2007-07-31
Força de expressão (6)
Scorsese on L'eclisse (1962)
Este pequeno filme faz parte de um DVD que tive a sorte de receber pelos anos.
Chama-se "a minha viagem a itália" de Martin Scorsese.
Quem, melhor que um concorrente para opinar acerca de uma obra de Antonioni.
Bergman e Antonioni: dois Génios do cinema
Liv Ullman a musa de Ingmar Bergman
Monica Vitti (Giuliana, no Deserto Vermelho de Antonioni).
Num bairro periférico de Bagdad
São números. Diz-me pouco. E além disso aquilo era uma ditadura horrorosa. Enfim é a guerra e como se sabe as guerras acontecem. Não há culpados. Não há nada a fazer para as prevenir. Ou haverá?
______________
Anotação em 2007-08-01: a avaliar por alguns comentários o sentido do post ou não resultou inequívoco ou então é dificuldade de interpretação de alguns comentadores. Decido-me pela primeira explicação. Proponho então dizer o mesmo de forma diferente daquela que é uma conclusão ostensivamente cínica, insensível à tragédia humana, e que tentava interpretar o sentimento frio e distante de tanta boa gente.
Outro final para o post:
São números e os números dificilmente nos sobressaltam para a condenação dos promotores de guerras. E não serve a falsa desculpa de que se pretendia combater uma ditadura horrorosa.
A frieza destes números, não esqueçam, revelam a realidade de milhares e milhões de tragédias como a da reportagem.
Continua a fúria das privatizações
Este governo também quer privatizar tudo.
Pina Moura teve tanta dificuldade em fazer o gosto ao dedo estalinista e a nacionalizar o autódromo.
Agora querem vendê-lo aos privados.
E agora como iremos produzir corridas de carros ? É desta que não encontramos o nosso nicho como dizia Michael Porter naquele estudo que custou milhões e disse o mesmo que eu diria.
2007-07-30
Picasso - Women Running On the Beach
Resíduo
De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).
Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
― vazio ― de cigarros, ficou um pouco.
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.
E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.
Felgueiras - Fez-se alguma justiça
Alguns dos que agrediram Francisco Assis foram condenados a multas.
Soube a pouco, principalmente por não ter sido correctamente investigado de quem partiu a instigação.
O que me chateia é que ao sentenciar apenas multas estão a deixar que esta escória se fique a rir. O dinheiro vai aparecer do mesmo sitio de que apareceu para o ex marido de Fátima Felgueiras.
E são estes os que arrogam a independência como uma virtude face aos políticos tradicionais.
O que irá na cabeça de quem vota em políticos que saem de um partido por razões ligadas a corrupção e se candidatam como independentes ? Não vêm que a merda é a mesma ?
o pequeno líder: O Nosso Grande Líder !"
Chão da Lagoa:
- "Onde está esse sacana?" "é tão pequenino que ninguém o vê".
- "Vem ali atrás." - "Respondem a Jardim, com Mendes perdido entre os militantes".
"Uma falha no meu currículo político, na minha vida, [em 2005 Jardim não o deixou lá ir] uma festa estraordinária"
"O nosso grande líder merece uma homenagem de todo o PSD nacional" . (Público 2007-07-30, pág, 6)
Comentários para quê?
João Carvalho Pina no Afeganistão
[Na foto soldado ensina português a crianças afegãs]
O choque de civilizações e a honra do macho(1)
O marido, um jovem com vinte e tal anos, mata a mulher "adúltera" apanhada em flagrante delito com o amante, pelo menos ele assim disse no tribunal, num bosque na periferia da capital. E que decidiu o tribunal? Absolveu o macho que goza do direito de lavar em sangue a sua "honra" atingida.
Adivinharam o país?
Não adivinharam? Portugal. Lisboa, Cidade Universitária, anos sessenta. Um soldado então recentemente regressado da guerra colonial em Angola.
O choque de civilizações e a segurança em risco (2)
1) A "nossa" religião nada deve à deles. Há apenas uma décalage no tempo. Até ao século XIV/XV eles eram a civilização e nós a barbárie cristã. Depois acelerámos. Andámos a par por todo o século XVI e XVII. A seguir com o que aprendemos nomeadamente deles e do que nos transmitiam da Grécia antiga, do Oriente, da Índia, fizémos várias revoluções. No domínio da economia, da tecnologia, religiosas, políticas. Tivemos a Renascensa, a revolução globalizadora dos descobrimentos, a "revolução" protestante que deixou a cristandade do Sul da Europa com os papas no retrógrado catolicismo, a revolução industrial, a revolução francesa, a revolução americana, a revolução russa.
2) A mistura e coexistência no tempo de mentalidades que vão do século XI ao século XXI, em países onde largas camadas da população estão dominadas e embrutecidas pela religião que as torna presas fáceis de diferentes poderes, económicos, políticos ou religiosos, tornou-se um perigo para a humanidade porque alguns desses países dominam não apenas a pólvora e os "trons" do século XIV mas as armas químicas, biológicas e nucleares e os mísseis que as transportam.
O perigo não está só nas ditaduras fundamentalistas muçulmanas. Também está, ainda que de forma apenas larvar e mais ou menos controlada, na mais vanguardista democracia do mundo, os EUA, onde os Republicanos para eleger Bush tiveram de pactuar e dividir poder (desde a Casa Branca, ao Congresso, e ao Supremo Tribunal de Justiça) com os evangélicos criacionistas, uma réplica engravatada e "pós-moderna" dos taliban.
3) Devemos então, porque se trata de desfasamentos no tempo, substimar o perigo das armas nucleares do Paquistão (berço dos taliban que crescem, infiltram forças armadas e serviços secretos e dominam regiões inteiras como o Waziristão fronteiriço do Afeganistão) e das que se preparam no Irão?
Acho que se deve intervir. Mas com inteligência. Favorecendo as forças democráticas ou democratizantes internas, com apoios e sanções para os fins em vista. Eventualmente, in extremis, com intervenção militar. Não à Iraque (que aliás nada teve a ver com o terrorismo). Mostrando intenções sérias, ajudando a resolver o conflito Israel - Palestina, garantindo o reconhecimento e a segurança do primeiro e a independência e o apoio económico ao segundo. Intervir mas com a ONU, com o direito internacional, com a Europa e os EUA, mas não sob a direcção de Al Capone e a bandeira da rapina.
Mas será isso possível? Estará o Homem tão avançado assim nas nossas queridas democracias? O Direito e a Moral dos Estados não é, como tem historicamente sido, o interesse de Estado (isto é o interesse de quem o contrala e usufrui) ?
É urgente dar mais força e protagonismo à Europa. Mas sem os EUA nada se fará nos tempos mais próximos. Vamos a ver se os Democráticos, se ganharem em 2009, desbloqueiam a situação e guiam a América e o mundo por melhores trilhos.
Ecologia urbana
Os eléctricos apareceram nas cidades no ínicio de século XX, na Europa, Londres, Paris e muitas outras cidades tiveram redes importantes de eléctricos de superfície. Nos anos 60 e 70 a democratização do automóvel quase matou os eléctricos, nessa época tudo o que dificultasse a circulação automóvel era visto como um travão ao progresso. Muitas cidades (Paris, Londres, Coimbra) suprimiram a rede de eléctricos, outras, como Lisboa, reduziram-na drasticamente. San Francisco é, nesse aspecto, uma excepção a rede de eléctricos mantem-se funcional e foi completada com um sistema mais moderno parcialmente subterrâneo.
A poluição e a saturação do trânsito têm feito renascer os eléctricos urbanos, é o caso de Paris onde em Dezembro de 2006 o eléctrico voltou à cidade numa versão mais moderna. Algumas cidades francesas têm mesmo apostado em soluções tecnológicas inovantes: em Nancy com um eléctrico com um sistema de guia óptica e em Bordeaux com um sistema sem catenária (com um carril de transporte de electricidade enterrado).
Parece-me que, com poucas excepções, os municípios demonstraram desde os anos 60 muito pouca capacidade de reflexão a longo prazo.
Viver com o salário minimo
Uma das perguntas era "Durante o vosso mandato estão prontos a viver com o salário mínimo?" a resposta de quase todos foi "Sim, claro". O único candidato que se distinguiu foi Barack Obama que disse a todos os outros: "para nenhum de nós é um problema viver uns anos com o salário mínimo pois todos os que aqui estão têm fortuna pessoal. A questão interessante é saber se uma pessoa pode viver com o salário mínimo como único recurso financeiro, e a resposta é não...".
Hoje há conquilhas...
Afinal parece que também ainda há por lá generais com bom senso. E resolveram deixar alguns avisos à navegação.
2007-07-29
A saúde do regime democrático depende do estado dos partidos
O Chão da Lagoa no currículo de Marques Mendes
Tudo isto é inaceitável, obsceno e confrangedor.
AVATARES
Revolução na Justiça mas na... Second Life
O sistema judiciário não consegue responder nem em tempo nem com custas que não sejam proibitivos para a maioria da população, ao aumento da conflitualidade (desemprego, marginalização, corrupção, ricos mais ricos, pobres mais pobres...).
O Ministro da Justiça, Alberto Costa, para responder a situação tão dramática faz reformas mas a situação está longe de sanada. Por isso, para aliviar tribunais, lançou mão de meios revolucionários, da última palavra tecnológica. E apresentou (2007-07-27) na sala do Senado da Universidade de Aveiro, o projecto e-Justice Centre - Centro de Mediação e Arbitragem no mundo virtual tridimensional Second Life.
Uma parceria Ministério da Justiça - Universidade de Aveiro - Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Talvez isto sirva como consultório de aconselhamento jurídico. Oxalá me engane mas duvido da capacidade para resolver litígios na Real Life.
Notícia aqui. Ou nas fontes: UA ou MJ.
60 anos de ENIAC
Faz hoje 60 anos que foi colocado em funcionamento aquele que é considerado o primeiro computador electrónico programável.
Mesmo se esta classificação é discutível, parece inegável que este computador foi um marco importante na história da computação.
Foi construído inicialmente para calcular tabelas de tiro de artilharia, tendo também participado no cálculo da bomba de hidrogénio.
Trabalhou até 1955 o que é admirável numa fase de enorme evolução tecnológica.
Era constituído por 17400 válvulas, 7200 diodos, 1500 relais, 70000 resistências e 10000 condensadores. Tudo isto soldado à mão (aproximadamente 5 milhões de soldaduras).
Deu origem a famosas disputas em tribunal que terminaram com a colocação no domínio público da propriedade intelectual do computador digital electrónico.
Ver mais em :
Marc Chagall em 1980
Ai flores, ai flores do verde pino
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado!
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo vosso amigo,
e eu ben vos digo que é sano e vivo:
Ai Deus, e u é
Vós me preguntades polo vosso amado,
e eu ben vos digo que é vivo e sano:
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido:
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado:
Ai Deus, e u é?
_____________
El-Rei D. Denis, Cancioneiro da Vaticana, 101 e Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 568.livros que vale a pena ler (7)
(Selecção e texto de J.M.Correia Pinto)
2007-07-28
A voz da américa também tem coisas boas
Pequeno comentário
Ao ler o blog e ver o texto do Raimundo sobre ser de esquerda lembrei-me de que um dia destes vi o Michael Moore na televisão a falar do seu último filme "Sicko" (que ainda não vi). O entrevistador perguntou-lhe como é que ele, sendo de esquerda, atacava a senadora Hillary Clinton no filme. Ao que Moore respondeu que por ser de esquerda é que tinha que dizer que a coragem que Hillary demonstrou há alguns anos quando lutava por uma protecção universal de saúde perdeu-a desde que os maiores beneficiários da situação actual (laboratórios farmacêuticos e companhias de seguros) passaram a contribuir para a sua campanha presidencial.
Deixo-vos também a história de um homem que perdeu dois dedos num acidente e a quem o hospital pediu para escolher o dedo queria reimplantar pois não tinha dinheiro para salvar os dois.
2007-07-27
"É uma espécie de jogo democrático"
Ora vem hoje, no Público, o guru José Miguel Júdice revelar-nos a sua leitura dos astros: Cavaco decide apoiar MM porque quer a derrota do PSD nas legislativas de 2009 para manter Sócrates no Governo (de preferência sem maioria absoluta) e assim garantir... uma segunda vitória sua nas presidenciais que poderia ser problemática com um PS na oposição e uma eventual aliança das esquerdas num candidato único.
Mas afinal onde estão os interesses do país nessa conversa toda - pergunta, a fazer de ingénuo, o Sr. Antunes que ao meu lado bebia meio distraído um café fumegante de uma chávena estilosa mas com marca de café gravada na porcelana.
"Oh cumpadre atão na se tá mesmo a ver que é uma espécie de jogo democrático!" responde-lhe do outro lado um do Sul. Mas não sulista.
A vida
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
Marc Chagall em 1929
O GALO - 1929.
Poético e sonhador. O galo faz o papel de namorado, tem a companhia de mais dois pares de tranquilos e distantes amantes.
O grande Marc Chagall. Judeu, russo, surrealista também e principalmente o pintor-poeta-sonhador. O inconfundível Chagall (1887, Vitebsk (Bielorússia)-1985 Saint-Paul de Vence, França).
"Picasso significa o triunfo da inteligência, Chagall a glória do coração." Resume Franz Meyer, o biógrafo deste último. Dele diz André Breton: "Com Chagall, e apenas com ele, é que a metáfora consegue a sua entrada triunfal na pintura."
2007-07-26
O que faz falta para isto ser de esquerda
Não se exige que "os ricos paguem a crise" mas apenas que não fiquem de fora. A rir-se, como estão!
O Presidente da República (das bananas) com medo de Jardim?
“Make Some Noise”
"O enorme lago subterrâneo cuja descoberta no Darfur foi anunciada na semana passada por investigadores de Boston, como solução possível para o sangrento conflito na região, poderá afinal não ser, nem novidade, nem tão grande, nem de água doce.
Entretanto, enquanto a água do lago não chega “Make Some Noise”, faz barulho, protesta, contra os que promovem e os que toleram o genocídio no Darfur. Não são brancos? Não são europeus nem americanos? São homens e mulheres. Como nós.
"U2, R.E.M., Greenday y otros 24 artistas de renombre mundial ponen voz a las canciones de John Lennon en el doble disco “Make Some Noise” (“Haz Ruido”), gracias a la generosidad de Yoko Ono.
“Make Some Noise” surge como respuesta a la grave crisis de derechos humanos que se sufre en Darfur (Sudán). “John hubiera estado orgulloso de este disco” (Yoko Ono).
Compra tu disco y únete a sus voces de protesta! "
Auto-retrato
asas no exilio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
Poesia Completa, Publicações Dom Quixote, 1999.
Dopping
Não sou um especialista em ética desportiva.
Fui desportista de competição de um desporto amador (porque não se ganhava dinheiro) entre os meus 14 e 27 anos. Durante a minha carreira participei em provas nacionais em internacionais. A nível nacional consegui muito bons resultados (mais de uma dezena de títulos) e a nível internacional não passei da competição de clubes não fazendo parte da selecção nacional porque trabalhava e estudava desde os 18 anos.
Treinava entre 7 e 10 vezes por semana em sessões de hora e meia a duas horas.
A intensidade da vivência competitiva era enorme. Durante o dia todo só pensava em treinar e ganhar. Com tal ocupação de tempo, sempre que tinha de escolher entre actividades a 1ª prioridade era sempre para a prática desportiva (embora tenha optado por não fazer parte da selecção porque na altura tinha mesmo de trabalhar).
O sucesso era inebriante. Sempre que ganhava sentia-me o maior do mundo. Sempre que ficava
em 2º ou depois sentia-me deprimido e treinava ainda mais para conseguir vencer.
O treino e a competição não eram em si agradáveis. Ao atingir os limites sofre-se muito fisicamente.
Nunca se colocou a questão de tomar qualquer substância passível de me fazer aumentar o rendimento.
Visto à distância de 15 anos penso que na altura seria capaz de o fazer. Se isso me permitisse participar e ganhar uns Jogos Olímpicos faria-o sem quaisquer dúvidas, mesmo sabendo que poderia ter problemas graves de saúde. Faria-o porque "todos sabem" que a generalidade dos atletas de top o fazem, embora todos nos enganemos a pensar que não. E por isso nunca seria possível ganhar sem me comportar da mesma forma.
Agora, com 42 anos (e problemas de saúde derivados da prática desportiva), não o faria e acredito que a competição deve ser vivida sem substâncias adicionais.
Quero com esta conversa tentar explicar que, se eu, praticante amador sem quaisquer pressões externas era capaz de o fazer, imagino o que pensa uma pessoa que sofre uma imensa pressão, que passa uma enorme fatia do seu tempo de vida entre os 13 e os 35 anos em cima de uma bicicleta e que a sua subsistência e de uma enorme máquina montada à sua volta depende dos resultados que conseguem obter.
Não seria melhor atacar as razões em vez da prática do consumo ?
2007-07-25
We Do What We're Told - Peter Gabriel
Contra o cinzentismo.
Contra o pensamento único.
Pela liberdade de expressão !.
We do what we’re told
we do what we’re told
we do what we’re told
told to do
we do what we’re told
we do what we’re told
we do what we’re told
told to do
one doubt
one voice
one war
one truth
one dream
2007-07-24
Let's look at a trailer
Michael Moore's SiCKO
Este é o trailer do novo filme de Michael Moore acerca do sistema de saúde Norte Americano.
AUTO-RETRATO
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:
Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento
Inimigo de hipócritas, e frades:
Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.
Vive le Québec libre
Faz hoje 40 anos que Charles de Gaule foi em visita de estado ao Canadá e se saiu com esta a meio do seu discurso.
Foi uma enorme confusão diplomática. Mas o Québec continua a não ser independente.
Não deixa no entanto de ser um episódio com piada.
Assim se vê a coragem da Ministra
Quando tem de decidir remete-se à cobardia do arquivamento. Ainda por cima arquiva dizendo que Charrua tinha razão, porque «a aplicação de uma sanção disciplinar poderia configurar uma limitação do direito de opinião e de crítica política, naturalmente inaceitável».
Não toma qualquer medida quanto à atitude de Margarida Moreira, mostrando-nos como funcionam estes cargos de confiança política. O PS deixa a questão resvalar para a "confortável" luta política "governo vs oposição"
Fica assim mais uma vez provado que a coragem do Ministério é só contra aqueles que menos se conseguem defender : Os professores mais novos ou que não são efectivos, porque os outros têm os sindicatos a fazer acordos.
Uma tristeza !
Plano tecnológico para as escolas
Assim à primeira vez que se ouve parece uma boa ideia.
Aplaudo a opção política de consumir parte importante dos fundos comunitários num projecto que pode vir a ser estruturante.
Mas como já estou habituado a que a equipa actual do ministério da educação muito prometa resolvi ler e pensar um pouco mais.
A opinião que actualmente tenho é de que algumas medidas são inegavelmente positivas e outras devem ser implementadas com cuidado sob pena de gerar situações de difícil gestão.
- Cartão electrónico - Já existe na escola dos meus filhos. Cada menino tem um cartão. Os acessos são controlados com torniquetes onde se passa o cartão. Existe um quiosque para consultas e os pagamentos são por débito ao saldo. Acho um sistema útil e que funciona bem. Aplaudo a generalização. Existem melhorias a introduzir no sistema, nomeadamente : expandir para controlar acessos de professores e funcionários. Possibilidade de carregamento no multibanco (actualmente os meninos têm de o carregar na escola em numerário), ligação a sistema de gestão administrativa e pedagógico (pautas, faltas).
- Uma impressora por sala de aula - Quem está numa sala deve ter possibilidade de impressão, mas nem sempre tem lógica existir uma por cada sala de aula. É caro e desnecessário. Existem escolas que têm zonas comuns muito perto de várias salas. É um recurso que deveria ser partilhado.
- Um videoprojector por cada sala de aula - É um meio com grandes possibilidades pedagógicas. Se bem que não seja necessário em todas as aulas, o manuseamento destes aparelhos é problemático podendo as lâmpadas danificar-se facilmente com a sua movimentação. Concordo que cada sala deve ter um devidamente colocado no tecto das salas. Terá de se resolver no entanto os problemas de luminosidade de grande parte das salas de aula do parque escolar.
- Um computador por cada sala de aula - Um computador é algo que se desactualiza em 2 a 3 anos. Não é sempre necessária a sua utilização em sala. Fica pouco protegido e ocupa espaço numa sala mesmo quando dele não se precisa. Apostaria mais na compra de computadores portáteis e o seu levantamento (pelos professores e alunos) nos centros de recursos da escola (tal como já existe em várias escolas). É mais racional e facilita a gestão do parque.
- Portais das escolas - Excelente medida sobre a qual escrevo há longo tempo. O software de infraestrutura deveria ser desde já definido como sendo livre. Deverá ser levada em conta a propriedade intelectual dos materiais nela contidos.
- Quadro interactivo - Não conheço nem sei o que em concreto se consegue fazer. Assim de repente parece-me uma boa ferramenta.
- Escola simplex - A quantidade de vezes que tem de se preencher papeis com a mesma informação e as deslocações com esperas dos encarregados de educação são actualmente importantes. Um sistema que permita resolver a burocracia a partir de casa aproveitando a informação comum quando a resolver problemas diferentes vai de certeza reduzir algumas das faltas dos encarregados de educação aos seus empregos para tarefas que não o mereciam.
Faltou referência a redes sem fios nas escolas. Não faz sentido existir banda larga sem que nas escolas seja possível aceder à internet em qualquer local e por parte de qualquer pessoa da comunidade escolar (professores, alunos e auxiliares).
Não percebi também a organização que (se) será montada para apoiar as escolas na manutenção (correctiva e evolutiva) do enorme parque informático que será criado. Se para a informática a política for a mesma das reparações (em que se repara quando está totalmente estragado) prevejo um enorme despesismo de recursos.
Termino dizendo que não basta gastar os 400 milhões uma vez. Para que daqui a 4 anos não estejamos em presença de um enorme elefante branco desactualizado terão de ser inscritas no orçamento do estado verbas que permitam a sua evolução anual.
2007-07-23
Marques Mendes já tem competidor
Bireli Lagrene - I've Got Rhythm (live) with Didier Lockwood
Isto é puro exibicionismo.
Mas do bom ! ;-)
Vale a pena consumir os 4 min.
2007-07-22
Força de expressão (5)
Desengane-se quem supôs que a autoria destes comentários é de Manuel Carvalho da Silva, Francisco Louçã ou Jerónimo de Sousa. Sei que as expressões sublinhadas a vermelho podem equivocar, mas, de facto, trata-se ainda de apreciações de Bagão Félix na anteriormente citada entrevista ao DN.
Ah!, este “socialismo” do PS ainda vai fazer de Bagão num obreirista radical!
Força de expressão (4)
Cavaco Silva teve uma saída presidencial ao jeito de piada barata. Perante o incumprimento da nova lei do aborto na Madeira, aconselhou as interessadas a recorrerem à ...justiça. O chefe do Estado recordou que “quando a legislação não é aplicada, os cidadãos podem recorrer a instâncias próprias, ao sistema de justiça.”
Conhecendo, sua excelência, a natureza imparável do relógio biológico e o carácter lesmo-caracólico da máquina da justiça, só poderia estar a ironizar. Ora como está praticamente arredado de qualquer registo conotativo, só se pode tratar de um monumental, imponente e arquipatético disparate.
Com democratas destes, bem pode o parlamento legislar à vontade...
Força de expressão (3)
“Na altura da minha revisão [do Código do Trabalho] , o PS votou contra e o actual ministro, que era deputado, disse: «Um dia que sejamos governo vamos repor tudo aquilo que o sr. tirou aos trabalhadores». Estou bastante curioso para saber o que se vai passar."
Dr. Bagão Félix, - já somos dois.
Tal como aconteceu a Veiga Simão, a Sousa Franco e a Freitas do Amaral, Bagão Félix não mudou praticamente nada. Foi mesmo o PS. Parece que há alguns socialistas, que continuam a intitular-se assim, apesar de não perceberem (perceberão ?) que o socialismo que o Dr. Soares pôs na gaveta foi deitado para o lixo com a última limpeza neo-liberal.
E ainda de comunicação social
Hoje é dia de PSD e CDS na comunicação
Tudo isto porque Marques Mendes e o seu grupo, tendo a maioria no Conselho Nacional, se opuseram à proposta de Luis Filipe Menezes de todos os militantes que pagassem a quota até ao dia do votação poderem participar.
Sobre o CDS, a situação é também interessante. Paulo Portas reconheceu no Conselho que o desastre do resultado das eleições em que Telmo Correia saiu completamente "esmagado" se deveu a um erro estratégico pela aposta numa campanha de âmbito nacional.
A árbitra brasileira que se despiu ...
Só é pena que nenhuma revista do mundo venha ao nosso reino adquirir "os direitos de despido" à grande maioria dos nossos árbitros e dirigentes, com a devida pena de despromoção uns e de despedidos outros, para que "os apitos dourados" se resolvam mais facilmente e a verdade do futebol portuga venha mais rapidamente ao de cima. Quem tem força que meta a cunha.
2007-07-20
O [débil] Estado da Nação
O Primeiro-Ministro anunciou, no debate sobre o Estado da Nação, um programa de apoio às famílias e à natalidade destinado «a criar condições para que possamos recuperar o ritmo dos nascimentos». Deste programa destacou duas medidas: «uma nova prestação de abono de família, que será paga às futuras mães a partir do terceiro mês de gravidez» e durante seis meses, abrangendo «mais de 90 mil famílias», um terço das quais com 130 euros mensais; para as famílias numerosas, a duplicação do abono de família dos segundos filhos e a triplicação para os terceiros filhos e seguintes nos 2ºs e 3ºs anos de vida das crianças - período onde o acréscimo de despesas é mais relevante e onde o actual abono de família é substancialmente mais baixo». A isto junta-se o desenvolvimento do PARES, que financia ou vai financiar novas creches para cerca de 15 mil crianças.
Falta de produtividade: na procriação
Força de expressão (2)
Segundo a TSF [ver aqui] a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação da Agricultura Portuguesa (CAP), a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e a Confederação do Turismo Português, assinaram um comunicado conjunto, reivindicando a par de muitas outras razões para despedimento, as de carácter político e ideológico.
Vejam lá. Que surpresa!
As elites patronais tinham ideais reservados acerca do funcionamento da democracia no plano social. Andaram a disfarçar este tempo todo e agora, em finais de Julho, soltam a franga.
Espero que não tenha sido por acharem que, em maré de ofensiva geral contra os direitos dos trabalhadores, este maximalismo poderia dar cobertura e tornar mais aceitáveis as medidas que têm sido tomadas por um partido (o PS) que na oposição combateu o Código do Trabalho de Bagão Félix, e agora, no Governo, piorou o código, de tal modo que o próprio Bagão se escandaliza, envergonhado com tanto exagero anti-cristão.
José Sócrates e Vieira da Silva sempre se poderão indignar e afirmar publicamente que os patrões estão a exagerar.
Nem tanto ao mar.
A excessiva legislação inútil
O objectivo é o combate ao terrorismo e branqueamento de dinheiro. São objectivos muito acertados apenas atacados com canhões da idade média enferrujados.
As relações institucionais com as RA's
Nunca percebi o porquê, mas só encontro justificação na ignorância, embora ache estranho, havendo tanto jurista e tanta experiência na AR.
Sobre o que tem sido a prática na Madeira da Lei de 1984 sobre o IVG é interessante ler-se Na Madeira, os abortos são decididos por padre católico
Clã / Problemas De Expressão
Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A lingua inglesa fica sempre bem
E nunca atraicoa ninguém.
O teu mundo esta tao perto do meu
E o que digo esta tao longe,
Como o mar esta do céu.
Só pra dizer que te Amo
Nao sei porque este embaraco
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que nao quero
E o que sinto por ti sao coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Nao digo o que estou a sentir,
Digo o contrario do que estou a sentir.
O teu mundo esta tao perto do meu
E o que digo esta tao longe,
Como o mar esta do céu.
E é tao dificil dizer amor,
É bem melhor dize-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta cancao,
Para resolver o meu problema de expressao,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.
Carlos Tê
Estado da Nação
Hoje vamos assistir a mais um debate do estado da nação.
Aposto que o governo vai dizer que as cosias estão muito bem e que está a cumprir o que prometeu. Suspeito que irão focar-se muito na economia, nas exportações e no défice.
À esquerda vão falar nos ataques aos funcionários públicos, no desemprego e nas desigualdades.
A direita tem aqui uma tarefa espinhosa. É que este é um dos melhores governos de direita desde o 25 de Abril. Mas hão-de conseguir encontrar qualquer coisa que correu menos bem para dizer mal.
Ou seja : Quem está nos cornos do boi diz que foi uma excelente pega. Quem lá queria estar fala no que conseguiu ver de mal.
Não me estou a queixar. A democracia é isto e até é melhor do que aqueles países onde se pegam à tareia durante a sessão.
Mas que por vezes não tenho pachorra também é verdade.
Motas - Concentração Internacional de Faro
Este ano não posso ir :-( .
É assim uma espécie de festa do avante para mottards. Este ano até partilham os "toca a rufar".
Mas com interesses específicos.
Tem música, concertos, passeios, concursos, comida e..."gajas". Muitas "gajas".
Para quem gostar também lá há uns "gajos".
E para lá chegar vai-se aos magotes pelas estradas nacionais.
Aconselho vivamente a quem nunca lá foi. É um fim de semana muito bem passado. Mesmo quem quiser fazê-lo em família (eh eh eh).
2007-07-19
Manuel Monteiro filósofo
“Temos que ter a coragem de perceber que estamos gastos, e de ter a clarividência de reflectir sobre se faz sentido continuarmos na primeira linha do debate de intervenção política. O país está cansado de Marcelos Rebelos de Sousa, de Paulos Portas, de Monteiros e de Marques Mendes e nós não temos consciência disso, em vez de andarmos entretidos com as nossas palmas e com as notícias que saem nos jornais”.
Manuel Monteiro, líder do PND, em declarações ao Público (de 2007-07-17).
Álcool
Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.
Mário de Sá-Carneiro
À atenção de José Sócrates
O livro de Zita Seabra na revista VISÃO
The Ramones - I wanna be sedated
20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated
just get me to the airport, put me on a plane
hurry,hurry,hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no, oh no, oh no
20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go,oh
i wanna be sedated
just put me in a wheelchair, puy me on a plane
hurry hurry hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no oh no oh no
20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated
just put me in a wheelchair, get me to the show
hurry hurry hurry before i cant let go
i can't control my fingers, i can't control my toes
oh no oh no oh no
ba-ba-baba, baba -ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
Abriu a caça à multa em Lisboa
"Privatizar Monopólios"