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2007-02-28

 

Regionalização da Blogosfera

A Regionalização tem de começar por algum lado...

Para quem se dá a reflexões sobre as transformações que os blogues trouxeram à acção cívica, política, ao debate de ideias e à gestão das mais variadas influências, vale a pena ler o artigo de Catarina Rodrigues, “Blogues Regionais como espaços de cidadania e participação”, na Prisma.com. Neste caso, a autora concentra-se nas defesas de causas à escala regional.

 

Manobras para a conquista da OPA

Mais de uma vez escrevi aqui o seguinte: a OPA da SONAE sobre a PT desencadeou efeitos positivos porque fez estremecer o colosso monopólio da PT que, em muitos aspectos, actuava (actua) contra os interesses dos utentes.

Qualquer que seja o resultado final da OPA jamais a situação voltará o que era. Algo vai mudar. De qualquer modo, a AdC não interveio no processo, de forma clara e menos ainda no interesse dos utentes, ao deixar de pé um outro eventual monopólio, caso a SONAE ganhasse, ou seja, o monopólio do móvel ao permitir a fusão das redes do 96 com o 93 - TMN e Optimus.

O negócio da OPA, ao contrário do que tentou fazer passar o grupo Belmiro de Azevedo, durante muito tempo, afinal é excelente. Primeiro aumenta o preço de 9,5 para 10,5 euros e vendo que só a mudança de preço não cativava muitos dos accionistas, vem à última hora tentar comprar votos na Assembleia de accionistas com novas promessas que se aproximam das que o CA tem vindo a oferecer.

Não sabemos qual será o desfecho final. A reunião de 6.ª feira é7será determinante.

Que vença o CA. Tem um projecto bem mais consistente em termos da economia portuguesa. O projecto da SONAE tem uma componente especultaiva muito forte.

 

Coisa Rara

A esquerda parlamentar entendeu-se na legislação sobre a IVG. Um passo que tem tanto de importante quanto de raro. Tema fracturante entre a direita e a esquerda, embora com excepções, pois vários deputados e personalidades da direita assumiram a defesa da IVG.

A direita sente-se "ultrapassada" e a custo aceita admitir que é legítimo e legal que a esquerda se entenda num projecto destes em que a posição de fundo era comum. A direita, como tal, não tem legitimidade para se sentir ultrapassada por não ser chamada a participar neste acordo pois as suas posições de fundo estavam nas antípodas. Não consigo entender o que o Presidente da República pretendia ao querer forçar o entendimento entre o SIM e o NÃO.

A questão que se coloca é: como poderia o grupo de pessoas e deputados conotados com a direita que apoiou a IVG ter participado.

Certamente existiu um problema formal de participação, porque sem tendências organizadas, dificil a participação.

A direita vai, já está a especular sobre o tema. Sinceramente penso que quem apoiou seriamente a despenalização do aborto, face a uma lei tão moderada, não irá embarcar nos devaneios do PSD.

 

Iniciativa Interessante (2)

Os autarcas com menos de 36 anos reuniram-se, efectivamente, ontem em Arganil como diziamos no post abaixo.

Este movimento de autarcas jovens, com gente dos diversos partidos, vai constituir um blogue para divulgar as suas ideias sobre o poder autárquico e alguns terão manifestado a intenção de actuar de forma mais autónoma na ANP.

Positivas estas ideias. É preciso "abanar" muita coisa e o poder autárquico fundamental numa democracia, se não é abanado, burocratiza-se.

2007-02-27

 

As Universidades do "crime"

O ensino privado superior em Portugal tem sido rico em "casos" de abusos de poder, de desvio de verbas, de branqueamento de capitais, de burla e gestão danosa, e no caso da Independente de tráfico de diamantes, etc. etc.

Algumas destas escolas nascem não para ensinar mas para os negócios mais absurdos e até hediondos.

E, deste modo, é legítimo interrogarmo-nos sobre a pouca atenção que os sucessivos governos têm dado a estas questões e, sobretudo, sobre o grau de exigência na constituição de uma escola superior. Estas escolas são um logro para os alunos.

E a questão de fundo é: como pode uma universidade destas, uma universidade fazedora do crime, educar e ensinar pessoas para a vida?

Muitos casos são conhecidos . A Universidade Independente, o caso recente, é apenas um entre muitos.


 

Atenção ao "exagero"

Tenho cá um "feeling" de que o exagero político começa a dar pouco. Os votos já não se colhem por aí.

Os políticos, de um modo geral, têm alguma tendência para o abuso no seu exagero. Uma formiga tanto pode ser um elefante como o seu contrário, depende de quem ataca.

Esta situação é cada vez menos consentida, admitida apenas nas campanhas eleitorais. É como o carnaval no Brasil, época em que todos os exageros são consentidos e pouco se lhes liga. Até diverte.

A Justiça é um "caso" desses. Aqueles dados apresentados ontem convencem pouco, apesar de serem visíveis alguns cuidados no apresentar do combate ao "monstro".


2007-02-26

 

Sociedade Anónima

Estive vai não vai para ir ali ao café da esquina para uma bica quando um clic inadvertido me atirou por aí fora e me fez aterrar na Sociedade Anónima. Sociedade simpática, muito - a bem dizer toda - feminina. Uma espécie de gineceu.
Acho que as acções não estão em bolsa e assim só entra quem a administração quer. E parece que não vendem acções a homens.
Só dei uma vista de olhos mas encontrei logo uma interessante apresentação da Psy Chic que, concluí pela conversa da 100nada, ter acabado de ser recrutada.
Referência especial merece a posta da Arlinda B (selecção de um texto) sobre a polémica nacional do aborto. Sintéctica, clara e concisa. Eis um link para lá.
Não perdem o vosso tempo porque o assunto está longe de arrumado. Além do código da Ordem dos Médicos (igreja do Dr. Pedro Nunes) os rapazes (e raparigas) do NÃO tem ainda esperanças nas mudanças de juízes que vão em breve ocorrer no Tribunal Constitucional que com uma eventual configuração favorável ao Não poderia criar dificuldades à vontade eleitoral expressa e também nos conselhos de Cavaco Silva para que os deputados aprovem uma lei de consenso, que só poderia ser uma lei que respeitasse e ao mesmo tempo não respeitasse (!) o resultado do referendo de 11 de Fevereiro.
Depois disto devo ter direito a entrar na SA. Acho eu de que...

 

Jesus não ressuscitou ...

Estamos na "época certa" para a estreia deste documentário com polémica assegurada.

James Decameron, realizador do TITANIC, sob o título em português de O Túmulo Perdido de Jesus, produziu um documentário filmico que questiona um dos fundamentos da religião cristã: a ressurreição.

Aguardemos então a polémica. João César das Neves será certamente um dos intervenientes. Se as suas intervenções forem do nível das que fez a quando do debate da IVG estamos entendidos.

 

A Política deste país na época do Vinil

Falando com uma pessoa amiga acerca da sondagem de hoje sobre Paulo Portas e Marcelo Rebelo de Sousa como os nomes mais fortes apontados para liderar a direita portuguesa, ela saiu-se com uma expressão muito feliz: a política portuguesa ainda está na época do vinil: repete e volta o disco. Quando é que se passa ao CD que já começa a entrar em crise. Será que é sina portuguesa andar sempre em desfasamento?

Já estiveram os dois graduados nesse posto, mas uma zanga de comadres separou-os, zanga essa que nunca foi muito transparente, e não se sabendo até que ponto, entre outros, o célebre processo da moderna terá sido um factor de peso ou então aquele célebre ditado bem mais portuguesinho de que dois galos não cabem no mesmo palheiro.



 

Uma "excelente" crónica... com mancha

As crónicas de Joana Amaral Dias são, de um modo geral, de um humor refinado e grande profundidade política. Mais de uma vez referi isso neste blog. Será que continuará a ter lugar no DN/correio da manhã futuro, como maliciosamente Marcelo Rebelo de Sousa ontem o intitulava? Espero que sim e que o DN não passe a correio da manhã, a não ser aproveitando algumas facetas do CM em termos de informação.

Na sua crónica de hoje Jardim zoológico Joana Amaral Dias não foge à regra, só que a crónica vem manchada de uma (in) verdade. A taxa de desemprego na Madeira não é de 18%, o que a ser assim seria o dobro da média nacional. O que se deu foi uma subida recente da taxa na ordem dos 18%, ou mais concretamente de 18,2%. A taxa de desemprego, também referida na edição do DN de hoje em artigo da jornalista Lília Bernardes Da "revolução da farinha" de 1931 à "revolução democrática" de 2007, clarifica a situação .

Apesar das minhas poucas simpatias por Alberto João e do recíproco ser também verdadeiro, há que corrigir, tanto mais que, apesar desse aumento, a região continua a ter uma das taxas mais baixas do País.

 

Branquear a propósito de acusação a Kissinger

Uma mesma notícia no Brasil (Agência Carta Maior, 2007-02-15) e em Portugal (Público, 2007-02-19):

"O advogado uruguaio Gustavo Salle avançou com um processo junto do Supremo Tribunal de Justiça do Uruguai, "de captura internacional, prisão e extradição do ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, acusando-o de “autor intelectual” do Plano Condor... "

Até aqui tudo igual. Mas o resto é que faz a diferença:

Público: " ... Plano Condor com o qual ditaduras da América Latina reprimiram militantes de esquerda nos anos 1970."

Agência brasileira: "... Operação Condor, acção articulada entre ditaduras latino-americanas que causou a morte e o desaparecimento de milhares de pessoas. (Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior).

O Público esconde por baixo daquela cândida expressão "reprimiram militantes de esquerda" um dos mais negros períodos de terror na América Latina, durante o qual se torturava de forma macabra até à morte prisioneiros políticos ou se os atirava ao mar a partir de aviões militares.

Um breve extracto da notícia que, no Público, se ficou por aquelas breves e púdicas linhas:

"A Operação Condor consistiu em um sistema de cooperação entre as ditaduras militares do Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil para perseguir e executar opositores desses regimes. O pretexto era o argumento clássico da Guerra Fria: "deter o avanço do comunismo internacional". Auxiliados técnica, política e financeiramente por oficiais do Exército dos Estados Unidos, os militares sul-americanos passaram a agir de forma integrada, trocando informações sobre opositores considerados perigosos e executando ações de prisão e/ou extermínio. A operação deixou cerca de 30 mil mortos e desaparecidos na Argentina, entre 3 mil e 7 mil no Chile e mais de 200 no Uruguai, além de outros milhares de prisioneiros e torturados em todo o continente." Quanto ao papel de Kissingier fala-se mais adiante, na notícia, aqui.


2007-02-25

 

Atrevida fantasia!

Vasco Pulido Valente entrega hoje, na sua crónica do Público, o país a Paulo Portas. Este acha que o pagode já esqueceu o seu governo com Durão e Santana e sente saudades do poder. Vasco Pulido Valente informa-o que, com o descalabro do CDS e do PSD, "o caminho está aberto". Oferece-lhe um programa: não tocar nas vacas sagradas do regime, "a segurança social e a saúde" e escavacar o resto, "do ensino, leis do trabalho e da administração do Estado (central e local) a dezenas de empresas públicas falidas". E explica-lhe como fazer: "desregular, privatizar, desobstruir o país do seu parasitismo histórico". Comportar-se como uma Srª Tatcher. Mas de calças.
Acho piada ao Vasco. Umas vezes pelo discernimento, outras pelo atrevimento da fantasia.

 

Correcção de rota ou desentendimento na saúde?

Não percebi esta "mudança de agulha" na saúde, porque não houve explicação.

Havia um plano de encerramento de urgências por esse país fora, se bem entendera, baseado num trabalho de um grupo técnico, muito qualificado e polivalente, tendo como pressupostos uma série de indicadores como a qualidade dos serviços prestados versus qualidade futura dos mesmos, novos serviços a introduzir, requalificação do tipo de urgências, distância da residência dos utentes, número de utentes actuais e racionalidade económica, etc, etc,.

Ontem, face aos protocolos assinados um pouco apressadamente com alguns dos municípios abrangidos e, hoje, com a leitura dos jornais sou levado a pensar que houve uma mudança de estratégia ou de plano ou de agulha ou correcção de rota.

O que me preocupa é o seguinte. O trabalho feito por essa grupo de técnicos, qualificados e polivalentes, que o Ministro se propunha seguir estava incorrecto? Ou não foi bem pensado politicamente? Um Ministro qualquer que ele seja, não tem de seguir tal e qual os relatórios que manda elaborar. Um Ministro não decide por relatórios. caso contrário era tudo muito fácil. Aliás, diz-me a minha experiência, que sobre um mesmo relatório técnico e independente pode haver mais do que uma opção política.

O que me preocupa é nada ser dito e o que fica é que houve uma correcção de rota ou pior um desentendimento entre o Ministro e o PM. E daí todos os cenários serem possíveis: uma cedência às autarquias pura e simples ou um reconhecimento de que a decisão política merecia uma correcção.

Não é negativo corrigir o que se errou, independentenente da oposição aproveitar esse facto para fazer o seu papel. O negativo é que nada se diga.


 

Iniciativa Interessante

Leio hoje na imprensa que vai realizar-se, na terça feira próxima, um encontro inédito da geração de autarcas, com menos de 36 anos, em Arganil, porque o presidente desta câmara, Ricardo Pereira Alves de 31 é o presidente mais jovem deste país.

De que vão falar estes autarcas?

Certamente das suas experiências, mas parece que há uma grande preocupação que os une: o reposicionamento do poder local a nível nacional e europeu, tanto mais que o actual governo se prepara para "transferir" para as autarquias mais poder em domínios como a saúde, a educação, etc.

Trata-se de um encontro de caráter super partidário em que a única limitação de acesso é a idade.

É sempre positiva a troca de ideias em conjunto. Esperemos que as divulguem tanto mais que hoje é fácil e tratando-se de um grupo de jovens na sua maioria com formação superior, facilmente encontrarão os meios apropriados.

 

Abramovich self made man

Dizem as gazetas - para usar este termo tão queiroziano - que o magnata russo já gastou mais de 500 milhões em contratações para o Chelsea. Assim (e graças ao nosso Mourinho) não admira que o Porto não lhe conseguisse ganhar.
Por outro lado a Forbes afiança ter Abramovich uma fortuna de 13.800 milhões de euros. E era aqui aonde eu queria chegar: vejam a superioridade do capitalismo relativamente ao comunismo. No tempo da União Soviética este rapazola, que o José Mourinho diz - e eu não duvido - ser um gajo porreiro, não passaria da cepa torta. Com o capitalismo vejam como ele, com certeza devido a espírito empreendedor, conseguiu em três tempos uma fortuna fabulosa!
É certo que Putin tem contra ele um mandato de captura, que aliás, Blair não reconhece, mas deve ser tudo por invejas.

 

Satélites outra vez?

"Polacos e checos aceitam escudo antimíssil dos Estados Unidos" titula o Público.
Pouca sorte a desta gente- comenta o Puxa - depois de tanto esforço conseguiram finalmente a viragem de Oriente para Ocidente. Mas, coitados, sempre na condição de satélites.
Faz-me lembrar aquela história do António Merda (desculpem a linguagem) que depois de muitos esforços conseguiu - vicejava ainda o fascismo de Salazar - autorização para mudar o nome.
- Como se chama?
- António Merda.
- Ah, tem toda a razão - comentou o funcionário do registo civil. Muito bem, e então quer mudar para que nome?
- Para José Merda.

 

José Lello os voos da CIA e a NATO

No final de uma visita aos Açores - diz o Diário Digital - a deputada europeia Ana Gomes afirmou... ter contactado com pessoas na ilha Terceira que garantem ter assistido a «coisas estranhas» na Base das Lajes que indiciam a passagem nos Açores de voos da CIA.
«... nomeadamente, a transferência de pessoas agrilhoadas, o que confirma os elementos que possuímos».
"Reagindo a estas declarações, o secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, José Lello, afirmou que já começa a ter «falta de paciência para aturar as atitudes irresponsáveis e as atoardas da drª Ana Gomes sobre os voos da CIA».

Entretanto, como se lê aqui, em 19 de Fevereiro, José Lello... foi eleito ... em Bruxelas, presidente da Assembleia Parlamentar da NATO.

"José Lello disse estar "muito feliz" com a nomeação, sobretudo "por se tratar da primeira vez que um português ocupa este cargo"."É um grande desafio e um lugar de responsabilidade."

"Explicava eu ao meu vizinho, o Sr. Antunes, como era uma honra para Portugal esta promoção do José Lello e não me responde ele, que é do PS, em voz alta, que toda a gente no café ouviu: "Olhe, meu amigo, não há almoços grátis." Para remediar o caso ainda protestei com aquela conhecida frase de recurso: "Olhe que não. Olhe que não."

2007-02-24

 

Islão e Ocidente. Causas da tensão.

Um estudo feito para a BBC pela GlobeScan em parceria com a Universidade norte-americana de Maryland abrangendo 28 mil pessoas de 27 países revelou que a maioria dos inquiridos considera que "São os conflitos de poder e de interesses políticos - de cada país e alianças - que estão na origem das tensãos entre o Islão e o Ocidente.
Apesar de 26% dos inquiridos responsabilizar diferenças fundamentais entre as duas culturas, há uma maioria de 58% que considera que aquelas tensões se devem às minorias intolerantes de um e outro lado.
"Esta é, muito provavelmente a maior descoberta: existem muitas pessoas em todo o mundo a culparem as minorias intolerantes" disse Doug Miller, o presidente da GlobeScan.
Parece-me excessivo concluir que a opinião pública de tantos países possa ter sido influenciada por isto mas... nunca se sabe.






2007-02-23

 

Notícias da campanha

Para ilustrar o artigo do Manuel Correia deixo-vos algumas notas da campanha presidencial francesa. A semana começou com um programa televisivo onde Ségolène Royal respondeu em directo a perguntas de 100 franceses. Neste tipo de programas não é possível expor as grandes linhas de um programa eleitoral: as perguntas são em geral concretas e reflectem as preocupações imediatas dos participantes. Mesmo assim Ségolène Royal respondeu a perguntas sobre as reformas, o poder de compra, a função pública, os serviços públicos, os deficientes, etc... e o resultado foi bom.

Foi também esta semana que o economista encarregado de estudar o custo das propostas da candidata se demitiu da campanha e do PS devido a ter sido alvo de ataques pessoais bastante virulentos.

A tendência das sondagens inverteu-se, agora é Sarkozy que baixa e Ségolène que sobe nas intenções de voto da segunda volta. Já na primeira volta ambos baixam e o candidato centrista François Bayrou começa a acreditar que vai estar na segunda volta, se assim for todos os institutos de sondagem lhe asseguram a vitória.

Para terminar esta crónica, a semana acaba com o anúncio do novo staff de campanha de Ségolène Royal no qual participam Jospin, Fabius e Strauss-Khan.
 

Marianne vaincra et çà ira!


O historiador Jacques Le Goff explica as razões pelas quais apoia Ségolène Royale na corrida para o Eliseu. Numa das suas sínteses sustenta que, enquanto Sarkozy fala à França, Ségolène dirige-se aos franceses. Sem ironia. Faz toda a diferença.
O texto, leve e breve, publicado no Le Monde, “Madame La Présidente”, está disponível [aqui].

 

O Zeca que fica.



Duas décadas atrás, calou-se uma das vozes mais límpidas e genuínas que acompanharam a viragem da época estadonovista para a da democracia.

O dr. José Afonso, -- canoro do fado de Coimbra, com muita saudade, Mondego, Choupal e tricanas à mistura, -- desembarcou nas lides da oposição antifascista, pela via das baladas que se foram metamorfoseando em canções de intervenção, e deu, primeiro, no José Afonso, entre pombas e vampiros, comprometido para todo o sempre com o menino do bairro negro, tornando-se, depois, no militante, fraternal e popular diminutivo, pleno de cumplicidades: Zeca.


Zeca, foi o nome por que, finalmente, ficou conhecido.


Zeca Afonso.


É difícil recordá-lo sem rememorar o incentivo que nos deu. A beleza e simplicidade das melodias, a autenticidade do canto, e a postura do resistente a todas as opressões.


“(…) Abre uma trincheira
Companheira.
Deita-te no chão.
Sempre à tua frente
Viste gente
De outra condição
.”

Agora, depois do Arlindo-coveiro aceder, enfim, ao pedido de, com a sua marreca, o levar primeiro para a cova aberta, ficou este lado insepulto da marca que imprimiu duradouramente, na nossa memória, ânimo e cultura.

O Arlindo não teve coragem para escondê-lo na terra, e nós também não.

2007-02-22

 

Na REFER não andam a ver passar os comboios


A fumarada que aqui vai!

O engenheiro é diferente mas o escândalo é o mesmo. Estava-se em 2004, na Refer e o engenheiro rescindiu o contrato. Amigavelmente, claro. Tinha um ordenado de 5 mil euros. Recebeu uma indemnização de 120 mil. Mas... e aí é que está a o savoir faire, logo nesse mesmo ano foi contratado pela... adivinhou!! Pela Refer. Como consultor. A 6 mil euros por mês.

Diz o Público de hoje que, consultada a Refer, esta informou que "nesta altura essas formas de colaboração... foram suspensas."

O caso do outro técnico que rescindiu por 210 mil e logo foi recontratado (mas, alto lá, só como consultor!) a 5.050 euros relatei aqui.

No SINDEFER têm sido denunciados estes casos. E observa-se, e bem que, sendo tudo legal é tudo imoral.

Moral da história (supondo que há Moral): tudo legal mas com uma lei imoral. Ministro da tutela e 1º Ministro, segundo os jornais, já avisaram que alguém terá de ser responsabilizado. Mas se está tudo legal o responsável, se bem entendo, será o decreto-lei do Governo, isto é, o Governo.
A propósito, já mudaram a lei?

 

VIAS LENTAS


Carmona Rodrigues se não ganhar um lugar na história por causa das trapalhadas em que a CML se afundou garante-o com certeza por ter transformado as vias rápidas que outros presidentes de Câmara, antes dele, se esmeraram a construir em Lisboa, em inexplicáveis VIAS LENTAS.

Que sentido faz multar o automobilista que ao longo do viaduto do Campo Pequeno e até ao Campo Grande ultrapasse os 50 Km/h? Que explicação? CAÇA À MULTA? Garantir por mais tempo o congestionamento do trânsito em Lisboa?
Faria sentido um limite de 90 km/h para impedir os criminosos das corridas a 140 ou a 200 à hora. Até porque nas horas de maior trânsito este se encarrega de condicionar a velocidade.

 

GOOGLE acusado de pirataria

Diz Le Monde de hoje que duas empresas independentes francesas de produção cinematográfica acusaram o Google Video France, filial do gigante americano, de "contrafacção" por terem colocado na Internet o seu documentário Le Monde selon Bush de Wiliam Kavel.

 

A entrevista do Procurador

Entrevista interessante. Calma. De quem já domina bem os dossiers.

Interessante porque não se queixou de falta de meios. Até contrariou esse aspecto. É, por isso, uma voz dissonante neste país, quando toda a gente tenta desculpar a sua inoperância nesta base.

Interessante porque atribuiu culpas "da má justiça" e do seu descrédito neste país a todos os agentes, sem deixar de fora os sindicatos.

Interessante porque reconheceu que a estruturação existente no Ministério Público não é a melhor, tendendo para ampliar a burocracia e apontando a falta de especialização dos magistrados como uma das causas para a deficiente actuação dos magistrados.
Pinto Monteiro acabou por nos sossegar, embora não totalmente, ao informar que alguns megaprocessos, como a operação furacão, não tinham caido como se temia e avançou até com novas formas de investigação para este caso concreto.

Deixou assim boa impressão. Esperemos que Pinto Monteiro cumpra.


2007-02-21

 

Ainda o indulto do empresário da noite

Nunca entendi os critérios que orientam a concessão de indultos e menos ainda as razões que assistem a esta "praxe".que pura e simplesmente deveria ser banida.

Mas face a este indulto que tanta tinta tem feito correr e com razão, são no mínimo caracatas as razões apontadas para o erro.

Então, os elementos consultados não eram de leitura fácil? Mas os responsáveis pelo processo não eram pessoas com habilitação?

E não se sabe também a origem do processo, ou seja, quem teve a ideia? Terá sido uma "ideia tão ingénua"?


 

Adoecer a norte e morrer ao sul.



Nas estradas do Alentejo tem de se conduzir com precaução redobrada. Sobretudo em certas áreas. Os socorros demoram muito a chegar e os acidentados não podem esperar pelos resultados incertos que as comissões de inquérito deixam escapar, meses depois.


Hoje foi a vez das populações do Alto Tâmega virem, à hora do almoço, encher o ecrã das televisões com uma marcha de protesto que incluiu autarcas, técnicos de saúde e muitas outras gentes.


Já aqui escrevemos, no Puxa-Palavra, acerca destas políticas desumanas e desertificadoras.

Responderam alguns, então, que não se pode ter um posto de saúde em cada rua ou uma maternidade em cada bairro.

Pois.

Acho que compreendi a boa vontade dialogante.

As organizações concelhias do Partido Socialista estão, agora, a opor-se a estes aspectos particulares das políticas do Governo de Maioria Absoluta do PS.

Que responderão, perante isto, os meus amigos bem-humorados e sempre com um pezinho a fugir-lhes para o baile e para a brincadeira?

Que estas xentes estão exagerando?

Ou que o PS está melhor organizado a norte do que a sul?

PS

Texto esclarecedor de Joana de Belém, no DN de hoje -- Nova rede de serviços de urgência “é mais um convite à desertificação”.


 

De novo, a OPA da PT

Como há dias dizia, aqui, "a posição que tomar o presidente da PT, Henrique Granadeiro, vai ser um peso determinante no percurso futuro da OPA que se aproxima".

Henrique Granadeiro anunciou ontem que a Administração da Portugal Telecom decidiu rejeitar a oferta da Sonaecom, apesar da subida do preço para 10,5 euros por acção.

A razão principal apontada, para além de entender que os 10,5 euros ainda tem por base uma subavaliação do valor económico da PT, reside sobretudo na estratégia de desenvolvimento e valorização futura do grupo, em termos dos interesses accionistas, do país e de todos os agentes que mais directamente se relacionam com a PT como os seus trabalhadores.

Essa é a grande incógnita, pois enquanto a actual administração da PT tem sobre a mesa uma proposta clara, a estratégia da Sonaecom tem muito de nebuloso, não se conseguindo distinguir a parte do negócio de teor especulativo da parte do negócio a prosseguir.

Dia 2 de Março é mesmo o dia D do futuro da PT.

 

Os instintos carnívoros de Alberto João

"Ando há 30 anos em propaganda eleitoral" dizia, ontem, Alberto João no Funchal, enquanto se preparava para assistir ao desfile do carnaval trapalhão.

Ao longo deste tempo, Alberto João tem refinado os seus instintos carnívoros contra os "seus inimigos", reais e virtuais. Pelo que, em entrada no período quaresmal - quarta feira de cinzas -fica-me a dúvida de a diocese do Funchal ter competência para emitir "bula" de valor tão elevado para tanto instinto carnívoro. D. Teodoro de Faria, apesar do jeito que queira dar a Jardim, provavelmente irá ter de recorrer à santa sé para tamanha graça a conceder ao presidente do Governo regional da Madeira, porque o homem está insaciável. Para grandes males grandes remédios e então que se consulte a santa sé

Agora, o grande instituto carnívoro está contra José Sócrates, aquele primeiro Ministro, que decidiu enfrentar jardim, para pôr ordem na casa das Finanças Regionais.

Sócrates não exigiu muito. Apenas aquilo que é comum na vida de cada um nós: se contraio um empréstimo tenho de o pagar. Jardim sempre gastou à tripa forra e nunca pagou, pagou o país. Sócrates achou que tais façanhas jardinescas tinham de acabar. E este é o pecado de José Sócrates.

E eis toda a questão da actual Lei das Finanças Regionais. Caso contrário a dívida pública regional continuaria a ter várias edições e (re edições).

2007-02-20

 

A corrida às armas nucleares

Não estará a UE a dar um empurrãozinho para esta corrida?

É que li hoje que a República Checa e a Polónia estarão na disposição de deixar instalar nos respectivos territórios pelos EUA , armas defensivas para fazer face a qualquer iniciativa vinda da Coreia do Norte ou Médio Oriente.

Estas armas, como dizem, nada têm contra a Rússia. Mas não deixa de ser uma atitude no mínimo incómoda para a Rússia, certamente porque não estará na cabeça de Bush dar uma palavrinha a Putin sobre o assunto.

É evidente que perante uma aus~encia de uma política externa na UE, a UE está "impedida" de impedir que estes dois países UE façam o que bem entenderem.

Mas será que não se percebe que esta atitude não justifica uma boa soma de dólares e que só traz complicações para a vivência na casa europeia?

Porque será que alegando cooperação com os EUA o que se passa é uma subordinação plena e cega da UE às pretensões dos EUA? Leia-se o artigo de Medeiros Ferreira sobre o discurso de Putin que embora não directamente ligado com esta preocupação vale a pena Um discurso histórico?


2007-02-19

 

Portugal em carnaval permanente

No Brasil é voz corrente que no carnaval tudo é permitido.

Como foram os portugueses que descobriram o Brasil, certamente foram eles (os portugueses) os promotores dessa consigna e como tal em Portugal tudo é permitido.

E vejamos:

É permitida uma das mais elevadas taxas de corrupção do mundo dito civilizado, bem como uma das menores taxas de penalização dessa corrupção

É permitido um "apito dourado" do maior nível sem consequências que se vejam.

É permitido um dos maiores índices de pedofilia também sem grandes consequências.

É permitida uma das mais elevadas taxas de fuga aos impostos, que toda a gente conhece, mas apesar dos grandes elogios ao Director de impostos, os apanhados são sempre os mesmos.

É permitido ter-se um dos preços mais elevados de gás e variações de 300% sem que nada se faça.

É permitido ter um dos preços mais elevados na energia eléctrica.

É permitido ter dos piores transportes na Europa.

É permitido e cultivado ter cidades sujas de que Lisboa deve ser um exemplo a não perder e um bom cartaz de turismo.

É permitido ter listas de espera na saúde piores que no terceiro mundo.

É permitido ter das taxas mais baixas no aproveitamento escolar.

É permitido ter os cursos superiores mais bizarros que se pode imaginar

É permitido ter a formação profissional também bizarra que contava como créditos para a promoção...

É de perguntar será que algo não é permitido? Isto é mesmo um país em autêntico Carnaval.
 

Quartel general do PSD reunido de emergência

Lisboa de Carmona está a arder. A Madeira de Jardim em polvorosa.

Discussão puxa discussão e conclusões políticas palpáveis não se vislumbram.

Há quem avente a ideia de pedir uma opinião a MRS. Nem pensar, o homem anda em transe. O aborto deu cabo dele e agora só chora no ombro de César das Neves, para quem a grande derrotada foi a igreja.

Como sair deste impasse? Só na roleta. E assim foi.

A sorte grande coube a Jardim. Carmona não tem hipóteses.
 

Jardim demite-se...

Desta vez não fez bluff. ... No Carnaval, um homem sério.

Demitiu-se mesmo, uma postura de que Carmona não é capaz. Deve faltar-lhe algo de que Jardim tanto se preza de invocar contra os políticos de Lisboa.

Jardim demite-se para se candidatar de novo e uma das razões invocadas é a de que se candidata para impedir, imagine-se, que exista na Madeira:

" Um governo de medíocres, incultos, traumatizados sociais e subservientes de Lisboa".

Jardim, afinal, não confia na sua "própria obra". Sente que tem de aguentar, continuar a obra até cair da cadeira. Afinal, defronta-se com a sua própria impotência: a incapacidade de, ao longo de 30 anos, produzir algo que não seja medíocre, inculto, traumatizado social e subserviente de Lisboa.

O PSD/M será mesmo só isso? Ajoelhado perante Jardim?


 

Aí está uma nova ideia...Extinga-se a Câmara

É o que escreve hoje, Miguel Gaspar, o director interino, no dn.editorial.

Uma ideia excelente, pois há situações por mais voltas que se dêem, não encontram saída.

A CML e muitas outras câmaras deste país não têm saída, independentemente do bom trabalho que tem sido produzido nas mais diversas autarquias.

As leis estruturantes do poder autárquico estão desfasadas dos tempos actuais, em termos de ordenamento político e administrativo, a gestão é de uma maneira geral caótica e o modelo de organização nada tem de eficaz.

Discuta-se esta ideia de fundo: imploda-se a Câmara e sobre as suas cinzas edifique-se uma estrutura que vá de encontro à solução dos problemas da população de Lisboa (trânsito caótico, sujidade, buracos, falta de segurança, etc).
 

Ordem dos Médicos não é igreja

O Dr. Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, acha que o código de ética que esta impôe aos médicos pode ignorar o resultado do referendo e a lei que de acordo com o resultado deste será aprovada. Pretende manter nele a criminalização da IVG e impedir que qualquer médico inscrito na Ordem possa fazer uma IVG sem incorrer em pena e sanção grave.

Não entenderá o bastonário que a Ordem dos Médicos não tem o estatuto de uma igreja? Que não pode ser uma organização confessional em oposição à ordem jurídica do país?

Apesar de a mentalidade conservadora de uma parte do país levar tempo a mudar; apesar do erro em que o que o PR caiu, ao andar por aí a fazer "aconselhamento" ( à Assembleia da República?) para que a lei a promulgar tanto respeite o voto popular como o contrarie, a coisa mudou.


2007-02-18

 

Conluio em Estrasburgo. Diz o Expresso


 

REGABOFE...

... na Câmara Municipal de Lisboa:

sob investigação os negócios Parque Mayer-Feira Popular, a venda do Val de Stº. António, o loteamento em Marvila no corredor da Alta Velocidade, isenção de imposto em edifício da Av. Infante Santo e o pagamento ao Benfica de 8,1 milhões de euros para infra-estruturas do estádio. Além dos 180 mil euros com que os 11 administradores da EPUL e de duas empresas participadas se acharam no direito de se auto-premiaram contrariando uma decisão do actual Governo, talvez porque a empresa sob a sua administração "não atingiu os objectivos que se propunha".
Há que agradecer ao vereador a Sá Fernandes a participação ao DIAP.

... e na Refer:

o ministro Mário Lino "já informou o presidente da empresa que alguém terá de ser responsabilizado pela indemnização de 210 mil euros" (Expresso 2007-02-17) dada a Manuel Lopes Marques - ex-director-geral de exploração e conservação da Refer (que teve o ano passado perdas de mais de 160 milhões de euros) e que "saiu a seu pedido", em Junho de 2006, com uma indemnização de 210 mil euros e três meses depois foi contratado pela Rave, empresa do grupo, para ganhar 5 mil euros por mês.
Quem presidia à Refer? Luís Pardal. Quem preside à Rave? Luís Pardal. [Link e link]
Receio que possa estar tudo legal. E que o regabofe esteja na lei.
Vamos ver o que sucede.

2007-02-17

 

Alberto João vai para ELEIÇÕES?

Parece. Jardim pode provocar eleições antecipadas.

E se as provocar é uma jogada de expertise política.

Porquê?

Porque apanha a oposição numa situação encurrulada. Ele provoca eleições contra o governo da República pela lei das finanças regionais e a oposição votou ao lado dele contra a dita lei do governo.

Num raciciocínio muito escolástico, se todos estiveram contra porque não concentrar os votos em Alberto João? O povo sabe ver. Ele como governo regional é que foi "a vítima"

Mesmo o PS regional, com todas as suas tibiezas e contradições, também não vai fixar votos, ou seja, não vai longe.

Resumindo e concluindo, ou muito me engano, ou se Jardim fôr a votos terá uma vitória significativa e tem tempo até para deixar o governo daqui a 4 anos pela porta grande, pois pode jogar com o timing.



 

Sócrates e o aborto

Este mesmo título adaptado, também o dei a Cavaco Silva aqui.

Só que a distância, entre eles no tema ABORTO, é como o dia e a noite. O PR, como referi no post abaixo, é de uma ambiguidade que não se entende. Tenta agradar a todos os campos. Tarefa impossível. SIM e NÃO poderão alguma vez ser uma e a mesma coisa? O que se deve é ser cuidadoso na formulação das questões. Sócrates, na entrevista que deu ao Expresso hoje publicada, é cristalino, cuidadoso e moderado.

Sócrates diz: há que olhar para as boas práticas dos países membros da UE (poderia ser mais global e incluir os EUA), no sentido da legislação que há a produzir, mas com clareza sobre o sentido/conteúdo do que foi referendado. Cabe à mulher decidir - sem sermões de ética e moral. Nada de aconselhamento e tudo pela informação médica mais completa. Nada mais correcto. Foi isso que o povo português votou.

 

Cinquenta séculos de História



Gentileza de Esaguy Doukarsky.

Quando um país com 230 anos de História invade uma região da qual só conhece os últimos 30 dos seus 5.000 anos de História pode ficar sem perceber porque a guerra que desencadeou não obedece aos planos gizados.
Uma visita, à vol d'oiseau, em 90 segundos, a 50 séculos de civilização. Aqui no site Maps of War


2007-02-16

 

Ver para além dos testículos



Conseguir ver para além deles!




Alberto João Jardim disse (reportagem da RTP1, transmitida no Telejornal da hora do almoço) não haver, no continente, testículos para lembrar que o referendo não foi vinculativo. Puro engano do Presidente do Governo Regional da Madeira. Esta não era uma mera questão de testículos (esqueceu-se dos ovários, com certeza), mas sim de intrusão do Estado em íntima matéria de consciência.

Convém lembrar-lhe que a maioria dos votantes provou ser capaz, nesta matéria, de ver para além dos seus próprios órgãos genitais.


Coisa de que ele, aparentemente, não é capaz.

Além do mais, faz mal em dar ouvidos à voz dos testículos.

Ficou provado que nem sempre é boa conselheira...

 

OPA ao rubro

A grande novidade, embora esperada, é a da subida de preço da OPA sobre a PT pelo grupo de Belmiro de Azevedo.

A Sonae elevou o preço de UM euro. Agora está em 10,5 euros por acção.

Já se começaram a ouvir as reacções. O BES, por exemplo, diz que vai recusar a nova oferta e votar contra a desblindagem dos estatutos na Assembleia Geral do dia 2 de Março. Vai ter seguidores? A desblindagem é um aspecto nevrálgico na estratégia de Belmiro de Azevedo.

Mas a posição definitiva que tomar o presidente da PT, Henrique Granadeiro, vai ser um peso muito determinante no percurso futuro da OPA que se aproxima.

O lançamento da OPA teve os seus efeitos e muitos deles de alcance bem positivo. Nada ficará como estava. Resultará uma redução do poder de monopólio da PT. Isto não significa que se a OPA for ganha pela Sonae... seja uma mais valia para o País. Há uma grande nebulosidade e a AdC cometeu vários pecados neste processo.

O Governo ainda tem muito campo de manobra e pode "endireitar" muita coisa, no bem do país.


 

Que Câmara é esta?!...

Esta é a Câmara de Lisboa. A Câmara da capital do País. Fontão de Carvalho acusado de peculato. Mais um e não um qualquer mas o vice de Carmona Rodrigues.

As malhas apertam em redor do Presidente. E as margens de manobra estreitam-se e ainda não rebentaram, diz-se nos mentideros casos como o vale de Santo António.

Se um dia se conhecesse minimamente o quanto move estas peripécias!


 

Demitida Direcção do DN

Ontem à noite ouvi, com alguma surpresa, que a Controlinveste tinha decidido demitir a direcção do DN. A maior surpresa vinha mesmo dos argumentos avançados porque à revelia do que tinha lido há bem pouco tempo.

E então que argumentos avançou a SIC de fonte próxima da administração da Controlinveste?

O fraco número de vendas do jornal.

E o que tinha lido eu antes?

Que o DN que, no passado tinha andado com perda de leitores, com esta direcção tinha vindo a subir de vendas e até era um dos órgãos de comunicação que maior progresso apresentara no último ano neste domínio. Vá lá entender-se!!!

Aqui expresso um reconhecimento ao trabalho desta direcção desenvolvido na área da economia.

Se criou público não sei. A mim fidelizou-me.

2007-02-15

 

Cavaco Silva e o aborto

Cavaco Silva, na sua qualidade de PR, não devia ser ambíguo sobre tema tão delicado como a IVG. Falar de "soluções de bom senso" para ajudar a "unir os portugueses", quando a AR se prepara para legislar na sequência de um SIM inequívoco que merece ser respeitado, pelo menos, tanto quanto o foi o NÃO no penúltimo referendo, é jogar na maior ambiguidade. Ou o PR diz claramente o que entende, ou então, o melhor ainda seria ter estado calado.

Como não foi isso que fez, deduz-se que, mesmo muito indirectamente, já se imiscuiu num domínio que não é o seu e que pode ter uma interpretação do SIM desfocada da que o Legislador pode vir a ter.

Ora a pergunta do referendo era clara em termos de opção na decisão. E, por conseguinte, não há meio termo, não há agora que lhe pôr peias. A opção da mulher é livre. Não há que impingir, como algumas forças defensoras do NÃO querem, o aconselhamento de natureza moral.

O que a mulher precisa é de informação e de acompanhamento médico ao longo do processo.

Como decide, com quem fala sobre a sua decisão é da responsabilidade da mulher. O que o Estado deve dar é a informação médica o mais completa possível e a tempo.

O voto não foi para que se institua aconselhamentos de ordem moral.

E não sei se não é exactamente por este caminho que o PR gostaria de ver o Legislador avançar, contrariando o conteúdo do voto.

A AR vai saber alhear-se destas intromissões, interpretando realemente em que consistiu o voto.


 

Nem sempre se perde quando os outros ganham.



Alice’s adventures in the wonderland, London, William Heinman, 1907
(Arthur Rackham Estate)


A filha de um colega meu, na noite de 11 de Fevereiro, desabafou do alto da sua vastíssima experiência de sete anos:
- “Pai. Sinto que perdi e que ganhei”.
O pai, apoiante do “Não”, ficou perplexo, mas divisou a genial síntese subjacente.

A mesma menina, perguntara ao pai, noutra ocasião, o que faria ele se já tivesse dez filhos, estivesse desempregado, e a mãe, sem o desejar, tivesse engravidado outra vez.

Não sei, ao certo, o que o pai lhe respondeu.
Também não interessa muito.

Passou a tratar-se, agora sim, de uma questão de consciência.

2007-02-14

 

O 8 ou 80

Ia a uns 80km/h na Avenida da República, em Lisboa, quando se acendeu um ameaçador 50 vermelho e luminoso. Percorri, respeitador 1 km àquela regulamentar e perigosa velocidade. Perigosa porque, sem nenhum trânsito, aquele rame rame adormece e despita.
Faz sentido 50 ou 60 km/h quando há muito trânsito e 80 km/h no resto do dia. Nesta como noutras vias rápidas da cidade.
Somos o país do 8 ou 80. Num mês os novos radares registaram 71 mil infracções em Lisboa. Isto quer dizer duas coisas
- primeira: é necessário pôr na ordem muitos condutores e não apenas os que foram detectados a 203 e a 218 km/h.
- segunda: os limites de velocidade ou não são para cumprir, como acontece com tantos outros regulamentos, ou não são adequados a todas as vias e a todas as horas e não contribuirão para o tão necessário aumento de civismo.
A menos que se trate de mais uma esperteza para a caça à multa.

 

Absurdos (2)

Todos teríamos percebido que, mesmo após a prevalência do “Sim”, as coisas não iriam ser fáceis. Uma boa parte dos que sustentaram o “Não”, persistem em apontar a excepção (que o aborto deve sempre ser) como um “crime contra a vida” e, em muitos casos, um pecado.

Segue-se o contra-vapor dos vários tipos de objecção de consciência, código deontológico, má vontade boicotadora, sabotagem e amuo.

Dizem os canhenhos que é sempre assim. Nos assuntos da fé, não é de um dia para o outro que a conformação com as práticas democráticas e a tolerância com os costumes alheios fazem vencimento.

Depois de tantas mulheres estropiadas, devassadas e envergonhadas publicamente, o Estado retira-se finalmente da cruel, hipócrita e ineficaz intrusão no âmbito da intimidade e das decisões em matéria de planeamento familiar.

Os mais tementes a Deus e à Santa Madre Igreja, não sossegam. Dizem que a terra tremeu e o comboio do Tua foi empurrado ravina abaixo.

E têm razão.

Já chega!
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2007-02-13

 

Rescaldo do referendo

1) Como a ânsia de protagonismo conduz ao descrédito:
Luís Filipe Meneses : Referendo foi "enorme derrota" de Sócrates e um "cartão amarelo" à governação.
2) O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga diz que "o resultado do referendo não é decisivo pois a Igreja sempre considerou que a questão da vida não é referendável".
Confusão desnecessária, a maioria dos católicos já tinha percebido que era o Código Penal e não a vida que ia a votos.
3) O acossado ALberto João Jardim reclama que para levar a IVG à prática na Madeira "Só com mais dinheiro".

 

O percurso do SIM

O percurso do SIM não se afigura fácil. Vencido o bloqueamento institucional e legal, ao acertarmos, embora com anos de atraso o passo pela Europa, urge montar "a máquina", de forma eficiente, bebendo em experiências várias o que de bom já está provado.

Penso que, na nossa sociedade, dois domínios são de extrema exigência, requerendo decisões acertadas: o financiamento e a resposta do SNS.

Ao longo da campanha, a questão do financiamento foi muito utilizada pelo NÃO no seguinte sentido. Se se permitir a "liberalização" do aborto, isso significa o desvio de recursos financeiros do tratamento e cura de outras doenças. Nunca ouvi uma resposta satisfatória a esta questão, designadamente que a situação actual tem custos de saúde pública elevados (Estimativas de quanto? ) e que, através da despenalização, estes custos reduzir-se-ão, libertando meios a transferir para a IVG, agora legal. De qualquer modo, sabemos que não basta e é determinante saber como será o financiamento. Temo o aparecimento de algumas posições extremistas pela gratuitidade global. Acho que deve haver comparticipação do Estado e só em casos absolutos de falta de meios o Estado deve pagar na íntegra (modelo alemão) Alemanha paga aborto a quem não tem meios.

Quanto à criação de condições e eficiência do SNS, creio que é possível avançar-se bastante na sua adaptação e resposta. Não me esqueço que o SNS conseguiu organizar-se no combate eficiente à taxa de mortalidade infantil, em tempo considerado eficaz, e hoje o País está em bom nível, pelo que, na base dessa excelente experiência nacional, lançar os meios (equipas) para este efeito. Aqui surgirão os objectores de consciência, mas aqui estou com o Ministro Correia de Campos, uma coisa é o medico, outra é a instituição onde o médico trabalha. E uma instituição não pode parar por haver objectores de consciência. Recorram-se a contratações.

E a propósito não consigo atingir o que quer dizer o Bastonário da Ordem dos Médicos com a seguinte frase "a objecção de consciência é um direito individual" (perfeito) e "pode-se ser objector de consciência só para uma determinada situação" (não entendo). Fico com imensas dúvidas e com suposições pouco abonatórias, na sequência de outras que ouvi o Bastonário tomar no seu percurso de bastonário.

Defendo que pode/deve haver contratualizações muito bem definidas com serviços externos para esta situação. Porque não poderão fazer parcerias público-privadas neste domínio?

José Sócrates e Correia de Campos têm a oportunidade de mostrar a sua vontade.

2007-02-12

 

Após decisão dos Portugueses


A vitória do SIM no referendo é uma vitória histórica. Mas devemos dizê-lo baixinho para que não se oiça por essa Europa que fez a Reforma, beneficiou do iluminismo, não teve a Inquisição, e vai meio século à nossa frente em muitos aspectos de ordem cultural. Para que não olhem para nós com espanto e paternalismo.

Dei uma volta pelos blogs do NÃO. E sem surpresa concluo que é necessária determinação para não permitir que os nossos irmãos, herdeiros da contra-reforma, de Torquemada, do Santo Ofício, com a sua irreprimível, tradicional e muito moralizadora pulsão autoritária sabotem a concretização rápida de uma política de saúde pública e liberdade que diminua o aborto clandestino e esclareça e ajude quem em definitivo queira abortar nas condições legais.

Lendo os blogs do NÃO, hoje, no day after, e olhando para o mapa do referendo tenho dificuldade em aceitar que as luzes, a defesa da Vida, os esclarecidos que nos iluminam o caminho, estejam predominantemente ali, nas zonas mais interiores, onde a precaridade é maior, onde predominam os idosos e vivem os mais submetidos ao pároco de aldeia que nos ameaça excomungar.

A crer nos iluminados dos blog do NÃO, as mulheres portuguesas, a quem o referendo reconheceu o fim de algumas grilhetas, vão, sem o cinto de castidade da Código Penal, transformar-se em devassas, pecadoras, ameaça de "mães de Bragança". Vão para aí, engravidar a torto e a direito e a fazer abortos por gosto ou por dá cá aquela palha.

O que me custa a entender é como pessoas tão empenhadas na VIDA, no bem das crianças, queiram impor com o medo da repressão e a força das suas convicções o nascimento de filhos a mulheres que não partilham os seus dogmas, não os desejam e, segundo a sua convicção, não teriam nenhumas condições para os criar com amor e dignidade.

Com ponderação, razoabilidade mas com determinação trabalhemos para que o mundo avançe. Depois, no tempo dos nossos bisnetos, quando as metas de civilização forem outras, os herdeiros dos NÃO de hoje pedirão desculpa pelas suas teimas de agora. Mas... para tentarem impôr as suas teimas de então.

Link para um paradigmático fundamentalista do NÃO a que cheguei vindo daqui.


 

As próximas eleições em França

Faltam menos de 70 dias para a primeira volta das eleições em França. A candidata socialista terminou este fim de semana a fase "participativa" durante a qual promoveu debates com militantes e eleitores por toda a França. Ontem publicou o programa onde resume as conclusões que tirou ela mesma do debate.

É certo que esta forma de proceder deixou muita gente com dúvidas sobre a eficácia da campanha, as questões são tantas neste tipo de debates que inevitavelmente Ségolène Royal cometeu algumas gaffes, como por exemplo ter afirmado que a primeira lei que fará votar é uma lei que afaste do domicilio conjugal o autor de violências conjugais, ora tal lei já existe e foi votada por ela mesma.

A leitura das 100 medidas deixa-me com a sensação de falta de uma linha mestra, parece-me um catálogo de boas intenções, oxalá me engane. Algumas das propostas são bastante controversas, cito apenas duas: enquadramento militar dos jovens delinquentes e supressão da sectorização escolar.

2007-02-11

 

Marcelo perdeu. Sócrates ganhou

Sem retirar os méritos aos votantes do SIM que tinha vindo a ganhar terreno desde 1998, sobretudo nos jovens, José Sócrates fez a diferença ao apostar no SIM sem equívocos. O seu antecessor secretário geral Guterres, por convicção própria, mas também por aliança com o seu amigo de peito Marcelo, ambos oriundos da meios católicos, foram pelo NÃO. Acertaram o passo infelizmente contra o progresso social.

O seu a seu dono. Embora muita gente não vá admitir, a diferença é devida em grande parte a Sócrates e à juventude. Mas por isso não fica "exonerado" de continuar. A juventude que o acompanhou nesta votação vai ser muito exigente com o SG do PS e vai impor-lhe duas grandes medidas: uma lei capaz que defina as regras e uma adaptação do SNS também capaz de responder às situações.

Está no governo e pode, como em nenhum outro assunto, acertar agora o passo com os países avançados.

Esperemos que não seja uma oportunidade perdida.


 

Sim, uma vitória para um Portugal menos atrasado

O SIM trouxe condições para Portugal avançar no sentido de um país mais concertado com a Europa avançada em termos sociais, mas é apenas um pequeno e curto passo.
Há um caminho grande e difícil ã percorrer. O SNS nacional tem de se organizar para responder ao que as pessoas votaram. A AR tem de pensar muito bem como legislar esta nova situação aberta pela vitória do SIM.
Mas não podemos deixar de dizer que houve uma grande demagogia do NÃO, mudanças de estratégias demagógicas ao longo da campanha, tentando tudo para o NÃO sair vencedor. Marcelo, por exemplo, afirma não desejar incriminar as mulheres que façam o aborto em qualquer altura da gravidez. Isto é aliciante, mas não estava em discussão e contrariava todos os princípios base por ele defendidos.
Ganhou o SIM, é o que está na ordem do dia. Agora é preciso que o governo trabalhe e pense seriamente como vai responder a esta manifestação de vontade do povo.


 

Albertp João cada vez mais prejudicial aos interesses dos madeirenses

A ideia não é nova. Já aqui a expressei e defendi por mais de uma vez. E cada vez mais gente acentua e fala deste sentimento apreensivamente.

Hoje, Nuno Brederode Santos, na sua crónica de Domingo A promulgação vem pegar na imagem de Alberto João no eleitorado numa outra perspectiva, a do País, acentuando a ideia que os defensores do sim à regionalização defrontam-se com o exemplo pouco cativante de Alberto João nessa matéria, um exemplo onde a repulsa funciona mesmo. Há dentro do PSD/M uma minoria para quem o seu afastamento era um alívio.


 

Egas Moniz na berlinda

Barreiro. Agora já quase sem fábricas e poucos operários. Mas ainda com as suas colectividades, cooperativas, sociedades culturais a lembrar o associativismo do antigo bastião operário e comunista por excelência.
Segui o anúncio e lá dei com a Cooperativa Cultural e Popular Barreirense, o seu presidente, o Senhor Nuno Nobre Soares e o Manuel Correia autor do livro em lançamento.

 

Crónica de Domingo em dia de referendo

Café do Largo. Onze horas. Chuva miudinha e mesa de voto na escola em frente. Então já votou? Já. Fui com a minha Senhora.
Mas a conversa escorregou para os blogs porque o Sr. Antunes agora quer que lhe ensine a fazer um.
Olhe, li aquele posto ou posta ou lá o que é - como vocês dizem - que fala do Souto Moura que se desculpou na Assembleia da República, quando o chamaram à pedra, a semana passada, sobre o “Envelope 9”: "que nem sequer sabia o que era uma folha Excel". Que vergonha, até lhe conto uma história. Lá na terra o Sô João da taberna - se bem que agora aquilo já é mais café que taberna mas ainda vai entremeando uns copos de três com os cafezinhos - já mexe em computador que lhe ensinou a filha que tem estudos. Até tem internet, ideia dela, meia hora um euro, para os fregueses. Estive lá ontem e perguntei-lhe: Ó ti João vossemecê sabe o que é uma folha excel? Do computador? Sim sim. Atão não sei!? A minha filha... - e já queria contar a história do costume mas atalhei e ele lá disse - até me faz um jeitão. Todos os dias, depois de fechar, despesas numa coluna, dinheiro em caixa na outra e ando sempre em dia.

Pois - virei-me eu para o meu vizinho, o Senhor Antunes, a desculpar Souto Moura - lá o Sr. João tem uma filha com estudos, não admira. Mas agora, no Parlamento, é um despautério, a exigirem que um ex-Procurador Geral da República saiba tanto de excel como lá o taberneiro da sua terra.


 

Ontem foi dia de estarmos de bico calado

... sobre o referendo de hoje.

Para além de ser isso... o dia de reflexão não é senão um derivado de uma lei anacrónica, com resquícios fascizantes, em que os partidos não tocam, não se percebe porquê. Sim, porque o dia de reflexão decorre do medo que o regime anterior tinha de que à última hora pudesse suceder algo que perturbasse a apregoada e preconcebida votação no regime.

Os partidos também não tocam no recenseamento eleitoral cuja margem de erro é elevada.

Então será possível que 8,7 milhões de portugueses estejam recenseados correctamente, como se lê na primeira página do DN de Hoje?

Será que só temos apenas 1,8 milhões de portugueses com menos de 18 anos? Ou seja cerca de 17% da população?

Estes dados não jogam com a realidade. Então porque não se corrige o recenseamento? São estes laivos de terceiro mundismo que facilmente poderiam ser ultrapassados sobre que nunca se actua de forma adequada que nos leva a entrar numa linha de pensamento demolidora à VPV.

Deixo estes dados gerais sobre a dimensão do erro no recenseamento eleitoral.

O INE estima que, em finais de 2005, a população portuguesa residente era de 10,5 milhões de pessoas e que os jovens com idade compreendida entre Zero e 14 anos representavam 15,6% da população. Será que a população com 15, 16 e 17 anos de idade e os não recenseados com idade de o fazer (que cada vez começa a ter algum significado nem que seja ao nível das décimas) só representam 1,4 % da população, ou seja, 147 mil pessoas?


 

Será que Vasco Pulido Valente tem mesmo razão?

No Público de Ontem, VPV escrevia sobre "O mal dos portugueses", concluindo que "o mal dos portugueses não está em qualquer falha remediável ou normal. O mal dos portugueses está em que não regulam bem da cabeça". Um prato destes só mesmo servido frio.

Mas, muitas vezes, sinto-me a pensar nesta mesma linha, pois as coisas mais simples levam-nos nessse sentido, porque nunca se resolvem. Será que não se quer? Será que há interesses com tanto peso que impedem? Será... Será ...O quê?

VPV chega a esta "sentença dura e crua" sobre os portugueses, nos quais ele se inclui (a não ser que se enquadrasse no povo superior de Alberto João Jardim mas não me parece ser o caso) a partir de factos banais. Ontem era sobre os semanários de sábado que sairam na sexta para poder dar umas projecções sobre o aborto e comentando as notícias do dia como o caso de Ricardo Sá Fernandes e a Bragaparques, a história curiosa os manuscritos de Eça e a sua fidedignidade, vem terminar finalmente no PR, Cavaco Silva, que pede à AR para legislar não só contra o tabaco, consumo de álcool, obesidade e "estilos de vida sedentários".

VPV questiona: " imaginam uma coisa parecida em França, Inglaterra ou Espanha?"

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2007-02-10

 

O "novo" apito dourado"

Até agora "o apito dourado" estava circunscrito a dois campos: os dirigentes e os árbitros. Os dirigentes eram um conjunto amalgamado pois que, em certos casos, se estendia a dirigentes autárquicos.

A crer nas últimas notícias sobre o tema, que se arrasta há uns bons anos e promete continuar, o seu campo alarga-se e parece atingir os praticantes, os jogadores.

Sempre pensei que a crise era bem mais profunda do que estava "delimitado" . E se se verificarem as suspeitas, a crise é mesmo séria.

Não é fácil debelá-la. Mas o Estado não pode ausentar-se desta questão que, apesar de dever ser tratda com pinças, não deve deixar de ser encarada, enquadrada e resolvida com medidas muito duras.


2007-02-09

 

Absurdos (1)



"Vá!, Isto é para se ir inscrever num curso de iniciação à informática!"

O ex-Procurador Geral da República, Souto Moura, confessou descomplexadamente aos deputados da comissão da AR que o convocaram para esclarecimento da fuga de informação catalogada “Envelope 9”, que nem sequer sabia o que era uma folha Excel. Segundo o próprio, não é lá muito entendido nas coisas da informática?!

O homem disse aquilo com o mesmo ar com que se pode dizer que não sabemos o nome do guarda-redes do Galitos Futebol Clube.

Mais um alto responsável na hierarquia do Estado que não se deixou catequizar pela doutrina do Plano Tecnológico. Sugiro que os próximos empossados dêem provas de um mínimo de literacia informática.

É garantido que faz falta.

2007-02-08

 

O terreno do SIM

Não tenho dúvidas que o SIM tem vindo a conquistar terreno, desde o último referendo.
Nos dias de hoje a mensagem da rejeição de mulheres julgadas ou presas pela prática de IVG é um sentimento social.
O problema que existe é o de uma votação significativa.
O que quero dizer com isto? Uma coisa tão simples.
Há muita gente pelo SIM que não vota e não vota porque está deslocada do seu local de voto.
Esta é uma realidade, por exemplo, junto da juventude universitária. Reportagens feitas junto de algumas universidades dão este dado, pelo que terá de ser ponderada, em termos futuros, outra metodologia de votação de forma a que estes jovens possam exercer o seu direito de cidadania.

 

O referendo do nosso atraso civilizacional (5)

A campanha do NÃO apesar de já não encontrar terreno tão favorável como em 1998 ainda lança mão de métodos "terroristas" como esse dos vídeos sobre abortos e panfletos do mesmo jaez nas escolas do ensino básico. Ou apoia-se na manipulação das convicções religiosas com excomunhões a quem vote SIM.
Às vezes há males que vêm por bem.

 

Lei das Finanças Regionais aprovada

Cavaco Silva promulgou, ontem, a lei das finanças regionais.
Não lhe restava grandes saídas, se vontade a tivesse, de fazer outra coisa, atendendo a que o tribunal constitucional não viu na lei qualquer inconstitucionalidade, a não ser que quisesse conflituar com o governo de José Sócrates. Mas mesmo para isso, se essa alguma vez for a sua intenção, será de escolher melhor oportunidade. Esta teria muitos pontos de fragilidade.
PSD Nacional e PSD Madeira estão foribundos com a situação. tem sido um perder em toda a linha.
Hoje à noite na reunião da comissão política de Alberto João Jardim, será concebido o grande espectáculo de fogo de artifício contra o governo e os continentais a que não escaparão certamente muitos madeirenses por cá residentes.
Mas restam-lhe poucas munições.
Marques Guedes já disse que o PSD vai reagir. Cavaco Silva também lembrou, no seu acto de promulgação que as regiões dispõem de competência para impugnar esta lei.
O governo da república ou o PS também podem impugnar o estatuto político administrativo da RAM, que apesar de aprovado na AR, na opinião de muitos constitucionalistas, está cheio de normas inconstitucionais. É a este estatuto que Alberto João está sempre a recorrer para fazer tanto ruido contra o País.

 

Sinais dos tempos

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Outrora o partido esforçava-se para que Álvaro Cunhal ganhasse o país. Agora mobiliza-se para que ganhe um concurso. Por outro lado, o ditador Salazar que dominou o país meio-século, vê-se agora na contingência de não conseguir ganhar um concurso. O dos Grandes Portugueses, na RTP.


 

O Referendo... (4)

Vital Moreira expôs com clareza, no primeiro debate do programa Os prós e os contras, sobre a IVG que não é o aborto que vai a votos no referendo mas retirar ou manter no Código Penal o aborto como um crime, nas condições da pergunta daquele.

Movidos pela “transcendência” dos seus valores morais os mais prosélitos adeptos do NÃO procuraram um suporte “científico” para colocar ao seu dispor o poder repressivo do Estado. O Código Penal, as polícias, os tribunais, as prisões. Para impor os seus valores aos outros. Como bem sublinhou, naquele programa, o professor de Coimbra.

Explicou (e no debate da semana seguinte o mesmo fez Rui Pereira e Vera Jardim) que no Código Penal só deve figurar como crime aquilo que como tal é consensual na sociedade e não normas morais ou religiosas de alguns.
E expôs à evidência que a criminalização da IVG não é consensual na sociedade e pelo contrário largamente maioritária a opinião oposta perguntando quem na sociedade ou ali, entre as dezenas ou centenas de pessoas presentes, já denunciou ou está disposto a denunciar alguém à polícia por ter feito um aborto. O mutismo foi eloquente. Mas mais eloquente é a mudança de táctica de última hora do NÃO ao tentar convencer (mas quem?) que os objectivos descriminalizadores do SIM se atingem votando. Mantendo o crime no Código Penal e propondo falaciosamente o absurdo de este não aplicar, de forma definitiva, a correspondente pena.

 

O referendo do nosso atraso civilizacional (3)

"Manuel Costa Pinto, padre de Viseu, disse hoje que votará "sim" no referendo do próximo domingo, porque entende que deve acabar a humilhação das mulheres em tribunal e o "verdadeiro infanticídio" a que obriga a lei actual." [Aqui]

(Gentileza e militância da "Margarida" que estou certo vai ajudar o Manuel, ali em baixo, a não perder no concurso da Elisa dos Grandes Portugueses.)


 

O referendo do nosso atraso civilizacional (2)

Júlio Castro Caldas, um ilustre e respeitado jurista, que também considera que a IVG até às dez semanas o que faz é "matar pessoas" (Os prós e os contras, de 2007-02-05) acha que a vencer, no referendo do dia 11, "o SIM far-nos-ia cair num Gólgota inaceitável na civilização a que julgo pertencer”.

Júlio Castro Caldas, se julga pertencer, como se percebeu, à civilização europeia e ocidental está atrasado pelo menos meio século! Ou julga que ela se restringe ao Vaticano, à Irlanda e, mais recentemente, à Polónia?

 

Autarca presidente de Salvaterra de magos sob suspeita

Ana Cristina Ribeiro, a única presidente de Câmara eleita pelo Bloco de Esquerda foi constituída arguida sob suspeita de tráfego de influências.

A PJ esteve ontem umas horas na sua residência de onde levou umas caixas com documentos como se viu nas imagens de TV.

É mau e não deixa de ser incómodo para o BE, embora não se deva confundir a pessoa com a organização.

Aliás, muitas são as autarquias sob suspeita, com Lisboa à cabeça.


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