004 (Santana Lopes) - Não toma iniciativas relativamente a Ota mas esta localização consta das GOP (Grandes Opções do Plano) por si aprovadas.

Estudos
1997/2005 - 71 estudos parcelares. 12,7 milhões de euros (comparticipação da UE de 6,6 milhões de euros), apenas o que foi encomendado à Novolis (consórcio formado pelos bancos ABN e Efisa), se debruça sobre a avaliação económica do projecto Ota.
NAER - Novo Aeroporto,SA e EPIA - Estudo Preliminar de Impacte Ambiental (NAER) na net desde 1999. (como se adivinha que está na net? Como tudo o resto, por exemplo, perguntando ao Google por Ota. Vem logo na 2ª página)

2005-08-12

 

Agora que os incên-

dios acabaram (Nossa Senhora me oiça!) também dou a minha opinião a qual é esta:

o país vai continuar a arder!

Não como todos os países mediterrânicos ardem. Mas mais! Até que o "combustível" que inconsideradamente espalharam por aí - flora de outro habitat - mais ou menos ad hoc, diminua. Ou arda todo.

Os pinheiros são gimnospérmicas especializadas em resina e o alienígena eucalipto que trouxemos da Austrália e da Tasmânia exsudam óleo da folhagem. Uma e outro ardem bem.

A desordem das matas, os restos de cortes anteriores, mato, erva seca, falta de acessos e de aceiros, de pontos de água, e o... "bom povo" português dão o resultado que está à vista.

O "bom povo"... o da incúria, o da ignorância, o da falta de meios. O "bom povo", dos madeireiros (que querem comprar a boa madeira "queimada" por uma migalha do preço), dos construtores e imobiliárias (Zapatero proibiu por 30 anos, a construção na floresta queimada). O "bom povo" que negoceia com o fogo, incluindo ao que se diz, certos bombeiros (sem demérito para os heróis que lutam até à exaustão contra os incêndios) ligados ao negócio dos meios de ataque aos fogos, ou que aluga aviões e helicópteros. O "bom povo" da nossa Justiça ou das nossas polícias que não consegue apanhar quem atira very lights para as matas, nem quem contrata as avionetas que nelas deixam cair bombas incendiárias.

O país ardeu, arde e arderá, mais que o inevitável, enquanto isto não mudar.

Com Sócrates, com Santana, com Durão, com Portas, como ardeu com Guterres, com Cavaco, Vasco Gonçalves ou com Salazar. Suspeito até que arderia com Jerónimo ou Louçã.

Que fazer então se nem o Alqueva nos dá água? Emigrar? Rezar?

Talvez xingar o Governo! Que é o que se deve fazer quando chove de mais ou de menos. Vou xingar o Governo para que crie uma estrutura, um exército, que combata os incêndios, no mínimo 365 dias por ano. Dias e noites. Para tomar medidas de prevenção. Mas sem necessidade de gastar mais um tostão ou apenas meia dúzia. Com uma parte dos 300 mil empregados do Estado que, à sua revelia, não têm trabalho ou não têm um trabalho útil (só no ministério da Agricultura diz-se que há mais funcionários que agricultores no país!).

Oh! esqueci-me de falar do Paulo. Olá Paulo! Coitado, lá em cima em Podendes, com cinza no teclado.


Adenda: afinal... os fogos já regressaram. Subiu a temperatura...
 

Rui Sá oferece pelouros

Ontem na 2 era a vez da entrevista a Rui Sá, actual vereador do PCP na Câmara de Rui Rio e cabeça de lista do PCP, ou da CDU (versão light), à Câmara Municipal do Porto.
Vasco Trigo: Sente-se traidor, como alguns dizem, por ser vereador com pelouros numa câmara da direita?
RS: Não! - E respondeu bem, pois é lá traidor de quê! - Desculpou-se que também estivera disposto a aceitar pelouros e colaborar com a Câmara PS de Nuno Cardoso e que este é que não quis.
Hilariante foi mesmo quando Vasco Trigo lhe perguntou se mantinha essa disposição no caso de o PS vencer.
RS: Estou aqui para ganhar e nesse caso vou oferecer pelouros ao PS e ao PSD.
Espero agora que quem ganhar, o PS ou o PSD, não faça a desfeita de não oferecer nada a Rui Sá.
 

Não venha que não vale a pena!





O Governo deve ser «contido» e «batalhador», opina o meu camarada de blogue João Abel. A seguir, desenvolvendo, explica o que entende por isso.
Porém, na Assembleia da República, perante a estranheza expressa por alguns deputados das oposições em não se ver o Primeiro-Ministro no terreno, para mostrar o empenho do Governo no acompanhamento da situação calamitosa que os incêndios florestais vieram ressuscitar, o Ministro António Costa assumiu a responsabilidade pelo facto de José Sócrates continuar de férias. Por duas vezes, disse o Ministro de Estado e da Administração Interna, o Primeiro-Ministro lhe perguntou se deveria interromper as férias e vir; por duas vezes António Costa lhe disse que não. E José Sócrates continuou de férias.

Temos, pois, um Governo cujo 1º Ministro se contém, continuando em férias, apesar das hesitações que um outro Ministro se apressou, aguerridamente, a debelar.

Na hora de batalhar, o Governo comporta-se de forma estranha.

 

Um governo contido e batalhador

O governo tem de ser contido e batalhador. O que quero dizer com isto?

Primeiro, não pode dar perspectivas irrealistas de que a economia vai sair tão cedo do pântano onde mergulhou. Não vai. Há que ser realista. É duro, mas já é tempo de assumir esta realidade e de a explicar bem.
Infelizmente para todos, o País nunca teve uma estratégia de mudança e de adaptação ao evoluir dos tempos, exploradora das nossas potencialidades (que ainda são muitas) e que conduzisse, de forma sustentada, a uma superação dos constrangimentos que nos são intrínsecos.

A aposta nas exportações, sem dúvida correcta, não leva, no actual sistema produtivo, ao crescimento da economia. Portugal perdeu toda a margem de manobra porque os seus produtos de exportação dificilmente recuperarão as quotas de mercado perdidas. Estamos, usando uma expressão de guerra, a ser bombardeados e não temos equipamento nem munições de resposta. Mesmo que os mercados europeus melhorem, atenção, não serão os nossos produtos significativamente beneficiados. Não temos capacidade de resposta em qualidade-preço.

Andamos todo este tempo de adesão a gastar fundos europeus no apoio a projectos "mais do mesmo", projectos que reproduziram a mesma estrutura produtiva, afastando-nos mais e mais das questões estruturantes do país: água, transportes, logística, atracção de actividades económicas novas em domínios fundamentais que hoje são o motor das economias. Não é tarde, mas há que dar rosto a ideias como o choque tecnológico que ainda está no segredo dos deuses. Em minha opinião, este choque tem de ser no concreto. De mais criações no segredo dos gabinetes, quase diria, está o inferno cheio. E até agora... e noto, com algum desencanto, que se perderam, não se explorando as contrapartidas das eólicas para um bom trabalho neste domínio (actividades/projectos na inovação e conhecimento).

Segundo temos de ter um governo batalhador pela mudança deste tempo perdido e determinado a ficar com o ónus, por algum tempo da crise, mas se lançar os fundamentos da sua superação aí terá a recompensa, pois a actual década vai ser dura para Portugal. A questão é económica, na sua essência. E de falta de políticos com visão estratégica.


2005-08-11

 

Como se perdem projectos estruturantes neste País

Se formos à vizinha Espanha, uma proposta de investimento estrangeiro é acolhida e tratada com todos os cuidados.

Se for um projecto com alguma dimensão essa atenção redobra.

O procedimento usual de tratamento consiste, grosso modo, no seguinte: o Governo ou a Comunidade Autonómica cria uma comissão composta geralmente de três quadros técnicos de elevada experiência que analisa o projecto dos promotores e os ajuda a mover-se nos meandros do Estado/Comunidades com fluidez e rapidez, de forma a que se o projecto é interessante economicamente, não se verifiquem percalços.

Sempre entendi que a API tinha sido criada para esse fim.

A informação de que disponho de casos bem concretos e importantes é de que pura e simplesmente é um flop, não funciona, não dá orientações, não ajuda a desbloquear os processos. É de perguntar para se criou uma entidade com tanta pompa? Para que os entraves ao investimento continuem e o investidor estrangeiro se vá embora? Era melhor não ter mexido em nada. Era mais barato.

Não foi este governo o responsável pela criação da API, mas começa a ser tempo de lhe dar um rumo. É preciso agilizar as decisões sobre os projectos e sobretudo informar dos passos necessários e, finalmente, se se quer, de facto, captar projectos de investimento há que acarinhá-los e acarinhar significa facilitar com responsabilidade e não com a encolha de ombros. Há muitos lugares para onde estes projectos se podem dirigir.

Ainda hoje ouvi de um potencial grande investidor estrangeiro que somos o País pior da Europa em termos de acolhimento e burocracia. Nem a Grécia, foi a expressão final.

Fiquei triste mas não espantado.


2005-08-10

 

O TGV Lisboa/Madrid

Segundo o Ministro Mário Lino, o TGV Lisboa/Madrid será "muito provavelmente em linha mista".
É uma boa notícia. Já várias vezes aqui nos pronunciamos por esta solução e muitos foram os comentários de apoio. É uma decisão lógica em termos económicos e de mercado. E pode ser alvo de adaptação mais tarde, se se vier a gerar um fluxo de passageiros que justifique a mudança para linha exclusiva de passageiros.
De qualquer modo, decisão definitiva só a temos lá mesmo para finais de Setembro, altura em que o Ministro Mário Lino tenciona apresentar ao governo o projecto nacional do TGV.
Se até agora já muito se discutiu sobre este tema, preparem-se que em Setembro muito mais haverá para debate.
A questão do debate à partida positiva não pode, contudo, ser posta em termos do défice das contas sob pena de tudo ter que parar neste País.
A questão da alta velocidade prende-se, em minha modesta opinião, com dois problemas importantes, o seu carácter estratégico e os compromissos de Portugal para com a rede europeia, que também se integra em algo de estratégico. Esta deve ser a base de fundo sobre a qual se discute da oportunidade ou não do TGV. Discutir um tema estratégico submetendo-o à questão derivada do deficiente da economia que é o défice é uma miopia perigosa, que nos pode sair cara quando se trata de questões de fundo. Já bastou a demagogia de Durão Barroso durante a sua campanha eleitoral.

 

Acerca das Eleições para a Presidência da República

A direita anda bastante transtornada. A quase certa candidatura de Mário Soares veio complicar as cartas do baralho eleitoral. O que estava para ser um passeio alegre pelo País tornou-se algo de muito penoso. Há que medir forças, ideias, programas e estatuto. Um posicionamento democrático.

A direita anda a retirar do baú todos os argumentos para da forma mais ardilosa atacar a candidatura de Mário Soares (mesmo sem o referir) e então insinuam perfis ideais de candidato.

Ainda hoje no DN um distinto articulista, o Dr. José de Matos Correia, dirigente do PSD vem em alto e bom som proclamar:

"Necessitamos de um Presidente da República que seja isento, rigoroso e que tenha uma visão de modernidade; não necessitamos de um PR tendencioso e político-ideologicamente comprometido. Disso já tivemos no passado".

Que belo naco, podia ter logo dito tudo. Só Cavaco cumpre estas belas características. Podia ter dito. Reconhecemos-lhes esse direito. Como sou por Soares na Presidência, você tem todo o direito de quere lá pôr Cavaco.

Não tem o direito de andar a "cavar" perfis que não existem. Sejamos terrenos e honestos. Nem Soares, nem Cavaco têm o perfil com que você quer enganar não sei quantos portugueses.

Vamos bater-nos pela escolha deste ou daquele numa base de seriedade. A política.

Eu bato-me por Soares porque me custaria muito ver aquele cargo ocupado por um homem de direita (e nas condições actuais acho que só Mário Soares pode disputar o cargo com fortes probabilidades de ter sucesso) e você bate-se por Cavaco porque quer pôr lá um homem da direita que poderia chamar-se Cavaco ou Zé do Canto.


2005-08-09

 

Incêndios.... um fenómeno de lentidão?... um fenómeno de laxismo?

Em Portugal há um fenómeno intrínseco, cultural, do deixa andar.... como se nada de mau daí adviesse para o bem públic. Acontece que este deixa andar... este atrasar sucessivo de decisões (uma cultura de não assumpção de responsabilidade) que agrava e torna inviável quantas vezes projectos com timing específicos, levando à sua não concretização e com isso a efeitos nefastos sobre a economia e o País.
A dimensão dos incêndios que assolam este país, sobretudo nos anos mais recentes, é, em minha opinião, um exemplo de laxismo. Outro será a questão da água.
Não entendo porque há tantos incêndios em Portugal. Só mesmo uma grande desorganização e antes disso um planeamento inexistente pode justificar tamanha calamidade. Estamos a caminhar para um País de pedra e pedregulhos....
Não vou culpar este governo, este ano. Não tem culpa ou se a tem é mínima, alguma falta de descoordenação da acção no terreno. Mas para o ano, este governo não pode ter a mínima desculpa.
A questão dos incêndios exige planificação atempada, exige uma reunião de esforços entre as forças no terreno. Exige uma frente para atacar o problema fundamentalmente no domínio preventivo e isso tem de começar a ser arquitectado logo no período pós incêndios, ou seja, lá para finais de Setembro/Outubro. A florestação adequada é, sem dúvida, um instrumento, mas não basta. Há que mentalizar os agricultores para esta filosofia.
A água é outro domínio que não se percebe. Um país com tantos recursos como pode estar em situação de tanta seca? Só mesmo um deixar há muitos anos explica tamanho desastre. E os efeitos são os que se defrontam. Também aqui este governo tem o dever de começar a dar passos largos e sustentados. Porquê não construir os mecanismos que, com os devidos cuidados, podem transvasar a água que sobra em muitos locais e falta noutros? Não entendo.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?