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2009-08-31

 

BANZAI (3)


News photo

No passado dia 19, o The Christian Science Monitor, publicou um artigo [Aqui, na íntegra] do futuro 1º Ministro do Japão, Yukio Hatoyama. Num tom que alguns acharam excessivamente "anti-americano", Hatoyama afirmou a necessidade de mudar de atitude em relação aos Estados Unidos da América e à prática fundamentalista do capitalismo que, ao tratar as pessoas como um meio, e não como um fim, ameaça levar à "perda da dignidade humana".

Recuperando as promessas centrais da Revolução Francesa, Hatoyama enfatiza o défice de fraternidade de que o actual globalismo dá mostras, levando à destruição de tudo o que não sobrevive à lógica cega do mercado livre.

Paleio e ideias esticadas para alguém que tem sido catalogado como não muito distante dos seus adversários do partido agora derrotado.

Vale a pena ler o ensaio todo e... tê-lo presente nas cenas dos próximos capítulos.

 

BANZAI (2)


O terramoto político que atingiu o Japão há algumas horas atrás, mostra, sobretudo, a vontade de mudar, a esperança e uma aposta no futuro. Mostra, também, que vale a pena o trabalho de aproximação de forças em busca de um denominador comum, e que a constituição de novos blocos políticos está cheia de virtualidades. O Partido Democrático do Japão (DPJ), que somava, há cerca de 3 horas, 308 lugares na câmara baixa do parlamento, tivera apenas 112 mandatos nas eleições anteriores. O seu processo de constituição arrancou em 1998. Uma década depois, derrota o Partido Liberal Democrata que obteve agora 119 lugares, contra os 300 das eleições anteriores.

Os restantes partidos com representação na câmara baixa do Parlamento, perdem influência (caso do Komeito, que passou de 31 para 21 mandatos), ou mantêm-se (Partido Comunista do Japão, com 9 lugares, e o Partido Social Democrata, com 7).

Algo vai mudar, enfim, no Japão. Aquém do desejo de muitos, é certo, mas com inegáveis consequências nas políticas sociais, no investimento público e na política externa.

Banzai!

 

BANZAI (1)

Kimiko Takahashi, professor de 36 anos em Tóquio, disse ao jornal britânico Telegraph: "Penso que é tempo de mudar. Esta é uma eleição importante porque estão ser tempos muito difíceis para as pessoas. A situação económica fez com que as pessoas perdessem a confiança nos liberais. Não sei se os democratas farão melhor, mas não temos nada a perder em correr o risco".

2009-08-27

 

Oposição Retroactiva (2)

File:Galileo Galilei 3.jpg
Retrato de Galileo Galilei por Justus Sustermans feito em 1636.
National Maritime Museum, Greenwich, London.

O jornal PÚBLICO, de 25/08/09, celebra “Galileu Galilei. O homem que abriu uma janela para olhar o universo”, à cabeça da 1ª página, com chamada para texto de Nicolau Ferreira, nas interiores (P2, pág. 4).

400 anos depois, ainda somos capazes de falar de Galileu enaltecendo o seu indubitável contributo para a ciência e a tecnologia, omitindo as suas fraquezas e incompreensões, como se umas fizessem parte da história e as outras não.

Por coincidência, a evocação da “nova janela” conceptual que Copérnico abriu, e que foi consolidada por Tycho de Brahe e Kepler, parece ter passado, directamente, de Copérnico para Galileu, que fez a proeza de tornar o telescópio num instrumento de observação de maior alcance, apontando-o para Júpiter e registando a presença das suas luas.

A sua sobranceria relativamente a Kepler, e a consequente desvalorização de aspectos importantes da concepção do sistema heliocêntrico (as rotas elípticas, as manchas solares e as marés terrestres, por exemplo), apesar de conhecida e documentada, não cabe nestas evocações dos heróis da ciência moderna.

Há quem continue a preferir, por ocasião destas evocações rituais, afastar os protagonistas da ideia de que, a par dos feitos ilustres, cometeram erros de palmatória, o que confirma a sua humanidade, e a proximidade que têm em relação aos homens e mulheres de todos os tempos.

E é pena, porque desse modo, poderíamos aprender mais com eles, com o que aprenderam de outros e com o que não conseguiram aprender, recolhendo, assim, matéria de reflexão para as nossas próprias grandezas e misérias.

Acho que ganharíamos cultural e historicamente em colocar o enfoque na viagem das ideias e nos resultados, sem receio de beliscar os nossos heróis ao humanizar-lhes a biografia.


2009-08-23

 

Oposição Retroactiva (1)



O artigo de Marques Perestrelo (actual Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e cabeça de lista na candidatura do PS à Câmara Municipal de Oeiras), no EXPRESSO de ontem, (lamento mas não o encontrei na edição online), acrescenta um elemento com interesse ao que expus no meu poste anterior - Calor (4).

De facto, ao abordar, em traços gerais, as políticas públicas para a educação, Marques Perestrelo exprime o seu desacordo com três tópicos essenciais que as forças políticas de esquerda (radical) e a maioria dos professores levaram anos a combater: o modelo de avaliação inconsequente; a divisão estapafúrdia entre professores titulares e todos os outros; e o divórcio entre o Governo e as comunidades educativas (apesar de a hostilização aos professores ser mais acentuada) que a Ministra traduziu na tirada pesporrente: "Perdi os professores mas ganhei a população".

Marques Perestrelo avança uma carta que lhe vai ser útil na campanha para as legislativas, e quer capitalizar, depois, nas autárquicas de Oeiras, piscando o olho à "população" da qual Maria de Lurdes Rodrigues quis tirar os professores, mas que Marques Perestrelo sabe, com pormenor bastante, que continuam a fazer parte da "população" ou do "povo", como soía dizer-se ainda não há muito tempo.

E nisto, Marques Perestrelo ilustra uma das características que os partidários "intermitentes" ostentam: à beira dos ajustes de contas eleitorais com a "população", retomam as críticas que as oposições usaram, fazem-nas suas (pelo menos até à formação do próximo governo), tentam distinguir-se dos bonzos "mudos" e "acrobatas" - que eles também foram no período anterior, obedecendo a uma espécie de "centralismo democrático" que deve deixar os membros do PCP e do BE invejosos - e ganhar o apoio das vítimas das políticas neo-liberais.

Nisso, os "intermitentes" do PS e do PSD continuam a irmanar-se.

Na falta de melhor, lançam-se na oposição retroactiva.

É o único tipo de oposição que os "intermitentes" se autorizam a fazer.

2009-08-22

 

Calor (4)



Como reagem os militantes partidários aos "erros" ou às medidas dos seus próprios partidos quando com elas estão em desacordo?

Uma boa parte, cala-se, pura e simplesmente.
O silêncio de muitos opõe uma barreira de indiferença contra os que querem fazer assunto de uma questão melindrosa.
São os fieis mudos.
O mutismo parece resolver o que no debate político levanta receios e inseguranças.

Outra (boa) parte, faz trapézio retórico e contorcionismo argumentativo.
São os bem-falantes pletóricos, que se esforçam, sob os projectores mediáticos, tentando justificar o injustificável e explicar o inexplicável.
Esgotam a paciência de qualquer um, cobrem-se de ridículo, mas contam com o reconhecimento interno, com a cumplicidade tribal, visando assegurar uma carreira estável nos respectivos partidos. Ganham a confiança de uns, perdem a de outros, mas oferecem uma espécie de fidelidade incondicional que satisfaz os líderes mais conservadores.

Finalmente, vêm os "intermitentes": estão com uma liderança, mas não com a outra; gabam-se de poder estar em público desacordo, custe isso o que custar, desde que a coerência essencial não os obrigue a trair as suas consciências. São os mais expostos e, por isso, os que melhor se prestam ao escrutínio público. E são exactamente esses que nos podem ajudar a elaborar uma questão antiga: a da de definir qual o limiar que explica a decisão de continuar a militar num partido quando os desacordos se acumulam, as dissidências se amontoam e as matérias de princípio são afectadas ou atraiçoadas.

Manuel Alegre, Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso que continuam abnegadamente a militar no PS, apesar de não conseguirem demover a direcção a rever a tendência estafada de se proclamar da esquerda fazendo sempre alianças à direita (com algumas excepções nas autárquicas); Marcelo Rebelo de Sousa, José Pacheco Pereira e António Capucho, declaram publicamente o seu desconforto com os fretes que Manuela Ferreira Leite fez aos santanistas, com o sectarismo abstruso na elaboração das listas de deputados e com a prova máxima de isenção e ética com que anuiu à recondução da candidatura de António Preto para a AR.
Acham fraca a prestação da líder (de facto é muitíssimo fraca!), envergonham-se com a sua inépcia e vazio de ideias, em proporções semelhantes aos socialistas que vêem em José Sócrates um político do "centro direita".

Afinal os "intermitentes" só se distiguem dos "mudos" e dos "trapezistas" num aspecto: falam alto e em público. De resto, a caravana passa, com os arrangismos do costume, a desfaçatez das direcções partidárias e a conivência... deles.

2009-08-20

 

Calor (3)

Semenya may have won the race comfortably but Great Britain’s Jenny Meadows judged her finish to perfection to claim a bronze medal

Caster Semenya tornou-se um quebra-cabeças para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF), e para vários interesses prejudicados pelos excelentes resultados que a atleta sul-africana tem conseguido. De desconhecida, há cerca de seis meses, surpreendeu ao ganhar uma série contínua de provas, coroada, ontem, com a melhor marca obtida no Campeonato do Mundo de Atletismo, na prova dos 800 metros, em Berlim.

Impende sobre ela a suspeita de poder ser hermafrodita.

A gaja passa à frente de todas num instantinho, e parece ganhar com relativa facilidade..., logo, não deve ser mulher...

Bom: a IAAF determinou o "teste do sexo". Veio aquele cortejo de peritos (ginecologistas, endocrinologistas, psicólogos, internistas, radiologistas e urologistas), que observou Semenya e prepara um relatório para breve.

Se concluirem que Semenya é mulher, tudo bem. Guarda os seus títulos e continua por aí fora, por cima das figas que lhe fazem quando corre. Porém, se for incluída na categoria que tem "problemas na determinação do sexo" (o PÚBLICO de hoje, na página 20 da edição em papel, informa que 1 em cada 500 ou 600 atletas tem esse tipo de "problema"), tudo fica em aberto.

É uma questão interessante.

Porque não terá ocorrido à Federação Internacional de Atletismo verificar a identidade sexual dos desportistas cujo baixo desempenho poderia fazer supor que têm falta de hormonas masculinas?

Verificar a identidade sexual de uma vencedora não porá demasiado a nu uma divisão sexual demasiado tradicionalista das modalidades desportivas?

Não era suposto o ideal desportivo contribuir para a dignidade da pessoa humana?

Aí está mais uma prática vergonhosa que parece passar despercebida ou ruminantemente consentida, nestes dias de calor.


 

Calor (2)


Nas eleições que hoje decorrem no Afeganistão, o que parece estar em jogo - a escolha do Presidente e dos eleitos provinciais - cobre-se de uma névoa ideológica que se destina a ocultar, ao ocidente bem-pensante, a insanidade da imposição de um modelo eleitoral que se desfaz no ar. A cruzada militar que leva o modelo de "eleições democráticas" na ponta das armas, produz estes cenários em que, sossegadas as consciências, as coisas não se limitam a continuar na mesma: pioram!

À falta de cadernos eleitorais (não tiveram tempo de replicar o modelo eleitoral todo; ficaram pelo cenário...) os eleitores enfiam o indicador num recipiente cheio de tinta indelével, produzindo aquela imagem exótica que as televisões já tinham mostrado nas eleições do Iraque ocupado. Estaria pressuposto que a mancha de tinta só desapareceria ao fim de duas semanas, impedindo, desse modo eventuais fraudes...

Porém, apesar dessa preciosa indicação para os talibans, que se preparam para chacinar os "manchados", acusando-os de ter participado na fraude dos invasores, houve quem tivesse denunciado junto dos observadores internacionais que afinal a "tinta indelével" não resistia a um bom diluente, permitindo aos eleitores, de dedo lavado, votarem mais que uma vez.

E é assim que, dedo a dedo, mancha a mancha, a "comunidade internacional" supõe poder redimir-se das sequelas de Bush e dos neoconservadores.

O Estado "democrático" que está a ser oferecido aos afegãos ainda não conhece o nome deles. Tudo o que pode fazer é sujar-lhes as mãos e abandoná-los, nos dias seguintes, à retaliação dos talibans.



 

Calor (1)



Num meio em que a "recolha de informações" é encarada com quotidiana naturalidade, espantaria que o Presidente da República e o Primeiro Ministro se digladiassem com base na suspeita de que um deles pudesse estar mais bem informado do que o outro.

Estamos perante um daqueles casos de suplemento estratégico a que o PS e o PSD recorrem para dramatizar uma agenda eleitoral desprovida de interesse. De um lado, um governo em fim de mandato; do outro lado, um "governo sombra" (a Casa Civil da PR) maioritariamente do PSD. Nenhum mistério. Mesmo que Jaime Silva se pegue com Sevinate Pinto e o leve a tribunal; mesmo que se "descubra" que membros da Casa Civil da PR deram uma mãozinha na elaboração do Programa Eleitoral do PSD; mesmo que Cavaco Silva permaneça em silêncio, para favorecer, por pouco que seja, a suspeição que parece recair sobre o governo do PS, as questões parecem deslocadas...


Espionagem do Governo contra o PR?

Mas porquê?

O que é que se poderia passar na Casa Civil sem o conhecimento do PS?


2009-08-11

 

Enjeitados (5)



Numa acção concertada pelo 31 da Armada, a Monarquia foi reimplantada em Lisboa por algumas horas. Quase ninguém deu por isso, mas tal não obstou a que o pavilhão azul e branco flutuasse sobre a Praça do Município, iludindo a distracção dos lisboetas que certamente não vislumbravam qualquer "perigo monárquico" nem o exagero com do carácter triunfal que o próprio 31 da Armada ostentou.

Menos do que uma "acção de guerrilha ideológica", pareceu-nos (vista a coisa de aqui da Meia Praia, "mesmo ali ao pé de Lagos"), mais uma condigna homenagam à memória de Raúl Solnado. Nem sempre os elogios fúnebres dizem tudo o que deveria ser dito.

Assim, com a recordação comicizada dos enjeitados de 1910, o humor à portuguesa pode renascer finalmente, sem rancores e sem complexos.


2009-08-09

 

Enjeitados (4)

Manuel João Ramos


Para além dos enjeitados do PSD que esta série de postes começou por referir, e apesar da sua procissão continuar, com Marques Mendes a entrar na fila dos agravados que olham de viés para Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva, surgem, agora, "enjeitados" noutras áreas do espectro político.

Manuel João Ramos, antropólogo, activista do movimento dos Cidadão Auto-Mobilizados, vereador eleito com Helena Roseta para a Câmara Municipal de Lisboa, na lista Cidadãos por Lisboa, afastou-se do executivo camarário há cerca de dois meses, dizendo-se frustrado com a experiência autárquica.

Decepcionado com o modo como António Costa exerce a presidência, mete ombros à criação de um novo movimento (que poderá vir a dar em partido...) apelando os eleitores a votarem nulo nas eleições.

A ideia, apesar de não ser original, exprime, de forma singular, mais uma fatia do inconformismo galopante que assola os portugueses.

José Saramago imaginou a maioria a votar em branco (Ensaio sobre a cegueira, 2004); Manuel João Ramos prefere o voto nulo para "responsabilizar" os políticos e criar uma situação que permita mudar as coisas.

Muitos de nós havemos de ter sentido essa desconfortável sensação de não nos sentirmos tão longe do sistema que não possamos imaginar uma saída, mas sem proximidade suficiente com qualquer dos partidos do arco parlamentar para, encurtando razões, podermos votar num deles. Porém, este movimento em favor do voto nulo (ver texto no DN de hoje, página 11 da edição em papel, e aqui na edição online), parece sobretudo apontado ao potencial apoio eleitoral de Helena Roseta nas listas do PS.

Entretanto, os votos nulos são apenas um sinal. Não elegem ninguém. Apesar de a intenção anunciada se destinar ao combate da abstenção, na prática, se retirados da área de influência de Roseta, irão inexoravelmentre beneficiar Pedro Santana Lopes.

É o que se poderia chamar um admirável tradeoff de enjeitados.

2009-08-07

 

O Jogo das corporações

... que a comunicação social alimenta, até porque é verão.

O caso dos doentes que cegaram, esperemos que temporariamente, no Hospital de Santa Maria com o tratamento à vista, está a ser alvo de um jogo de bastidores, para que os intervenientes e responsáveis sejam projectados para fora da carroça.

Ontem foi a Ordem dos Farmacêuticos a dizer que está tudo bem. Antes ou no mesmo dia foi a Ordem dos Médicos a dizer que as injecções chegaram seladas à sala de aplicação dessas injecções e com Florindo Esperancinha, o presidente do colégio da especialidade de oftalmológicos, a manifestar absoluta confiança no Avastin.

O Infarmed disse que haveria alguns procedimentos na farmácia hospitalar pouco conformes, mas que não tinha a ver com o caso da cegueira em especial, o que a Ordem dos Farmacêuticos logo contestou. A sua inspecção à farmácia hospitalar não apurou nada de anormal.

Hoje leio a opinião de um médico estrangeiro que põe em causa que não foi aplicado o Avastin mas outro produto tóxico.

Toda esta confusão tende baralhar tudo para evitar conclusões. A própria chamada anónima que levou ao Ministério Público a " meter-se no caso" não será mais uma peça de toda esta teia?

Quem certamente não fará parte dela são os doentes. E finalmente tudo vai sobrar para Ana Jorge.

 

Enjeitados (3)


Amanhã o "Sol" trará o ralhete de Marcelo Rebelo de Sousa. Desiludido com a actual líder e as listas "ferreiristas", Marcelo, ao contrário de André Macedo, que ontem, no editorial do "I" - "Ferreira Leite esfolou o Coelho" - expôs com sagaz brevidade o que faz correr Manuela Ferreira Leite, Marcelo veio apontar o que lhe parece errado na atitude e na distribuição das candidaturas.

Cada dia que passa sobre o anúncio público das listas do PSD, deixa a descoberto mais uma catrefada de enjeitados.

O equívoco reside na autenticidade dos propósitos do actual PSD. Quem der de barato que a vontade política que lá mora é a de vencer as próximas eleições, em vez de pagar para ver como é que o PS vai descalçar a bota de uma governação apoiada numa maioria relativa, pode estar a deixar passar algo importante na cena política.

Como dizia João Cardoso Rosas (também no "I" de ontem, na página 3 da edição em papel) "O radicalismo não é bom para governar, mas é bom para pensar"


2009-08-06

 

Cenas dos próximos capítulos

José Eduardo Moniz sai mesmo muito acabrunhado da TVI. Com 3 ou 4 milhões no bolso pela saída ou num off shore qualquer, a situação não poderia ser outra.

É uma farsa, que não irá durar muito. Qualquer coisa de intrigante se adivinha por detrás de toda esta encenação. Cheira-me a muito jogo envolvido em negócios nas televisões privadas.



 

Porta -voz do PS pouco feliz

O actual porta-voz do PS, comparado com o anterior, é o dia e a noite. Aí veio registar uns pontinhos a ser favor. Vitalino Canas era aquela múmia que ninguém suportava.

Hoje foi em meu entender pouco feliz nos comentários sobre o PSD designadamente quando dá relevo a Alberto João como candidato virtual. Primeiro, não é nenhuma novidade,. Segundo, fez-lhe o jogo certamente sem querer. . Ainda não perceberam que Jardim quer é palco? E que face a "lembrar" issa situação foi projectá-lo para as "luzes da ribalta".

Se era para avivar o não falar verdade, teria sido bem melhor pegar na frase do próprio responsável da distrital de Lisboa do PSD que é muito clara sobre a verdade praticada no seio do PSD: entre os princípios apregoados e a prática da constituição das listas é o dia e a noite, ou seja, entre Marques Mendes e Ferreira Leite, neste aspecto, há divergências de fundo quanto às listas integrar candidatos arguidos.



 

"Roubo mas faço"

Quantos deveriam registar esta frase como tema de campanha? Não seria novidade. Já houve quem o fizesse há mais de meio século. Mas hoje poderia estar em várias campanhas. Leia de Ferreira Fernandes: Eleitores condenados a ser sérios

2009-08-05

 

Faz muita falta

Quantos programas autárquicos integrarão uma máquina destas? Seria interessantíssimo. http://sorisomail.com/email/3226/fazia-ca-falta-um-destes-em-portugal.html
Email recebido de pessoas amiga.

 

Enjeitados (2)


Diz o editorial do DN de hoje, e muito bem, que Alegre e os alegristas, no PS, também foram ostracizados e nem por isso caiu o Carmo e a Trindade.

O 1º comentário que se oferece, quente e singelo, é que, enquanto no PS se espera, no PSD o desespero ameaça tornar-se explosivo. Num 2º comentário, mais arrefecido e retornado, chamaria a atenção para os alegristas que, apesar de tudo, ficaram e ficarão com "ocupações" importantes, venha o que vier. Com o 3º comentário, já completamente refrigerado e ortogonalizado, lembraria que não há ninguém no PSD a baralhar os ciclos, trocando apoios futuros (candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República) por estilos de oposição sussurrados.

O Problema do PSD foi ter perdido nos últimos anos a função de interface com altíssima capacidade de atracção dos grandes negócios, providenciando, ao mesmo tempo, as garantias que os tornam menos arriscados. O que aconteceu aos paladinos do BPN, leva muitas gentes a duvidar da eficácia actual do PSD.

Convém recordar, a propósito de tudo isto, que Cavaco Silva e muitos cavaquistas, preferiram José Sócrates a Santana Lopes, na véspera das últimas legislativas. A maioria absoluta do PS também contou com essa punhalada fratricida. É por saber tudo isso, de saber certo, que Pedro Santana Lopes parece contentar-se, para já, com a Câmara de Lisboa, enquanto Passos Coelho e o seu grupo, de olhos em alvo, procuram slogans para a próxima campanha interna. Terão de deixar para trás o bravo e decidido "O futuro é agora", convencidos, talvez, de que o futuro "era" agora...mas não foi.

 

Enjeitados (1)


Aguiar Branco tentava explicar aos jornalistas o critério que presidira à não inclusão de Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas, entre muitos outros, nas listas de deputados recém aprovadas. Gaguejou, atropelou-se duas vezes e, recobrada a serenidade, usou uma fórmula patusca: - "Foram escolhidos os que estão em melhores condições..."

Já Pedro Passos Coelho, inconformado, adiantou: - "Não deixarei de dizer o que penso. Não digo com mais manteiga ou menos manteiga aquilo que outros gostariam de ouvir para ser premiado, ou penalizado por aquilo que penso e digo"

No fundo, Pedro Passos Coelho tem uma certa razão. A exclusão dele e a inclusão de Maria José Nogueira Pinto, que, por acaso, até anunciou publicamente o seu apoio a António Costa à Câmara de Lisboa, pode ser um "sinal errado".

Sinal errado? Então e a inclusão de António Preto e de Helena Lopes da Costa nas listas? E uma "renovação" à custa de José Pacheco Pereira, Couto dos Santos, João de Deus Pinheiro e Jorge Bacelar Gouveia (todos eles impantes de frescura e novidade!...).

Com ou sem manteiga, Passos Coelho deveria ter perguntado chãmente se Manuela Ferreira Leite já deu, porventura, algum sinal certo.

 

Em busca do fundo (15)


A imprensa desta manhã, com raras excepções, aponta para a guerra interna no PSD, a propósito da composição das listas, aprovada ontem no seu Conselho Nacional. Os verbos escolhidos para os títulos são sintomáticos: O CM diz que Manuela Ferreira Leite "varreu" a oposição; o "I" prefere o verbo "esmagar" - "Ferreira Leite tenta esmagar opositores"; o PÚBLICO fica-se pela brandura de "afastar": "Ferreira Leite afasta opositores...".

Entretanto, o DN e o JN, optaram pela descritividade terribilis: o 1º, noticia que as "Distritais do PSD em guerra com escolhas de Ferreira Leite", enquanto o 2º, mais analítico, vê a "Lista do PSD com toque de cavaquismo".

O "24 Horas" não viu relevância bastante nas tricas do PSD para lhes oferecer a capa. Em contrapartida, o "1º de janeiro", num registo notável de liberdade poética , afixa: "Magia de Manuela Ferreira Leite troca passos nas listas do PSD/Coelho sai da cartola".

Houve quem tivesse dito, na altura em que Manuela Ferreira Leite foi eleita como nova presidente do PSD, que se tratava de um erro de casting. Como que a contrariar esta tese, o resultado das europeias parecia desmentir a maldosa apreciação. Porém, agora que se trata de lançar o jogo para formar um futuro governo, sobem de tom, no PSD, as tricas internas.

Do lado do PSD, sempre poderão obtemperar que estamos, como de costume, perante o aproveitamento jornalístico exagerador e sensacionalista, e que isso deverá contar muito pouco para a campanha. Porém as declarações, em directo, para as televisões, quer de Miguel Relvas, quer de Pedro Passos Coelho, confirmam que a actual liderança do PSD quis mesmo falar a uma só voz. E esta foi a oportunidade que julgaram mais adequada...

Ora, sendo o PSD a federação de tantos interesses e baronatos, sempre que exclui, não pode deixar de enfraquecer. Assim, com os rabos de palha que leva para a campanha, não sei se, mesmo um bom programa eleitoral, atrasado em relação ao PS, mas pleno de promessas sedutoras, chegará para compensar este exemplo decepcionante de centralismo e intolerância.

A actual liderança está, de facto, a trocar os "passos"...

O Eng. José Sócrates e o PS agradecem. Não poderiam ter desejado um cenário melhor.





2009-08-04

 

Em busca do fundo (14)


Mau. Já é o 2º encontro de candidatos com bloggers a que o PUXAPALAVRA falha. Primeiro, foi aquele com José Sócrates. É certo que o sistema foi a baixo, mas não podíamos adivinhar...Suspeito que muitos pensaram que não era necessário porque o blog tem um ministro no Governo. Não é bem a mesma coisa, mas enfim...

Agora foi este encontro com o Francisco Louçã, e também não nos fizemos representar.

A ver se não falhamos os próximos encontros.

Ou teremos (também nós) já batido no fundo?

 

Sou adepto do Sporting

Francamente, o Sporting, pelo que jogou, não merecia ter passado. É injusto para os holandeses. São melhor equipa.

Agora, acho que o Sporting deveria pensar um pouco. Com este empate passou à frente. Vai ganhar uns milhões de euros, mas a sorte não está sempre ali à mão de semear.

O que falta?

Paulo Bento devia fazer parte do pacote, ou seja ,da recomposição da equipa. Não tem estratégia, não faz pressão em campo. É responsável pela aquisição de jogadores que deveriam ser mais apanha bolas. Apresentou uma equipa hoje que não se percebe. Queima mais uns tantos jogadores porque os coloca em posições que não são aquelas em que rendem.

Acaba por não ter boa relação com os jogadores.

Quase se conta pelos dedos da mão, com quem Paulo Bento não teve problemas, tiranodo os novatos. Vamos enunciá-los, sem exaustão:. Liedson, Miguel Veloso, Vuk, João Moutinho, YanniK, Pereirinha, ou seja, os melhores (e não estou a contar os que sairam). Embora hoje alguns deles foram mais que péssimos. Veloso, o indesejado, foi hoje eventualmente o melhor em campo.

Ao Sporting falta tudo para ser uma boa equipa.




 

Em busca do fundo (13)

Por sugestão de um comentador do post anterior, junto foto da 1ª página do DN, que mostra Isaltino Morais eufórico depois de saber que apenas foi condenado a sete anos de prisão efectiva, com perda de mandato. Por cima da foto, a manchete trata da "investigação" acerca da "cegueira" no Hospital de Santa Maria, que o meu companheiro de blog, João Abel já abordou aqui no PUXAPALAVRA.

Se não estamos perante um "Barranco de cegos", que não nos falte, pelo menos, o impulso de um novo "Ensaio sobre a cegueira".

Obrigado ao comentador atento.

 

Em busca do fundo (12)











Para tirar o lugar a Isaltino, esta manhã, nas parangonas, só mesmo o Cristiano Ronaldo. Não fora o novo jogador do Real Madrid ter humilhado a ex-namorada, e todas as primeiras páginas teriam exibido, com grande destaque, um Isaltino que, apesar da perda de mandato, já anunciou recandidatar-se à Câmara de Oeiras.

Há também, no CM, aquele caso do Presidente da TAP que duplicou o seu salário. Mas isso é menos importante, não é?

No fundo, o "24 Horas" segue uma linha de raciocínio irrepreensível: Isaltino de Morais e a ex-namorada de Cristiano Ronaldo encontram-se quase em pé de igualdade. Ambos se dizem vítimas de grande injustiça e tencionam...recorrer.

 

O Programa do PS (3)













O programa eleitoral do PS aponta, no fundamental, para o prosseguimento da acção governativa anterior.
Lê-se o programa, concorda-se aqui, discorda-se ali, mas a questão fundamental que pôs muitas gentes de candeias às avessas com o executivo de José Sócrates, não vem respondida, ou melhor, vem, mas dissimuladamente.
Se José Sócrates se apanhasse outra vez com uma maioria absoluta, porque haveria de agir diferentemente?
Se lhe renovassem a confiança desse modo, não acharia ele (e o PS) que no, no fundo, estavam a aprovar o estilo e as medidas tomadas?
É claro que sim.
E é por isso que, apesar de a direita mostrar uma inépcia desconcertante em toda a linha, a intenção de voto dos portugueses evoluiu do modo que podemos ver nos quadros da Marktest (em cima e em baixo-clique sobre os gráficos para aumentar).






 

Ainda a propósito da condenação de Isaltino de Morais

Como noticiado ontem e hoje mais desenvolvido na comunicação escrita, o Presidente da Câmara de Oeiras, foi condenado em primeira instância a 7 anos de prisão efectiva.

Ontem á noite por telefone, fizeram-me uma observação quanto ao tempo de prisão. Que não tinha comentado no poste anterior a divergência entre o tempo pedido pelo Ministério Público e o tempo atibuído pelo tribunal de juízes. Segundo essa pessoas amiga o normal é o juiz dar um tempo menor, o que contraria este caso. Respondi que não dominava minimamente esse problema. Sobre isto ler: Isaltino Morais fica na câmara e vai recorrer

2009-08-03

 

Isaltino de Morais finalmente julgado e condenado

Sete anos de prisão efectiva e perda de mandato é a pena aplicada a Isaltino de Morais, Presidente da Câmara de Oeiras.

Não se trata ainda de uma situação encerrada. Vai haver recurso da sentença, pelo que, como este país é o que é, Isaltino de Morais, para mais uma vergonha da nossa democracia, irá a votos certamente nas próximas autárquicas.

Apesar desta realidade contraditória, um condenado candidato, por crimes praticados nessas funções, corrupção, dinheiro recebido de empreiteiros, esta primeira sentença excedeu as expectativas. Neste contexto, a pena representa uma faceta positiva do processo.

2009-08-02

 

O valor das ideias

Assim se chama um blogue recente (fez um ano há pouco dias) da autoria da Carlos Santos, da universidade católica do Porto.

Tomei contacto deste blogue na polémica do autor do "valor das ideias "com o director do Público José Manuel Fernandes, em que este critica o 2º manifesto dito dos "economistas" sobre o problema central do emprego e os investimentos públicos, antes de ter dado conhecimento do mesmo.

Desperto por essa polémica que me agradou em termos de conteúdo e argumentação, tenho vindo de forma sistemática a acompanhar "o valor das ideias". Pelo conteúdo do blogue acho que a escolha do nome foi muito feliz porque não só Carlos Santos escolhe bem os temas como defende as suas ideias com uma argumentação clara e fundamentada.

À margem do tratamento do Manuel Correia ao programa eleitoral do PS, chamo a atenção para este interessante poste de Carlos Santos PSD: um esboço de programa sem políticas sociais nem criação de emprego, mas imensas privatizações

 

O Programa do PS (2)























18 anos !?


De todas as medidas antecipadas pouco antes da apresentação do programa eleitoral do PS (e que o programa também acolheu numa rubrica chamada "Apoiar as famílias e a natalidade"), a do suposto encorajamento ao aumento da natalidade mereceu um destaque especial. O Estado, pela mão do Governo, abriria, numa dada instituição bancária, (será na CGD?) uma "Conta-Poupança Futuro" a cada recém-nascido, com um crédito inicial de 200 €. Dezoito anos depois, o respectivo titular poderia, então, movimentar a conta, e aplicar o saldo como entendesse.

É uma daquelas medidas que se presta especialmente a tiradas humorísticas, apesar de não podermos deixar de, em nome dos nascituros a caminho, agradecer a boa intenção do Governo, já que, apesar de pouco, sempre é algum...

Tem-se falado e escrito muito sobre esta medida, apontando-lhe a ineficácia para os fins em vista. Numa outra perspectiva, o Governo creditaria ao banco (ou aos bancos ?) uma pipa de massa que deveria ser devolvida, daqui a 18 anos, sob a forma de conta à ordem a cada um dos titulares. Pronto. Também é verdade, mas o comentário mais divertido que li a este respeito, veio de Lino Maia (PÚBLICO de Sexta-feira passada, na página 4):

"O 'subsídio' ao recém-nascido é uma espécie de folar para que quando se for grande se 'recompense' o padrinho..."

Ora aí está. O seu a seu dono. E o Presidente da CNIS sabe bem do que fala: quem dá aos pobres, empresta a Deus.

2009-08-01

 

O Programa do PS (1)

O programa eleitoral do PS [aqui] já foi amplamente comentado e é de esperar que concite maior atenção do que de outras vezes. Lê-se o que lá está e a primeira ideia que ocorre, a seguir, é a de saber se as medidas propostas se destinam apenas a ganhar votos. O critério será com certeza aplicado também ao programa do PSD que nos manterá em suspense até Setembro. Aliás, tudo leva a crer que Manuela Ferreira Leite só não apresenta o programa do PSD depois das eleições por poder vir ser acusada de estar a tentar suspender a democracia por alguns meses...

Neste programa (do PS), mais ainda do que no anterior, abundam os enunciados vagos: desde o pacto para o emprego até à reforma do Estado, aquilo que lá está pode ser entendido de diversas maneiras.

Enquanto alguns comentadores vão deixando escapar, pesporrentemente, expresões como a de que "ninguém lê os programas" - donde se depreende que só eles e os amigos lêem - os redactores do programa do PS partiram do princípio contrário. Sabiam que muitas gentes iriam ler o programa desta vez, e que seria importante não pôr lá certas coisas. Isso está a facilitar a vida aos dirigentes do PS, deixando-lhes larga margem de manobra para introduzir, caso a caso, alguns elementos que tornam os princípios programáticos em promessas personalizadas, em dúvidas arrastadas, ou em recusas liminares. Teixeira dos Santos exemplificou bem este aspecto, ontem à noite, no "Expresso da Meia Noite" da SIC Notícias.

Para obviar àquelas observações dos analistas-de-conteúdo do costume, o programa baniu do texto a palavra "esquerda". Habitualmente, os Ruis Tavares e Cª, vinham a terreiro apontar o exagero da utilização de "marcadores" ideológicos. Diziam eles que a floresta de palavras "esquerda" visava ocultar a nudez da árvore social democrata rendida ao neoliberalismo. A partir de agora, os dirigentes do PS reclamar-se-ão, ou não, de "esquerda", sem que o programa a isso os obrigue. E é essa a verdadeira novidade deste programa: impele-nos a que não nos deixemos ficar pelo que lá está dito; leva-nos a deduzir o que se pode dizer a partir do que lá se escreveu. E isso é bom e inteligente.

De qualquer modo, para bom entendedor, este programa não foi ,"de facto", escrito em nome da "esquerda". Demarca-se daquilo a que chama "esquerdismo radical", permitindo que os activistas do PS se sintam descomprometidos da ganga ideológica de um passado, (não tão distante como isso), em que, sincopadamente, nas manifestações de rua e nos comícios, trauteavam, firmes e fraternais: "Partido Socialista/ Partido Marxista".

Esse problema, pelo menos ficou resolvido.

A letra mata. Só o espírito vivifica


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