.comment-link {margin-left:.6em;}

2007-03-31

 

A Revolta da Madeira - 1931 (2)

A Revolta da Madeira um "produto importado - estrangeirado" ou não?

Alguns factos e enquadramento que prosseguirá no próximo post com "a revolta da farinha".

Acerca dos factos: As primeiras décadas do século XX foram muito gravosas para a Madeira, em termos económicos.

O século XX inicia-se na Madeira com uma série de inovações. É a introdução do automóvel, do cinema, do gramafone, do fonógrafo, do raio X e do desenvolvimento da electricidade. Mas a estas inovações apenas tem acesso uma muito pequena minoria da população, na medida em que mais de 70% da mesma vivia de uma agricultura de subsistência (uma capitação média de 30 escudos/mês)

Asim, a emigração sempre foi um desafio e um destino do madeirense e através dela algum dinheiro era injectado na economia local, o que contribuia para minorar o baixo nível de vida da sua família.

Acontece que as primeiras décadas do século XX e, designadamente a 2ª e 3ªdécadas, foram de grandes crises, que ainda se agravam nos finais dos anos 20 e princípios de 30, com as consequências da grande crise económica mundial de 1929/33 que vem afectar em preço e quantidade as exportações dos produtos da Madeira (bordados, vinho, turismo) que, juntamente com as remessas da emigração, injectavam dinheiro na economia madeirense.

A crise do bordado afectou, segundo alguma informação disponível de então, cerca de 70 000 pessoas numa terra com 200 000 pessoas: 50 000 bordadeiras de campo e os restantes trabalhadores em cerca de 100 casas de bordados existentes no Funchal. Esta crise atingiu uma tal dimensão que as exportações se reduzem a metade entre 1924 (2853134 dólares) e 1930 (1258641 dólares). Neste contexto, cerca de 50% das pessoas trabalhando nesta actividade ficam no desemprego.

É a crise do vinho porque aparecem outros países na concorrência, a preços mais compettivos.

É a crise financeira em que algumas casas bancárias como a Henrique Figueira da Silva, mais conhecida pela casa Henrique Figueira, suspendem os pagamentos. E, neste caso, ao contrário do que aconteceu em Lisboa com Alfredo da Silva, o governo central nada interveio.

É a descida do preço da cana sacarina que provoca manifestações junto do Governo Civil do Funchal a exigir soluções (Junho de 1922), crise mais tarde agravada com o célebre decreto nº 14168 de 1927 que levou ao encerramento de fábricas de aguardente e álcool bem como à proibição do fabrico de aguardente vínica que durante anos era comprada aos agricultores para uso no fabrico do vinho Madeira.

A revogação deste decreto, considerado pela imprensa local, pelas associações de agricultores, sindicatos e políticos madeirenses, "uma calamidade da nossa economia" foi pedida várias vezes ao governo central que nunca atendeu a essa solicitação e, antes pelo contrário,reforçou vários monopólios (acúcar, álcool para o vinho e bebidas, importação de açúcar para refinação, comércio de açúcar etc.,) onde o grupo W. Hinton & Sons beneficiou de um grande quinhão.

 

A Revolta da Madeira - 1931 (1)

No próximo dia 4 de Abril passam 76 anos sobre a Revolta da Madeira contra a ditadura instalada em Portugal 5 anos antes (1926).

A Madeira revolucionária durou 28 dias - o maior tempo que qualquer tentativa de derrube do regime durou, antes do 25 de Abril de 1974.

Durante esse período, a Junta Revolucionária da Madeira, presidida pelo General do Exército Adalberto Gastão de Sousa Dias, criou um embrião de governo provisório que tomou medidas de alcance económico e social e algumas iniciativas diplomáticas, como o reconhecimento da República Espanhola.

Há quem olhe para a revolta da Madeira como "um produto importado", ou seja, como um produto com origem nos deportados pelo regime para a Madeira que, então, seriam cerca de 200, entre civis e militares.

Não domino o problema em profundidade. Mas uma leitura tão simples dos acontecimentos coloca-me profundas dúvidas, não só porque, nos próprios dirigentes da Revolta havia muitos madeirenses, quer civis quer militares, por exemplo, as duas únicas subsecretarias do governo provisório, dirigido pelo general Sousa Dias, foram ocupadas por madeirenses: a da economia pública pelo dr. Manuel Gregório Pestana Júnior e a do comércio e comunicações pelo capitão engenheiro Frazão Sardinha, mas ainda e, mais determinante das minhas dúvidas, porque este acto de rebelião contra a ditadura dá-se num processo de sucessivas lutas da população da Madeira contra medidas do governo central de que é bem conhecida a "revolta da farinha" dois meses antes e, apesar do insucesso da Revolta de 1931, das prisões e deportaçãoes, as lutas continuaram com grande intensidade pelo menos até 1936, com a não menos conhecida "revolta do leite".

Como diz o dr. João Soares, que, no próximo dia 2 de Abril, vai introduzir este tema num jantar/debate essencialmente de gente ligada à Madeira, no seu livro "A Revolta da Madeira - documentos", publicado em Abril de 1979, esta revolta veio endurecer, no futuro, as medidas repressivas do regime.


 

Despachar imediatamente um novo embaixador para Roma

Afinal, os "milagres" dos pastorinhos de Fátima estão em crise. A igreja tem reservas. E isto é uma grande chatice. O negócio resultar menos.

Há que enviar imediatamente um novo embaixador, do estilo daquele português, que roubou um banco em Miami, mesmo sem saber falar inglês. Preciso é ser expedito e ganhar a canonização.

Afinal até o cardeal português não consegue dar a volta. E agora a nova basílica de Fátima que iria ser inaugurada, segundo dizem, com a canonização em simultâneo já não vai dar tantos frutos.

E já imaginaram: os esforços de marketing vão ser encarecidos e agora?

Tenho um amigo que gosta que os fados tenham sempre uma moral. Este gosto aplicado a esta situação só poderá ser, pelo menos se fosse na Madeira, um subsídio chorudo do Governo para a igreja. A coisa deu para o torto e alguém tem de pagar. Então, que pague o Estado português.

2007-03-30

 

Estado Social


Os 4 administradores executivos da Portugal Telecom que terminaram o mandato em Abril de 2006 receberam 9,7 milhões de euros (2,4 milhões cada, em média) por não terem sido convidados para novo mandato.

O presidente cessante pediu logo a reforma antecipada e... empregou-se na Administração do banco Espírito Santo de Investimento (BESI).

A EDP talvez para não ficar mal vista quando a administração terminou o mandato em 2006 ofereceu-lhe 5,537 milhões. Assim ao fim de 3 meses de trabalho (incansável!) o presidente recebeu 1,3 milhões de euros. [DN]


Não se ria! Quem pagou foi você.


 

"Conhecem esta Menina?"


Então há que ir aqui ao blog da Sofia. Tem 18 anos, é holandesa e, num minuto de inspiração, mudou a sua vida. Um exemplo para o SIMPLEX! Estudem o caso e vejam o que podem aprender com ele.


 

A Presidência Portuguesa

Li, ontem, algures, que Portugal quererá discutir/aprofundar o papel do Estado, segundo entendi, durante a Presidência Portuguesa.

Nunca é tarde e é positivo que esse debate aconteça.

No entanto, deixo algumas reservas, não quanto ao tema do debate mas ao processo, se de facto é verdadeira a intenção deste governo avançar nesse sentido, pois pode tratar-se apenas de um tema agendado normalmente, sem qualquer finalidade específica.

No caso de se tratar de uma iniciativa do governo para a sua Presidência no 2º semestre, é bom que o faça pois há visões diferentes do papel do Estado nos países membros da UE.

Mas era bom que não se esquecesse da discussão interna desse problema de fundo. Aliás, percebe-se pouco que se tenha avançado para uma reforma da AP, em Portugal sem uma visão do papel do Estado na sociedade, porque como todos sabemos não é indiferente aos cidadãos uma visão de Estado essencialmente regulador ou de um Estado misto regulador e prestador de serviços públicos e que serviços esta designação abrange e ainda a forma de os prestar.

Aliás, a não discussão pública, nacional, do papel do Estado é talvez a maior falha deste governo.


 

Finalmente! .. Mariano Gago

... Finalmente Mariano Gago aparece e ... ameaça fechar a Universidade Independente.

Já devia ter aparecido tempos antes, como ontem aqui escrevi. Deixou a situação arrastar-se tempo demais. Uma crise pública desde há um ano, 30 de março de 2006, merecia uma atenção especial do Ministro tanto mais que não era inédita. As experiências infelizmente têm sido muitas. Uma intervenção atempada tinha defendido melhor os interesses de todos e, em especial dos alunos e, diga-se, do governo também que não ficou com esta actuação tardia bem na fotografia.

Gostei da intervenção do Conselho de Reitores que mostrou interessar-se pela solução deste problema, embora colocando algumas questões que são de todo pacíficas, pois caso se dê a transição de alunos para outras escolas do ensino superior é preciso averiguar do seu estado de preparação. É uma questão óbvia.

 

Um olhar de... Gato Fedorento


Como os Gatos viram o programa da RTP "Os GP"


2007-03-29

 

Do salazarismo e outros tiques (2)

(Também na capa do DN de hoje)

Em cima do descontentamento e da insegurança adensados pela maré neo-liberal (manchada aqui e ali pelos arroubos de uma “nova esquerda”) que prossegue a precarização em nome de uma empregabilidade anémica e de despedimentos mais fáceis e baratos na óptica dos patrões, este cartaz ensaia uma resposta xenófoba.

A intolerância, o racismo, têm sido sempre os testes mais comezinhos. A extrema-direita reforça-se com essas causas, associadas candidamente a um “melhor controlo” da imigração, para, de seguida, tentar ir um pouco mais longe.

Isto não tem nada a ver com o revivalismo salazarista. Obviamente que não. Convém lembrar que Salazar apenas esteve no Governo da ditadura de 1928 a 1968 (uns parcos 40 anos), com muitos outros portugueses a ajudá-lo. A ditadura sobreviveu-lhe quase 6 anos.

O fantasma sorri.
Deve ser tique.

 

Do salazarismo e outros tiques (1)


Apressam-se alguns a fechar a porta da discussão sobre a vitória de Salazar no concurso da RTP1.
É curioso que reajam assim a um acontecimento que se ficou a dever, em boa parte, ao défice de discussão e conhecimento do que foi o século XX, cá e alhures.
Mostram-se agastados. Acham que não há mais nada a dizer (depois do que leram, ouviram e escreveram).

É estranho.

Será mesmo enfado ou apenas um tique?

 

Polónia: forte resistência nas Universidades

O governo de direita na Polónia quer impôr uma lei do estilo à que cá existia, no tempo do fascismo, em que a tomada de posse para um emprego público era precedido de um simulacro de juramento do não cometimento de actos subsersivos. Na Polónia, a lei pretendida é em relação ao passado comunista.

Como se pode ler no Le Monde de 28/03, há muitos professores dispostos a lutar contra esta lei, pondo em causa inclusive o seu emprego. Loi sur le passé communiste : forte résistance dans les universités polonaises


 

Surpreendido ou Não?

Embora já pouco me surpreenda, ando algo confuso com a falta de eficácia do ministro Mariano Gago, ou mais ainda do governo (porque se ouve dizer que Sócrates não dorme em serviço).

O governo foi apanhado de surpresa no caso da UNiversidade Independente? Certamente.

Mas já lá vão tantos dias, os acontecimentos são tamanhos, que uma reacção do governo é, há muito, esperada. Sendo mais objectivo. Devemos exigir uma decisão do ministro Mariano Gago no imediato. Uma decisão que resolva a situação dos alunos. Porque tudo nos leva a crer que o problema de fundo é de polícia e que um desentendimento na "partilha do bolo" originou este escândalo que já não é o primeiro e certamente não será o último, neste meio do ensino superior privado.

Mas os alunos nada têm a ver com a "partilha" do bolo. E a estes, o Ministro tem o dever de os defender.

A continuar a não agir é um descrédito enorme para este governo. Uma Universidade destas, onde parece já haver pouca mais gente da gestão para prender, merece continuar?

2007-03-28

 

Salazar interessado em Miguel Torga. Mas não nos livros!


O Processo do Arquivo da PIDE/DGS nº 1514/39:

«A 30 de Novembro de 1939 era dada a ordem de serviço para averiguação do autor e apreensão do livro “O Quarto Dia da Creação do Mundo”, que Adolfo Correia Rocha publicara com o pseudónimo de Miguel Torga, por ser considerado “autor de uma publicação obscena e de propaganda comunistas”.»

O Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo assinala, no mês de Abril, o centenário do nascimento de Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha.


 

Dos Santos

Vai haver eleições para a Presidência da República de Angola em 2009. Eduardo dos Santos completará então quase 20 anos na presidência. Por isso está firmente decidido a não se recandidatar. Mas está a encontrar grande oposição à sua decisão. E o problema é que nem ele próprio concorda com ela!

 

Correia de Campos e o SNS

O Ministro da Saúde, Correia de Campos, disse no Porto, na passada 2ª feira, que 70 serviços de atendimento permanente (SAP) que recebem menos de 10 doentes por noite vão deixar de ter serviço nocturno. De forma gradual e à medida que estejam criadas alternativas para as populações.
Os 70 SAP atendem em média - informa o ministro - 280 doentes por noite e acrecenta que se os médicos que asseguram as noites passarem a trabalha apenas de dia isso permitiria dar "médico de família a mais 136 mil portugueses". Tanto?
A reestruturação territorial e a optimização de recursos na Saúde que o ministro está a levar a cabo, num ambiente de constrangimento financeiro e com o alvoroço das populações mobilizadas quase sempre por mero interesse eleitoralista de autarcas e oposições pode ser entendida de duas maneiras:
> ou o ministro "está ao serviço do gande capital e anda a fazer o que pode para degradar o serviço nacional de saúde e o privatizar"
ou
> está a fazer o que pode, com o dinheiro que tem, para melhorar e defender o SNS.

O bom entendimento é...? Adivinhou. É o segundo.


 

Estilo Menezes...

"A reorganização dos SAP é bem o exemplo de um Governo mentiroso e sem pingo de vergonha"
É o líder do grupo parlamentar do PSD, em Conferência de imprensa, Luís Marques Guedes em estilo "Menezes". Ganhará o PSD alguma coisa com isso?
 

Portugal de há 40 anos. E a Justiça? Senhor.

António Barreto no documentário, em sete episódios, ‘Portugal, um Retrato Social’, de que a RTP 1 apresentou ontem o primeiro, mostra como Portugal mudou em 40 anos. Quase tudo mudou e muito.
Há 40 anos havia pessoas descalças na rua. A maioria das mulheres ficava em casa. As diferenças são abissais.
Na Saúde apesar "das insuficiências e desperdícios" foi dos sectores onde se mudou mais. Portugal há 40 anos era o país da Europa com maior taxa de mortalidade infantil. Hoje é o 5º país com menor mortalidade infantil do mundo!

Do Portugal de há 40 anos não fica pedra sobre pedra, mas... valha-nos isso, uma coisa se salva: a JUSTIÇA.

Tendo conseguido ficar incólume à revolução de 1974 dela diz António Barreto: "a Justiça permanece um sector imóvel, distante dos cidadãos. É a instituição que menos se adaptou ao capitalismo, à sociedade moderna, à União Europeia, à democracia.

Se a JUSTIÇA não mudou nos últimos 40 anos pouco terá mudado nos anteriores 40, então temos uma Justiça do tempo dos pastorinhos.


 

5 anos depois. Em Guantanamo

“O australiano David Hicks, 31 anos, detido há cinco anos na prisão de Guantanamo, declarou-se, culpado de apoio a actos terroristas. Conhecido como o "talibã australiano", Hicks é o primeiro prisioneiro a enfrentar os tribunais militares de excepção criados pelos Estados Unidos.”

Foi preso no Afeganistão, num campo de treino militar dos talibans. Estaria provavelmente de alma e coração com o terrorismo do fundamentalismo islâmico mas parece que “Guantânamo” não conseguiu obter quaisquer indícios de ter participado em algum acto terrorista.
A pena esperada era a prisão perpétua mas a Austrália terá pressionado e segundo os advogados de defesa civis, que não foram admitidos ao julgamento de Guantanamo, ontem realizado e considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal dos EUA, admitem que poderá ter havido um acordo. David Hicks ter-se-á considerado culpado de apoiar actos terroristas e em contrapartida seria condenado a 20 anos de prisão a cumprir na Austrália.

Estes advogados disseram em linguagem eufemística, que o seu constituinte virtual fora “intensamente interrogado” durante os 5 anos em que esteve preso. Ao processo e julgamento foi admitido apenas um advogado militar.

O Coronel Morris Davis, porta-voz do tribunal de Guantânamo, via-se ontem no telejornal a insistir muito em que “a confissão de Hicks foi voluntária e não fora influenciada por nenhuma acção anterior ao julgamento”.
Mas alguém duvidaria?


 

Mais Ota

Naquele debate de Os Prós e os Contras sobre a Ota um dos aspectos mais salientes foi a exigência de novos estudos sobre o novo aeroporto de Lisboa que se anda a estudar desde há 40 anos. Estudos em paralelo, estudos de uma alternativa ou de várias. Exigência especialmente comovedora a que vinha de engenheiros e gabinetes de estudos que não estão a "estudar" a Ota.

 

Paulo Portas vai ganhar a OPA

Entenda-se, a OPA, sobre Ribeiro e Castro...

Um grupo económico e uma entidade têm de ficar preocupados, com esta "fulgurante" investida do PP. Afinal, uma OPA pode "correr" em tempo "recorde" - um mês - pelo que o Prof. Dr. Abel Mateus que se cuide porque, para ele, OPA que se preze, nunca dura menos de um ANO. Grande ineficiência. Não sei mesmo se não terá de ingressar na Moderna (sector de sondagens com bons mestres!) para uma reciclagem na matéria.

E o grupo SONAE, que se preza de recrutar os melhores quadros nacionais, errou o alvo, pois afinal deixou escapar ao seu recrutamento o profundo conhecedor em golpes de OPA.

Uma Universidade para OPA's não será um bom investimento? Candidatos discentes há por aí!! E docentes também!!


 

Vender Salazar

Não faz sentido lastimar o “reaccionarismo”, a “estupidez” ou a “ignorância” do povo Português a propósito do concurso da RTP.
Salazar em primeiro, com 41,0% dos telefonemas, Álvaro Cunhal em segundo lugar com 19,1%, Luís de Camões, em quinto com 4,0% ou o Infante D. Henrique, em 7º com 2,7 % não traduz a opinião dos Portugueses. Não tem mesmo nenhuma relação com ela. Traduz uma maior mobilização de meios por parte de uma direita que quer branquear o fascismo, se revê em Salazar ou, talvez, como diz Medeiros Ferreira, hoje no DN, “a perder o pé no regime” e comete o erro de se ancorar num “neo-salazarismo.

O fascismo não vem aí. Nem a presença de Portugal na UE permite qualquer veleidade de regime “musculado”.

No entanto, este concurso inseriu-se, à partida ou à posteriori, numa larga e larvar ofensiva de revisão da História recente e de reabilitação do fascismo salazarista.

É obrigação dar a conhecer a realidade do salazarismo. Particularmente por aqueles que conheceram e sofreram a ditadura de 48 anos (48 anos!), a falta de liberdade, a censura, a perda do emprego por razões políticas, o medo, o exílio, a prisão e a tortura sistemática dos presos políticos, o assassinato de opositores incluindo a de um candidato à presidência da República. A fome, o atraso material e cultural, a super-exploração imposta pela repressão dos protestos para o enriquecimento rápido da elite beneficiária e sustentáculo do regime.

“Salazar sucede a Sabrina, José Castelo Branco e Zé Maria. São os quatro nomes que venceram os programas de entretenimento e concursos de “voto popular” na TVI e RTP. Big Brother, Quinta das Celebridades, Festival da Canção e agora Grandes Portugueses.”

Se a “vitória” de Salazar no concurso canal público da televisão pode ser ridicularizado assim, com imaginação, pelo Algarve Global, quem preza a verdade e ama a liberdade não deve substimar a campanha “neo-salazarista”. Deve responder, sem tabus, com os factos que caracterizaram o fascismo português. Com seriedade e inteligência e não com manifestações inadequadas, como a de Santa Comba-Dão, que teve o ” mérito” de unir grande parte da população local em “defesa do interesse da terra”.


2007-03-27

 

Diferenças e semelhanças

Marilyn Monroe e Sua Santidade o Papa Bento XVI - O pecado mora ao lado.

Contrariamente ao que dizia um dos mais sombrios portugueses de todos os tempos, -- António de Oliveira Salazar -- que ganhou o concurso do maior português..., da RTP1 (emissão de 25 p.p.), as coisas nem sempre são o que parecem, não dispensando nunca um apurado e aturado exercício de análise acerca de semelhanças, diferenças, entendimentos e contextos.

Deste modo, as semelhanças que apressadamente se poderiam vislumbrar entre estas duas fotos, de Marilyn Monroe e de Bento XVI, desfazem-se em inultrapassáveis diferenças que me escuso de enumerar.

Clamam uns que se trata apenas de um concurso; alarmam-se outros relativamente à nutrida notoriedada que Salazar recupera no espaço público, não apenas pelo destaque que lhe é dispensado mas, ainda pior do que isso, pelo branqueamento do carácter criminoso, brutal e bárbaro da ditadura militar que chefiou, com a cumplicidade de pessoas e instituições de todo o mundo, em aliança com as principais potências da NATO.

Porém, o pano de fundo de desprezo bacoco pelos “direitos adquiridos”, contra a deriva autoritária dos “direitos suprimidos”, facilita um desespero manso da parte dos que seguiram no carro socialista até às urnas e agora se arrependem.

No dia seguinte, os jornais noticiavam que a extrema-direita está presente nas escolas do secundário a concorrer às direcções associativas com listas “independentes”.

Talvez uma coisa nada tenha a ver com a outra…

Ou será que tem?

Sendo certo que em tudo são coisas diferentes, em breve iremos descobrir as semelhanças…

 

OTA. Afinal a novíssima alternativa é... Rio Frio!

N' Os Prós e os Contras os argumentos a favor de uma alternativa à Ota revelaram-se ou pouco consistentes ou francamente falaciosos.
A grande expectativa era a descoberta de um local alternativo melhor. Ora a descoberta de José Manual Viegas foi... Rio Frio. Ou mais rigorosamente o Poceirão, poucos quilómetros ao lado da localização anteriormente estudada, na mesma zona de Rio Frio, chumbada por razões ambientais.
Se alguém merece distinção pela consistência da argumentação e pela informação disponibilizada a mostrar que muitas das dúvidas actuais foram objecto de estudo desde 1997, foi o consultor técnico da NAER o eng. Artur Ravara (também estiveram bem o dir. fac. Ciências e Tecnologia da UNL Fernando Santana e o eng. Silveira Ramos, presidente da APPC). Se alguém se saiu mal do debate foi o professor do IST, José Manuel Viegas.
Entusiamado com os argumentos, mesmo pouco plausíveis, contra a Ota, sentado na primeira fila e com uma forte claque, estava o deputado do PSD, Luís Rodrigues, um dos mais assanhados deputados da oposição, nos debates com o Governo na AR, sobre a Ota e afins.

Post Scriptum: Vital Moreira, no Público de hoje, é bastante convincente na argumentação com que ataca muitas dúvidas que possam subsistir sobre a OTa.

2007-03-26

 

Ínclita Geração



Refiro-me à geração de 60. Aos milhares de estudantes das lutas académicas de então representados pelos 300 "estudantes" que comemoraram com mulheres, maridos, filhos e netos, o Dia doEstudante, na Reitoria e na Cantina da cidade universitária de Lisboa, no passado Sábado.

No anfiteatro da Reitoria a sessão foi presidida pelo reitor António da Nóvoa e falaram pelo movimento associativo do Porto, de há 45 anos, Alexandre Alves Costa, pelo de Coimbra, Judite Cortesão, pelo de Lisboa, José Medeiros Ferreira e pelo movimento dos estudantes dos liceus Ruben de Carvalho. Presente o secretário-geral da RIA (reuniões inter-associações) de então, e Presidente da República até há pouco, Jorge Sampaio, que descerrou, na "cantina velha", uma lápide alusiva à luta académica de 1962.
Artur Pinto e Jorge Galamba foram, como habitualmente, dois incansáveis organizadores da comemoração que contou com o apoio da Fundação Mário Soares.

Sem diminuir o papel de outras gerações parece-me de elementar justiça sublinhar a importância da participação política dos jovens estudantes da "crise académica" de 62 (e que tem continuidade na de 1969) para o derrubamento da ditadura fascista (não há quer ter medo das palavras certas) de Salazar. Eles (e outros! trabalhadores das fábricas, dos campos, das letras) arrotearam, adubaram e semearam o terreno donde brotaram os cravos de Abril, em 1974.


2007-03-25

 

Presidenciais, em Timor-Leste, em Abril

"Começo morno para Ramos-Horta"

"José Ramos-Horta iniciou hoje a sua campanha eleitoral na capital, num ginásio meio vazio, enquanto Francisco Guterres "Lu Olo" teve uma cerimónia muito participada na sua aldeia natal, Ossú, Viqueque, no leste do país.

José Ramos-Horta, que suspendeu às 00:00 horas de hoje (15:00 de quinta-feira em Lisboa) as funções de primeiro-ministro, abriu a campanha presidencial no maior pavilhão de Díli, o GMT, no campus da Universidade Nacional de Timor Lorosae. "

"Lu'Olo" candidato pela FRETILIN

"Um antigo guerrilheiro da resistência que agora é Presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste, [e presidente da FRETILIN] Francisco "Lu'Olo" Guterres, lançou em 23 de Março de 2007 a sua campanha para ser Presidente da Repúblia num comício com 10,000 apoiantes ... na cidade de Ossu, a sudeste de Dili."

"Lutou nas montanhas durante toda a ocupação [indonésia] de 24 anos e era o membro da Fretilin de mais alto nível em Timor-Leste quando as forças armadas Indonésias partiram em 1999."

Declaração

"... Ao longo dos vinte e quatro anos da ocupação tive sempre o privilégio de estar ao pé do nosso Povo, para sentir a sua força e determinação em vencer. Vivi e sofri com eles. Juntos vimos tombar, um por um, os nossos heróis. Por isso, é também em nome deles que aceito ser candidato da FRETILIN.

"... Sou católico convicto. Mas no domínio da liberdade e convicções religiosas, ajudarei, sempre que necessário, o diálogo entre as diferentes escolhas e opções. Combaterei com todas as minhas forças todo o tipo de extremismo ou fanatismo, vindo donde vier. Com convicção, promoverei o ecumenismo.Prometo ser um Presidente em prol da solução dos problemas. Não serei jamais fonte da criação de conflitos."

"... Dedicarei com particular atenção muito do meu tempo à CPLP e ao reforço desta nossa Comunidade dos Países de Língua Portuguesa."...



Xanana Gusmão cria partido

A Fretilin vai recorrer para os tribunais da pretensão "oportunista" de Xanana Gusmão de dar ao partido que está a criar o nome de: “Congresso Nacional para a Reconstrução Timorense”, com a sigla CNRT procurando confundir os eleitores, mais de 50% dos quais analfabetos, e capitalizar o prestígio da anterior organização da resistência, o Conselho Nacional da Resistência Timorense, igualmente conhecida pela sigla CNRT”.



8 Candidatos

Os 8 candidatos presidenciais começam Sexta-feira, 2007-03-23 a campanha eleitoral para as eleições de 2007 -04 -0.
Francisco Guterres Lu-Olo começou a sua campanha em Viqueque-Ossu, Avelino Coelho em Manatuto, Francisco Xavier do Amaral em Aileu, Manuel Tilman em Aileu, Lucia Lobato em Liquiça, José Ramos Horta em Dili, João Carrascalão em Ermera e Fernando de Araujo Lasama em Suai-Covalima. (TP)


 

Directora de escola detida...

Em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais, e com Sarkozy a acumular as funções de ministro do interior e candidato, a caça aos emigrantes ilegais acentua-se.

Utilizando técnicas que fazem lembrar outros tempos a polícia tem detido pessoas indocumentadas em hospitais (geralmente por denúncia de médicos, enfermeiros ou pessoal administrativo), por vezes organizam-se autenticas armadilhas: o serviço de estrangeiros convoca um imigrante para estudo do dossier de regularização e este é acolhido pela polícia, recentemente o conselho de estado considerou estas armadilhas como ilegais.

Na passada sexta-feira a polícia apresentou-se à saída de uma escola pré-primária para deter o avô de dois alunos, certamente informada por alguém que o avô ia buscar os netos à escola. Alguns pais presentes opuseram-se e a directora da escola que tentou proteger as crianças do triste espectáculo foi detida para averiguações durante 6 horas.

O caso é grave e não posso deixar de pensar nos cálculos eleitoralistas de Sarkozy que tem tentado conquistar os votos da extrema direita.

Para mais informações deixo-vos um artigo do Libération e o comunicado da federação de associações de pais em que participo.
 

LER os OUTROS

Os 's : Medeiros Ferreira sobre salazarismos serôdios e inaceitáveis e Joana Amaral Dias que cita, muito a propósito VPV;


o CAUSA NOSSA Vital Moreira sobre as alternativas à Ota e os interesses ligados a alternativas à Ota;

o ÁGUA LISA João Tunes sobre o Dia do Estudante de 1962 e as mafias nas "Universidades Independentes" e os milhões de crianças à venda.

o bl-g- -x-st João Pinto e Castro conta o seu caso a propósito da licenciatura de Sócrates e fala da carreira do "pastorinho enfarpelado" Paulo Portas


2007-03-24

 

Os alunos da "Independente"

Salvo honrosas excepções, muito poucas mesmo, o ensino superior não público em Portugal sempre foi um "caso de polícia". O caso da Independente é apenas mais um a acrescentar ao largo historial deste tipo de ensino em Portugal. Até nisto somos diferentes e sempre para pior.

Pelo que, para além dos "casos de polícia", mereceria uma profunda investigação para se detectar o que move estas iniciativas. Pelos "fumos" não me parece ser movido por boas causas. Quando digo uma profunda investigação não me refiro em sede de "justiça", essa só prova as suas contínuas contradições, de que este caso é paradigmático.

Não é mesmo esse o campo da investigação é na área académica. Dá bem para uma tese de doutoramento.

Voltando à Independente e aos alunos, estes são os grandes prejudicados. E francamente não se percebe ou não se sabe se e porque razão o Ministro Mariano Gago anda tão apático!!.

Os alunos têm todo o direito de exigir uma intervenção imediata do Ministro. Será que este não é um tema para as comemorações do dia de Hoje - dia do estudante?

2007-03-23

 

Um lego para os juízes deste país

A melhor prenda para um juiz é um lego. Dos bem simples. Um lego a todos os juizes, para ver se treinam e minimamente aprendem um caminho lógico de decisão, aprender a compor o puzzle.
Nestes últimos tempos, os caminhos da justiça têm sido um desastre. Como se pode compreender tanta decisão tão disparatada, feita em nome da justiça, no já famoso e penoso caso E? Como se pode compreender tanta contradição no caso da Universidade Independente? Destruiram o lego sem aprender a manejá-lo-lo.
Como são possíveis tantas e sucessivas decisões disparatadas, desencontradas, contraditórias, de tribunal para tribunal ? Veja-se o caso E. Polícias não cumpriram mandado de detenção
Chegou o momento de arranjar uma outra designação. Não é justo chamar de justiça a decisões deste tipo. Invente-se uma outra designação. Em vez de tribunais de justiça, chamemos-lhe tribunais da incerteza e do devaneio, onde tudo é possível. Serão precisas leis para o tipo de justiça a que estamos a assistir?

 

Missil desfaz... discurso


Quando o bom do secretário-geral da ONU, um desconhecido Ban Ki-moon, tentava numa conferência de imprensa, no interior da super-defendida zona verde, em Bagdad, confortar o desanimado primeiro-ministro do Iraque, com palavras animadoras:

"Estou confiante , vamos ver próximamente um futuro melhor, mais seguro..."

quando, como que de propósito, a explosão de um míssil, literalmente o abanou e ele instintivamente fez o gesto de se atirar para baixo da mesa.
Daria para uma gargalhada se a tragédia não fosse mais do que suporta a alma humana.


 

A tragi-comédia da OTA

Começo por uma declaração de interesses: sou, desde os tempos do meu amigo Cravinho, contra um aeroporto na Ota. Mas disse-o logo (não ouviram?) não faço como Marques Mendes que só agora se lembrou de tal. E sou contra porque tenho por herança, casa e bens (poucos malheureusement) perto da serra de Montejunto e não quero ver os céus rasgados a toda a hora por aviões.
Vem isto a propósito das notícias de que um grupo de empresários (pensei logo, mal intensionado, em Belmiro, por causa da OPA da PT) com a ajuda da CIP e de José Manuel Viegas do IST, estão a fazer um estudo à pressa, com a ajuda de binóculos modernos e do Google Hearth, que dará já em Maio 5 ou 6 sítios melhores que a Ota na margem Sul.
Oxalá! digo eu, para bem do país e descanso da paisagem da minha terra. Mas, bule comigo uma atrevida interrogação: Porquê agora? Porquê só agora? Nove anos depois da escolha do ministro Cravinho, dezenas de milhões de euros depois, gastos em estudos preparatórios da construção da Ota? Para ajudar Marques Mendes? Porque não pouparam dinheiro ao país tratando logo do caso no tempo dos Governos de Guterres, de Durão Barroso ou de Santana Lopes já com Marques Mendes no Governo. Poder-se-ia alegar que só agora se conhecem os constrangimentos. Mas não é verdade o essencial deles é conhecido desde a origem.
Que move então estes novos paladinos do bem pátrio? O interesse do país? A guerrilha partidária? O cerne da pequena política, de todos os quadrantes: a luta pelo poder alavancada pela clientela sequiosa e impaciente?

 

Portas, Valente & Monteiro.

Enquanto Manuel Monteiro, para vender a Nova Democracia, monta banca no Chiado sob o olhar surpreendido de Fernando Pessoa, Vasco Pulido Valente, arrependido, no Público, cai nos braços de Paulo Portas.


Post Scriptum: Caro Manuel Monteiro, vou-lhe dar uma dica, grátis: troque a "Nova" Democracia por Democracia "Moderna". Então não se está mesmo a ver que o segredo está na palavra moderno. Ou moderna. Tanto faz.


 

Portugal descobriu a Austrália


De acordo com o livro Beyond Capricorn do investigador Peter Trickett, lançado esta semana pela editora australiana East Street Publications, a Austrália foi descoberta pelos portugueses, e não pelos holandeses ou britânicos. O português, Cristóvão de Mendonça no comando de uma frota de quatro navios, entrou na Baía de Botany, no que hoje é a Austrália, no ano de 1522, 250 anos antes do Capitão Cook, que reivindicou esta ilha continente para a Inglaterra.

E assim se descobre por detrás do internacionalista encartado o nacionalista empedernido. É que gostei mesmo de mais esta prova da nossa primazia sobre os Ingleses. A juntar ao José Mourinho e ao Cristiano Ronaldo.

 

Miguel Torga ou Big Brother?

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, leu o post, aqui em baixo, do Manuel Correia e apressou-se a dizer no telejornal que Miguel Torga não sairá dos programas escolares como os "pedadogos" encartados do ministério, favoráveis ao estudo do televisivo Big Brother, pretendiam.

2007-03-22

 

Estilo rotteweiler

Valentim Loureiro foi hoje à Grande Entrevista da RTP. A grosseria era mais do que, em geral, um estômago normal aguenta. Mas tinha uma boa razão para não mudar imediatamente de canal, o estilo rotteweiler do major deixava antever uma Judite de Sousa trocidada antes do fim da entrevista. Felizmente saiu ilesa.

 

De aeroporto a campo de manobras do PSD

O Governo conseguiu atingir e ultrapassar, com considerável folga, a meta que se tinha proposto para a diminuição do défice das contas públicas. Como poderia a isto responder o PSD? Com uma manobra de diversão: a OTA.
Além dos factos já enunciados pelo 1º ministro na AR comprovando que o PSD no Governo aprovou a localização da Ota veio hoje o ministro Mário Lino acrescentar que o partido de Marques Mendes quando esteve no Governo apresentou a Ota como projecto prioritário a Bruxelas.

 

Público tablóide

O Público gastou hoje, 4 páginas inteiras numa devassa indigna e vã com o objectivo de diminuir José Sócrates.
Efeitos colaterais da derrota da OPA de Belmiro de Azevedo sobre a PT, que já tinha feito perder a compostura a José Manuel Fernandes?

2007-03-21

 

No dia não sei quê da poesia.



UM POEMA

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga, Diário XIII


 

Ler o passado para responder ao futuro

No MEMÓRIAS há uns posts recentes:
Eleições de Salazar (uma memória muito didática para quem gosta de concursos à RTP) do professor António Brotas.
Passar a fronteira a "salto" (a informação perdeu o interesse prático com a democracia e a União Europeia)
E uma curiosidade "Portugal de há 50 anos" sobre a minha experiência militar no SMO ao serviço da Pátria.
 

O imperialismo escolar


Para nos provar que há mais do que uma maneira de interpretar o slogan “Ligar o ensino à vida e a escola à comunidade”, o Ministério da Educação veio recentemente [notícia do DD aqui] lançar as bases do que poderá vir a ser, na futura reforma do sistema político, o “Ministério da Educação, da Família, do Empreendedorismo e Tempos Livres”.

Tal agrupamento de funções e valências corresponde a uma rara ousadia intelectual, racionalizadora, inovadora e, -- apesar de estar provado que os actuais governantes não se deixam enredar demasiado na problemática do défice, -- propiciadora de uma significativa redução do défice orçamental.

Assim, os edifícios e pessoal ficarão mais baratos, flexíveis e multifuncionais.

Além da indiscutível vantagem que os Ministérios Mix trarão à arquitectura do sistema político, modelam-se as memórias futuras e prepara-se uma autêntica revolução cognitiva.

As futuras gerações poderão dizer: “Ali fui baptizado, ali aprendi, ali me casei, ali fiz o meu primeiro negócio. Ir à escola passou a ser quase tudo para mim”.

Os republicanos laicos, exultam: as religiões que se cuidem!

Confessem:

- Ninguém esperava tanto deste Governo!

2007-03-20

 

Depois da(s) guerra(s)



Tristan Wyatt
AGE 21
FRANKTOWN, COLORADO

Perna amputada após ter sido ferido em combate, em 25 de Agosto de 2003, perto de Fallujah.

"É fácil enviar soldados para a guerra.
Mais difícil é encará-los quando regressam a casa."

[Cortesia de Mother Jones]
 

"Pacificar o CDS"

Paulo Portas, achou que passou o tempo suficiente para o "bom povo" se ter esquecido do Paulo Portas epígono da direita pura e dura e acólito de Santana Lopes na comédia de governo a que Sampaio pôs fim. E ponderou que a boa estrela de Sócrates pode mudar.
Paulo Portas anunciou então o seu regresso à liderança do CDS, pomposamente, em 1 de Março, à hora do telejornal, no Centro Cultural de Belém. Vestido agora de centrista.
Ninguém esperava que trouxesse um qualquer programa político. Nem ele próprio achou adequado apresentar-se com tão supérfluo adorno.
Trazia apenas uma bandeira, um desígnio: "pacificar o CDS".
Em Óbidos, Maria José Nogueira Pinto não permitiu o assalto ao poder e estragou-lhe a festa.
Vamos a ver se temos homem ou se temos mulher.

 

"Vou ali limpar o chão"



Aqui vai Naomi, mais agasalhadinha do que ali, a caminho do armazém em Nova York a que foi condenada a limpar, de esfregona na mão, para não andar a atirar telemóveis à cabeça das empregadas, quando as coisas não lhe correm bem.

 

Aznar firme na azneira


Há quem nunca aprenda nada. Parece ser o caso do ex-primeiro ministro espanhol José Maria Aznar ao continuar a defender a invasão do Iraque, agora numa conferência em Sidney.
E Barroso? Esse prefere calar-se.

 

LER os OUTROS

Perseguição a livre pensador durante a monarquia é título do post de Ricardo Alves no blog ESQUERDA REPUBLICANA que passo a transcrever:



O Almanaque Republicano tem prestado um serviço inestimável na divulgação de efmérides, fotografias e memórias do período da 1ª República. Num dos últimos artigos, encontra-se este facto singelo:

«1906 [16 de Março] - Dá entrada na cadeia do Limoeiro, Carlos Cruz, secretário da Associação Propagadora do Registo Civil de Lisboa, para cumprir a pena de vinte meses de prisão por ofensas ao dogma da Imaculada Conceição, publicadas no jornal Vanguarda. Carlos Cruz acabou por cumprir somente setenta e oito dias de prisão, porque foi indultado pelo governo de João Franco.»

Para quem não sabia: em pleno século 20, ainda havia em Portugal quem fosse parar à prisão por pôr em causa um dogma religioso (ou seja, por expressar o seu pensamento em matéria religiosa). E depois ainda dizem que a República é que «perseguiu» a ICAR...


 

O BLOG DO MAI

É o blog do MAI o NOSSA OPINIÃO. Ali o ministro António Costa ou o secretário de Estado José Magalhães (Internet, sites, blogs, deve estar nas suas sete quintas) explicam tudo. Por a+b. Sobre as escutas, sobre o atentado à nossa privacidade que o cartão 5 em 1 poderá representar, sobre a concentração dos serviços de informação, o já célebre e arrepiante SISI.
Não sei se a ideia é boa ou não. Porque assim, todos aqueles artigos de opinião, do Vasco Pulido Valente, do Pacheco Pereira, do Rui Tavares, da Joana Amaral Dias, que leio religiosamente, sobre o monstro, o Estado Policial que António Costa, Alberto Costa e em definitivo José Sócrates, subrepticiamente vão, na sombra, entretecendo ficam sem préstimo. E lá se me vai o Intendente Geral, o Pina Manique, que já ia vendo com cara de ministro em pesadelos. Assim perde-se todo o frisson daqueles artigos. É dinheiro atirado à rua.

2007-03-19

 

Iraque, o Vietnam dos dias de hoje(3)

Faz amanhã quatro anos que se iniciou a invasão do Iraque.
Quatro anos é o tempo que leva a destruir um país.
Quatro anos é o tempo que leva um país - os EUA - a perceber que foi enganado pelo seu governo e a opor-se à continuação da tragédia.
Quatro anos de fomento do terrorismo, de instigação à guerra civil.
Quatro anos que representam 800 mil mortos entre a população civil, 2 milhões de habitantes deslocados nos países vizinhos, 3200 militares norte-americanos mortos e 22 mil feridos, uma economia arrasada, ódios à solta por quatro décadas.
Recapitulando, a título de exemplo: aqui, aqui, e aqui.
 

ALLGARVE??


Copiado daqui

Além de pirosa e ofensiva dos naturais a ideia parece-me um erro de marqueting. Algarve é uma marca consolidada. Tem muitos anos e euros atrás de si. Necessitará, necessita sempre, de mais e melhor promoção. Mas ALLGARVE parece-me um disparate saloio. Agravado pela presença e aval do ministro Manuel Pinho no lançamento da ideia que assim fica comprometido com o seu fracasso.

Parece-me conveniente ponderar antes de começar a gastar os 3 milhões de euros em cada um dos 3 próximos anos para não se ter de gastar outro tanto a repor a "marca" verdadeira de ALGARVE.

Desde que deixou de ser al-Gharb al-Ândaluz, (al-Gharb, «o Ocidente» do "al-Andaluz) em 1249, com a conquista definitiva de Afonso II, que a "marca" já leva 758 anos de consolidação.


 

Eos partidos à esquerda: Bloco e PCP?

Também marcaram presença nas manifestações de Paris contra o fecho dos consulados. E bem pois o projecto de reeestruturação não é nada claro em termos de eficácia e de resposta ás necessidades dos nossos emigrantes.

Sou um bocadinho ignorante nestas áreas.

Nunca atingi lá muito bem o alcance de muita da nossa diplomacia. Tive contactos e experiências falhadas com a diplomacia portuguesa. Há gente muitíssimo capaz, infelizmente pouca e quanto mais se sobe pior, reconheço. A diplomacia económica com Carlos Tavares foi um fiasco.

Não sei em que bases Luis Amado desenvolve a sua reforma, mas se a base fôr a informação oficial canalisada pelos canais diplomáticos é de duvidar da sua eficácia.


 

E no PS? Que animação houve?

Muita. As novas fronteiras. Seria interessante perguntar ao zé taxista se sabe isso o que é.

Mas não se ficou por aqui.

Houve o Alberto João jardim que não mediu bem o tamanho das pernas e então quer umas regionais com a presença de Sócrates. Quer o Homem lá para mandar uns "piropos daqueles que só ele bem sabe" e dizer que Sócrates perdeu.

E a grande parvoice é se Sócrates vai na esparrela. Já caiu uma vez ao falar da Lei das Finanças Regionais numa visita de partido.

E o tema sempre actual: a OTA.

Aqui, o governo tem obrigação de disponibilizar mais informação e responder a uma série de mal entendidos.


 

Fim de semana também animado no PSD

Afinal também o PSD anda todo dinâmico.

Santana Lopes diz que anda por aí mas parece ter chegado à conclusão que é o melhor posicionado num determinado contexto para avançar contra Marques Mendes e, se não o fôr, junta-se ao PP que bem precisa para um novo partido, com a potencial saída dos antigos CDS. Santana Lopes só não estrangula o pequenino porque "a tribo" portuguesa já ultrapassou esse estado civilizacional, mas mostrou vontade e teve pena destes nossos avanços.

Luis Filipe Menezes, esse já chegou à conclusão que vai mesmo desancar no pequenino, coitado, tem de ser com cuidado, afinal a solidariedade partidária assim o exige.

Borges, a carta fora do baralho, aponta o dedo a Santana e diz: sai, porque estás sozinho. Mas afinal quem é esse Borges que apoia o pequenino mas fazendo olhinhos a Ferreira Leite? Sem dúvida uma carta a esquecer. Não entra neste jogo que afinal de contas não é de principiantes.


 

Um Domingo Animado

Lá pelos lados da Curia, reza a história que a Drª Maria José Nogueira Pinto não estava devidamente "aparelhada" para a reunião do CDS em forte inclinação PP.

Acreditou que o Verão estaria à porta, quando afinal o que a esperava era um Inverno muito intenso.

Não levou luvas (de protecção, mais propriamente de boxe) e bem delas precisou.

No Conselho Nacional do CDS valeu tudo, mesmo tirar olhos.

Aguarda-se hoje a versão de Nogueira Pinto, que, na declaração final de Paulo Portas, foi mesmo muito achincalhada. Posta abaixo de cão. Fica melhor este termo. Pouco educado em abono da verdade, registe-se.

Mas Paulo Portas anda equivocado no mundo. Da passagem pela Moderna, no departamento das sondagens afinal, pouco reteve de ensinamentos. Parece ter aprendido pouco nessa sua função.

O CDS/PP, por este andar, ainda acaba por "reconstruir" um partido em fase permanente de "lua em estado minguante".Um partido dos 5%.

Os gatos fedorentos ficaram um manancial de temas inesgotáveis. Venham mais CDS destes que o Zó Povinho anima. E que tal um frente a frente dos gatos Maria José/PP?

P:S.Corrijo, baralhei-me e troquei Óbidos pela Curia. Mas não troquei Ribeiro e Castro por Paulo Portas


2007-03-17

 

A actualidade da história (1)

Sísifo, ou os trabalhos da história.

A reposição do retrato de Freitas do Amaral no friso de antigos dirigentes do CDS (já referido no PUXA, aqui) e a proposta de um livro único para a história da União Europeia, recolocam perante os nossos olhos a evidência da premente actualidade da história.

O CDS/PP promove a reintegração de um ex-Ministro de Estado de José Sócrates. O retrato viajou do Largo Adelino Amaro da Costa para o Largo do Rato, (onde se festejava a recém obtida Maioria Absoluta do PS), regressando agora ao antigo Largo do Caldas (onde Portas supõe que, depois do que fez a Manuel Monteiro, não há Castro que lhe possa resistir). É uma alfinetada em Portas e um remoque altaneiro à sua tentação estalinista de apagar Freitas da foto de família.

Enquanto isto, José Sócrates reúne com o Grupo parlamentar do PS. No ano passado, algo de semelhante sucedeu [espreitar aqui]. Entretanto os ânimos serenaram. É a cíclica “acalmação”. As práticas democráticas da “Nova Esquerda” têm também as suas vicissitudes

Do eixo franco-alemão soltou-se um impulso concentracionário. O alvitre de um livro único sobre a União. Como quem diz,- "já que a Constituição Europeia não passou (e era um documento só), que passe agora uma versão singela da História."

Já que a coisa não vai lá com fanfarras eleitorais, voltemos à política dos “pequenos passos” de esperançosa memória. Ou seja: agora um livro; depois, o outro.

Retratos que vão e vêm; Portas que saem e tornam; deputados que se lamentam anualmente e versões únicas da história.

Tudo historicamente actual. Isto é: tudo velho e relho...


 

Carmona sob suspeita?

Diz o Expresso de hoje que Santana e Helena Lopes da Costa vão depôr contra Carmona.

Poderia ser mais uma guerrinha de bastidouros!!

Mas se Carmona afastou Helena Lopes da Costa do processo final da Bragaparques, alegando que ela tinha muitos dossiers, quando o dossier era do seu pelouro como ela diz ao Expresso, no mínimo cheira a esturro.

Se a deputada conta esta história no DIAP vem complicar ainda mais o ambiente de suspeição que reina na CML, em que parecia que carmona não entraria.

E se Carmona for tido por arguido, o que vai ser de Marques Mendes?

O homem anda com galo nestes últimos tempos. Só umas velinhas à Senhora do Sameiro, que é lá por perto da sua terra natal.


 

A Ota no Expresso da meia-noite

A Ota foi o prato forte do Expresso da meia-noite de ontem. Ricardo Costa e Nicolau Santos colocaram frente a frente o ministro Mário Lino e o comandante Azevedo Soares, acessorado por um engenheiro especialista em estruturas, Leite Pinto, que com um piloto da aviação civil compunham a mesa.
Azevedo Soares em nome do PSD, contesta a localização do aeroporto na Ota. Que o local é péssimo. A quantidade de aterros necessários um despautério. Linhas de água que encharcam o juízo ao mais enxuto dos mortais. A despesa excessiva. Que fica esgotado em pouco tempo. Que não tem capacidade de expansão. Uma socrática desgraça.
Mário lino contestou todos os números e que a artigos de opinião na imprensa opunha estudos de empresas de reconhecida idoneidade profissional nacionais e internacionais. Reconheceu que o local não era óptimo mas apenas o melhor. E que se o PSD conhecesse um melhor que dissesse qual.
Mais disse que toda a gesticulação do PSD em torno Ota não passava de uma guerrilha partidária porque tendo a Ota sido finalmente escolhida pelo Governo do PS em 1998, ao fim de muitos anos de estudos de governos do PS e do PSD, ela foi apoiada pelos Governos do PSD com o CDS que antecederam o actual Governo. Isso mesmo foi lembrado por Ricardo Costa. Mário Lino lembrou ainda que o PSD não contestou nunca a Ota, nem durante a última campanha eleitoral e só passou a contestá-la depois da derrota eleitoral. E isso porque se ganhasse as eleições continuaria, como sempre o PSD fez, a apoiar essa localização.

 

Marques Mendes em Belém com a Ota no regaço

Marques Mendes está num sufoco. As sondagens não levantam voo. Santana Lopes - um sulista - atazana-o com declarações de divergências insanáveis no PSD. Luís Filipe Menezes - um nortista - sai-lhe à estacada, de machado da guerra ao alto e apresenta-se já, com um ano de antecedência, a disputar-lhe a presidência do PSD, no congresso de 2008. Vasco Pulido Valente que até há pouco o ia poupando ao veneno letal das suas definitivas profecias já o entregou à sua pouca sorte. É demais. Tudo lhe acontece. Até António Vitorino se gaba de ter mais 2 centímetros de altura do que ele.
O desespero atormentava-o ao ponto de não excluir uma ida à bruxa quando o comandante Azevedo Soares o salvou:
- Oh homem, vá a Belém. Ao Cavaco. Proteste contra o aeroporto da Ota.
E Marques Mendes, mesmo com os tais centímetros a menos - a ser verdade - lá foi. E espera que, tendo em conta o tema, as sondagens, ao menos uma vez, levantantem voo.

2007-03-16

 

Estado Clientelar

[Ver a opinião e esclarecimentos de Vital Moreira, sobre este post, que gentilmente me enviou e que anexo no fim do artigo.]



Frequentemente chamamos-lhe Estado Social mas, sem deixar inteiramente de o ser, seria mais apropriado tratá-lo como essencialmente, defacto, ele é: um Estado clientelar.
Um exemplo, e não dos mais expressivos, é o que já há algum tempo relatava o CM [link] e um amigo, B.E.D. (a viver em Israel mas atento ao que se passa aqui na sua segunda pátria) agora me relembrava indignado.
É o caso, de Jorge Vasconcelos que, quando presidente do conselho de administração da ERSE, não concordando com uma decisão do Governo se demitiu das suas funções.
Ora JV apesar de ser ele a demitir-se tem direito, pelos estatutos que ele fez e o conselho de administração da ERSE a que ele presidia aprovou (pudera) a uma remuneração de dois terços do seu salário (18 mil euros mais ajudas de custo) ou seja tem direito a 12.000 euros 14 vezes por ano, durante dois anos se entretanto não se empregar.

E você aí? De que está à espera? Está chateado com o emprego ou com o patrão? Pois venha-se embora que tem direito durante dois anos a 2/3 do salário.
Não é bem assim. Isto é só para a clientela do Estado Clientelar. Você tem é de pagar esta e muitas, muitas outras e muito maiores benesses dos verdadeideiros beneficiários do Estado "Social".



Opinião e esclarecimentos a este post enviados por Vital Moreira:

1º Quem pôs aquela norma nos estatutos da ERSE fui eu, numa revisão de 2000, se não estou em erro, não tendo a direcção da ERSE sido ouvida nem achada;

2º uma norma dessas existe em várias outras entidades reguladoras, a começar pela Anacom, sendo um meio de garantir a independência dos reguladores, visto que estão proibidos de aceitar empregos no sector regulado durante esse período;

3º a remuneração só é devida se e enquanto os interessados não tiverem outra remuneração

4º no caso do Jorge Vasconcelos ele não pediu tal remuneração, e até disse publicamente que entendia que nem sequer tinha direito a ela porque a norma tinha sido aprovada quando ele já estava em exercício de funções.

As coisas nem sempre são o que parecem.


 

Sem ferir credos ...

Mas tem encaixe ... tanto mais na época política que a Região atravessa e que a comunicação social precisa de se auto - alimentar.

Eis a anedota que acabo de receber, que já conhecia, mas agora é bem oportuna.

Um dia, houve uma reunião no Funchal para decidir onde seria enterrado ALBERTO JOÃO JARDIM quando estiver com os pés na cova.
Um secretário regional dos mais seguidores sugeriu:
Deve ser enterrado no Funchal. Afinal, é a sua cidade natal.
Então, um bêbado, presente na reunião, disse com aquela entoação típica dos bêbados: No Funchal pode... Só não pode em Jerusalém!!!
Como estava virado, ninguém deu bola para o que ele disse.
Um segundo secretário regional disse: Acho que deve ser no Funchal, mas na freguesia de São Pedro onde ele viveu e fez a sua carreira política.
O bêbado mais uma vez interveio: Em São Pedro pode... Só não pode em Jerusalém!! !Novamente, ninguém lhe deu ouvidos.
Um terceiro secretário regional finalmente sugere: Funchal, não! Em Lisboa, pois era Presidente de um Governo Regional e todos os presidentes devem ser enterrados na Capital!
E o bêbado novamente:- Em Lisboa pode... Só não pode em Jerusalém!!!
Até que perderam a paciência com o bêbado: Por que é esse medo que o Alberto João seja enterrado em Jerusalém?
E o bêbado responde:
Meus amigos, uma vez enterraram um gajo lá e ele RESSUSCITOU!!.
agora digo, meus amigos: já ou viram alguma anedota ou fado sem uma mensagem?!

 

"O Inimigo Público"

O Inimigo Público de hoje tem uns títulos fabulosos cujos conteúdos não ficam atrás.

Muita da nossa santa e abençoada gente, no íntimo, ficam roídos, quando caricaturados. Os políticos à 6ªfeira é vê-los logo pela manhã muito cedo, a correr para a banca dos jornais para que, se constarem das colunas do IP, voltarem a casa treinar frente ao espelho a cara, a boca , as orelhas, o nariz, as mãos que devem "fazer", frente é claro aos seus rivais congéneres.

Vejamos alguns dos títulos de 1ª página:

Destes cinco títulos/temas desenvolvidos gostei muito da história da Europa com um parágrafo dedicado a Mr Barroso e enquanto ele fôr presidente da Comissão, depois há o picotado para o retirar.


 

O Debate da Nação

No debate da Nação (RTP às 5ªs) os deputados Paulo Rangel (PSD), António Filipe (PCP), Anacoreta Correia(CDS), Fernando Rosas (BE) e Francisco Assis (deputado do PE pelo PS) analisam a política. Sem querer pôr em causa a qualidade dos intervenientes forçoso é concluir que as análises são todas previsíveis. Com maior ou menor habilidade e articulação os deputados da oposição discordam sempre de todas as decisões do Governo e o do partido do Governo faz o contrário daqueles.
Anacoreta Correia que até disse coisas interessantes como por exemplo o Governo de Sócrates continuar a tirar dividendos da comparação com o Governo que o antecedeu usou como prova da má governação do actual Governo o facto de Portugal, no que respeita aos ritmos de desenvolvimento, estar a divergir da União Europeia há sete anos. Sete anos? Mas 7 anos é Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e Sócrates. Ora tal argumernto só serve para comprovar o que já toda a gente sabe: o desempenho da Economia está muito pouco dependente do desempenho dos Governos.

 

Freitas do Amaral regressa ao Caldas



O retrato de Freitas do Amaral regressou à sede do CDS, na quarta-feira passada, pela mão de Ribeiro e Castro.
O retrato do primeiro presidente do CDS tinha sido banido da sede do partido quando Paulo Portas chegou à sua liderança: um gesto gratuito para corrigir a História inspirado em Estaline que fez escola ao apagar das fotografias os rivais caídos em desgraça.
Vamos a ver se, na eventualidado do regresso de Portas à presidência do partido, não voltará o retrato de Freitas do Amaral a sair da parede e então na companhia do de Ribeiro e Castro.

2007-03-13

 

Saudades da Guerra Fria

Bush preocupadíssimo com a segurança da Europa trava negociações com a Inglaterra, a República Checa e a Polónia para aí colocar modernos mísseis antimísseis (controlados exclusivamente pelos EUA já se vê).
A Rússia teve uma reacção muito vigorosa e ameaçou com uma resposta à altura do que considerou um regresso dos EUA à guerra fria.
A Administração americana mostrou-se muito surpreendida porque os mísseis não são para criar uma barreira aos mísseis russos. Os mísseis americanos na fronteira da Rússia são - garante washington - para defender a Europa de um ataque nuclear da Coreia do Norte (que não tem mísseis de longo alcance) e do Irão (que não tem nem armas nucleares nem mísseis para os trazer).
Moscovo interroga-se sobre o que pensaria o Pentágono se a Rússia colocasse de novo mísseis em Cuba com o pretexto de defender a ilha, digamos, de Israel e do Paquistão, por exemplo.
Luís Amado e Massimo D'Alema consideram que os EUA em vez de tratarem o assunto do escudo antimíssil país a país devem-no fazer no âmbito da NATO ou da UE. O mesmo diz a Alemanha que preside à UE.

2007-03-12

 

O Couço terra de heroísmos


O Movimento Cívico NÃO APAGUEM A MEMÓRIA surgiu como reacção à transformação da sede da ex-PIDE/DGS em condomínio de luxo. Várias pessoas que sofreram o fascismo ou consideram indispensável não apagar da História de Portugal a memória da ditadura que durante 48 anos subjugou o país desenvolveram várias acções, nomeadamente contactos com o Governo, o Parlamento, câmaras municipais, no sentido de preservar a memória da resistência e da luta do povo português contra o fascismo.

Trabalha-se neste momento a criação de uma sala-núcleo museológico no futuro condomínio de luxo que substituirá a antiga sede da PIDE face à falta de apoio institucional para mais, um museu na antiga prisão do Aljube, junto à Sé de Lisboa. Criaram-se grupos de trabalho de recolha documental, criação de roteiros da memória, etc. fazem-se reuniões e plenários com quem queira colaborar. O Movimento não tem sequer estruturas hierarquizadas, tem funcionado com a maior democraticidade e abertura e é uma espécie de reunião de boas vontades.

Uma parte maior da memória a preservar diz respeito à luta dos comunistas organizados no PCP, por isso era natural que este movimento de origem não partidária nem telecomandado por qualquer partido, onde se encontram pessoas como o "Capitão de Abril", agora Almirante, Martins Guerreiro, ou o arquitecto Nuno Teotónio Pereira dos "católicos da capela do Rato" ou o historiador António Borges Coelho, tivesse o apoio ou a simpatia dos partidos de esquerda e não só, e particularmente daqueles que têm um passado de luta contra o fascismo.

Tem havido apoio ou simpatia de várias instâncias de poder ou partidárias que se têm revelado em diálogos ou facilidades mas não da parte de quem mais seria lógico esperar, da parte do PCP.


Segundo algumas fontes, o PCP terá considerado que essa Memória é sua propriedade. E dela deverá ter o monopólio. E que o PCP ou controla ou não colabora. Que podia simplesmente alhear-se mas ao contrário tenta criar dificuldades. Custa-me a crer. Ou então não mudou!

Vem isto a propósito da comemoração do dia da Mulher pelo movimento NÃO APAGUEM A MEMÓRIA que além de um colóquio muito interessante na Biblioteca Museu da República e da Resistência, no dia 8 de Março organizou uma excursão a Coruche e ao Couço com passagem pela igrejinha símbolo de resistência ao fascismo, no tempo dos padres holandeses, na Azervadinha. António Melo fez do evento um excelente relato.

A excursão tinha uma motivação central: visitar o local mais emblemático da luta heróica dos operários agrícolas e em especial das operárias agrícolas pelo pão, pela sobrevivência, pela dignidade, contra a exploração dos latifundiários, contra a ditadura. Uma visita guiada pela aldeia, pelos locais símbólicos das greves, das manifestações, dos choques com a GNR e a PIDE, por Paula Godinho, uma antropóloga que viveu no Couço 14 meses, onde ganhou grandes amizades e a simpatia (para dizer o mínimo) de toda a aldeia, para melhor fundamentar a sua tese de doutoramento (Memórias da Resistência Rural no Sul (Couço 1958-1962) Celta Editora, Oeiras 2001).

Da parte da Câmara Municipal de Coruche (PS), em particular do seu presidente Dionísio Mendes (independente), houve um apoio e simpatia exemplares à iniciativa. Da parte da Junta de Freguesia do Couço houve a expressa e chocante recusa de qualquer colaboração ou sequer contacto.

Interrogo-me sobre que partido terá ganho a Junta de Freguesia do Couço. E também se se terá tratado de uma decisão local ou de uma ordem de Lisboa.

(O post inicialmente publicado sofreu, entretanto, umas ligeiras correcções de estilo.)


This page is powered by Blogger. Isn't yours?