2012-07-26
Madeira: Combate aos incêndios com meios aéreos?
Os economistas, embora não pratiquem muito, são uns chatos. Têm sempre na ponta da língua o chavão da análise custo-benefício. Tarefa pouco fácil, se quiserem ter em conta os impactos de natureza social e não apenas os estritamente económico-financeiros e se acrescentarem ainda os de natureza estratégica. É exactamente neste ponto que rapidamente se cai na tecnocracia, fazendo uma análise pomposa mas que reduz tudo a uma mera análise técnica. E assim se mandam às urtigas os impactos directos e indirectos na vida das pessoas.
Aqui está por onde começar, ou melhor talvez por onde acabar.
Será a orografia o problema? Ou a dimensão? Ou não será antes a inexistência de infraestruturas adequadas?
Nada disto está equacionado.
Mas duas grandes questões estão por ponderar antes de qualquer decisão e posição consequentes. Uma tem a ver com a preparação e custos do abastecimento de água ás aeronaves e outra com os custos de manutenção dos meios aéreos, porque segundo me disseram só um aparelho é quase igual a zero. Mas isso são contas de outro rosário e eu desse rosário nada sei, mas achei lógica a explicação de dois no mínimo, a necessária complementaridade de a ctuação rápida e sincronizada.
Agora o abastecimento não há infraestruturas de água doce. E segundo, água salgada parece de todo condenável. Canárias que o diga porque já fez essa asneira e ainda não recuperou a área atingida.
E nisto tudo entra de facto uma análise custos benefícios na concepção mais ampla possível, ou seja, toda a natureza de impactos tem de ser ponderada.
Etiquetas: Madeira. Incêndios. Meios aéreos
2012-07-25
Os super-ricos e os paraísos fiscais
Li em alguns órgãos de comunicação social que os "super-ricos têm mais de 17,3 mil milhões de euros em paraísos fiscais".
É evidente que este valor é um absurdo pela sua pequenez. Imagine-se, este valor corresponde apenas a cerca de 2 vezes e meia a dívida da Madeira (6,3 mil milhões) e a menos de 10% do PIB português anual.
Mais grave, pois distorce completamente a informação, é dizer no artigo que mereceu destaque equivaler este valor ao "tamanho das economias dos Estados Unidos e do Japão".
Nem toda a gente é obrigada a saber distinguir o sistema americano e o sistema europeu continental, dos milhões, milhares de milhões,dos biliões e dos triliões, etc, mas a tradução não respeitou nem um nem outro. Isso é que é grave e pouca sensibilidade ao assunto. Designemos desta maneira.
Consultei o artigo base e lá está trilion.
Quando se produzem artigos de informação há que ser mais cuidadoso e quando não se sabe ou não se têm certezas não fica mal perguntar a peesoa amiga que domine o assunto. É melhor que alardear grandes coisas escrevendo tamanhos disparates.
Etiquetas: disparate de tradução, fraco domínio da matéria., super-ricos. paraísos fiscais
2012-07-24
O Euro já muito próximo do abismo
Será que ainda há alguma solução para evitar a queda do Euro?.
Cada vez tenho mais dúvidas. Os atrasos de decisão estão a inviabilizar e a tornar mais difíceis as soluções.
Se o Euro cair e por este caminho não vai longe, mesmo a Alemanha sem dúvida a economia mais possante de toda a zona euro, vai de arrasto.
De momento, já não há um só antídoto que resolva a crise.
Tornar a eurolândia competitiva é fundamental, mas montar as bases para tal leva algum tempo e exige medidas imediatas.
Nunca percebi porque não se tem apostado na desvalorização do Euro. Alíás, nunca percebi porque se deixou arrastar a Europa na valorização face ao dólar. Sem dúvida, uma tendência para a paridade euro-dólar traria achegas positivas. Mas não chegava.
No mínimo, precisa a Europa de um outro orçamento, de um outro BCE, de mecanismos financeiros públicos novos e de uma definição política.
Aliás, a crise é mais política que económica. Daí a definição política ser a base de tudo.
Etiquetas: crise, Desvalorização., Euro
2012-07-22
Fiquei amigo do bispo mas, para meu prejuizo, ele... não sabe
D. Januário Torgal, o capelão-mor
das forças armadas é conhecido pela sua frontalidade. Fazendo jus dessa sua virtude há dias, nos media, criticou asperamente o governo pela sua insensibilidade
social, por descarregar sobre os mais necessitados os custos da crise e poupar
os ricos que dela beneficiaram e beneficiam. Não receou acusar de “altamente
corrupto" o governo de Passos Coelho e, sem subterfúgios, colocou-se do lado dos
mais fracos.
Os catolicíssimos membros do
Governo e seus papagaios de serviço logo se manifestaram escandalizados com o
bispo, perderam a compostura, produziram acusações e aleivosias contra o
prelado e revelaram assim que a sua igreja é a antiga, a do Cardeal Cerejeira. Passos e Ciª, desnorteados com as vaias que
vão colecionando quando visitam o povo, revelaram-se afinal uns assanhados filisteus.
Sou um contumaz incréu, não frequento
a igreja e não tenho convivência com bispos. Creio, aliás, que apenas uma vez
surgiu a oportunidade de conversar com um bispo e esse foi, não por acaso, D.
Januário Torgal. Não por estarmos ambos do lado dos mais fracos, não por ambos
estarmos visceralmente contra a corrupção ou contra as prepotências de
poderosos. D. Januário Torgal cruzou-se comigo e, dispensando apresentações, convidou-me
para um “cafezinho”.
Etiquetas: Ângelo Correia., D.Januário Torgal, DURÃO BARROSO, governo corrupto
2012-07-20
Incêndios na Madeira
Já há dias que a Madeira está em chamas.
Enquanto as chamas só atacavam as freguesias da Ponta do Pargo e da Fajã da Ovelha as TV's pouco relevo davam.
Chegou à zona Leste do Funchal (zona alta) parece que aconteceu "o maior espectáculo" de Portugal. O país quase esquece os outros incêndios.
Até a Judite de Sousa, prima dona da TVI, está no Funchal a fazer reportagens.
Não acredito muito em acasos, nem em bruxas, embora o ditado espanhol sobre estas últimas seja eloquente.
Mas no contexto do PSD local uma vinda D. Judite de Sousa deve originar no mínimo uma entrevista ao Dr. Alberto João que anda de mal com os bombeiros da terra ou então a um dos seus delfins e aproveita mais uma oportunidade para branquear a sua situação.
2012-07-19
Funchal - incêndios em fase de rescaldo (Palheiro Ferreiro)
2012-07-17
Como os compreendo...!
Confesso. Registo sempre com emoção o sentido cívico, o apego patriótico, daqueles cidadãos que, auferindo muito justamente acima dos 20, 40 ou 100 mil euros/mês, chamados às televisões para diagnosticarem a crise, denunciam com firmeza o comportamento intolerável dessa turba de portugueses da classe dos 400, dos 600 ou mesmo dos 1.000 ou 3.000 euros que, dando provas de egoismo e malvadez, andaram todo este tempo a viver acima das suas possibilidades levando o país a esta desagradável crise.
E se houver petróleo na Grécia?
Desde 2010 que as certezas sobre o petróleo grego se fortificam.
Há muito apetite sobre esse petróleo, apesar do direito internacional, estar a complicar a situação.
Talvez por isso a Grécia já tenha tido muito apoio, deve estar a aproximar-se dos 300 mil milhões.
Para saber mais:
http://www.infowars.com/rising-energy-tensions-in-the-aegean%E2%80%94greece-turkey-cyprus-syria/
2012-07-16
Congresso da JSD/Madeira
Congresso da JSD/M foi muito animado e durou muito mais tempo que o previsto. Deu para dividir e à partida perderam os amigos do anterior líder que se demitira por assinar um documento em nome da Jota não aprovado.
O grupo que perdeu, mais conhecido pelo grupo do "mijinhas", afecto a Jardim, tentou boicotar o congresso de várias formas, incluindo com pareceres previamente feitos reclamando o congresso de ilegal.
Poderá ser este congresso a antecâmara do do PSD/M, que Jardim finalmente quer antecipar?
Tudo se conjuga para dizer que Jardim esteve por detrás desta manobra e que portanto a derrota é também sua.
Interessante. A porta de saída de Jardim da política está cada vez mais estreita.
Ontem foi um dia mau para Jardim que até se ia engasgando em Santana durante um almoço após ter ido lá vender que até 2015 resolve a dívida da Madeira. Acho que foi este disparate tão grande que disse que o ia engasgando.
.
2012-07-15
É melhor não afastar Relvas
Pessoas assim todos sabemos que existem. Por isso o caso não é surpreendente. O que poderia surpreender é o 1º Ministro considerar que se trata de "um não assunto " e portanto não haver razão para o demitir. Mas a mim não me surpreende esta posição do 1º M e acho até que é bom para o país que ele não o demita. O outro é bem o rosto deste governo e afastá-lo tornaria menos evidente a natureza do "passismo". É bom para o país porque, estou certo, ajudará a atirar mais cedo para o lixo, um governo que está a comprometer, como nunca antes, desde o 25 de Abril, o futuro do país e do regime democrático.
Bem mais grave que o caso em si é a aceitação do caso, como "aceitável", por Passos Coelho. Não admira, ele próprio é um espécime político da mesma ninhada aparelhística do outro. Nada podia ser mais mortífero para um governo do que esta atitude. Já todos no CDS e no PSD viram (excepto os que por alguma "boa" razão se recusam a ver) e publicamente andam a avisar que a peçonha, se não afastada rapidamente, é mortífera. Por isso acho que não afastar a peçonha é salvífico para o país exatamente porque "mortífera" para o governo.
2012-07-14
Silveira Ramos, cidadão exemplar e político impoluto
Fernando Silveira Ramos tinha 71 anos e faleceu esta madrugada, em Lisboa. A recente operação a que foi submetido não o salvou e desde então o seu estado era muito crítico.
Engenheiro civil viu a sua alta craveira profissional reconhecida. Como político tinha um passado de que se podia orgulhar. Desde a luta pelo derrubamento do regime salazarista até à sua intervenção como destacado dirigente do MDP, da Política XXI e como fundador do Bloco de Esquerda ele foi sempre o exemplo do político esclarecido e impoluto.
Como cidadão, neste momento de particular crise de valores nos lugares cimeiros do Estado e da governação, Fernando Silveira Ramos é uma referência de hombridade que honra a política e honra o seu país. O seu desaparecimento deixa consternados os seus amigos.
Guerra no PSD/Madeira
Estou na Madeira a passar uns dias de férias.
Lendo os jornais locais, mesmo o Jornal da Madeira, financiado pelo governo de Alberto João Jardim, percebe-se que a "quinta coluna" de Jardim, a sua "maçonaria" , anda numa luta feroz contra Miguel de Albuquerque, uma luta sem tréguas.
Jardim, diz-se, vai antecipar a realização do Congresso do PSD/M para o ano corrente com a finalidade de minorar o apoio em crescendo ao seu adversário candidato à Presidência do Governo Regional. O seu delfim Manuel António Correia foi o porta voz desta nova posição de Jardim.
Por outro lado, Jardim não convocou Rubina Leal para a última reunião da Comissão Política de que esta faz parte, pelo simples facto de que é apoiante de Albuquerque.
Jardim pode ganhar o congresso que vai antecipar, mas vai partir o PSD/M exactaamente porque não está no seu ADN consentir um opositor interno a concorrer com ele para a liderança.
Para a Madeira até é excelente que o PSD se fragilize. Vai ser Jardim o coveiro de si próprio.
Etiquetas: Coveiro, Jardim
2012-07-11
Nenhuma ignomínia o abalará. Nem a quem o ampara
Recebi por mail (corre por aí) uma informação sobre o passado de Miguel Relvas enquanto deputado. Mais jovenzinho, nos idos de 1987. É a cópia em PDF de várias páginas de um jornal que parecem ser do semanário Região de Tomar, de 26 de Novembro de 1987. Procurei na net pelo título do artigo e cheguei a este endereço:
Com um clique vamos lá mas para uma boa leitura poderá ser necessário ampliar a imagem com os dispositivos oferecido pelo programa de navegação.
A informação, pelo menos aparentemente, é bem fundamentada e refere notícias e datas de outros jornais. Apresenta-nos o jovem Relvas, deputado em 1987, como um... desqualificado, como um... vigarista, recorrendo a mentiras, a falsificações de moradas e à multiplicação destas, para sacar uns subsídios ilegítimos da Assembleia da República e por aí fora. São quatro demolidoras páginas de jornal. Mas, estou certo, pelo que temos visto nos últimos tempos, nada disso abalará o moral deste personagem, deste dr. " na forma tentada", nem do 1º Ministro que o ampara e mais parece dele depender. Com um passado destes (a ser verdadeiro) e com o presente à vista nenhuma ignomínia abalará este pilar do atual governo que seguramente deixará uma mancha indelével na pequena história da política nacional.
Imperdível
Doutor em forma tentada
O princípio da honra
Portugal está, novamente, dividido entre "eles" e "nós." Como no tempo do
fascismo nada temos a ver com decisões, não partilhamos o que nos impingem,
desconhecemos o que engendram, ignoram-nos e desprezam-nos. Não há que escapar à
expressão das palavras. A pátria transformou-se numa instância de encerramento
para a maioria dos portugueses, e quem reina perverteu completamente a natureza
do 25 de Abril. ...
....
O imbróglio do ministro Miguel Relvas,
doutor em forma tentada, que alguns
(entre eles o Marcelo Rebelo de Sousa) intentam confundir com o caso Sócrates,
não só abala as estruturas do Executivo como se estende à sociedade portuguesa
para se inscrever num capítulo da amoralidade. Entre as ambiguidades das
declarações de próceres da Direita e o silêncio do ministro Nuno Crato, a
desagregação atingiu as raias do absurdo. Vamos acreditar em quem?, se a razão
dominante nos dirige, violentamente, para patamares que esvaziam a índole de
todos os valores.
...............
Nota:
artigo completo aqui no DN
2012-07-10
Chamar os bois pelos nomes
Paulo Morais foi vice-presidente da CM do Porto pelo PSD e é vice-presidente da ONG Transparência
e Integridade. E tem desenvolvido uma intensa acção nos media contra a corrupção. Não usa eufemismo nem recusa denunciar figuras gradas da administração ou da política com a desculpa habitual "eu nomes não digo". É um exemplo de coragem. [Nota: afinal este artigo de PM no CM (e muitos outros neste jornal) está
online aqui]
2012-07-09
Efeitos políticos dos cortes no sector privado
Passos Coelho precipitou-se e apontou logo no caminho fácil em que o TC se baseou, a desigualdade entre portugueses, para decidir pela inconstitucionalidade dos cortes salariais na Administração Pública e nos reformados e pensionistas. Chamei-lhe
acórdão armadilhado em poste abaixo que alguns consideraram uma grande vitória embora já andem em recuo. À ideia de Passos Coelho de cortar no privado é juntar a um mal um mal ainda maior.
Passos vai ter de recuar porque caso contrário as fissuras políticas vão surgir. António José Seguro não pode pactuar mais sem perder a face e segundo a comunicação social as pressões dentro do PS são muitas. Mas tem de ser claro e propor outros meios. O próprio CDS não vai alinhar muito bem nessa ideia de Passos Coelho. Será que Vítor Gaspar que foi mais ponderado que Passos na reacção ao TC alinha de forma cordeira?
Mais de uma vez escrevi que há outros caminhos. Há que negociar as PPP e agora depois do que disse Oliveira Martins na AR de que o Governo dispõe de sustentável margem de negociação não há que hesitar. 4 a 5 mil milhões é de facto significativo.
E há os juros do empréstimo da Tróika que na totalidade do prazo equivalem a 40% do valor do empréstimo. A margem de manobra aqui é elevadíssima.
E há ainda toda a racionalização de custos a fazer na reforma do Estado que praticamente nada avançou e o que avançou foi disparatado. Onde está a extinção das fundações que vivem do orçamento? Onde está a extinção de institutos, comissões, etc?. O que vejo é outras instituições a serem criadas sem quaisquer funções claras, e por isso desnecessárias.
Em contrapartida, houve cortes salariais e nas pensões, aumento generalizado de preços nos transportes, electricidade, gás e água, aumento de IVA e diz-se que mais vêm por aí.
O governo por este caminho pode ir encomendando a urna.
Os Donos de Portugal
2012-07-06
Acordão Armadilhado?
O TC limpou as mãos e reprova um mal com um mal maior.
Vejamos onde está a armadilha. A política de austeridade do governo chumbou. Está demonstrado que por este caminho os défices não "se abatem". São precisas outras medidas e este governo só vê como possíveis mais cortes nos rendimentos de quem trabalha ou de quem já trabalhou.
E então o TC em vez de invocar outro tipo de inconstitucionalidade que os há, envereda por um caminho manhoso: a desigualdade entre cidadãos do mesmo país porque uns levam cortes nos salários e outros não, o que significa dizer ao governo: pode cortar salários a todos que nós (TC) "gerimos" as outras inconstitucionalidades.
A primeira inconstitucionalidade é a de haver discriminação contratual entre o Estado e os seus fornecedores. O Estado tem um contrato com os seus trabalhadores para que estes desempenhem certas tarefas contra uma determinada remuneração, como tem contrato com as PPP para que estas desempenhem certas tarefas e por isso também lhes paga. Porque razão opta por cortar subsídios e nada nos pagamentos às PPP? Aqui não há desigualdade?
Há e da grande. Quando ontem ouvimos Oliveira Martins dizer na AR que há muita margem para negociar e baixar muito as despesas, esta situação ainda mais incomoda. É o desrespeito total. Mas com este governo já nada nos espanta e tudo se espera. Depois dos 4€/hora, tudo é possível.
Hoje, a comunicação avança, não sei com que base, que podem ser cortados 4 a 5 mil milhões nas PPP e então? Aí não tem de ser com meiguice pois o capital está à frente. Não incomodar os grupos que são poderosos.
Muito jeitinho deu ao governo este acórdão.
Mas deixo aqui uma palavra ao Sr . Presidente Cavaco Silva também falou a quando da promulgação do orçamento 2012 de desigualdade, mas falou e não agiu enviando-o para o TC se tinha dúvidas.
Face a esta decisão não tem agora S. EXcia o mínimo de peso na consciência por não o ter feito? É a palavrinha.
Licenciado Honoris Causa
O país era pouco letrado (e ainda o é, nas gerações mais
velhas) por isso sofria do síndroma do “Sr. Dr.”. O povo submetido séculos à
Inquisição e metade do século XX ao chicote da ditadura do nosso fascismo rural
e jesuíta, substituiu os Srs condes, os Srs barões e os Srs morgados, banidos
pela revolução republicana, pelos Srs Drs. À aproximação do "Senhor que manda" o “bom
povo”, desbarretava-se, curvava-se e
saudava “Sr. Dr”. Era assim ontem e
os actuais governantes julgam que ainda assim é hoje. Nestas circunstâncias, os videirinhos alçados ao poder sentem necessidade de ter um canudo de dr para se sentirem verdadeiros Senhores. Não tendo tempo nem pachorra para estudar, compram em determinadas “Universidades” privadas
o título de Dr.
O ministro nº 2 do Governo, o “Dr.” Relvas, deixa assim a sua imagem na pequena história da governação assinalada com esta indigna "mas legal" troca de favores entre o poder e certas “universidades”.
Mais grave, no entanto, do que toda esta vergonhosa trapalhada é mentir. Mentir sem o mais leve rubor, perante o parlamento e perante o país. E corrigir, sem aparência do menor incómodo,
as sucessivas mentiras (caso das relações com o “superespião” ou o caso do
jornal Público) à medida em que elas vão sendo publicamente desmascaradas. E o
primeiro-ministro avalisa tudo isto numa atitude subalterna face ao ministro do
aparelho do PSD a quem deve, em boa parte, segundo consta, a sua ascensão ao poder.
Não conheço nenhum país civilizado e com um regime democrático que não imponha a imediata demissão a um governante que minta "solenemente" perante uma Comissão do Parlamento ou perante o país.
Na quadratura do círculo, onde há várias
semanas surge como o mais frontal comentador, Pacheco Pereira explicou hoje, a
Lobo Xavier que tentava desculpar Passos
Coelho com a dificuldade em contrariar o poder da “Casa” (o poder do aparelho
do PSD) que o 1º M não estava a ser vítima da “Casa”: «Passos Coelho é a “Casa”». E Pacheco deve saber do que fala. Miguel Relvas e Passos Coelho são um genuíno produto da "Casa". São o símbolo paradigmático da jovem geração de líderes da “Casa”.
______________
2012-07-04
O Governo de corda ao pescoço
Apesar das fortes medidas de austeridade tomadas, o governo de Passos Coelho/Vítor Gaspar para as contas com a Tróika vai ter de pedinchar a essa mesma trilogia várias benesses.
Mais dinheiro, mais prolongamento de prazo, juros menos onerosos e mesmo assim não vai lá, não cumprirá os défices, a não ser que mate o mal pela raiz espoliando de vez os contribuintes que pagam impostos.
Não é muito difícil perceber onde está o buraco das políticas de austeridade. Se a economia portuguesa depende em 70% da procura interna, se se baixa essa procura com medidas de austeridade retirando poder de compra reduz-se o consumo e foi o que aconteceu e, por conseguinte, por muito que se aumentem os impostos as receitas fiscais reduzem-se e foi exactamente o que aconteceu.
Além disso a fuga aumentou. Só quem não anda na rua não vê. E para algumas casas é a vereda para sobreviver mais uns dias.
Não é preciso ser grande guru das finanças para ver isso.
Mas o Professor Vítor Gaspar, ilustre professor não viu. Elaborou modelos sofisticados que lhe deram valores muito simpáticos e apetitosos, que apontavam para folgas no cumprimento dos objectivos do défice para este ano.
Modelos são modelos. Boas ferramentas sem dúvida mas precisam de alimentação de qualidade.
A ração de Gaspar provou-se não foi a indicada e assim a magreza das receitas fiscais só foi observada tardiamente.
Será que o Governo Passos Coelho/Vítor Gaspar para as contas vai insistir novamente no mesmo?
Etiquetas: Falha no défice para 2012. Como vai o governo responder?
2012-07-01
Sou um incrédulo do aproveitamento de Portugal das potencialidades do MAR
Acredito que as potencialidades do mar sejam em teoria imensas para Portugal quer nos recursos vivos quer nos não vivos. Isso não está em causa. Até posso acreditar como hoje se lê num trabalho da jornalista Fernanda Câncio que um monte submarino de níquel, cobalto e cobre possa gerar um rendimento líquido anual de 300 milhões de euros. E que teoricamente teremos na "plataforma portuguesa" 200 desses montes o que apontaria para um valor líquido ano de 60 mil milhões. Já aqui me interrogo sobre esta mais valia potencial porque parte desses 200 montes submarinos estão localizados em áreas que só teoricamente podem vir a ser geridas por Portugal mas que só se saberá lá para 2014 ou 2015. A incerteza não entra?
Então porque sou incrédulo?
Passo a explicar. São os mesmos que destruíram actividades ligadas ao mar que agora emprestam todo o seu entusiasmo a falar do mar. Preto no branco. O sector das pescas foi destruído nos governos do actual Presidente da República Cavaco Silva. A construção e a reparação naval foram destruídas pelos mesmos governos. E digo destruídos porque não houve estratégia para reconfigurar estas actividades quando nessa altura o país detinha condições de competitividade para uma indústria naval fluorescente e digo que não teve estratégia porque não soube avançar com uma política de cluster como já então se dizia. Estudos houve, até alguns de alta qualidade, as pistas foram apontadas e os governos nada fizeram antes destruiram o que havia ou o que começou a ser montado. A história sobre este sector é negra.
Agora como dizia, ontem, o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, numa entrevista ao Expresso, o PR descobriu o mar e, de repente, toda a gente fala do mar.
É mesmo assim e ainda acompanhando Rui Moreira, não está ninguém a pensar o que precisamos.
Falar do Mar não é mais que uma moda que interessa a algumas pessoas. Onde está a estratégia a 15 /20 anos e mais? onde estão as equipas de investigação? Ou será que as potencialidades se aproveitam/ nascem de geração espontânea?
Até acredito que alguns técnicos e até um ou outro dirigente se entusiasmem com as potencialidades que vêem. Mas o país não se alimenta de potencialidades mas de planeamento e obra continuada na base de uma estratégia/visão.
Francamente também me entusiasmei naqueles tempos em que havia uns quantos "maduros" que achavam que a indústria da construção e reparação naval poderia ter futuro em Portugal. Não me entusiasmei por muito tempo mas o suficiente para um grande desilusão sobre a incapacidade e incompetência dos nossos políticos.
Etiquetas: Cavaco Silva, Falta de pensamento, Inconsistência, MAR, MODA