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2007-10-31

 

Para a frente e para a rectaguarda (7)


 

Sobre o acolhimento aos refugiados ...

... A opinião de Guterres: "Quem quiser pôr uma bomba não pede asilo político" Alto-comissário para Refugiados contra "populismo" na Europa
 

Já "passou" o problema das escutas!

Ontem, Pinto Monteiro foi ao Parlamento (re) dizer o que toda a gente sabia. Há escutas por todo o lado e, ninguém, nenhuma entidade, que ponha ordem nesta situação de atropelamento aos mais elementares direitos dos cidadãos.

Depois desta "mini catarse"... pública, ficará tudo na mesma como é costume.

Apenas o sistema político mais desacreditado, os políticos no poder mais em xeque, apesar da culpa, que é preciso repartir por muita boa gente deste país, continue a morrer solteira.

2007-10-30

 

Hoje temos o problema das escutas

Em jeito de laracha, a questão reduz-se a dizer: então, escutas ou és escutado?

Vamos ouvir de Pinto Monteiro que mensagens tentou passar, ou se pretendeu apenas dizer que, em Portugal, esta questão se arrasta por um ambiente muito pantanoso.

Parece-me que é esta última a situação e Pinto Monteiro, vamos ouvi-lo, tem a responsabilidade pelo cargo que exerce de alertar mas não apenas isso. Também lhe compete propor soluções, dizendo muito claramente como entende que este problema deve ser abordado.

Infelizmente, penso que não passará de uma nuvem de poeira, para tudo, à nossa boa maneira, continuar na mesma.


2007-10-28

 

Em Itália também se compram deputados?

Pensava que esta situação era bem mais normal em países do dito terceiro mundo. Afinal parece que na civilizada Europa também pode acontecer Italie : rassemblé au sein du Parti démocrate, le centre-gauche se met en ordre de bataille

2007-10-26

 

A OPUS DEI e a Economia

Aí pelos finais dos anos 60 tive acesso a um livro sobre o poderio económico da OPUS em Espanha. Tratava-se de um livro editado em França, segundo julgo, e de cujo título não me recordo.

Eu e mais aguns amigos que leram e na altura comentamos ficando impressionados tal era o poderio.

Os tentáculos da OPUS estendiam-se a todos os sectores estratégicos da economia espanhola de então e os seus membros integravam os conselhos de Administração dos maiores grupos económicos de Espanha (quer os grupos fossem espanhóis ou em parceria com o capital estrangeiro. Era uma santa aliança).

Não sei como evoluiu a situação pós franquismo de quem aliás a OPUS foi um grande apoio, mas parece-me que, tendo havido algum retrocesso, o poderio continua a ser muito forte.

De Portugal pouco se sabe. Não me parece, contudo, que tenha tido peso semelhante, pelo menos antes do 25 de Abril em que os grandes grupos económicos não eram muito permeáveis à OPUS. No entanto, interesses conhecidos havia como no Banco da Agricultura e outros sobejamente conhecidos.

Hoje, continua a ser uma caixa negra o peso da OPUS na economia portuguesa, pois, que se conheça, nunca houve nenhum trabalho nesse sentido. No entanto, há a sensação de que tem mais peso relativo hoje. Há sectores como no ensino onde a presença da OPUS é bem significativa, já sem falar na Banca e seguros.


2007-10-25

 

Sobre o "Tratado de Lisboa"

Agora, por todo o lado, se vê escrito ou se ouve nas rádios e TV's, que o Tratado de Lisboa contém 90% do que o projecto de "Constituição europeia" continha.

Uma boa partida, era um teste a quem tanto comenta e afirma sobre esses 90% que minimamente nos informasse sobre as diferenças de fundo entre os dois documentos (eu preciso de ser informado).

Nisto gosto de ser mauzinho, pois tenho um dedinho que me vem dizer que mais de 90% daqueles que falam e escrevem não conhecem a fundo nenhum dos documentos. Ouviram ... ou seja, foram inspirados pelo tal "espírito santo de orelha".

Diga-se de passagem que é chato ler aquelas linhinhas dos seguros. Somos levados quase sempre por não as ler. E aqui? ...


 

Uma voz do fundo dos séculos

Porquê ir ao Afeganistão para apreciar ao vivo o discurso de um taliban de carne e osso se os podemos ler por aí, pedindo meças aos originais de Kandahar? Tinha guardado um, oferecido pelo jornal de José Manuel Fernandes, para o colocar à exprobração pública, mas outras solicitações fizeram-me esquecê-lo e lá foi com os jornais velhos para o lixo. Agora caminhava eu amenamente pela viçosa alameda dos blogs pátrios e vejo-o, pescado lá dos fundos dos séculos, exposto aqui ao escárnio público .

2007-10-24

 

A agitação no PSD continua

Miguel Relvas acaba de dar, na Sic Notícias, conta da perturbação criada no grupo parlamentar do PSD pelo afastamento de todos os deputados que presidiam a Comissões Parlamentares, feita por Santana Lopes sem explicação nem critério. Ele era um dos atingidos e não escondia estar magoado pela decisão que não relevava do desempenho mas do arbitrio e escolha pessoal. Paula Teixeira da Cruz, sua correligionária, foi mais severa, ontem, na mesma estação, ao dizer que Santana Lopes escolheu os novos titulares "como há uns séculos atrás, na Côrte, os Senhores escolhiam os favoritos".
Manuela Ferreira Leite também discorda e acha que as mudanças «criam “algum desconforto”, não fazendo as pessoas acreditar que o objectivo “é a união do partido”».

 

Ainda não aprendi nada com "a guerra" de Joaquim Furtado

Que me perdoe Joaquim Furtado ... Mas esperava muito mais. Mas muito mais. ...
Umas imagens e umas "dicas" de pessoas, por muitas que sejam e importantes, tudo bem, mas a guerra não foi, nem se resume a isso.
A guerra teve origens, causas, organizações, objectivos diferentes consoante quem nela participou, etc.
A minha decepção é enorme, pois nada disto "existe".

A guerra colonial teve raizes. Teve enquadramento político e social, nacional e internacional.

Onde está o modo de viver das pessoas de então, cá e lá? Isso não fez parte da "guerra"?
Pode ser que "a guerra" mude, mas acho que arrancou muito mal.


 

O PCP às voltas com Luísa Mesquita

A entrevista de Luísa Mesquita à Sic Notícias, eram 22 horas, foi arrasadora para a idoneidade do PCP. Ela garantiu ser mentira que tivesse deixado à disposição do partido a possibilidade de a substituir nos cargos para que fosse eleita (deputada e vereadora na CM de Santarém). Mais, disse que ficou assente que só aceitava candidatar-se com a garantia de poder cumprir integralmente os mandatos para que fosse eleita. E que um ano depois de eleita, em Junho de 2006, foi confrontada com "a traição do partido ao compromisso assumido com ela."

Um sufoco. Pela minha experiência pessoal custa-me a acreditar nisto tudo. Mas também não posso assim, sem mais nem menos, desacreditar na deputada e vereadora Luísa Mesquita que disse tudo com a maior convicção a uma Ana Lourenço que serenamente a ouvia como quem não consegue fingir a mínima surpresa.
___________________

"O Secretariado do CC do PCP, considerando o desrespeito por princípios estatutários, a atitude de violação de compromissos políticos e éticos, a intolerável situação de recusa em participar nas reuniões, nas jornadas parlamentares do Grupo Parlamentar e no trabalho parlamentar para que foi destacada, decidiu retirar a Luísa Mesquita a confiança política para o exercício dos cargos públicos para os quais foi eleita em representação do PCP: deputada na Assembleia da República e vereadora da Câmara Municipal de Santarém."
[Aqui]

"Luísa Mesquita garantiu hoje que vai cumprir o seu mandato de deputada no Parlamento e manter-se como vereadora na Câmara Municipal de Santarém até 2009, apesar de o PCP lhe ter retirado a confiança política. " Vai pensar, decidirá em função da sanção disciplinar que aguarda. Que talvez fique como independente.
"O PCP não é dono dos lugares no Parlamento" , "Desejaram ardentemente que a minha voz fosse silenciada" ,"Não tenho receio daquilo que o PCP vai fazer."(aqui)
_________________
António Vilarigues, na caixa de comentários, chama a atenção para os Estatutos do PCP, onde reproduz o artigo 54 do qual respigo esta passagem: «Os membros do Partido eleitos para cargos públicos ... em listas promovidas ou apoiadas pelo Partido... têm o dever político e moral de ... manter sempre os seus mandatos à disposição do Partido.»
São deveres políticos e morais que não têm suporte legal pois a lei atribui o mandato ao deputado que assume um compromisso com o eleitorado e não ao partido pelo qual concorre.

 

Estamos, bem os amantes do futebol, em semana tensa

O Sporting já deu o pontapé de saida. Infelizmente para o clube, não se saiu nada bem. Eventualmente, comprometeu a sua progressão na prova.

Espero aos outros clubes portugueses em prova bons resultados.

Mas, neste sporting, aconteceu algo de muito interessante. O jogador Abel, defesa direito, assumiu as culpas do 2º golo. Atitude rara mas de louvar e registar. Estou à vontade para elogiar o Abel por esta sua atitude pois, até há bem pouco, era um jogador que não apreciava. Nos últimos tempos considero que Abel tem progredido bastante. Ontem, apesar de ter sido influente no ataque, até centrou para o golo de Liedson, não se deu nada bem com o seu adversário atacante. Mais de uma vez foi desfateado e, na realidade, poderia ter feito muito melhor no golo. Abel assume uma atitude raríssima no futebol. Assume as culpas do golo adversário. Os meus aplausos.

 

A "guerra" Jorge Lacão/Bernardo Trindade nas Regiões de Turismo

É o que dizem os jornais ... Lacão em divergência com o seu colega de governo Bernardo Trindade foi à sua região prometer a capital de turismo a Santarém. Turismo do Oeste quer demissão de Jorge Lacão Moita Flores agradeceu e o "centrão" fez-se realidade

Mas não quero ir por aqui.

Acho a iniciativa da Lei-Quadro de Bernardo Trindade para as Regiões de Turismo excelente. Só peca pelos muitos anos de atraso. Acrescento, porém, que é uma decisão complexa e ousada pelas reacções esperadas e foi o que aconteceu, ou melhor, está a acontecer, porque vem mexer em capelinhas que de útil nada traziam à actividade ou à economia do País. Apenas benesses para uns quantos.

O país está dividido em 5 regiões NUTS 2 (nomenclatura de unidades territoriais para fins estatísticos), reconhecidas pela UE. Não há razão para que o turismo não alinhe por esta bitola. Pode criar outros centros de menor dimensão, os pólos de turismo, consagrados no PENT - Plano Estratégico Nacional de Turismo, mas também seguindo a subdivisão das NUTS 3.

Agora, há que seguir esta linha sem hesitar e não nos podemos esquecer que as 5 regiões actuais foram "reformatadas" em 2002 pelo decreto lei nº 204/2002 (esta reformatação não surgiu por acaso, mas como resposta para que nem todo o território da antiga região de Lisboa e Vale do Tejo fosse atingido pela saída do Objectivo 1) e, neste decreto, a Lezíria do Tejo, onde Santarém se enquadra, está incluída na NUTS 2 - Alentejo. (uma pequena adenda, esta divisão ainda não está a carburar bem na prática).

Donde me interrogar se Lacão tiver razão, Santarém será capital de que região de turismo, do Alentejo?


2007-10-23

 

Em duas horas o que antes levava uma semana?

Após a Conferência "Auto-estradas do Mar e Logística" que teve lugar hoje na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, no âmbito da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes explicava, na SIC Notícias, há duas horas atrás, as vantagens competitivas introduzidas nos portos portugueses, nomeadamente Sines e Leixões, pelas "Auto-Estradas do Mar". RTP CIEJD
Informou que os portos portugueses tem vindo a registar uma rápida modernização e um grande incremento da competitividade.
Referindo-se à Janela Única Portuária disse que hoje se despacha em duas horas a burocracia que há pouco tempo atrás empatava um navio seis ou sete dias num porto português.
Será mesmo assim, tão rápido, o simplex portuário?

 

"Como quem escolhe favoritos"

À esquerda está Octávio Teixeira e à direita Paula Teixeira da Cruz. Ao centro da Sic Notícias, Mário Crespo modera. A conversa foi saltitando desde o pai que tira do bolso 12 milhões e paga a dívida do filho até Santana Lopes. De novo na ribalta. De novo na política-espectáculo: "Com aquela sua falta de sentido institucional que o levou à queda do Governo".
Santana Lopes a outra cabeça da "direcção bicéfala" do PSD foi ao grupo parlamentar e fazendo tábua rasa de critérios e escolhas anteriores, substituiu em cada Comissão Parlamentar presidida pelo PSD o deputado que estava pelo deputado do seu agrado: "como há uns séculos atrás, na Côrte, os Senhores escolhiam os favoritos" - explicou Paula Teixeira da Cruz que por ser quem é, um alto quadro do PSD, lá saberá do que fala.

 

O banqueiro foi a contas

O fundador do BCP, Eng. Jorge Jardim Gonçalves, pagou a dívida do filho Filipe. A SIC ontem noticiou e hoje toda a imprensa faz eco. Certamente, bate mesmo certo!

Mas 12,4 milhões como li nem chega a 1% da fortuna do banqueiro, avaliada em milhares de milhões. Daí deduzir-se que poderia ter feito isso mais cedo. Isto é o raciocínio lógico. Só que me esqueci de que Jardim Gonçalves (pai) não tinha conhecimento dos traumas que o seu filho andava a ser alvo, porque os seus amigos de administração não o informaram, nomeadamente Filipe Pinhal, agora o líder do Banco e assim decidiram ao seu arrepio.

Mas muita gente pensa que, apesar de ter ido a contas "forçado" (salvar um pouco a face), a ética exigiria muito mais. A sua saída. Mas será que não deveria ser acompanhado por mais gente?

Estão a ser publicitados muitos mais casos no BCP que interferem com a legislação e, certamente, todos os administradores da altura, menos Jardim Gonçalves, terão sido também os decisores destes casos "éticos".

Mas haverá alguma dimensão ética?

 

Uma guerra "impura"

O governo "comprou" uma guerra "impura", inútil, com os pilotos, por uma reforma aos 65 anos. Tenho sérias dúvidas sobre a sua justeza, tanto mais que a segurança dos passageiros, com esta medida, me parece poder perder alguma qualidade.

Há tantas e tantas guerras, fundamentais, para a construção de alicerces sólidos para o futuro deste país. A admistração pública é uma delas, a dos professores outra, a da justiça outra ainda e assim por aí fora. ... Estas são guerras de fundo, que vale a pena "comprar".

Isto não significa que avalise a forma como este governo "as agarra". Mas que são fundamentais não tenho dúvidas e mais, qualquer que fosse a forma de as agarrar, haveria sempre contestação. De qualquer forma, há que as ponderar e decidir pelo caminho mais adequado. Há uma grande proporção de gente agarrada a uma série de "direitos adquiridos" que nada fez por os merecer. Mas, toda a gente tinha dirieito a tudo. E como agora se ataca toda a gente, de forma indiscriminada, gera-se "um espírito de corpo". É normal. E como o que se oferece para a mudança nada tem de aliciante, é mau e como se defende a reforma numa generalização de que todos são incompetentes, só faltando apenas dizer que "os chefes" todos são/sempre foram o máximo, ainda piora o ambiente.

Mas voltando aos pilotos. Esta guera não é de forma alguma estruturante e tenho, como referi, dúvidas sobre a sua justeza.

Daí que entenda como positivos os apelos para a sua suspensão, que só traz prejuízos a todas as partes envolvidas e, como ilhéu, sei quanto é prejudicial a uma região isolada em que as ligações aéreas são determinantes, mas o processode recuperação da TAP também não fica de boa saúde.

Apelos de suspensão sim, mas com contrapartidas, que até não me aparecem dificeisde jizar. E o governo tem de negociar. E não fica mal a ninguém.


2007-10-22

 

A propósito e ao lado do tratado reformador...

Para o Reino Unido, ou sendo mais concreto, para o Primeiro Ministro desse país, fiquei com a sensação de que não foi o tratado mas o caso Maddie que o trouxe a Lisboa.

Então não se viu na TV quando todos falavam do tratado, Mr. Brown a dizer que ia falar com Sócrates sobre o desaparecimento de Maddie?!

Tudo isto continua muito estranho.

Que outros interesses se movem por detrás de tudo isto? Uma vida, dirão alguns. Sim, uma vida. Mas quantas vidas, quantas crianças de gente rica, tão rica como os McCann, desaparecem em Inglaterra por ano e o dinheiro não aparece a rodos para gastos de imagem dos pais?

Que compromissos há entre o Reino de Inglaterra (primeiro ministro) e os McCann que justifique tanta dedicação?!

Algo de nós desconhecido terá de haver. Sem "esse compromisso secreto", um primeiro ministro não andaria tão preocupado com a situação.

Tudo no mínimo estranho. Mas a nossa imaginação é fertil e como há dias comentava uma amiga e alguns jornais parecem colaborar essa ideia como ainda altas esferas do poder também "cá e lá", mas sobretudo lá, os pais de Maddie ou um só deles deverão exercer "algum cargo" daqueles "invisiveis e misteriosos" na esfera do poder, mas bem alto. Mr. Bond atiça-nos o nosso pensamento, mesmo assim...

2007-10-20

 

Para a frente e para a rectaguarda (6)

Ricardo Costa entrevista José Sócrates para a SIC-Notícias. Entrevistador e entrevistado, felizes e sorridentes, enaltecem a importância do acordo denominado Tratado de Lisboa. O jornalista Ricardo Costa diz "treuze" em vez de "treze" - ''Treuze' de Dezembro é o dia previsto para a assinatura do tratado". Pronto lá fica a entrevista ensombrada.

José Sócrates, justamente inebriado com mais este sucesso político, faz uma revelação. Está contente, também, porque este marco histórico é muito importante para a sua própria carreira.
Nesta hora de euforia, nem seria necessário sublinhar mais nada.
As carreiras pessoais de Durão Barroso e José Sócrates beneficiarão com isto.
Mesmo que o processo de ratificação possa esconder algumas "surpresas", o resultado terá tido, pelo menos, essa utilidade.

Não se terá perdido tudo...

 

Para a frente e para a rectaguarda (5)

Mota Amaral, um dos vice-presidentes de Luís Filipe Menezes, vem fazer a prova de que a unidade de pontos de vista relativamente a questões políticas fundamentais não é condição para se ser membro do PSD, nem sequer dos seus órgãos dirigentes. No oposto de Menezes, que ergueu no último congresso a bandeira de uma nova constituição, numa perspectiva refundacional, Mota Amaral exprimiu-se recentemente, sem ambiguidade, do seguinte modo:

"Auguro à Constituição de Abril, ao atingir a sua maturidade de 30 anos e na dinâmica da sua evolução, um longo futuro, servindo bem Portugal",

adiantando uma precisão conceptual:

"Queixam-se por vezes os governantes que a Constituição não lhes permite fazer tudo o que pretendem. Mas é também para isso mesmo que ela existe, e ainda bem"

O DN de hoje recorda passos da intervenção do ex-Presidente da Assembleia da República, aquando da comemoração do 32º aniversário da Revolução dos Cravos. Pedro Correia e Suzete Francisco destacam as diferentes posturas dos dirigentes do PSD em peça intitulada "Mota Amaral defende texto constitucional".
Um bom exemplo do que o jornalismo pode e deve fazer em apoio de uma análise política mais substancial. Se todos os órgãos de informação o fizessem, ainda que apenas de quando em quando, o espaço de manobra da demagogia, do populismo e do incumprimento de promessas eleitorais, seria muito menor do que é.
Partido grande com vários partidos mais pequenos dentro, o PSD de Menezes não é diferente do PSD de Marques Mendes. É uma multiplicidade que não quer abandonar o frentismo de direita nem assumir as diferenças radicais que o atravessam.
Os que viraram as costas à aclamação de Luis Filipe Menezes, fazem contas. Com Sócrates a satisfazer as grandes ambições do centro-direita, que resta ao PSD? Ir ainda mais para a direita. Espalhar-se com a guerrilha prometida, fábrica a fábrica, hospital a hospital, cimenteira a cimenteira. Depois do desgaste maximalista, os barões agora alheados, regressarão às lides.
A razoabilidade cederá então o passo ao frenesi radical. E os interesses do bloco central poderão continuar a ser protegidos, com maior estabilidade, serenidade e comedimento. Com ou sem José Sócrates.
Será então a vez do PS se enxergar e dar conta de quantos pequenos partidos o seu grande partido estava a federar. Será tempo, igualmente, para aqueles que sempre afirmaram não se terem desviado um milímetro das suas posições de sempre, repararem que, de repente, ali à mão, esse outro grande partido que se dá pelo nome de PSD, voltou a estar em consonância com o que pensam e sentem.
Entretanto, os que são por uma nova constituição, completamente liberta das marcas ideológicas de abril, podem conviver nos mesmos órgãos de direcção que aqueles que sustentam exactamente o oposto.
A questão ideológica tornou-se irrelevante.
Não podendo prometer nada de muito diferente do que faz o actual governo, o PSD visa um único objectivo, claro, simples e transparente: o regresso ao poder, a todo o custo, urgentemente.
Os barões que viraram as costas a Mendes e a Menezes, sabem que poderão, na altura própria, "devolver a credibilidade" ao PSD. Apenas quando Sócrates tiver completado o seu ciclo. Terá chegado, então, a altura de virarem as costas a José Sócrates.

2007-10-19

 

Para a frente e para a rectaguarda (4)



Os entusiastas do Tratado de Lisboa
usam de uma boa vontade que até dá vertigens. Não se conhece, a não ser pela rama, as linhas gerais que conduziram a um arranjo em que as cláusulas sociais parecem ter, uma vez mais, ficado para trás. O comboio dos tradutores e assessores jurídicos está afanosamente a trabalhar para poder dar à estampa, em breve, uma versão legível do texto?
Não interessa.
Eles já sabem que vão apoiar.
Agora, falta só referendar.
Tanta abertura; tanta generosidade nas políticas sociais, deve merecer certamente o apoio das maiorias, beneficiárias, gratas e entusiastas de uma União Europeia à sua medida. Vamos a isso!


 

Para a frente e para a rectaguarda (3)

José Sócrates não é autoritário. Quando utiliza a expressão "Não quero que restem dúvidas nesta matéria.", - como ainda hoje fez na conferência de imprensa acerca do Tratado de Lisboa - está apenas a enfatizar, até aos limites discursivos do razoável, uma convicção que ele gostaria que nós também tivéssemos. Portanto, onde muitos, perversamente, lêem autoritarismo bacoco, agressividade e irritabilidade, deve entender-se, mais apropriadamente, zelo democrático, ansiedade dialogal, excesso de generosidade.
Os líderes muito determinados que confundem grandiosidade e teimosia, arriscam-se a ficar sempre mal na fotografia.
É uma injustiça...

 

Porreiro Pá!

Foi assim que José Sócrates, meio on meio off, "muito à portuguesa", terminou o contacto com os jornalistas e os abraços ao presidente da Comissão, Durão Barroso, como quem abre um Champanhe de vitória, em torno do recém-nascido Tratado de Lisboa.
Boa sorte ao Tratado para uma Europa que se quer cada vez mais social e mais coesa. Uma Europa onde é indispensável aprofundar a natureza federalizante sem perda do respeito pelos patrimónios culturais de cada nação, onde é indispensável que os trabalhadores ganhem mais voz para que a Europa possa ser um verdadeiro referencial da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" e de novas metas, como o emprego, o bem-estar, a inclusão, o pluralismo, a tolerância, a paz, a defesa do ambiente.

2007-10-18

 

Para a frente e para a rectaguarda (2)


O mesmo nobelizado que Leonor Beleza trouxe para o Conselho Científico da Fundação Champalimaud, James Watson, afirmou [ver aqui] estar convicto de que os negros são menos inteligentes do que os brancos, omitindo propositadamente, o que pensa relativamente aos amarelos, vermelhos, ruivos e mestiços.

Assim se confirma que não é por muito se ter sabido que se fica mais inteligente.

Adenda: [Aqui] mesmo ao lado, no Cantigueiro, Samuel aborda este assunto noutra perspectiva e de forma um pouco mais acutilante.

 

Os escritores também se abatem

Aqui ao lado, no Cinco Dias, vale a pena acompanhar a discussão que opõe Nuno Ramos de Almeida e António Figueira (bloggers do mesmo blog, chiiii!) - fez-me recordar as saudosas polémicas com o Raimundo Narciso e o Mário Lino em tempos que já lá vão, aqui no PuxaPalvra - acerca da "autonomia relativa" da criação literária face aos critérios de severidade da responsabilidade social, política e ideológica.

Podemos começar a leitura por [aqui] ou por [ali]. No fundo, o António Figueira reconhece que se entaramelou na própria boutade. Mantém a cabeça erguida por uma questão de estilo. Compreende-se.

Vale a pena ler a troca de impressões entre os dois companheiros de blog e os comentários. Há questões que parecem permanecer sempre em aberto. Os escritores também se abatem. Quem tiver vontade de escrever mas não se sentir satisfatoriamente responsável pelo que vai fazer, então... cante!, por exemplo. Toda a leviandade, se António Figueira mandasse, voltaria a ser castigada. Meu Deus. Lá se me iam uma dúzia de bons poetas (franceses, inclusive) pela borda fora.

 

Para a frente e para a rectaguarda (1)

Chegam-nos queixas e lamentos do Reino Unido acerca da falta de dentistas no Serviço Nacional de Saúde. A situação é tão premente que a Sky News passou, há poucos dias, uma reportagem contendo depoimentos, longas filas de espera e muito desespero. "Dental Patients Pull Out Own Teeth" é o título da peça ainda disponível no site do canal britânico.

Por aqui se vê que o que Thatcher, primeiro, e Blair, depois, conseguiram fazer do SNS de lá. Se estiverem a pensar no mesmo que eu, poderão somar 2 + 2.

É a sensibilidade social actual da social democracia de alguns partidos socialistas.

Arrancar os próprios dentes?

Soa a demagogia, - não é?

Mas não é!


2007-10-17

 

O Tratado de Lisboa

Amanhã e sexta -feira os 27 vão decidir se dão o brinde a Sócrates - o Tratado de Lisboa - ou se lhe dão um amargo de boca, como ameaça Prodi que está muito assanhado por ficar com menos 1 deputado que o Reino Unido e menos 2 que a França, perdendo a paridade actual.
Mas com tantas excepções "à la carte" e praticamente todos os Estados saciados com as suas pequenas (e algumas grandes) reivindicações satisfeitas, vamos ter ali, no Parque das Nações, afianço-o eu, o Tratado de Lisboa.

 

Dois milhões de pobres em Portugal

São dois milhões os pobres em Portugal, 20% da população uma situação que se mantém imutável há muitos anos, denuncia o Presidente do Conselho Económico e Social, Bruto da Costa.
Um estudo junto da opinião pública portuguesa revelou que “um terço dos inquiridos tem sobre esta realidade uma atitude fatalista: atribui a pobreza à pouca sorte, enquanto outro terço segue o pensamento de certa direita de que "a pobreza se deve à preguiça".
“Não existe uma verdadeira noção de pobreza em Portugal” sublinha Alfredo Bruto da Costa, acrescentando que 47 % das famílias portuguesas passaram por uma situação de pobreza.

 

"Um pouco envergonhado"

Cavaco Silva disse para as televisões ao inaugurar o BBD localizado num armazém da Quinta da Cabrinha, em Lisboa, que "se sentia um pouco envergonhado por Portugal ser na Europa o país onde há maior desigualdade na distribuição do rendimento".
Só me posso congratular com isso (ainda que preferisse que se envergonhasse muito) mas lamento que se não tenha envergonhado nada nos 10 anos em que foi primeiro ministro quando tinha poderes para fazer algo mais do que aquilo que agora pode fazer como PR: "magistratura de influência" e manifestação de estados de alma.
Resta-me saber se Sócrates tem muita ou pouca vergonha pelo facto de no país que governa o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% dos portugueses mais pobres continuar a aumentar durante o seu Governo e não se ver nenhuma prioridade ao combate a tal situação.

 

Não é por falta de alimentos que... sobeja a fome

"A fome atinge em todo o mundo cerca de 854 milhões de pessoas, segundo os dados divulgados pela Organização das Nações Unidas" O Dia mundial contra fome ou o Dia mundial da Alimentação - subblinhando que esta é um direito humano, foi ontem celebrado pela ONU e em mais de 150 países.
Mais do que um um problema de escassez de alimentos a fome nos países pobres e mais ainda a fome nos países ricos é um problema político e social que os pobres e todos os que estão com eles não têm tido capacidade para resolver por oposição do poder dos "ricos".
_______________
Pareceu-me ouvir alguém por aí a comentar que o post vem atrasado porque o dia mundial contra fome foi ontem. Talvez tenha razão mas isto foi na suposição, quiçá pessimista, de que a campanha de ontem não tenha acabado com a fome. Ao menos com ela toda.

 

Carta a "um filho de um deus maior"

Maior que o Adriano Correia de Oliveira só a fraternidade,
só a amizade que ele prodigalizava. Só a saudade que deixou aos seus incontáveis amigos.
Adriano Correia de Oliveira o Homem, o Cantor que todos amavam.


2007-10-16

 

Las Vegas

Estou em Las Vegas em trabalho. É a primeira vez de forma que são ainda impressões iniciais.

Trata-se de uma cidade completamente artificial. Em tudo. As pessoas, as festas os casinos. Parece que se está numa espécie de segunda vida.

Eu tinha apenas entrado no casino do Estoril uma vez por breves momentos.

Aqui trata-se de casinos por todo o lado, qualquer um deles enorme. Milhares de pessoas a jogar. Tenho observado muito. Fico impressionado com a forma como perdem às centenas ou milhares de dólares. A maioria das vezes nem sequer me parece ser pessoas de muitas posses. É fácil perceber dramas pelas caras de desilusão que muitas vezes se vê.

Mas também há o contrário. Pessoas com tanto dinheiro que fazem questão de se mostrar a perder enormes somas.

Os hotéis estão misturados com os casinos, centros de convenções, lojas e salas de espectáculos.
A prostituição vai directamente aos quartos. É comum ver prostitutas nos elevadores dos hóteis.

O tamanho e grandiosidade das construções é tal e qual como se vê na televisão. Tal devem ser os lucros do jogo e prostituição que conseguem construir dezenas de luxuosos complexos.

Muita gente em festa. As mulheres muito bem arranjadas e apetitosas. Os homens nem por isso.

É de facto estranho. Decididamente não acho muita piada.
 

A "Saga "dos Corleone

Não estou de forma alguma a equiparar. Mas que Jardim Gonçalves, o banqueiro, entrou numa "saga" complicada, não há dúvidas. A crer no que dizem os jornais de hoje, até os seus colegas de Administração já defendem a sua saída. Saída de Jardim desejada no interior do BCP

Aproveito para rectificar, pois como corrigiu o Raimundo, o perdão ao filho do banqueiro parece ter sido apenas de 12 milhões e eu, na minha "perversidade", falei num poste abaixo, de 12,5 milhões. O seu a seu dono. Retiro 500 mil aos milhões, que disse perdoados pelo BCP ao filho do "Patrão", repito, sem que o pai "tivesse tido conhecimento", em tempo algum e em meio algum (doméstico ou de negócios) - palavras do Banqueiro.

O Banco de Portugal já "mexeu" no caso. Certamente para amenizar disse que a credibilidade do sistema bancário não está em causa. Mas não é disso que se trata. Há que averiguar a situação, no mínimo, no plano ético, pouco digna e aceitável, para quem tantos "pergaminhos" ostentava.

E agora, com "a mesquinhez" de um ignorante, poderei interrogar-me sobre se toda a turbulência anterior no BCP não teria já a ver com estes factos, Gois Ferreira incluido?


 

ADRIANO "Aqui e Agora"

Adriano Correia de Oliveira. "Aqui e Agora", um disco para ti e ... para nós que gostávamos de te ouvir cantar e que víamos em ti o cantor corajoso. Diz Henrique Amaro (profissional da Antena3): "ele foi o primeiro a cantar os versos proibidos, em 1960".Uma homenagem para redescobrir Adriano Correia de Oliveira

"Aqui e Agora" ... "Novas versões de velhas canções" saiu ontem. Aquele "Tejo Que Levas as Águas" é simplemente fabuloso.

Hoje, passam-se 25 anos sobre a morte de Adriano, tão incompreendido quanto esquecido.

Conheci o Adriano.


2007-10-15

 

O perdão foi só de 12 milhões

"Joe Berardo (6% do BCP) quer que a Comissão de Mercados e Valores Mobiliários e o Banco de Portugal investiguem o Millennium BCP, na sequência do perdão de uma dívida superior a 12 milhões de euros a um filho de Jardim Gonçalves, quando este estava na presidência do banco.
O comendador diz ser necessária a intervenção urgente dos reguladores, CMVM, Banco de Portugal e procurador-geral da República. Berardo... defende a destituição dos actuais administradores." [link]
No seu linguajar castiço o comendador diz que se trata de crime de "colar" branco e que estas medidas se justificam a exemplo do que Sampaio fez com o Governo de Santana Lopes.
Parece que Jardim já explicou que não teve nada a ver com o assunto. Quem decidia sobre tal matéria era o seu amigo Pinhal que ele agora pôs à frente do BCP.
Vivo é o comendador a defender o "nosso" dinheiro. Mas talvez não tenha razão porque investigações e tal é para valores abaixo do milhão e neste caso trata-se de pelo menos 12 milhões.

 

Barões do PSD esperam para ver

Manuela Ferreira Leite recusou em directo o convite feito on line por Menezes para se manter presidente da Mesa do Congresso. Sinal claro de que os barões que se escondiam por detrás de Mendes não se querem comprometer. Vão esperar para ver. É uma táctica que deu mau resultado com Durão Barroso que não tiveram tempo de substituir com a inopinada demissão de Guterres e que pode sempre falhar dada a imprevisibilidade da política ,para mais tendo em conta a situação económica difícil do país, o desemprego, o descontentamento de classes profissionais afectadas pelas reformas em curso. Isto quer dizer que o PSD dos barões ou do Compromisso Portugal não acredita que o seu partido consiga derrotar Sócrates a não ser que (com as mudanças climáticas) surja algum tsunami político.

2007-10-14

 

Menezes: como descalçar a bota santanista


De fotografia de Fernando Veludo

Santana Lopes o "sapo" que Menezes lá tem que engolir, vai mesmo para líder parlamentar. Segundo gente da casa este, desde Durão Barroso, tem vindo a dominar cada vez mais o aparelho e Luís Filipe Menezes nem que chore ou que ria não se consegue livrar dele. Aposto que daqui a seis meses, se entretanto o caldinho não se tiver entornado, ninguém sabe ao certo quem é o presidente de facto do PSD.

 

Rice apela aos direitos humanos em Guantánamo Moscovo

Os casos de Anna Politkovskaia e de Alexander Litvinenko, misteriosamente assassinados, são os casos mais mediáticos e recentes a ilustrarem os limites da liberdade e das regras democráticas do regime político "semi-asiático" da Rússia. De modo que levantar a bandeira dos direitos humanos em Moscovo faz todo o sentido. Agora tal bandeira ser empunhada por Condoleza Rice, em representação do regime que ostenta entre as suas "virtudes" mais e emblemáticas Guantânamo e Abhu Graib, já não faz sentido nenhum. Ou melhor, faz todo o sentido, esvazia totalmente de conteúdo tais atitudes e torna ostensivo que tal bandeira em tais mãos é apenas puro cinismo.

 

Sobre o orçamento

... Preferia alargar o âmbito e chamar-lhe da "gestão do défice crónico das finanças públicas".

A situação, em que este problema está, não é nem a que o governo nem a oposição pintam, cada qual à sua maneira e sendo muitas as oposições.

De forma sumária, mas minimamente estruturada, há que ter em conta, pelo menos, 4 domínios com interesse na leitura do orçamento.

Não se perde nada se se acrescentar um quinto domínio: os impostos.

Outros mais poderiam ser acrescentados.

Numa breve referência a cada um temos diferentes situações.

Quanto ao défice e dívida, Teixeira dos Santos tem desmpenhado muito bem o seu papel. Faltam duas coisas: ser mais exigente no que deve ser o investimento público, pois como se sabe, este conceito como é aplicado e na sua concepção deixa muito a desejar. Concretizando o PIDDAC não é nada por duas razões mais que óbvias: grande parte vai encapotadamente para despesas de funcionamento e o conceito de investimento imaterial anda pelas ruas da amargura. Aqui há passos de gigante a dar, embora isto tenha de ser atacado por fases.

Quanto às reformas, revejo-me mal nelas, vão devagar e nem sempre no bom caminho, porque e restringindo à Administração Pública não sei para onde marcha pelo simples facto de nada ter sido dito sobre as funções de Estado. E reformas sobre nebulosidades são complexas. Entendo que o governo esteja a agir sobre um pensamento do que pensa dever ser o Estado. Independentemente da polémica que isso podia causar devisa tornar transparente esse seu entendimento, porque isto não vai só com a simplificação de processos, embora fundamental essa frente. Aqui incluo a saúde, onde o problema é muito complexo. Por vezes, pensa-se mesmo que o privado pode ter aqui um dedinho.

Sobre os salários, bom é difícil mas há que ter moderação, embora a perda de poder de compra já ocorra em demasia nestes últimos tempos.

Sobre os investimentos da AP é o ponto negro. É a área em que ainda não se tocou. Há aqui toda uma verdade a pôr sobre a mesa. Há toda uma outra reforma: falar claro sobre as despesas de funcionamento dos organismos. Só indo por este caminho se pode entrar no corte de despesas desnecessárias, que ainda não se fez e, assim, se chega aos "pés de barro" do défice a que se chegou. A este défice falta sustentação. No entanto, foi fundamental este passo. Mas as despesas públicas têm de entras na racionalidade, têm de ser sujeitas a uma análise custo-benefício. Há muito que fazer e de fundo.

Finalmente os impostos e a sua incidência é a maior penalização e o maior desconforto que qualquer pessoa que pense à esquerda pode ter. Os impostos existem para financiar o Estado mas também para uma melhor justiça redistributiva da riqueza. Em Portugal, não é este o conceito prático. Existem apenas para alimentar as finanças públicas. São sempre os mesmos que sofrem. Aqui há grande inequidade e da grossa. E não pára de ano para ano agrava-se.

 

Que família tão unida!...a do banqueiro Jardim Gonçalves

Afinal, que pai tão "estremoso" desconhece por completo o que aconteceu ao seu querido filho, na área dos negócios!

Desde muito cedo aprendi e apreendi "aqueles sacrossantos princípios" de interajuda, de apoio que a igreja apregoa, neste caso a OPUS, mas de que se esquece na prática e os mete na gaveta. Também já vi, por outros lados, pôr na gaveta outras coisas.

Mas esta é grave, porque se passou portas adentro, não bem no ambiente doméstico, mas no ambiente de trabalho.

Afinal, o banqueiro Jardim Gonçalves só tem mesmo é que ser muito duro para com o seu amigo Filipe Pinhal, actual Presidente do BCP, porque não lhe contou, quando Jardim Gonçalves era ainda o presidente (que traição!) de pleno direito, que o seu filho Filipe andava em "maus lençóis", envolvido numa "pequeníssima" dívida de 12,5 milhões ao próprio BCP, depois "perdoada". Bem sei que uma dívida de 12,5 milhões é aquele montante que qualquer português tem sempre aí à mão para utilizar nos seus apertos. Donde eu e todos, nos nossos apertos, vamos à banca e temos logo ali os 12,5 milhões!

Enfim, esta gente - Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Filipe Gonçalves - não terá toda um pouco de descaramento?

É de aguardar depois deste escândalo e de outros que por aí constam que havendo autoridades legítimas para investigar estas situações que o façam. Mas, banca é banca!

Será que os accionistas do BCP estarão na disposição de contribuir "sacrossantamente" para o filho do patrão que, coitadinho, deve andar a dormir numas palhinhas desgraçadas!!

2007-10-13

 

Apesar das "nove verdades pouco convenientes ..."

... para Al Gore (decisão do Tribunal de Londres na sequência de queixa de um cidadão britânico) e dos milhares de euros que recebe por cada conferência que faz sobre o ambiente e mais todas as mordomias que rodeiam qualquer conferência deste Vice que não chegou a Presidente dos EUA por trapalhadas eleitorais temos um facto: Al Gore é prémio Nobel da Paz e já muitas personalidades, a nível mundial, se regozijaram com este facto.

Ficando cá por casa, a propósito do ambiente e no contexto deste Nobel, Cavaco Silva diz: "é tempo de descarbonizar o nosso modelo de desenvolvimento" e Carlos Pimenta, ex-Secretário de Estado do Ambiente num dos governos de Cavaco, amigo pessoal de Gore também diz: "para o mundo, em termos de ambiente, é essencial uma Administração democrata na Casa Branca".

Uma nota: quando acima refiro os milhares que cobra o senhor Gore por uma conferência, não o digo em sentido pejorativo. O trabalho deve ser pago. Apenas registo um facto e uma diferença. É que, em alguns outros círculos e sítios, há também quem facture bem, mas aparentando um certo "ar de sacerdócio de outros tempos".

2007-10-12

 

PS/Madeira deixou na PGR dossier com indícios de corrupção

PS/Madeira quer uma delegação do DIAP na região autónoma. Não sei se serviria para muito. Mas como símbolo ok. Certamente mais útil que alguns símbolos caducos que por lá continuam com mudança de designação embora.

 

Santana Lopes à beira do Euromilhões?

Não se sabe, mas "no diz que diz" fala-se de um acordo Menezes - Santana. Se é para líder parlamentar, se é para outros fins reina a especulação. Aqui há acordo, a seu tempo veremos.

Agora, nas rádios e televisões é que o frenesim é grande. Estão todos "implantados" para os directos. Vamos a ver quem "indirecta" mais? Fico na dúvida, não teria sido melhor escrever com "e" e com"i"?!


 

milagres precisam-se

Igreja nova e milagres velhos não conjuga.

Percebi que os milagres antigos dos pastorinhos não resultaram. Se assim é, como ontem dizia a imprensa, a canonização dos dois pastorinhos Jacinta e Francisco voltam à estaca zero.

A igreja portuguesa ficou um pouco decepcionada com este recuo de percurso. Poderá sempre pôr uns anúncios a solicitar uns tantos ou então, se não chegam os milagres, em alternativa, já pensa em acelerar o processo de canonização de Lúcia (o que parece não ser lá muito canónico) ou então se o caso da Lúcia se complicar, o de Nuno Álvares Pereira, o santo das batalhas. Um santo nacional dá sempre muito jeito, até para o negócio. ...

2007-10-11

 

O Paradoxo do Ornitorrinco

Este é o nome que Pacheco Pereira deu ao seu livro que hoje entrou nas livrarias.

Sob este título José Pacheco Pereira vem falar do PSD nos últimos 10 a 12 anos, desde os finais do chamado "cavaquismo".

Sem conhecer ainda o conteúdo completo do livro, embora muitos dos textos já tenham sido publicados, com este título de O Paradoxo do Ornitorrinco colado ao PSD se pode deduzir que, para JPP. o PSD é dificilmente "qualificável", pois este animal, oriundo da Austrália e Nova Zelândia, é de características tão singulares e contraditórias que os cientistas têm tido dificuldades em o classificar. É um mamífero esquisito que até põe ovos.

Certamente, JPP não quererá dizer que o PSD também põe ovos, porque, nestes anos da análise, os ovos têm aparecido muito estragados. Apenas que está esquisito e contraditório. Mas muitos dos militantes do PSD, ao contrário de JPP, estão convitos de que Menezes vai pôr o PSD a pôr ovos.


 

A "exportação" de jogadores

Portugal começa a ter lugar VIP nesta matéria. Começa a rarear o clube europeu, de alguma nomeada, onde não haja um nome português. E se se colar o Brasil, então não há mesmo. Mas o Brasil é um caso à parte; há muitos anos que entrou neste negócio.

Como se lê hoje na imprensa, o Sporting acabou de contratar um miúdo de 8 anos para as suas fileiras, embora para permanecer com os pais até aos 12. Só depois desce para a academia.

Por este caminho é de pensar que, em breve, surja o negócio de, ainda na barriga da mãe após alguns exames de adestramento, começarem as contratações. Certamente um incentivo bem mais volumoso e atractivo à natalidade que "o subsídio" último - abono de família - tão proclamado pelo governo.

 

O caso José Rodrigues dos Santos

O caso José Rodrigues dos Santos (RTP) que tem servido para alguma imprensa e alguns partidos da oposição se lançarem na ridícula cruzada de defesa da Democracia, supostamente em perigo com o Governo de Sócrates, diz respeito a um caso passado no Governo do PSD/CDS com uma administração da RTP, por ele nomeada. O Governo de Sócrates contrariando a prática até aí prevalecente de que Governo que entra coloca à frente da RTP a sua administração deixou que a anterior continuasse poupando em chorudas indemnizações e no labéu de lá está ele a meter os seus homens na estação pública para controlar a informação.
Portanto parece que o caso José Rodrigues dos Santos não serve para provar que Sócrates está a tentar jugular a democracia.
Claro que há casos que justificam o legítimo repúdio e a exigência de medidas que desanimem agentes da administração de se mostrarem demasiado "zelosos". Como é o caso dos dois polícias no sindicato dos professores da região centro ou o caso da DREN como aliás repudiei aqui.
Mas daí até comparações com o regime fascista ou o alvoroço com a democracia em perigo vai a distância entre o sério e o hilariante.
 

Blackwater


"À guerra não ligues meia
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia
não querem que acabe a guerra
"

António Aleixo



O caso Blackater veio complicar ainda mais a situação dos EUA no Iraque. A privatização da guerra torna-a, de último recurso, em fonte de enormes lucros. Tal como noutros casos, o Estado despende somas astronómicas. A diferença está em que a repartição dos dinheiros beneficia principescamente umas quantas empresas. Bruce Falconer escreve na MoJoBlog um texto ilustrativo "Making a Killing: A Blackwater Timeline".
Após a invasão do Iraque, a Blackwater quase duplicou as receitas com contratos federais, passando de 25 milhões de dólares, em 2003, para 48 milhões, em 2004. Em 2006 ia nos 593 milhões. Depois, do final de 2006 até agora, voltou a duplicar. Vai na casa do milhar de milhões de US Dólares. Oooooops!!!
Não admira que os seus agentes atirem indiscriminadamente sobre civis iraquianos.
Business oblige.



 

Não me digam que vem aí outra vez o lápis azul?! (3)


2007-10-10

 

Subtil Pacheco barricado na RTP


Com aquele título e esta imagem Miguel Abrantes na Câmara Corporativa atira-se a Pacheco Pereira e ao Abrupto.

 

Não me digam que vem aí outra vez o lápis azul?! (2)

1. João Tunes, no Água Lisa (6), analisa a pulsão anti-sindicalista do actual 1º Ministro, num interessante texto com o título de "O moleiro das lutas". João Tunes acha que Sócrates "perdeu a cabeça" e está a revelar, inadvertidamente, algumas discrepâncias em relação ao figurino político que escolheu. Uma reflexão a considerar. E, claro, mais um sinal...

2. Luís Filipe Menezes acha que o governo deve ser censurado, caso não justifique satisfatoriamente o que se passou no caso da visita da PSP ao Sindicato dos Professores. Eu acho que o homem andou bem. Logo alguém no PÚBLICO estima que o novo Presidente do PSD exagerou. O apego aos valores das liberdades constitucionalmente consagradas, tem dias e, pelo visto, protagonistas. Poder-se-á depreender do remoque que se o governo falhar nesta matéria não deverá ser censurado?

3. O PCP insurge-se, e logo acorrem os zelosos da pureza crítica, misturando alhos com bugalhos, desvalorizando o protesto por via da sua proveniência "comunista". Dever-se-á concluir que se os comunistas criticam o governo é porque o governo está a agir bem?

4. Parece chegada aquela hora nefanda em que as coisas estão a dar para o torto mas não se reconhece, a nada nem a ninguém, "fundamento" e "autoridade" para criticar o governo, e condenar as pulsões autoritárias que os actuais responsáveis pela condução das políticas públicas têm evidenciado.

5. No caso Charrua, a zelosa directora regional foi confirmada no cargo. Inebriada de gratidão, chamou para junto dela o delator, premiando-o pela distinta bufaria.
Charrua foi recambiado (punido, de facto) e depois, o processo arquivado.
A Directora Regional compreendeu o sinal.

Só ela?

 

Não me digam que vem aí outra vez o lápis azul?! (1)

A prática da censura revela-se nas suas gradações difusas, indirectas, oblíquas e, por vezes, impossíveis de comprovar. Quando, por exemplo, um ministro, à saída do acontecimento encenado pela agenda governamental, afirma solenemente que apenas falará do tema que ali o levou, parecendo estar no seu pleno direito de falar do que quer falar, está igualmente a limitar um leque de questões, porventura mais embaraçosas, flagrantes e de interesse público. Induz um grau de censura que chateia os jornalistas, frustra os públicos, mas parece, simultaneamente, aceitável.
Os prosélitos costumam dizer que este governo não alcançou a maioria absoluta para agora se pôr a falar daquilo que não quer.

Como se vê, a censura, seja em que grau for, sem uma dose auxiliar de autoritarismo, corre o risco de não ser eficaz.

Porém, que dizer do caso Charrua?
E do Rodrigues dos Santos?
E da visita da polícia à sede do sindicato dos professores, na véspera da visita de José Sócrates à Covilhã?

Coincidências?

Estaremos entre os mais felizes se se vier a provar que tudo não passa de uma cabala contra o governo. Mais vale perder a razão por excesso de vigilância, do que acordar demasiado tarde para os sinais que o governo não tem sabido explicar nem conter.

Num caso ou noutro, o silêncio beneficia o infractor.

2007-10-09

 

Menezes + Jerónimo: "Fascismo nunca mais!"

Jerónimo de Sousa já vinha alertando o país, semana após semana, que o Governo do PS (do PS é claro) usava métodos fascistas. O país ficou assim a saber. E eu também, com o país, ao ver, bastante persuasivo e afogueado, por aí, Jerónimo de Sousa, comiciando para grupos de simpatizantes.
Agora aqueles dois polícias, a crer no sindicato dos professores da zona centro (seriam de algum sindicato da PSP?) são a prova que faltava. E foi isso mesmo que, em consonância com Jerónimo de Sousa, Luís Filipe Meneses concluiu e já colocou, lá de cima, de Gaia, o país em alerta vermelho: vai usar todos os meios de censura ao Governo ao seu alcance. O que dá alguma folga aos habitantes do rectângulo é supostamente ter um alcance curto. Mas ainda o hei-de ver a gritar que estamos mesmo mesmo no fascismo para retirar campo de manobra ao PCP.
____________
Entretanto:

"O ministro Rui Pereira ordenou ao inspector-geral da Administração Interna a instauração de um processo de averiguações depois de dois polícias à civil e sem mandato terem entrado ontem nas instalações do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) e apreendido dois documentos informativos."
O Primeiro-ministro: "Se houver alguém que tenha procedido incorrectamente, o MAI não deixará de fazer o que se deve fazer. Esperemos pela averiguação. Não tomemos como verdade o que é uma versão de uma parte", concretizou. A situação deve ser "absolutamente esclarecida", ressalvou (Lusa).
Para o sindicato trata-se de uma acção que constitui "uma clara violação dos direitos, liberdades e garantias das instituições democráticas", defendem em comunicado.

2007-10-08

 

Software livre

Software livre vai passar a estar disponível no Parlamento. Na 5ª feira passada a AR aprovou por unanimidade uma Resolução (projecto inicial do PCP) que propõe a instalação e acesso a Software livre de modo que no futuro o acesso a documentos oficiais não fique dependente de produtos de marca (no caso da Microsoft) e portanto dependente das contingências/chantagens do preço ou até da falência e desaparecimento da empresa.
As administrações públicas, forças armadas e policiais de vários países da UE e de vários Estados federais dos EUA já decidiram deixar de ficar na dependência da Microsoft ou outra qualquer empresa e optaram pelo software livre.
O grupo parlamentar comunista queixa-se de que os outros partidos (com excepção do BE) para o aprovar alteraram o seu projecto que terá ficado segundo eles demasiado soft. Não conheço bem a matéria mas não ficaria surpreendido se se confirmar que têm razão, dada a tendência para os negócios com a Microsoft e não só que por aí vai. (Mais interessante que a notícia o debate aqui)

Chamo também a atenção para este post onde se diz:

«Porque é que os Ocidentais pagam vinte vezes mais pelo software da Microsoft do que os Chineses? Porque querem ajudar aquela pobre gente? Porque acham que o Bill Gates precisa de ganhar mais dinheiro ainda? Sim. É verdade. Quando um Europeu compra um pacote de Microsoft Office paga entre 100 e 300 euros. Já um Chinês paga apenas $7 a $10, por causa da "agressiva" política de preços da Microsoft naquele país. Um estudante chinês paga 2 Euros por uma cópia legal do Windows! A verdade é que há três anos, a Microsoft estava prestes a ser "expulsa" do mercado chinês. O governo estava a financiar activamente uma empresa de software livre, a Red Flag Linux, que iria trabalhar num sistema operativo e num pacote de office alternativos. Vendo isto, Bill Gates empenhou-se activamente em inverter a tendência. Nesta altura parece ter conseguido. É recebido pelos mais altos funcionários do Partido Comunista quando vai à China. Recebe-os em sua casa, quando visitam os EUA. E o resultado: oferece cópias quase gratuitas de software aos chineses. Software que continua a ser integralmente financiado pelos utilizadores dos países ocidentais, que ao longo de 20 anos se colocaram numa situação de total dependência, sem alternativas!
...
Ou temos alguma dúvida que a China é um grande concorrente nosso, a quem a Microsoft está a financiar com o nosso dinheiro?»

 

PMEs, Inovação e Propriedade Intelectual

O Nosso colega BITITES (está ali em destaque na coluna da esquerda) vai participar com um dos seus animadores, o informático Sérgio Ferreira, irmão do Pedro Ferreira nosso companheiro do PUXA , no seguinte evento para o qual chamo a vossa atenção:
_________________
«A CompTIA, Computing Technology Industry Association, em cooperação com ASSOFT e ANETIE, vai realizar na próxima quinta-feira dia 11, o Foro Europeu de Inovação. Esta conferência terá lugar em Lisboa, no hotel Corinthia Lisboa, Av. Columbano Bordalo Pinheiro 105, das 9.00 às 15.00.

O programa da conferência, que será aberta pelo Dr. Jorge Pedreira, Secretário de Estado Adjunto e da Educação, conta com os seguintes temas:

PMEs, Inovação e Propriedade Intelectual
Standards e Interoperabilidade
e-Skills e Inovação

Para além do elevado interesse do programa, é de salientar a participação de um dos autores mais prolíficos do Bitites - Sérgio Ferreira - que fará parte do painel de especialistas no debate sobre PMEs, Inovação e Propriedade Intelectual.

A inscrição é gratuita e limitada, podendo esta ser efectuada através do e-mail Lisbon_InnovationForum@eficom.eu »


 

Corrupções

O Raimundo comenta Pulido Valente sobre o estado e a corrupção, tudo isto em abstracto. Em França a actualidade traz-nos à liça dois casos concretos que são exemplares do fenómeno descrito.

O primeiro é a suspeita de "inside trading" (que me desculpem os leitores a ignorância do termo português) por parte dos dirigentes de EADS. Algumas semanas antes do anúncio oficial do atraso na entrega dos primeiros A380 alguns dos principais dirigentes, quadros e accionistas da EADS venderam vários milhões de euros de acções e exerceram opções. O facto de um dos principais beneficiários ser Arnauld Lagardére (amigo pessoal de Sarkozy) e de a "Caisse des Dépots" (banco do estado) ter comprado as acções tem feito correr muita tinta. Temos aqui um exemplo dos problemas que a promiscuidade entre o estado e os interesses particulares pode causar, neste exemplo concreto os principais prejudicados são os accionistas que não tiveram acesso à informação privilegiada e que viram o valor do seu património baixar substancialmente e também os contribuintes que assumem indirectamente os custos da má gestão do CDC.

No segundo caso um dirigente de uma associação patronal (federação da metalurgia) levantou vários milhões de euros em notas das contas da associação e recusa-se a dizer a que fins se destina tanto dinheiro. Desde que a comunicação social começou a relatar suspeitas de que o dinheiro seria para corromper sindicatos que negoceiam convenções colectivas as principais centrais têm vindo a público desmentir.

Mais informações sobre a EADS podem ser vistas no artigo do Monde aqui. Sobre o escândalo Denis Gautier-Sauvagnac ver o artigo do Libération aqui.
 

VPV, Cravinho, Marx e a "corrupção do Estado"

O artigo que Vasco Pulido Valente assina hoje, Domingo, no Público e cuja leitura recomendo, repete as mesmas conclusões que ontem Sábado expendi na conversa de café com o Manuel Correia, meu companheiro de blog (que invoco aqui como testemunha). Isto prova que milhares pensarão como VPV oportuna e saborosamente revela no seu artigo.
Eis o artigo de VPV :
________________

«A entrevista que João Cravinho deu na última quinta-feira é indispensável para perceber a corrupção. Cravinho diz duas coisas de uma importância crucial, em que esta coluna tem de resto insistido. Primeiro, que o grosso da corrupção “se faz”, com uma ou outra “entorse” imperceptível, “de acordo com a lei”. Segundo, que por isso mesmo a polícia e os tribunais não podem ir longe e só se ocupam de casos menores. No fundo o Apito Dourado e operações do género são um espectáculo, que esconde os crimes de consequência. Com grande coragem, Cravinho explica qual é o problema: e o problema é o de que certos lobbies se apoderaram de “órgãos vitais de decisões” do Estado ou dos departamentos que as preparam, Ou, se quiserem, o de que o Estado se tornou o principal agente de corrupção.
Isto significa que o Estado serve, não o interesse do país, como compreendido por este ou aquele partido, mas sim o interesse dos lobbies com mais poder ou influência. E, no entanto, nunca se fala disto, embora toda a gente o saiba ou suspeite, a começar pelo Presidente da República, porque os “negócios” conseguem inspirar um respeito e um temor que, por exemplo, o futebol não consegue e que manifestamente coíbem a imprensa e a televisão. O que se passa no Interior de certos ministérios de que depende a orientação da economia nunca chega à rua. Como nunca chega à rua quem perdeu e ganhou com os “projectos”, que o Estado autoriza ou financia. Ou quem é e donde vem o impecável pessoal que manda nisso tudo. Ainda anteontem o dr. Cavaco exigiu novas leis para assegurar o que ele clama a “transparência da vida pública”. Infelizmente, novas leis ião bastam.
Cravinho descreve o “choque” que sofreu com a complacência do PS perante a corrupção do Estado. Sofreria com certeza um “choque” igual, talvez pior, no PSD. A verdade é que o “bloco central” se fundiu com o Estado. Não existe um Estado independente do “bloco central” e muito menos dos negócios”, que o apoiam e sustentam: da banca e da energia quatro ou cinco escritórios de advogados. Cravinho, como Cavaco, não percebeu, ou preferiu omitir, que hoje não se trata de reformar uma parte inaceitável do regime, mas pura e simplesmente de mudar o regime. Se por acaso caísse do céu a “transparência” que o dr. Cavaco deseja, metade da primorosa elite do nosso país marchava para a cadeia como um fuso.»

___________________

Eu direi mesmo que desde Marx se sabe que assim é. E que, com transparência total, o Zé que vota e paga imposto ficava a "ver" tudo. Não digo que se revoltasse com a indignação moral (só uma parte) mas revoltava-se com a "injustiça" de não entrar no festim (a maioria). Era o fim do capitalismo. A corrupção mais não é do que a infracção de regras estabelecidas na lei. Portanto se a lei alargasse o seu âmbito até ao que hoje consideramos corrupção esta deixava de existir (como diria La Palisse ou Américo Tomaz). O problema é que então o Zé (uma parte) revoltava-se contra as leis que consideraria imorais e contra os legisladores que passariam à categoria de canalha a banir.
Hoje as democracias (o capitalismo) traçam a fronteira entre o que é legal (o que a sociedade considera mais ou menos "justo" nesse momento histórico) e o que não é legal mas apetecivelmente atingível através da corrupção.
Por outro a linha que na lei traça a fronteira entre o que é legal e o que é corrupto ora se interrompe e esfuma (os buracos da lei) e deixa largo campo ao Direito e a quem tem fortuna para o usar e tornar "legal" o que o "espírito" da lei consideraria corrupto.
A prática do lobby, legal nos EUA, e que pode ser entendida como uma prática que torna mais transparente o conúbio entre o poder e os negócios poderia ser entendida aqui como uma forma de corrupção. Tudo depende das regras, da lei. Os comunistas, por exemplo, consideram "corrupta" a base em que assenta toda a sociedade capitalista, "a exploração do homem pelo homem".
Por isso lutar contra a corrupção tem que se lhe diga. O "burguês" bem pensante diria: lutar contra a corrupção sim mas com regra e medida.
Nota: O post sofreu uns acrescentos o que afugentará ainda mais qualquer leitor de blog. Paciência.

2007-10-07

 

Não Apaguem a Memória

O Movimento Não Apaguem a Memória comemorou o seu 2º aniversário (5 de Outubro) com a reactivação das iniciativas em curso para o que pediu audiências ao Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr António Costa e ao Ministro da Justiça, Dr. Alberto Costa. A primeira teve lugar a 4 de Outubro e a notícia
do encontro e das iniciativas em curso estão aqui: no Memórias e no Blog do NAM.

 

E se o Benfica perder em Leiria, 2009 fica-se por hoje?

Parece que Camacho não terá gostado das "palavras de conforto" do presidente do Benfica. Certamente, não foram as melhores. Mas Luis Filipe Vieira já não sabe há muito o que dizer, ou talves nunca soubesse.

Diz que não fala dos árbitros. Mas se não fala das desgraças deixa de ter assunto de palco.

O problema é se o descontentamento de Camacho é mesmo a sério.

Não quero ser mauzinho para os meus amigos benfiquistas, mas aquilo lá pelos lados de Alvalade, apesar de tudo, anda um pouco melhor. Parece que Paulo Bento também não falará de arbitragens esta semana. E do Guimarães gostei. Só que o russo de Putin engatou o motor turbo.


 

Do Congresso sairam novos "cavalheiros e pistoleiros" do PSD?

Talvez nem tudo fique logo claro. Mas alguma ponta será levantada. Nuno Brederode Santos, no seu artigo de hoje, TRANSUMÂNCIA aborda este tema. Vale a pena ler.
 

Carlos César - um político "matreiro"

... E anda a aproveitar a visita de Cavaco à Região, com dois objectivos. Enviar uns quantos recados ao Governo porque colhe dividendos alargados e assim mina a influência do PSD regional, que já não parece muito grande e no próximo ano há eleições regionais.

E esta cartada não podia acontecer de melhor forma. Começa na Madeira com uma "união de facto" com Jardim, como alguma comunicação social chamou, aproveitando o ambiente das ultraperiféricas para atirar umas dicas ao Governo e prossegue agora na presença de Cavaco. A Lei das Finanças Regionais é o mote.

Não podemos dizer que ele não tenha bastante razão, sobretudo quando afirma que à elite política nacional falta uma cultura autonómica. É verdade e isso tem-se visto nas mais pequenos promenores, designadamente porque a República aprova leis em relação às regiões e depois passa - lhes ao lado.

Há um estatuto autonómico que impõe vários deveres ao governo e ao parlamento e que raras vezes são tidos em conta. O caso mais flagrante é o da consulta obrigatória a quando da feitura das leis. Raramente este preceito é cumprido. Outro é intrometerem-se em domínios que estão expressamente consagrados como sendo matéria específica das regiões. Ainda recentemente aconteceu em relação à Madeira com as incompatibilidades dos deputados regionais. Está escrito nos estatutos claramente que se trata de matéria de âmbito regional. Não estou a defender a situação existente. Acho-a perversa. Mas quem legislou, assim, foi a AR. E os deputados dos Açores do PS solidarizaram-se apesar de terem uma lei capaz com a posição do PSD da Madeira.

Quanto à Lei das Finanças Regionais não dou opinião pois não conheço a sua aplicação. Mas admito que Carlos César tenha alguma razão.

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