Não se acredita mesmo que por esta razão o poder da governação se vá partir.
Ainda é cedo. O CDS não obteria ganhos políticos dessa atitude.
É só contra informação bem montada aliás..
O CDS precisa de ter presença na comunicação e então há que lançar insinuações de descontentamento com certas medidas do governo. Fazer uma pequena desmarcação. Até porque os ministros do CDS quando aparecem, à excepção de Paulo Portas que aparece e desaparece, não têm trabalho exemplar para mostrar
Aqui também há a excepção de Cristas que apresentou o seu último chapéu, porém no lugar errado (não estava propriamente na moda Lisboa) e sem novidade pois que se tratou de imitar o chefe Paulo.
Do blog do historiador/investigador Professor Doutor António Manuel Hespanha Aug 30
Para os meus ex-alunos de 2011-2012 na Universidade
Autónoma de Lisboa (UAL)
Deixei de
ser professor da UAL. Inesperadamente e pela calada das férias, a direção
mandou-me dizer, por carta de entreposta pessoa, que punha fim à minha
colaboração. As justificações apresentadas são fantasiosas e vazias, pelo que é
seguro que há outras, porventura relacionadas com uma brevíssima crítica que
formulei, num “Prós e contras” em que se comparava a qualidade dos setores
público e privado. A propósito, referi a falta de uma política de investimento
científico e académico do ensino superior privado em geral (nem sequer referi a
UAL) e a consequente dependência em que isso o coloca perante o ensino público.
Esta opinião é, de resto, favorável à real autonomia e a um desenvolvimento
correto e sustentado das universidades privadas, como hoje está patente, pela
positiva – veja-se o caso da Universidade Católica - e pela negativa. De há
muito que legitimamente a tenho e a exprimo. E, nos anos em que trabalhei na
UAL (mais de dez), muitos esforços fiz: para trazer à Universidade pessoas que
a prestigiassem; para dar ao meu ensino a melhor qualidade possível, para o
inovar; para me ocupar pessoalmente (e não por intermédio de assistentes ou de
colaboradores) das tarefas de ensino e de avaliação; para promover um contacto
direto dom os alunos, por meio de blogues ((http://amh-hespanhol.blogspot.pt/;
para o ano que vem, já tinha on line, há mais de um mês, blogs relativos
às novas disciplinas, com programas e calendários: http://ua-hi-2013.blogspot.pt/,
http://ua-2013-te.blogspot.pt/).
De modo a que nunca se pudesse dizer que fazia ali um ensino de segunda, em
relação ao que fazia na Universidade pública. Colegas e alunos reconheceram
isso e disso me deram testemunhos frequentes.
Enfim,
nada disto contou, perante a vontade de quem – por razões que ignoro ou prefiro
ignorar – não me queria na UAL. Sei que este desfecho foi promovido apenas por
alguns, que conseguiram levar avante a sua decisão. Não envolvo, por isso,
nele, nem toda a direção, nem os restantes órgãos da Universidade, nem os meus
Colegas de Departamentos, nem os funcionários, nem os estudantes. Creio bem que
muitos destes se sentirão muito incómodos por isto acontecer, ainda que – por
razões que se compreenderão – se mantenham discretos. Em algumas instituições
da nossa vida pública e privada, vai sendo muito penalizador dizer-se o que se
pensa, mesmo em instituições em que a verdade e a liberdade deviam estar antes
de tudo, como é o caso das Universidades.
Em face
disto, o programa anunciado passa a ser ... virtual...
Pode ser
que nos encontremos em outros lugares e que possamos retomar diálogos
proveitosos e de boa memória.
Abraços
amigos.
________________________________________________
António Hespanha
não é apenas um historiador e investigador muito prestigiado é também
reconhecido como um professor de excelência e dedicadíssimo.
De modo que esta situação sendo revoltante está bem de acordo com o momento político que vivemos.
"A fábula Mouseland (em português: “Ratolândia”) foi inicialmente contada por Clarence Gillis e mais tarde popularizada em discurso por Tommy Douglas, político canadiano. A fábula expressava a visão de que o sistema político canadiano estava viciado, pois oferecia aos eleitores um falso dilema: a escolha de dois partidos, dos quais nenhum representava os interesses do povo. Na fábula, os ratos (o povo canadiano) votavam nos gatos negros (Partido Progressivo Conservador) e depois de algum tempo descobriam o quão difícil suas vidas eram. Depois votavam nos gatos brancos (Partido Liberal) e assim ficavam alternando entre os dois partidos. Um dos ratos tem então a ideia de que os ratos deveriam formar seu próprio governo…" [Com a devida vénia roubei o texto aqui]
Contra a concessão da RTP está circula um manifesto para entrega na AR. Os promotores vão criar um amplo movimento para desencadear um conjunto de acções de esclarecimento sobre o tema .
Em princípios de Setembro esperam os promotores ter um site de difusão da petição.
Leia este artigo de Baptista-Bastos sobre o projecto de concessão que foi anunciado em entrevista televisa por António Borges, consultor do Governo de Passos Coelho.
As nossas raizes ocidentais cristãs, ao contrário das calvinistas, trazem no ADN este "rigor" engenhoso de cumprimento dos deveres de cidadania. À mínina descoberta de como tornear a lei, ou seja descobrir uns "buracos" para receber uns tostões de qualquer forma lá estamos.
Enquanto der deu. Se for e quando for descoberto logo se vê como desenrascar.
Parece ser o que aconteceu com esta histporieta dos abates das crianças nas declarações de IRS.
É obra. Quem assim procedeu, em vez de penalizações, deve antes ser agraciado no 10 de Junho com um diploma de criatividade e obrigatoriedade de averbamento no CV.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 10:01 1 comments
2012-08-27
José "Pepe" Mujica presidente do Uruguai: um HOMEM
Que político é este José Mujica (n.: 1935)? É o presidente do Uruguai. Realmente não tem aspecto de político moderno, nem gravata nem patoá nem aqueles gestos largos para o eleitorado... E diz coisas tão, tão, como direi... disparatadas como esta "não podemos ser governados pelos mercados, temos de ser nós a governar os mercados". Está-me a parecer que não é um político com aquela estatura a que estamos habituados. Não tem o traquejo nem o "look" dos nossos grandes líderes políticos do momento. Compara-se lá com o nosso Coelho, ou o nosso Relvas ou o nosso Cavaco. Não deve ter tido a tarimba das jotas nem os créditos doutorais da Lusófona. Penso eu...
Depois de ver e ouvir o seu discurso (aqui em baixo) na recente cimeira do Rio+20, fui num instantinho ao Google saber mais alguma coisa sobre este político que... nem parece um político, destes modernos.
CAMPONÊS - Então não é que o homem - estava-se mesmo a ver - era e continua a ser um camponês, tem umas courelas, pequeninas, nos arredores da capital, Montevideu, onde cultiva e vende flores. É do que tem vivido. Tem um carro de 1987 e a mulher outro também ancestral.Uns chaços.
PRESIDENTE - Desde que foi eleito presidente lá conseguiu então um belo ordenado 10.000 euros por mês. Mas fica só com 1.000, dá os restantes para obras sociais. Numa entrevista ao Globo desculpou-se dizendo que há muitos cidadãos uruguaios que vivem com menos. E não quiz ir viver para o palácio. Continua a viver na casita dos arredores e não quer, atrás dele, os 20 ou 30 guarda-costas a que tem direito.
Não estou a ver um político a sério, por exemplo, o nosso Aníbal a viver numa quintinha, com uma horta, em Loures e dar a massaroca que ganha em Belém mais as reformas, para obras sociais. Nem os "mercados" que ele venera, achariam bem!
O despautério é tal que agora, quando chegou o inverno (lá para baixo, no Uruguai, o inverno é no verão, é tudo ao contrário de cá...) deu ordem para abrigar no palácio, que estava às moscas, uns sem abrigo da capital...
Fui espiolhar mais. O homem foi, afinal, um dos guerrilheiros fundador do movimento revolucionário TUPAMAROS muito célebre nos anos 60/70 que lutou contra a ditadura (link) e bravo lutador contra a ditadura. Esta fê-lo passar 13 anos na cadeia até que foi derrubada.
Sempre ativo na política foi eleito deputado e depois senador. Aí enamorou-se e casou-se com uma senadora que vive com ele lá na quintinha, dos arredores de Montevideu e também oferece parte do ordenado, como o marido. Foi ainda ministro do anterior governo de esquerda e foi eleito PR para o mandato de 2010-15.
Em suma, a política não é monopólio de corruptos nem de gente que só quer tratar (da sua) vidinha. Há gente séria e honrada entre os políticos de todo o mundo (e cá também) e até pessoas, uma espécie de santos (mas guerrilheiros quando é preciso!) como José "Pepe" Mujica. Eis o seu currículo no site da Presidência doUruguai
ou um artigo no ABC, um jornal de direita, aqui de Espanha, que titula José Mujica, o presidente do governo «mais pobre» do mundo.
Farto de ouvir os Borges, Passos e Relvas, Ld.ª virei-me para estes
Convidei
estes amigos para um cafézinho e nos dizerem alguma coisa sobre a escumalha que nos go.. sobre o momento.
E se os elegessemos logo que o governo caia, lá para 2013? Que é que acham?
Afinal , está-nos a entrar pela porta adentro um "novo" neologismo.
Mais um grupo de trabalho acaba se ser constituído entre os ministros das finanças da Alemanha e França para tratar de salvar o Euro.
Vêm aí o incentivo a mais medidas de austeridade, atenção.
O crescimento de Hollande já deve estar na gaveta, enlaçado com umas fitinhas para daqui a dias ir parar ao museu das palavras ocas.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 16:37 0 comments
2012-08-26
António José Seguro na Madeira
É a rentrée do PS/M lá para a Fonte do Bispo próximo do Paul da Serra, zona da Calheta.
Pelo menos esteja sol pois assim pode ser que Seguro se inspire.
Espera-se o enunciado de algumas balizas para a actuação do PS nos tempos que se aproximam. Tempos políticos difíceis em que há decisões importantes a tomar, mas mais difíceis para os cidadãos que têm como certos dois cortes (um dos quais já o sofreram) nos salários ou pensões, o que não é exacto pois é muito mais ( há quem no mínimo tenha apanhado três cortes e meio pois pela calada de Agosto chegou-lhe mais um IRS zito para pagar até 31 do mesmo mês, muito superior a um mês de vencimento líquido. Falo com conhecimento).
Mas Seguro tem de dizer o que pretende, pois vai se confrontar com as orientações da Tróika que chegam aí em breve e deveria posicionar-se já sobre isso.
Portugal é um país sem peso (porque este governo assim o quer) e de muita tibieza na Europa. Assim, antevejo que dificilmente os limites do défice sejam negociados, pelo que mais medidas de austeridade recairão sobre os portugueses. É a receita típica.
Será que Seguro as vai aceitar com o velho argumento de que Sócrates subscreveu o Plano de Resgate?
Mas Seguro não pode dizer que está em desacordo e depois no OE que as consagra abster-se.
É tempo de apresentar o que pretende. Só o alargamento do prazo de cumprimento não é nada pois não leva a lado nenhum. Até agora de concreto só se conhece esta medida. Onde estão as tão faladas medidas de crescimento? Até Hollande já as terá metido na gaveta.
É preciso apresentar aos portugueses se os quiser conquistar um programa coerente para a saída da crise.
Espero que os ares da Madeira o inspirem.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 12:43 1 comments
# posted by Joao Abel de Freitas @ 11:46 0 comments
2012-08-24
Já viram o despautério?! Vir para a TV denunciar a corrupção e os seus encobridores?
O fiscalista Tiago Caiado Guerreiro, explicou no programa «Opinião Pública» da SIC Notícias como, em Portugal, as leis são feitas exatamente para não ser possível apanhar os corruptos.
Vou estar atento para ver se TCG volta a ser convidado pelas televisões para discutir a corrupção. Ou mesmo qualquer outra coisa.
A seguir ao vídeo estão transcritas algumas partes da intervenção do "imprudente" fiscalista.
«Temos normas que tornam totalmente impossível apanhar um corrupto em Portugal. As normas são feitas exactamente para não ser possível apanhar as pessoas em situação de corrupção e não se conseguir provar em tribunal.
«Estes casos todos, que estão em tribunal, não vão dar em nada, porque a norma, mesmo que eles fossem filmados no acto de corrupção, seria difícil provar em tribunal com as normas que temos, quanto mais com advogados competentes (do lado dos corruptos).
«Por outro lado, temos o Ministério Público que está organizado, (e que sem culpa disso), para não conseguir investigar a corrupção. Também a polícia judiciária não tem meios para investigar a corrupção. Se juntarmos a isto, tribunais pouco treinados e normas que não funcionam, então isto é o paraíso dos corruptos. Aliás, todos nós conhecemos casos, ao longo do país todo, de fortunas inexplicáveis que continuam inexplicáveis e que apareceram de repente, após o exercício de cargos políticos ou em ligação com o Poder.…
«Agora, um conjunto enorme de medidas em vez de normas claras e transparentes sobre o que é a corrupção, e isto não é difícil de fazer, bastando para tal copiar o que existe, por exemplo, nos cinco países menos corruptos do mundo, são normas que são muito transparentes, são normas que, ao contrário do que aqui está previsto, não se aplicam a toda a população portuguesa. Aplicam-se só a detentores de cargos políticos, por isso são muito mais focadas naqueles que têm o risco de praticar a corrupção e permite, por isso, um enfoque muito mais fácil da polícia judiciária, do ministério público, dos tribunais e dos outros órgãos de fiscalização.…
«Todos nós sabemos que muita gente sai dos cargos públicos, políticos, e depois vai para a frente de grandes empresas e alguns deles criam grandes fortunas, quer dizer, tudo coisas que são inexplicáveis e inaceitáveis em sociedades civilizadas, excepto neste país, onde se pode bater sempre no contribuinte mas tratamos maravilhosamente bem os corruptos…
«Eu espero que isto não seja mais uma vez o que tem sido feito, que sempre que eles alteram as normas de corrupção, tornam-nas mais incompreensíveis e mais impossíveis de aplicar pelos tribunais e pela investigação.…
«Nós não temos um combate à corrupção. Temos normas de branqueamento, que é uma coisa diferente. Temos normas que permitem aos corruptos saírem de um julgamento todos praticamente ilibados... Há casos que eu acho terríveis: as parcerias público-privadas e o BPN são de certeza casos de polícia, são dois casos paradigmáticos em Portugal.
Sendo
público que o 1º M passou as férias numa casa alugada, na Manta Rota, no Algarve,
vem hoje, a SÁBADO, no seu editorial a meditar no seguinte:
"O DIÁRIO DE NOTÍCIAS cometeu a ousadia de
perguntar ao gabinete de Pedro Passos Coelho se o senhor primeiro-ministro se
dera ao cuidado de pedir factura do aluguer da sua casa no Algarve. Visto que o
aluguer sazonal de habitações de Verão é uma das formas habituais de fuga ao
fisco, o DN achou a pergunta pertinente. Mas Pedro Passos Coelho considerou-a
uma evidente violação do “foro privado”, porque “não estão em causa dinheiros
públicos”.
Da próxima vez que um
inspector das finanças lhe perguntar se negociou as obras de casa ou o arranjo
do carro sem factura e sem IVA, já sabe o que deve responder."
Tanto Chinfrim p'ra quê? Foram só 105 depósitos em 4 dias
Não acham estranho? Mesmo muito esquisito? A polícia, a
procuradoria, os tribunais não acharam. Em quatro dias uma correria de pessoas
a levar dinheiro, em notas, aos molhos, entre 10 e 12 mil euros cada um. Uma
correria, em 4 dias, entre a sede do partido e o balcão do Banco Espírito
Santo. 105 depósitos perfazendo 1.060.250 euros. Um milhão. Mais de um milhão
de euros.
Tinha de ser
menos de 12.500 euros cada remessa porque aí sim a lei diz que é esquisito
tanto dinheiro em notas ou moedas e obriga a comunicar o caso às autoridades do
combate à corrupção. Mas assim, até 12.499 euros mesmo que o total passe o
milhão tudo bem, as autoridades ficam descansadas. Eu percebo que o banco,
sendo do Espírito Santo, é uma atenuante e de certo modo deve deixar as
autoridades descansadas. Mas, quem sabe, o próprio Espírito Santo pode ter um
momento de distração e pronto, lá está, surge a dúvida.
Surge a
dúvida a mim, que sou desconfiado, mas às autoridades não, porque sabem que as
pessoas até 12.499 euros estão acima de qualquer suspeita mesmo que sejam 105
depósitos em quatro dias. Toma, toma, toma lá depósito, 26 vezes por dia, desde
manhazinha. Intervalos às vezes de 1 minuto, em fila, uns atrás dos outros. Que
a pressa em levar para o banco a massa que repousava, tranquila nos cofres da
sede foi porque ia sair uma lei, daí a dias, que tornava suspeitos os tais
12.500 euros em papel e trocos todos juntos.
Depois, por
causa de uma coisa suspeita que aconteceu no partido a PJ , que é uma polícia
que às vezes gosta de meter o nariz onde não é chamada, andou a cheirar
papelada lá na sede e depois, lateralmente (achei este termo interessante até
me lembrei de “colateralmente”, mas podia ser demais) descobriu que os recibos
dos amigos que às mijinhas tinham dada a massa, para justificar aqueles
depósitos no Espírito Santo, tinham data posterior aos depósitos, e que o
próprio livro de recibos cujos talões a PJ espreitou foram encomendados depois
daquelas santas transferências e que, lá no partido, tiveram uma trabalheira
danada para inventar 4.216 nomes de “amigos do partido” que, cada um com o seu
pequeno sacrifício, perfizeram aquela massaroca do milhãozito e tal. Os pejotas
até acharam graça a um dos nomes: Jacinto
Leite Capelo Rego que deu, coitado, 300 euros.
Jornalista
maldoso pôs logo na notícia que a transferência, absolutamente dentro da lei,
ocorrera 8 meses depois de concluído o negócios dos submarinos, só para
insinuar que uma coisa pudesse ter a ver com a outra.
Ele há
coisas!
A notícia
está aqui
no Público e para o caso de ser retirada fica aqui
também, O caso foi, obviamente, arquivado. Arquivado isto e a outra
investigação e tudo, como deve ser em regime dito democrático mas na realidade
capturado pela banca e a alta finança, se cada molhada de notas não atingir os
12.499 euros ou as pessoas forem pessoas de bem, que vão à missa ou o banco dos
depósitos for do Espírito Santo.
___________________
Nota em
2014-08-29: saiu no Público
de hoje a notícia do testemunho de Ana Gomes na comissão parlamentar de
inquérito sobre o caso da corrupção na compra dos submarinos quando Paulo
Portas era MDN e Durão Barroso 1ºM. Lembra que o ex-consul português na
Alemanha, Jurgen Adolff, condenado por corrupção, pelo envolvimento nas luvas
pagas a fora designado por Durão Barroso então 1ºM que com ele teve encontros
então em Munique. E lembra também que, aprovada a lei de financiamento dos partidos em 2004
que proibia dádivas anónimas acima de determinado montante, Durão
Barroso pediu que a lei só entrasse em vigor em 1 de Janeiro de 2005.
«A frase mais repetida por Ana Gomes foi esta: “Há alemães
condenados na Alemanha por corromperem pessoas em Portugal. Em Portugal não se
sabe quem são os corrompidos.” Lendo a sentença alemã, que condenou, em dois
processos diferentes, o ex-cônsul e a própria Ferrostaal, bem como dois dos
seus administradores, por “corrupção de titulares de cargos públicos
estrangeiros”, em Portugal e na Grécia, Ana Gomes exortou os deputados
portugueses para que fizessem o seu papel, perante o que considerou ser uma
“justiça obstruída”.»
A pintura é de Francisco Aríztia, um pintor chileno, amante de Portugal. Casou com a Noémia, uma portuguesa e vive em Lisboa. A Noémia, em 1963, ainda estudante fugiu à ditadura de Salazar e depois de muitas aventuras próprias dos exilados, por essa Europa fora (ver sua história no livro A FOTO Ed. Âncora) acabou no Chile de Allende com Aríztia e uma bebé. Mal tomava o gosto àquele belo país debruçado sobre o Pacífico, tiveram, pai, mãe e filha de fugir de outro ditador, Pinochet.
Salvou-os o 25 de Abril que lhes ofereceu um porto de abrigo.
Para apreciar a belíssima pintura, a gravura, os desenhos, a escultura do Aríztia (e comprar... que os artistas, mesmo os melhores, também comem) há que espreitar o seu blog aqui. E também o seu site para ver obras mais antigas.
As pinturas que aqui se mostram são, de cima para baixo, de 2011, de 2010 e de 2005.
A crónica da VISÃO já não é de hoje mas é como o bom vinho que, com o tempo, em casco de carvalho, só melhora.
Nação valente
e imortal
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento. Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos. Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.
O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade às vezes é hereditário, dúzias deles.
Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão. O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal. Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.
Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade. As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente.
Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente, indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos. Vale e Azevedo para os Jerónimos, já! Loureiro para o Panteão, já! Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já! Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha. Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
É o mínimo que se pode esperar. E que o inquérito seja célere e que os culpados porque os há sejam castigados.
Nadine Gordimer diz-se "destruída"
Citando o DN de Hoje " a escritora sul-africana apoiante do ANC na luta contra o apartheid confessou-se "destruída" pelo que se passou em Marikana. Estou completamente destruída, não posso crer neste massacre pavoroso entre a nossa própria população negra"disse a escritora, Nobel da Literatura de 1991 , à AFP". Continua " Estou muito perturbada e triste por toda esta gente inocente. As imagens dessas pessoas no chão, depois de terem sido abatidas, dão náuseas"
# posted by Joao Abel de Freitas @ 17:07 0 comments
O mundo está perdido! Agora é assim e antigamente...também
A imagem apanhei-a na internet e não tem relação com o assunto
*
Um destes dias li um desabafo de quem está a ver que "o mundo está perdido". Já nem sei bem em que jornal mas rezava assim:
Lá na minha escola (acho que era testemunho de uma professora) não é que no meio do recreio uma miúda dos seus oito anos não se deita de costas no chão e um colega da mesma idade deita-se em cima dela a fazer aquelas flexões indecentes no meio de uma roda de colegas e de grande risota. Mas que é isto aqui!? gritei-lhes. Responderam-me que estavam a fazer como na televisão. Repreendi a miúda, não tens vergonha!
«*»«*»«*»«*»
- Oh avô, a Tânia já tem namorado.
- Quem é a Tânia?
- É uma miúda da minha sala. O namorado é o Bruno.
- São agora namorados...! Têm para aí sete anos como tu...
- Como eu não. Eu tenho quase oito, avô ...
- Hum...
- São mesmo, de verdade, eu vi.
- Mas viste o quê ?
- O Bruno estava com a Tânia e disse somos namorados. A Graça disse logo não são nada. Eu acho que ela também gosta do Bruno.
- Ah... - ia alimentando a conversa, meio distraído enquanto lia as gordas no jornal.
- São mesmo e para mostrar que era verdade ele tirou as calças e mostrou a pilinha e a Tânia levantou as saias tirou as cuecas e mostrou o pipi.
- E estava mais gente ao pé?
- Não, só nós mais a Graça, o Pedro e a Letícia.
- E contaram à professora?
- Não, que isto é segredo!
*[*]*[*]*
Realmente isto está diferente do meu tempo. Mas não tanto assim. Lembro-me que por estas idades, na aldeia, demos uma grande corrida e depois escondemo-nos todos debaixo de uma figueira vergada até ao chão, no fim do quintal e mostrámos todos uns aos outros as pilinhas e os pipis, rimo-nos muito, uma atirou terra à pilinha do meu vizinho e ele zangou-se.
Está diferente mas não tanto. Não tínhamos a internet, as playstations nem o Magalhães. Mas as pilinhas e os pipis... tudo na mesma.
Eu sei, eu sei que impedir que dêem cabo das nossas vidas, com o desemprego, o roubo dos salários, com a venda e negociatas de empresas estratégicas para o futuro do país é uma urgência de todos os dias. Eu sei, mas hoje, agora, neste momento, só tenho isto para vos dizer:
Tenho tanto sentimenho Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar;E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar.
Escrevi isto agora mesmo, ao correr da pena, que é como quem diz, ao correr do teclado.
Se há p' rá' í alguém que pensa que isto foi escrito por aquele tipo dos copinhos, na verdade um alcoólico, sempre deprimido, deprimidi, deprimido, "menino" frustrado "de sua mãe", que só teve uma namorada, pelintra, sem eira nem beira, que gastou a herança toda em projetos literários que se estava mesmo a ver que davam com os burrinhos na água, meio louco - meio místico - meio exotérico - enfim... um tipo que me chateia mas... que posso eu fazer ?... Ele é...
umGÉNIO
Não sei se por tudo isto ou apesar disto.
Estão a pensar certamente que foi esse tal Fernando Pessoa, pois se estão a pensar que foi ele que escreveu isto estão muito enganados. Quem escreveu isto fui eu. Ele foi só o tipo que arrumou, daquela maneira, aquelas palavras. E se acreditarmos no João Gaspar Simões fê-lo em 18 de Setembro de 1933. Tinha ele 45 anos e ia morrer daí a 2 a 30 de Novembro. Ele não sabia o dia mas...
Na África do Sul onde o diálogo político e social foi determinante, para que a transição do Apartheid para o actual regime se fizesse sem banho de sangue, é simplesmente absurdo o que aconteceu na tarde de quinta feira: a morte de 34 pessoas mineiros a que se juntam ainda 78 feridos e 259 presos.
É absurdo e perigoso este massacre. Estes mineiros reivindicavam melhorias de condições de vida e aumento de salários. Por isso foram mortos pelas armas da polícia sul africana quando as suas eram simplesmente "barras de ferro, catanas e paus".
É verdade que esta greve surgiu contra o governo e contra o sindicato maioritário apoiante do governo. E para além dos mortos e feridos é exactamente este factor que torna a situação mais complexa em temos de futuro. O facto de um sindicato dissidente conduzir esta greve desencadeia tamanha brutalidade. Houve casos passados de greves com maior incidência conduzidas pelo sindicato afecto ao governo onde a actuação policial foi muito mais branda.
Questiono-me se, em temos de fundo, há assim tantas diferenças entre a repressão que aconteceu no Apartheid e esta, quando não se esgotaram de forma alguma as formas de negociação. É esta a informação disponível.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 11:16 1 comments
2012-08-17
Defender Julian Assange
O editorial do DN trata hoje de dois temas, o
segundo é sobre o homem do Wikileaks com este sub-título: Ele só
precisava de um bom advogado no qual ataca o Equador por ter dado asilo
político a Julian Assange e coonesta a acusação das autoridades suecas de que
querem a cabeça de Assange por razões não
políticas “ … se tivesse cumprido os termos das decisões judiciais, –
diz o editorial do DN – seria agora entregue às autoridades suecas, para
julgamento num caso não político, onde é acusado de violação”.
Convém lembrar o que se soube na altura, através dos media de vários países
europeus sobre a tão oportuna acusação de violação de duas suecas que o convidaram para as suas camas e que
demoraram 6 dias a apresentar queixa de violação na polícia. Especulou-se que a
demora não resultou tanto de durante todo esse tempo não saberem ao certo se
tinham sido ou não violadas mas porque as autoridades suecas levaram algum tempo a decidirem-se sobre a melhor forma de apanharem Assange e quão jeito faria uma
acusação "não política" que permitisse apanhar o homem que os EUA tão insistentemente exigiam.
Transcrevo dois antigos mas elucidativos
posts que publiquei aqui no Puxapalavra:
2010-12-23
A América que quer matar Julian
Assange
"Bob Beckel, um comentador da estação
televisiva Fox News, defendeu em directo que as forças especiais
norte-americanas abatam Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
«A maneira de lidar com isto nos EUA é
muito simples. Nós temos Forças Especiais. Um homem morto não pode revelar
fugas de informação... por isso a única forma de o fazer é matar ilegalmente o
filho da mãe», defendeu Beckel, que recebeu o apoio dos outros comentadores do
painel." (Link
com o vídeo)
É o retrato de uma certa América. A
América dos W Bush, das seitas extremistas Evangélicas (que pedem meças aos
talibans), das Sara Palin, dos extremistas que hoje dominam o partido
Republicano. A América da Fox News.
2010-12-10
Como atacar a Wikileaks? E se
fosse com sexo e mentiras?!
“Sofia Wilen, de 20 e Anna Ardin, de 30
anos, são as suecas que apresentaram queixa contra Assange, em Estocolmo, a 20
de Agosto.
“Tudo começou quando Assange foi convidado
a participar num seminário na capital sueca. Anna, militante feminista,
contactou o rosto da WikiLeaks e ofereceu-lhe a sua casa para ele ficar durante
a visita. 12 de Agosto de 2010 - Seguiu-se um flirt
e tudo acabou na cama. 14 de Agosto – Anna organiza uma festa em
honra de Assange. 14 de Agosto – Sofia Wilen, namorada do
artista norte-americano Seth Benson, na festa começou a "flirtar" com
Assange e levou-o para sua casa. Dias depois Sofia é informada de que Anna
tenciona acusar Assange de violação e decide também fazer o mesmo. 20 de Agosto – Seis dias depois (que terá
acontecido entretanto?) Apresentam queixa na polícia. Mas alegando o quê: Anna: durante
a relação o preservativo rompeu-se, ela pediu para parar e ele fez orelhas
moucas. Daí a violação. Sofia: mantiveram,
em sua casa, relações duas vezes. Uma à noite, com preservativo, e outra de
manhã, sem persevativo. Sofia não queria sexo desprotegido, mas ele ignorou-a. [notícia
CM] A acusação de violação de Julian Assange,
em Estocolmo e a sua prisão, há dias, com esse pretexto, em Londres parece uma
história mal contada. É preciso castigar o homem porque divulgou as mensagens
secretas da diplomacia norte-americana mas indo por aí é uma chatice porque há
essa coisa da liberdade de expressão garantida por leis e constituições. Então
ao que tudo parece montaram-lhe uma cilada. Uma história com sexo que faz
sempre um certo frisson mas tão mal contada que não me parece ter pés
para andar muito. ...
Transcrevi este artigo de presseurop, exactamente pelo seu conteúdo e pela sua origem.
Não tem origem em nenhuma esquerda dita radical, mas aponta bem as origens da crise.
Na realidade as sociedades estão capturadas pelo grande capital financeiro que se subsidiam entre si para explorar tudo o resto: explorar o contribuinte que é quem paga. Mas as pequenas e médias empresas também são asfixiadas e os governos de uma forma ou de outra mesmo com algumas palavrinhas a nos enganar acabam sempre ao lado deste grande capital que capturou toda a economia em seu rico proveito.
Para fazer face à dívida soberana, os governos carregam
nos impostos da classe média. No entanto, são maus investimentos feitos
pelos mais ricos – banca, imobiliário, dívida soberana – que estão por
trás da atual crise. Daí a ideia, que o liberal Der Tagesspiegel apoia,
de pôr as grandes fortunas a entrar com dinheiro.
Uma vez mais, este ano, o dirigente do Partido
Social-Democrata [alemão], Sigmar Gabriel associou-se aos sindicatos
para exigir impostos mais altos para os mais ricos, a fim de distribuir
mais equitativamente o fardo da crise. Para ele, trata-se de
"patriotismo social". Do outro lado do espetro político, os
democratas-cristãos e os liberais apressaram-se a criar uma frente para
proteger as famílias mais abastadas, acusando-o de estar a recuperar um
velho refrão do socialismo. O debate assume tons cansativos de disputa
eleitoral.
Mas é uma interpretação errónea. Há muito tempo que as disparidades
na distribuição dos rendimentos e da riqueza, que se acentuaram nos
últimos anos, deixaram de ser uma simples questão de igualdade. Na
realidade, essas disparidades são uma das principais causas da crise
atual.
Com uma riqueza cada vez maior concentrada nas mãos de uma pequena
minoria, uma proporção crescente do produto nacional alimenta a procura
de investimentos financeiros, e já não de bens e serviços. A população
abastada da Europa investe o dinheiro em títulos de bancos, atividades
imobiliárias e obrigações estatais, emitidos na Irlanda, Portugal,
Grécia ou Espanha, acompanhados de suculentas taxas de juros. E assim,
financiou gigantescos maus investimentos – habitações e autoestradas
vazias, equipamentos aberrantes [profusão de estádios de futebol, por
exemplo] – que esses países nunca poderiam criar por si mesmos.
Salvar o património dos mais ricos na Europa
Basicamente, os empréstimos dos fundos de apoio da zona euro são
utilizados para ajudar estes Estados e os seus bancos a permanecer
solventes para poderem cumprir a dívida para com maus investidores. Não
são os alemães (ou os holandeses, finlandeses, etc.) que estão a apoiar
os gregos, irlandeses ou espanhóis, mas os contribuintes da classe média
que estão a salvar o património dos mais ricos da Europa.
Para além disso, os detentores de altos rendimentos contribuem pouco
para o financiamento dos orçamentos nacionais. Os países da zona euro
criaram realmente uma união monetária, mas nunca estabeleceram uma
política fiscal comum. Em vez disso, envolvem-se numa corrida a baixas
de impostos para atrair capital. Resultado: os impostos sobre
rendimentos de capital caíram para os níveis mais baixos de que há
registo, enquanto, à escala europeia, as fortunas dos particulares
aumentaram para níveis equivalentes a duas ou três vezes as dívidas
nacionais.
Assim, pretende-se que os mais ricos contribuam para o pagamento dos
maus investimentos. Só que esta questão é demasiado importante para ser
tratada no quadro de uma campanha eleitoral nacional. É preciso,
finalmente, exigir a alteração da atual política de "salvação", que não é
correta.
Até agora, os funcionários dos programas de recuperação da UE apenas
exigem dos países em crise uma redução das prestações sociais e uma
subida dos impostos, à custa das classes médias. Entretanto, os
armadores gregos, os magnatas do imobiliário irlandês e multimilionários
espanhóis não pagam praticamente impostos e colocam o seu dinheiro em
paraísos fiscais. A prioridade de quem quer salvar o euro devia ser
lutar contra estas discrepâncias. Assim, os representantes da impopular
"troika" europeia ainda podiam tornar-se heróis.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 18:45 0 comments
Os jornais que temos
"Queimados vivos no elevador,
Matou o pai para salvar a mãe e as irmãs, Assassinado para socorrer a sogra, Morre ao defender a mulher, Preso por matar vizinho, Esfaqueou pai e filha em rixa. Lama Lima continua preso em casa. Dispara e tenta matar ex-mulher. Matou o sogro à sacholada".
"Vizinho pedófilo ataca menina menor, Emannuelle tem sexo tanto com homem como com
mulher, Escapadinhas para quem vota paixão,
esperança, traição, No estrangeiro faço nudismo e topless, Já experimentei tudo, oral, anal... e gostei, Mulher apanha marido com um homem na cama e pede divórcio."
São títulos de um dos
diário de maior circulação em Portugal. Seguem-se quatro páginas de mamas e rabos ao léu com estrelhinhas em certos sítios. São cinquenta e tal páginas de lixo fétido. Sangue, sexo e estrume. O que não diria disto a gente moralizadora do Governo se o jornal fosse estatizado?! O pior é que alguns dos tradicionais órgãos de imprensa de "referência" vão pelo mesmo caminho tablóide.
Sugestão aos quiosques: anexar pinças a cada exemplar.
Mas nada disto, imprensa rasca, governo de Passos Coelho, troica e outras desgraças, é uma fatalidade irremediável. Tudo pode mudar assim nos esforcemos por isso. Aliás:
Em épocas do ano de permanente
nevoeiro, para avisar a navegação meio cega do perigo de promontório próximo, o
farol substituía o facho luminoso por um tiro de canhão, a intervalos de tempo
certo. O faroleiro, por fim, habituou-se ao estrondo e ao ritmo e voltou a dormir
o sono dos justos.
Um dia, pólvora húmida ou culatra
perra, o tiro falhou e em vez do estrondo, no momento certo, um tremendo
silêncio que acordou em sobressalto o faroleiro. É um exemplo clássico (pelo menos
a partir de agora J)
de um “não acontecimento” se transformar em “acontecimento”.
Foi o que aconteceu, este ano, com o “Pontal” de Passos Coelho. A ausência de tudo o que pudesse comprovar o acerto da política seguida, a ausência de tudo o que pudesse abrir expectativa de o futuro vir a comprovar o seu acerto criou com estrondo, um não
acontecimento. Só que, diferentemente do tiro falhado do farol, este não
acontecimento já era esperado e por isso não produziu (ainda) o necessário
sobressalto do “faroleiro”- todos nós, os “castigados”.
O “custe o que custar”, está,
como se sabia, a gerar custos cada vez menos suportáveis a uns para salvação
dos lucros agiotas de outros. O des necessário castigo” (“castigo” é o entendimento moralista, e
interesseiro, é claro, da política pelo “passismo” ) não está, “misteriosamente”,
a dar o resultado esperado: atingir as metas do défice, objectivo que o “nosso
cavaleiro da triste figura”, o nosso Passos, se comprometeu, com gosto e
subserviência, perante os senhores lá de fora.
O discurso de ontem de Passos Coelho não tem classificação possível.
Passos Coelho nega tudo o que está à vista. Ninguém acredita que a meta do défice acordada com a Tróika vá ser cumprida, salvo com recurso a medidas extraordinárias. Nem os membros do governo, embora não o possam admitir em público. Em privado, lá vão admitindo as grandes dificuldades.
Por conseguinte, o PM, para ser honesto com os portugueses, deveria ter centrado o discurso na explicação deste falhanço e em apontar soluções para vencer a crise.
Na realidade, as medidas de austeridade preconizadas por este governo já provaram que não estão a conduzir o país no sentido da superação da crise.
As pessoas um pouco mais sensíveis às questões económicas sabem que a situação da economia portuguesa é grave e está para ficar. Sabemos como vai Espanha, o maior cliente de Portugal, em que as tendências não vão no sentido da melhoria, o que ajuda a complicar a situação nacional. Conhecemos como estão a falhar as medidas tomadas na Europa exactamente porque a aposta no crescimento continua muito tímida e a crise do Euro assim continua.
As medidas anunciadas em Portugal para redução estrutural do défice não passam de panaceia como é o caso do problema das fundações, sem dúvida importante racionalizar com critério e não de forma precipitada embora em atraso face ao previsto. Continua a não se perceber porque razão a reforma de fundo não faz no aparelho do Estado privilegiando os cortes nos salários.
Sem uma política de crescimento baseada em projectos estruturantes não vamos a lado nenhum.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 19:02 0 comments
2012-08-14
Em Washington como... em Beja há um século atrás
De gaffe em gaffe, Mitt Romney, o candidato republicano à presidência dos EUA, lá vai revelando a sua política reaccionária e a incultura, apanágio de tantos candidatos à presidência da maior potência mundial, como revela o recente "lapso" ao contristar-se com o assassinato de vários crentes perpetado num "templo Sik" no Wisconsin", chamando-lhe "templo sheik" e referindo-se "ao povo sheik" numa confusão explosiva entre a religião Sik do Punjab e o título honorífico... árabe *.
Romney escolheu há dias o seu parceiro, candidato à vice-presidência, o senador Paul Ryan, um congressista da ala extremista do Tea Party. Tem a particularidade de ser um senador com peso no congresso dos EUA e ser aí o líder ideológico dos republicanos. Assim a candidatura republicana deslocou-se mais para a direita e definiu melhor ao que vem: impedir os programas sociais de Obama, em especial na saúde, evitar que vá para a frente um programa próximo de um "serviço nacional de saúde" que garanta aos mais pobres, aos reformados, aos desempregados, aos não milionários, terem acesso a cuidados de saúde. Evitar, em geral, que a riqueza nacional tenha uma distribuição não tão brutalmente injusta.
Os Republicanos também estão contra a ajuda de emergência aos agricultores (pequenos e médios, não às grandes corporações donas de dezenas de milhar de hectares de terras agrícolas) atingidos pela seca.
A luta ideológica no âmbito da campanha à presidência dos EUA alcança o nível da que existia nos campos do Alentejo, em Portugal, na primeira metade do século vinte, com os nossos latifundiários apoiados por Salazar que tentavam meter na cabeça dos assalariados agrícolas e do "bom povo" português em geral que era necessário dar mais dinheiro aos ricos "porque senão quem daria trabalho aos pobres"?
É a grande luta ideológica nos States como aliás em Portugal, nos países do euro e mais além: tentar convencer o trabalhador e o contribuinte, não apenas "os barrigas-ao-sol" mas também as classes médias a aceitarem piores condições de vida para enriqueçer mais ainda os muito ricos.
Os republicanos opõem-se a que vá por diante legislação que lance mais impostos aos supermilionários porque isso, argumentam, diminuiria o seu consumo com prejuízo para o crescimento da economia.