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2008-05-31

 

As Minorias, muito minorias, ao Poder!!!

Era o melhor. Ficava tudo bem claro no PSD, se, face aos resultados das directas, "Patinho, Então," passasse a gestor do PSD.

Ninguém se ponha a discutir umas migalhas diferenças. Era claro. Nada de equivocos.


2008-05-30

 

Ontem houve "A Madeira na História"

Como anunciei no post antes, ontem dia 29, deu-se o lançamento do livro no Funchal: A Madeira na História. Escritos sobre a Pré-Autonomia.

O evento decorreu próximo das expectativas. Apareceu um público simpático e atento que mostrou curiosidade pelo conteúdo do livro. mas os autores queriam mais, o que é natural.

Penso que a leitura irá ainda aguçar o apetite, independentemente da adesão ou não ao conteúdo. O livro traz ao leitor temas diversos abordados de forma séria e sustentada.

Houve uma boa cobertura pela RTP/M do evento com a intervenção de alguns dos protagonistas e hoje ainda não li a comunicação escrita.

Esta aventura vai continuar em Lisboa e dia 11 no pavilhão central da feira do livro temos encontro combinado, se quiser ouvir falar de uma outra Madeira, uma Madeira menos/pouco conhecida mas muito mais interessante.

Darei no regresso a Lisboa mais novidades sobre este lançamento, depois de falar com o responsável da Âncora editora.

2008-05-28

 

"A Madeira na História"

"A Madeira na História. Escritos sobre a Pré-Autonomia" é o título de um livro, muito recentemente publicado pela Âncora editora e que será amanhã "julgado"no Funchal pelo juiz Ferreira Neto. Os autores aguardam uma pena de suave aplicação.

O "julgamento" terá lugar mais propriamente às 18 horas no pavilhão de autores da feira do livro do Funchal.

Como um de entre os vários autores cá estou eu aproveitando o belo tempo que aqui está para umas férias curtas e a revisão de uns quantos amigos.

Esperemos que ao julgamento apareça um público simpático e curioso, na medida em que o livro reune "um conjunto de pessoas de experiências e estilos de vida bem diferentes quando não mesmo profundamente dessintonizados sob as várias dimensões da vida, procurando cada uma visualizar, de seu feitio, temas da região" - é o que se diz na apresentação do livro designada por Dobrando a Ponta de S. Lourenço...

Os autores em número de 9 que escrevem cerca de 320 páginas, nelas tratam temas desde a comunicação social, o teatro, a música, a economia, a colonia, o então semanário "comércio do Funchal" - o jornal cor de rosa, a igreja progressista da Madeira -"os padres do Pombal" e o ambiente das eleições de 1969 com a Carta ao Governador", pela pena e pensamento de António Loja, João Abel de Freitas, João da Cruz, João Lizardo, Lília Bernardes, Paquete de Oliveira, Rui Vieira, Vicente Jorge Silva e Vitor Sardinha.

É um livro bem plural em temas e autores, bem em contraste com o meio político regional e local dominantes e, com uma mensagem: procurar falar de uma outra Madeira que a Há.


2008-05-25

 

Hillary: Why I continue to run

Foi a grande gafe das primárias. Hillary justificou a sua determinação em continuar a corrida eleitoral para lá do fim das primárias em 3 de Junho próximo com, entre outros "bons" argumentos, o de que no passado, após o fim das primárias, o candidato vencedor do Partido Democrático à presidência, Robert Kenedy, foi assassinado. Insinuando assim, mesmo que sem intenção ( o que alguns apoiantes de Obama excluem) que tem alguma expectativa de que Obama possa ser assassinado entre as primárias e as eleições de Novembro. E assim fazia todo sentido ela continuar na corrida à espera... do assassinato(?)

A gafe resulta pior para Hillary porque há precedentes de "brincadeiras" nesta campanha sobre o eventual assassinato de Obama (além dos precedentes que não foram brincadeira com o assassinato de John e Robert Kennedy ou de Martin Luther King).

"Recentemente Huckaby (um dos ex-candidatos do Partido Republicano) num encontro de uma Associação de portadores de armas quando se ouviu um estrondo no palco ele disse qualquer coisa como isto: "Ah! Não foi nada! Apenas o Senador Obama que caiu da cadeira onde estava sentado porque alguém lhe apontava uma arma..." "


 

Jogos florais

Ângelo Correia veio dizer ao Público que apoia Pedro Passos Coelho mas como ele é o presidente da Mesa do Congresso e a função requer imparcialidade esse seu apoio é secreto, não toma posição pública e não deixa que ninguém saiba para quem vai o seu apoio.
Deixa lá ver se percebi...!
Logicamente - à mon avis - Ângelo, passarão como é, deveria apoiar Manuela Ferreira Leite mas terá feito as suas contas: apesar da crise Manuela dificilmente ganhará a Sócrates, afinal ela fará sempre um pouco mais do que este tem feito no apertar do cinto e nas políticas que menos simpatia trazem ao 1º M do PS e sendo assim lá para 2013 ela já não tem idade para corridas e quem é que poderá estar na grelha de partida pelo PSD? Se não aparecer nenhum "D. Sebastião" pode bem ser Pedro Passos Coelho. Se aparecer algum "encoberto" mais credível ,muito tempo haverá para mudar e entretanto marca lugar no candidato com mais "chances" para meta tão distante.
Ângelo é um estratego. Não vai em tácticas. Apesar da saída em falso no apoio a Menezes. Mas isso acontece aos melhores.

 

O que parecia estar na calha ...

... Com indícios de transformação.

Parecia estar na calha e as sondagens de opinião assim o indiciavam que as próximas eleições, daqui a pouco mais de um ano, seriam fáceis para José Sócrates, apesar das várias frentes de litígio em aberto.

Só que a questão económica complexificou-se e o panorama começa a tornar-se bem mais negro.

As pessoas podiam com a luta dos professores, dos polícias, dos juizes, da função pública, magistrados... mas sem tostão no bolso, a coisa pia mais fina. E a crise está aí. É o preço do combustíveis que sobe, são os juros a pesar, são os bens alimentares e, ao contrário os ordenados ou não sobem ou não sobem na mesma proporção. E a grande maioria das pessoas está mesmo a sentir a perda de poder de compra.

O governo tomou algumas medidas de cariz social e algumas no bom sentido, mas não pode tomar outras, como o congelamento dos preços dos combustíveis, o que seria muito popular, mas isso seria um descalabro. Aliás, não é preciso ir muito atrás. Guterres fez essa opção e pagou-a cara e o país ainda mais.

Mas há que pôr um travão nesse aumento descontrolado de preços, porque não há dúvida as petrolíferas estão a amealhar e bem com a crise. Daí que sem congelar, seja possível agir e não permitir a subida de preços da forma "selvagem" que tem estado em curso. A Autoridade da Concorrência, mais que nunca, tem de ser activa e não se percebe o tempo infinito de actuar.

Até os candidatos às directas do PSD já mudaram as agulhas para este problema. É mais fácil bater em José Sócrates do que abordar os seus problemas internos.

2008-05-24

 

Salários low cost a pagar preços high cost

... É o que se passa nos transportes aéreos para e da Madeira.

Comprei uma viagem (ida e volta) para a Madeira em Agosto. Andei em agências e na TAP a ver o que conseguia. Mínimo obtido quase 300€ quando antes da liberalização dos "céus da Madeira" fazia a brincadeira sem grande esforço por 240 a 250€.

A liberalização por este andar evaporou-se. Agora funciona o descontrolo de preços contra o passageiro.

Ouvi muitos responsáveis dizer: agora é que vêm aí os baixos preços.

A TAP faz o seu marketing. Anuncia uma venda de 20 000 viagens a preços que deveriam passar a ser o real por cerca de 130 a 140€. Poucos tiveram acesso. Sou um privilegiado consegui uma ida e volta. Tentei outra mas já não cheguei lá e olhem que foi nas primeiras horas. Evaporaram-se também as viagens!!.

Os residentes têm agora 60€ de retorno numa ida e volta. Que maravilha!! Antes da chamada liberalização dos céus da Madeira pagavam 180 €, agora com os 60 € pagam 240 e, se for uma viagem na hora, pagarão alguns 340 €

Isto não pode ser. Choca. É contr natura.
Os governos (regional e nacional), com esta dita liberalização, onde funcionam a TAP e SATA em code share (estão a ver!), devem pensar que "liberalizaram" o mercado, sim, mas para estas duas companhias. Instituiram um duopólio, isento de regulação. E duopólio é duopólio não há nada a saber.

Sou pela liberalização, mas primeiro é preciso criar as condições. Sem mercado livre não há concorrência. Os preços não baixam, sobem sempre. É o que se passa. E se assim é e se não aparecem outras alternativas e, já se sabia que não estavam alternativas sobre a mesa, "a liberalização" tinha de ser condicionada, controlada e faseada. Devia ser o início do processo apenas.

O Governo regional apostou cegamente nesta política e negociou uma pésima situação para os residentes mas também para todos os que querem ou precisam de ir à Madeira em viagens não organizadas, porque para essa viagens há um pacote de baixo preço com hotel incluido. É outro mundo. E esse admito que tenha colhido benesses deata abertura de linhas.

E já agora, embora me pareça que deve haver uma protecção aos residentes, seria de toda a utilidade definir o que é residente.

Considera-se residente a pessoa ou também as empresas?

E se se enquadram nesta categoria as empresas e, portanto, os seus empregados e gestores em deslocação em serviço, porque não considerar de igual modo as empresas sediadas fora que à Madeira vão em serviço?

É uma questão que fica, para ser melhor analisada a quando da revisão esperemos muito próxima porque esta situação merece dos políticos uma atenção imediata. Já deviam estar, no terreno, a corrigir o que decidiram

2008-05-22

 

Livraria Orfeu - Bruxelas

Não conheço muito do trabalho desenvolvido por esta livraria em Bruxelas, mas pelos e-mails que recebo de Joaquim Pinto da Silva, ligado à livraria, julgo estar a desenvolver um bom trabalho de divulgação sobre a cultura em Portugal.

Acabo de receber

Carta d’Orfeu 33 22.5.08
Informações

Que entre outras mensagens refere:


- Morreu Irene Vilar (12 de Maio): a escultora do monumento a Fernando Pessoa do recanto da Praça Flagey com a Rue des Cygnes, e que, a partir de Julho, se chamará Square Pessoa (ver abaixo). É também autora do busto de Louis Henry, na rotunda entre a Pl. Flagey e o Hospital de Ixelles).

11 julho, sexta-feira, ao fim da tarde – Inauguração da Square Pessoa. No quadro geral da reabertura da Place Flagey, a "Commune de Ixelles" atribuiu este nome ao triângulo onde se encontra o monumento a Fernando Pessoa (da escultora Irene Vilar). O centro cultural Flagey organiza este evento com apoia da Embaixada de Portugal e nosso.


 

A cobiça ...

As directas do PSD andam animadas e à conquista de espaço. Uma zona cobiçada é a Madeira, por ter muitos votos.

Ontem, foi a vez de Pedro Passos Coelho "mendigar" os votos de Jardim. Hoje, chegou a vez de Pedro Santana Lopes. Jardim, por outro lado, faz o seu jogo.

Ferreira Leite é a que parece estar pior colocada. Mas na Madeira nada fica ao acaso.

Alberto João Jardim já distribuiu jogo e calhou a Miguel de Sousa entrar no club dos barões do PSD. O euromilhões deu-lhe a representação de Ferreira Leite. Uma santa distribuição segundo Jardim.

Ontem Passos Coelho, na sua qualidade de candidato a líder do PSD prometeu "o aprofundamento da autonomia". Não disse como. Deduzi que era um dito para agradar sobretudo Jardim pelo que penso que deveria ter dito, mudando de substantivo, "afundamento".

Santana Lopes não deve perder-se nestas coisas, pois o que ele quer é uma declaração sem equívocos de que Jardim está com ele.

Ferreira Leite, com o endividamento Zero imposto a Jardim, só mesmo um sorriso amarelo nestes tempos e para consumo externo.


2008-05-21

 

Simples?


"O pré-candidato democrata às eleições presidenciais norte-americanas Barack Obama venceu as primárias no Oregon, garantindo a maioria dos deputados simples, de acordo com a CNN."

Introdução da notícia : "EUA: Obama garante maioria de deputados democratas no Oregon", no DD de hoje.

Quem redigiu a notícia, certamente ao ritmo acelerado e vertiginoso típico das redacções dos jornais, há-de ter suposto, por escassos mas decisivos momentos, que uma "maioria de deputados simples" pode equivaler à "maioria simples dos deputados".

De facto, é possível.

Mas não em todos os parlamentos e convenções. Por vezes, a maioria simples dos deputados (ou delegados) é mais complexa do que pode parecer à primeira vista.

Ao "sacar" 1.627 dos 3.253 delegados que participarão na Convenção Democrata, Barack Obama totaliza mais delegados do que todos aqueles que a senadora Hillary Clinton poderá vir a ganhar até final destas primárias. Donde a ideia de "maioria simples" veiculada na notícia referida.

Daí a podermos concluir que os delegados são uns "simples" - no sentido que Guerra Junqueiro já lhe dava em finais do século XIX, ao publicar o livro "Os Simples" - vai uma distância semântica que só um momento de desatenção poderia autorizar.

2008-05-19

 

NÁPOLES ATULHADA NO LIXO E A ITÁLIA NA XENOFOBIA


É o título do post do POLITEIA. O Artigo é muito interessante e o blog de leitura obrigatória para quem queira acompanhar a actualidade política.

 

Barak Obama em Portland, Oregon

Gentileza de Fernando Sousa Marques, nos EUA


 

Alicerces podres corroem o poder político

"Indícios de irregularidades nas eleições do PSD", anuncia o Público de hoje. "Listagens de militantes levantam suspeitas". Em Benfica, em 5 moradas próximas, duas das quais de empregados da Junta de Freguesia, há 39 militantes do PSD inscritos. Uma dessas moradas é um T1 e tem à sua conta 11 "companheiros" do PSD a "morarem" lá.
A "lisura" de procedimentos entrou também pelo mundo virtual da blogosfera. Vários domínios internacionais onde não é exigida identificação, . com, . net e . info, foram ocupados com registos falsos com os nomes de Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho. "Quem não parece ter tido problemas é Pedro Santana Lopes" - diz-se no Público.
Paulo Querido - de acordo com aquele diário - terá descoberto que o autor dos registos de alguns daqueles sites tem email igual ao do site da Junta de Freguesia de Santa Marinha (Vila Nova de Gaia) onde aquele é secretário. Por outro lado o autor dos outros registos tem o mesmo nome do presidente da comissão conselhia do PSD de Santa Marinha.
Será isto o poder das "bases"? Talvez antes as bases de alguns que querem ser poder?

 

Há alguma objeção?

Com a entrada em vigor do acordo ortográfico - o que não se fará de um dia para o outro, porque haverá um período de transição - passaremos a escrever como se indica no quadro abaixo, de acordo com a BASE IV DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS


Estas não mudam

Estas ficarão assim E nestas é facultativo
compacto ação aspecto e aspeto
convicçãoacionar cacto e cato
convictoafetivo caracteres e carateres
ficçãoaflição dicção e dição
friccionaraflito facto e fato
pacto ato
pictural coleção sector e setor

adepto

coletivo

apto direção ceptro e cetro
dípticoexato
erupçãoobjeção concepção e conceção
eucaliptoadoção
ineptobatizar corrupto e corruto
núpcias Egito
rapto ótimorecepção e receçâo


2008-05-18

 

4 a 1. Neste caso a uma

Manuela Ferreira Leite demitiu-se de dialogar amanhã com os seus concorrentes às directas, falhando o primeiro debate no Porto pelas 21H30, na Fundação Cupertino de Miranda.

MLF alega dificuldades de agenda. É uma desculpa esfarrapada. Estas campanhas valem o que valem. Mas Ferreira Leite anda nervosa e já apontou para todas as desgraças (quererá dizer para o País?) se acaso não for ela a vencedora

Desvendando um pouco o véu. Não será antes uma "recusa" pelo facto da iniciativa ser da responsabilidade da distrital do PSD/Porto, presidida por Marco António Costa, apoiante de Pedro Passos Coelho e amigo de Filipe Menezes que a tem em baixa consideração, chegando a dizer que ela foi o pior Ministro das Finanças dos últimos 30 anos? Ou será porque MFL não tem à vontade para enfrentar ambientes hostis? Ou por sobranceria?

2008-05-16

 

Menezes compromete Pedro Passos Coelho

Pedro Passos Coelho tem sido atacado pelos candidatos Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes. Mas com ataques de rivais pode ele bem. Mais difíceis de gerir – por virem de quem vem - são apoios como este, de Luís Filipe Menezes, que o considera um candidato “muito credível”.

Meneses, autarca de Gaia, diz que recebe nos seus domínios, todos os candidatos do seu partido excepto a - para si - execrável Manuela Ferreira Leite.

Assim vai Menezes sem entender o mundo e o mundo sem o entender. Desajuda quem quer ajudar e ajuda quem quer desajudar.


 

o Acordo ortográfico

O texto do acordo ortográfico pode ser lido aqui e sobre ele há muita informação na Wikipédia e também no ciberdúvidas.
Sou francamente a favor das alterações previstas no acordo ortográfico e acho que deveria ir memso um pouco mais além na uniformização da escrita.
 

O Acordo Ortográfico. Protocolo aprovado

Hoje o Parlamento aprovou o segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa adoptado em 2004 e pelo qual o acordo ortográfico passava a vigorar para os países que o ratificassem desde que 3 Estados (e não obrigatoriamente todos) o ratificassem.
Além disso o protocolo abre a possibilidade de adesão da República Democrática de Timor-Leste, que à data do Acordo (1990) ainda não era um Estado soberano.
Portugal ratificou o tratado logo em 1991 mas nessa altura para o tratado entrar em vigor era necessário que todos os 8 Estados de língua portuguesa o ratificassem.

Votaram a favor os deputados do PS, do PSD, do Bloco de Esquerda e sete deputados do CDS,… mas Manuel Alegre (PS) e dois deputados do PP e Luísa Mesquita votaram contra. O PCP absteve-se assim como o PSV.


 

As listas de espera na saúde

A Ministra da Saúde, Ana Jorge, vai anunciar medidas para a solução das listas de espera em oftalmologia.

É uma boa intenção e de aplaudir.

Agora fico de pé atrás quando o caminho apontado parece ser o do recurso a trabalho extra.

Já passou para a sociedade que a situação se vai resolver com horas extraordinárias, trabalho nos feriados e fins de semana, horas a mais, etc, ou seja, com elevados custos para o País. Ouvi 30 milhões.

Pode ser legítimo este caminho, como pode ser uma forma de premiar a falta de produtividade.

Ainda não percebi, porque razão Portugal tendo um dos melhores índices de oftalmologistas por habitantes tem esta lista de espera tão elevada.

Não tenho dúvidas que, no essencial, ela deriva de falhas de organização, diferentes de hospital para hospital. Ainda hoje ouvi que o hospital de S.João no Porto faz proporcionalmente muito mais consultas e operações que o de Santa Maria que até tem mais médicos da especialidade.

A ser assim, não há outra razão a não ser falhas e graves de organização, algum mau desempenho e grande irresponsabilidade.

Ora apostar sem regras e sem contratualização por objectivos em trabalho extra é premiar a falta de produtividade e o mau desempenho. Por esse caminho não se vai longe.

Acho legítimo que se recorra a horas extras na base de uma programação séria que explore as potencialidades existentes

Será negativo para os próprios médicos se o móbil do problema for apenas ganhar mais uns quantos milhares de euros.

2008-05-15

 

Onde há fumo...


Surpreendido por uma malévola, inconveniente e anónima denúncia de que estivera a fumar a bordo do avião que levou a comitiva governamental na recente visita de Estado à Venezuela, o 1º Ministro José Sócrates declarou que não tinha tido consciência de que estivera a fazer algo de errado ou ilegal. Pediu desculpa, afiançou que não voltará a fazer o mesmo e arrumou a questão com uma "promessa": vai deixar de fumar.

A questão é francamente menor. Um fait-divers que não faz mais do que confirmar o que muitos já pensavam acerca da personalidade do actual 1º Ministro.

Independentemente da aplicabilidade da lei, teríamos gostado de saber se o 1º Ministro é daqueles que respeita, num espaço fechado, os direitos dos não fumadores.

Não tendo conseguido saber isso, os portugueses ficaram, por certo, consternados.

Desta vez, o 1º Ministro autopuniu-se radicalmente. Deixou de fumar. Pronto.

Mas, da próxima vez que transgredir, o que irá, então, deixar de fazer?

 

A Promiscuidade ...Política e Futebol

Francamente desiludido, condeno e acho de uma falta de senso, todo o show off que os senhores deputados (60) ontem fizeram ao receberem o Senhor Pinto da Costa na AR.

Pinto da Costa reconhece, para todos os efeitos, que chantegeou a verdade do futebol em épocas passadas ao aceitar a penalização de 6 jogos ao FCP.

E então como se admite tão entusiástica manifestação de apoio dos 60 deputados ainda por cima em instalações afectas à AR, a casa da Democracia, onde a corrupção seja ela de que género for deveria estar bem longe?

Podem dizer-me já há precedentes.

É verdade e sempre com o FCP e Pinto da Costa, o que não foi bom, mas agora, a situação é bem mais negra.

2008-05-14

 

As directas do PSD

Dos cinco candidatos às directas só três têm uma palavra a dizer: Manuela Ferreira Leite, Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho; os dois restantes Neto da Silva e Patinha Antão são residuais.

A candidata MFL é a que corre maiores riscos, pois Pedro Passos Coelho só agora estreou a rampa de lançamento, está nesta para outros voos e Santana Lopes que anda nisto há muitos anos pouco tem a ganhar ou a perder, está sempre em todas.

Vamos imaginar um cenário com algumas probabilidade de se concretizar.

Um cenário com uma distribuição de votos à volta de um terço por cada um destes candidatos.

Este resultado seria uma grande humilhação para Ferreira Leite.

Ferreira Leite não reune condições para ser muito bem votada. O curriculo que lhe querem atribuir os seus promotores não é de grande valor.

Não está em causa a pessoa, as qualidades pessoais, está em causa o seu desempenho nas funções políticas que exerceu. Como Ministra das Finanças, o seu último cargo, foi o desastre completo, não só não teve sucesso no combate ao défice público, como os seus correligionários não podem esquecer que é a responsável pelos adiantamentos por conta, que muito pesa em várias actividades empresariais.

 

Encerrou a Telenovela Jardim

Alberto João Jardim anuncia hoje aquilo que toda a gente, desde ínício, percebeu e sabia: a não candidatura. Ele muito gostaria, mas faltava-lhe o apoio. E resultados ridículos, ele não arrisca. Seria a queda da máscara.

Afinal por onde anda aquele Jardim que tenta mostrar ser um homem "valente e destemido"

Esse Jardim não existe. É pura ficção.

2008-05-13

 

Venezuela: gasolina a 2 cêntimos o litro?

É o Diário Económico que o afirma. Será que a Galp, que seguiu no regaço de Sócrates para Caracas num séquito de 80 empresários, conseguirá comprar o petróleo a preço equivalente?

 

Fátima

O que me intriga é Nossa Senhora só aparecer a católicos. Ainda por cima inimputáveis como às infelizes criançinhas de Fátima. Deveria aparecer aos protestantes, aos judeus, aos muçulmanos, aos budistas, aos ateus. O que talvez ajudasse a convertê-los e daria negócio a todos por igual. Mas não. Só aparece a quem já a tem na (domesticada) cabeça.

 

Braga não quer estátua a suspeitos de terrorismo

O Diário do Minho, um jornal identificado com a igreja católica colocou há dias na edição on-line um questionário que teve uma afluência inusitada o que não admira pois tratava-se exactamente de saber se os leitores apreciariam que a sua cidade fosse “ilustrada” com a estátua de um indiciado (para dizer o mínimo) colaborador e responsável moral da rede terrorista usada em 1975 e 76 contra o PCP, os partidos da esquerda radical, contra os sindicatos e o curso revolucionário do 25 de Abril de 1974:

Braga deve erguer uma estátua ao cónego Melo?

12.872 pessoas (cerca de 60%) responderam não, deixando – admito eu - em estado de choque os sectores extremistas da Igreja e embaraçado o presidente da câmara, Mesquita Machado, um autarca “dinossauro” do PS.

A favor da estátua responderam 7.652 votantes (35%).

Conclusão: ainda temos entre nós muita gente (católica, provavelmente) que apoia o terrorismo desde que seja contra adversários políticos ou então acreditam que o destacado activista do catolicismo fundamentalista não tinha nada a ver com as acções terroristas às quais não escapou sequer o padre Max, candidato à AR pela UDP.


 

Ética de bastonário não faz lei

O Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica (CNEDM) da Ordem dos Médicos (OM) está a rever o Código Deontológico há muito reclamado pela Associação Portuguesa de Bioética, pelo anterior ministro da Saúde, na sequência da nova lei sobre o aborto, pelo movimento Médicos pela Escolha e muitos médicos inconformados com a presença de condicionantes religiosas e conceitos fundamentalistas afins.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) Pedro Nunes, reeleito há pouco, persiste na sua de querer impor no código de ética a condenação dos médicos que façam, de acordo com a lei, a interrupção voluntária da gravidez.
Há várias propostas que depois serão votadas em plenários regionais da OM. Veremos quem ganha se a "lei" deste Pedro Nunes se a decisão dos Portugueses em referendo e a lei que o Parlamento aprovou..

 

Médicos querem cobrar multas aos doentes

O Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica (CNEDM) da Ordem dos Médicos está a rever o Código Deontológico e uma das proposta é que os doentes que faltem às consultas sem aviso prévio paguem ao médico uma multa de 20% do valor da consulta.

Percebo a ideia.

Receando, no entanto, que tenham pensado as coisas por metade vou explicar-lhes o que falta.

E o que falta é:

1) em caso de falta do médico sem aviso prévio ao doente, indemnização a cada um no valor de 20% da consulta.

2) por cada meia hora de atraso do médico relativamente à hora marcada abatimento de 10% no custo da consulta.

Com esta mezinha, os médicos (fora as excepções, claro) do Serviço Nacional de Saúde passavam a tratar os seus doentes como pessoas com direito a ser respeitadas.


 

Vem aí o europeu de futebol ...

Toda a gente aplaude as escolhas dos 23 de Scolari.

Eu não aplaudo. Deixem-me ser treinador de bancada uns minutos para interrogar porque razão Nuno Gomes, Petit, Helder Postiga e até Ricardo ou mesmo Miguel estão no lote de convocados quando não andam a jogar nenhum?

E porque não foram convocados jogadores como Manuel Fernandes, muito melhor na actualidade que Petit e sem dúvida uma promessa ou então Paulo Assunção (um dos melhores do campeonato)? Qualquer deles faria o lugar de Petit bem melhor.

Acho que as escolhas entroncam mais no relacionamento pessoal de Scolari do que em valor actual e estratégia de jogo.

Veremos o que estas escolhas darão.

Não concordo assim com muitas das crónicas que hoje enchem os jornais de aplauso a Scolari.


 

Erros de Casting no PPD/PSD (2)


O "povo" pergunta o que distingue o PSD do PS quando estão no Governo. Pergunta, porquê? Porque não se percebe.

Pedro Passos Coelho confirma. Há, no PSD, quem esteja mais próximo do PS e, depreende-se, apoie as políticas do partido "rival" [ver aqui].

PPC desafia os restantes concorrentes a fazerem prova da diferença, apontando o que, sob a direcção deles, o PSD faria diferente do PS.

É, salvo erro, o segundo repto que PPC lança aos outros candidatos. O 1º destinava-se a assegurar, aos perdedores, lugares nas listas de deputados do ganhador. É compreensível. Aos derrotados restaria uma espécide de prémio de consolação: um lugar de deputado.

PPC apoia a redução do défice e a consolidação das contas públicas? Sim. Apoia a redução de efectivos, serviços e funções nucleares do Estado? Sim.
Apoia o encerramento das escolas e serviços de urgência já efectuados? Sim. Apoia o actual Código de Trabalho maila sacrossanta cláusula da "inadaptação"? Iria até um pouco mais longe, parece... Apoia o "Choque Tecnológico" e o Simplex? Claro. Não aprecia o resultado da Presidência Portuguesa da UE, com o Tratado de Lisboa ratificado no Parlamento?

Então?

PPC parece esquecer-se que o PS, quando na oposição, também procura ser diferente do PSD.

MFL, PPC e PSL, se se puserem à procura do que os distingue do PS quando está no Governo, não descolam. É uma conversa que não leva a lado nenhum.

Neste caso, aos erros de casting, há a juntar um erro de script.


 

Erros de Casting no PPD/PSD (1)

Tomando como boa a principal meta que Manuela Ferreira Leite se propõe alcançar nesta corrida à presidência do PSD, tentemos compreender quais os critérios que poderão vir atestar a "credibilidade" perdida.


Vejamos, à vol d'oiseau, o comportamento instituconal dos líderes.


Barroso, acusado por Menezes de sulista, liberal e elitista, sai, a meio do mandato, para Presidente da Comissão Europeia; fica Pedro Santana Lopes, leviano, impetuoso e populista; o então Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolve o Parlamento e demite o Governo; Manuela Ferreira Leite, entre outras figuras do PSD, manifesta o seu desacordo com a solução institucional (partidária e governamental) e recusa-se a participar; Cavaco Silva, - a par de muitos cavaquistas, barões, académicos e altos burocratas, - prefere que o PSD perca as eleições subsequentes; recusam-se a apoiar Santana Lopes (não fazem campanha, não autorizam a utilização das suas fotos, e deixam escapar, aqui e acolá, uma preferência, que dizem ser conjuntural, pelo PS de José Sócrates).


Não se ouve falar de Pedro Passos Coelho, que pode invocar agora as virtudes do silêncio.


O PS ganha as eleições para o Parlamento com maioria absoluta.
Cavaco Silva é eleito com mal disfarçada conivência de figuras e sectores da nova maioria, que apoiavam Soares aumentando preços, e combatiam Cavaco Silva enaltecendo-lhe as virtudes.


Entra em cena Marques Mendes que é tratado desde o início como o líder de transição. Rio não avança. Não é tempo ainda. Menezes avança, mas fica em Gaia, entregando a Santana Lopes a liderança Parlamentar. Pacheco Pereira tenta apavorar os barões advertindo-os de que se deixarem passar Menezes, ele nunca mais de lá sai ("nem à bomba" ou "só à bomba", conforme os dias). Afinal Menezes saiu com facilidade. JPP não se enganou apenas quanto às vantagens que a guerra do Iraque iria trazer para a Humanidade. Também se engana nos palpites domésticos. Os que não quiseram avançar queixam-se da liderança bicéfala. E pronto: a coisa chegou a isto. Não se divisa quem é que pode, num dia, atirar petardos ao líder em funções, e, no outro dia, clamar por respeito, contenção, paz, diálogo, razoabilidade e, sobretudo, "credibilidade".


Não cola. Ninguém acredita, nem no que está a dizer, nem no que está a ser dito.


Pedro Santana Lopes prepara-se para cobrar a falta de solidariedade dos barões e as piscadelas cúmplices a Sócrates. Manuela Ferreira Leite não vai conseguir manter a postura de Dama de Ferro e Poço de Virtudes. Foi uma das primeiras a indisciplinar-se e afastar-se quando Santana Lopes foi confirmado pelo Conselho Nacional do seu partido.


A credibilidade não se ganha com um passe discursivo, de um dia para o outro.


A candidata à Presidência do PSD afirmou ontem em Leiria (segundo despacho da LUSA), que o despautério em que vive o seu partido levou ao reforço das formações políticas à esquerda do PS (PCP e BE). O raciocínio é retorcido e imprescrutável. De acordo com ele, os apoiantes das políticas de direita, por incapacidade de mobilização e de enquadramento do PSD, estariam a passar-se para a extrema esquerda...

Lá terá de vir Pacheco Pereira, outra vez, colorir-lhe a face, e fornecer o glossário para percebermos o que ela quis dizer...




Manuela Ferreira Leite é um erro de casting.



2008-05-12

 

Thatcherismo doméstico

Manuela Ferreira Leite (MFL) não consegue disfarçar o seu visceral autoritarismo, ainda que o tenha tentado arduamente nas últimas entrevistas. Quando as perguntas não lhe agradam, a pesporrência ensimesmada emerge. Tudo indica que pretende fazer a sua campanha para a presidência do PSD sem se comprometer com o quer que seja.

Devolver ao PSD a credibilidade perdida é o mote.

E daí para a frente, recusa-se a apontar medidas, prever cenários, apresentar um programa minimamente estruturado, fazer promessas.


Não confirma se votou, ou não, em Santana Lopes, quando Jorge Sampaio o demitiu, o que já levou Santana a bradar que é "inaceitável" (ver aqui); não reage mal quando a tratam por "Dama de Ferro" (modéstia Thatcheriana...); e desanca os entrevistadores que se põem com perguntas inconvenientes.


Rui Rio diz que não avançou para não tentar Menezes a regressar e concorrer outra vez (explicação democrática para os santinhos engulirem), e MFL sacrificou-se porque Rui Rio não avançou.


Por este andar, com mais ou menos cavalhadas e fanfarras, o PSD continua uma fractura adiada.


O que vem a seguir é que interessa.



PS

Entretanto, a proposta de Pacto endereçada por Pedro Passos Coelho aos restantes concorrentes à presidência do PSD (já aqui referida) parece ter passado despercebida a jornalistas e comentadores. Tanta condescendência deixa entrever de onde lhe vêm os apoios. Em geral, é a quem se quer bem que as fraquezas são perdoadas.


2008-05-11

 

Mais fácil vencer Kms do que séculos

Fotografia de KHALED FAZAA/AFP.
Sally al-Sabahi tem 11 anos, é bonita e tem um sorriso feliz. Talvez porque foi uma das raras crianças com a sorte de ter escapado (por agora) à "escravidão" a que a condenara a venda pelo pai a um homem de 25 anos como sua legítima esposa. Mas a felicidade para a esmagadora maioria das iemenitas, particularmnete se for pobre, está condicionada à sua condição de mercadoria.
A globalização (sem dúvida uma grande conquista da humanidade ainda que logo aproveitada por quem pode e enquanto puder, para agravar por continentes afora, as desgraças endémicas) vence mais facilmente o espaço do que vence o tempo.
Como é rápido hoje ir ao fim do mundo de avião ou TGV! Ou atravessar continentes com a velocidade do raio pela internet, o telemóvel, a televisão. Mais difícil é vencer os séculos de distância que o tempo nos separa do Iemen, da Arábia saudita, do Afeganistão. Ou dos ghetos civilizacionais que se reproduzem na barriga das grandes cidades europeias.
Leva mais tempo vencer o tempo mas lá se chegará. Talvez. Entretanto Sally quer brincar, não quer ser de novo uma "esposa comprada".

 

Um português na Flórida. Por Obama...

O meu amigo Sousa Marques vive há uns anos na Flórida e não só acredita na vitória de Obama na disputa com Hillary Clinton como também na oportunidade que ele representa para uma mudança histórica na sociedade norte-americana se chegar a presidente. Hoje conta-me como decorreu a sua intervenção cívica na campanha pela inscrição nos cadernos eleitorais de alguns dos muitos milhões de americanos que, cépticos com a prática política, dela se alheiam. E com a sua singela história dá-nos um retrato cheio de frescura de uma das mil facetas do Grande Império.
________________________

Caros amigos,
Pela primeira vez, participei, nos EUA, num acto de campanha eleitoral.
Começou a cerca de 20 km de minha casa, no "MLK Recreation Center", numa cidade chamada Clearwater.
Tratava-se de ir para a rua, falar com as pessoas e tentar que se registassem como votantes para que, em futuras eleições, estejam em condições de exercerem este direito cívico.
Aqui vão algumas notas relativas a esta experiência.
...
1.
Quando cheguei ao "MLK Recreation Center" é que percebi que as 3 primeiras letras queriam dizer Martin Luther King.
2
Éramos cerca de 30 pessoas. De todas as idades (sentei-me entre um jovem que teria 20 anos e uma senhora que deveria ter cerca de 80). De todas as cores (cerca de metade eram brancos, sendo os restantes, pretos ou mulatos). De ambos os sexos, embora houvesse maioria de mulheres (aliás, em quase todos os actos eleitorais, tem havido mais participação de mulheres).
3
Dividimo-nos em grupos de 3 e partimos para vários locais. Sábado de calor. Um sol quente que queimava. O auto-colante OBAMA'08 ao peito, um monte de fichas na mão presas a uma prancheta, uma esferográfica, uma garrafa de água. No meu grupo ía o jovem ao lado de quem eu me sentara e uma senhora que talvez andasse perto da minha idade. Teve piada saber que ele tinha passado por Lisboa numa viagem que tinha feito à Europa. "A beautiful place..." disse-me.
4
O primeiro lugar onde o meu grupo esteve foi numa paragem de autocarros. Desde que não estivessemos dentro das instalações, podíamos falar com as pessoas que se aproximavam ou chegavam. Uma estranha sensação de estar num país com dezenas de milhões (quantas?) de pessoas que não estão, sequer, inscritas nos cadernos eleitorais e que, portanto, na prática, têm vedado o seu direito de votar. E que o que deveria ser um dever do Estado (tratar deste assunto) estar a ser assumido por pessoas como eu...
5
Depois fomos para as imediações de uma biblioteca e, daqui, para um enorme parque, carregado de árvores, um imenso lago, espaço para as pessoas levarem os seus cães, mesas estrategicamente colocadas para pic-nic espalhadas pela relva, etc. "Are you registered to vote?" recebia as mais diversas respostas. Mas, o que mais chocava era saber que a maioria de pessoas com quem falávamos não estavam inscritas e não queriam estar. A maior parte afastava-se e não queria abordar o assunto. Mas algumas falavam, perguntavam, afirmavam as suas opiniões.
6
A política é para os ricos!... Alguma vez poderá ser eleito, aqui na América, um Presidente que seja mulher ou preto?... Nunca votei e não quero votar!... Vocês andam a perder tempo!... Não percebem que quem manda é o dinheiro?... Não estou interessado... Você é de alguma religião? É "scientologist", não é verdade?... Não posso votar porque não sou cidadão...
6
Um taxi aproxima-se de mim. O motorista negro aponta para o auto-colante e pergunta "Tem um para mim?". Damos-lhe uma folha e ele retira dois. Cola um no tablier e guarda o outro. E vai contando. Que levou 5 semanas para conseguir inscrever-se. Que a funcionária responsável por esse serviço, ali, em Clearwater, levanta inúmeros problemas a todos os negros que procuram inscrever-se nos cadernos eleitorais. Que há milhares de pretos, famílias inteiras, que não estão inscritas.
7
Um casal com dois filhos já tinha o seu almoço preparado na mesa, por baixo de uma árvore, à beira do lago. Dirigi-me a eles. Sorriram. "I know, you are encouraging people to vote!... Good!... We are with you!... We support Obama!..."
8
Quando, 3 horas mais tarde, voltámos ao Martin King Luther Center, levávamos 5 fichas de novos eleitores. Fomos o segundo grupo a chegar. Os primeiros, com sorrisos, disseram "Conseguimos 7!"... Os outros grupos íam chegando... Quando me despedi, deixámos todos a promessa "No próximo sábado continuamos..."
9
Tudo isto num país onde não há, praticamente, estatísticas sobre a abstenção. Quando há eleições diz-se quem ganha e perde, contam-se os votos e as percentagens dos que votaram. Mas nunca se diz qual a percentagem dos que não votam. Os resultados oficiais de anteriores eleições presidenciais (as mais concorridas) apontam para uma abstenção que varia entre os 50% e os 60%. Como há milhões que nem votantes são, poderemos dizer que um Presidente pode ser eleito por metade mais um votos, de uma minoria de cidadãos. Metade de uma minoria pode ser uma escassa minoria, não concordam?
10
Aqui está onde me encontro. Numa democracia mitigada. Que alguns procuram tornar melhor. Utilizando parte do seu tempo para trazer outros para um processo de mudança que não pára, mesmo que muitos não o descortinem...
...
Um abraço a todos.
Boa noite e boa sorte.
fernando

2008-05-10

 

"Meio Apito" Final ...

Pinto da Costa, Presidente do Futebol Clube do Porto (FCP), instituição contra a qual nada tenho, admite "de facto e de direito" que existiu, pelo menos, "meio apito" final, ao não recorrer dos seis 6 pontos de penalização aplicados pela CD da Liga de Futebol ao FCP, uma vez que apenas recorre dos dois anos de suspensão (atira barro à parede), pena que lhe foi aplicada enquanto dirigente visado no processo.
Francamente duvidava que este processo viesse a ter este desfecho. Mas é de louvar. Finalmente, algo se faz que atinge o topo do Futebol, o que denota ou fraqueza desse topo no presente momento ou alguma mudança nos dirigentes, pois é de admitir que com Valentim Loureiro no comando da liga tal não seria possível.
Por outro lado, tenho muitas dúvidas de que não haja injustiças relativas nestas penalizações, ainda não definitivas, na medida em que, a crer em Dias da Cunha ex- presidente do Sporting, isto nem sequer é a ponta do icebergue. Haverá problemas muito graves não investigados. Só por isso, até porque a tornarem-se definitivas estas penalizações, elas são até bastante ligeiras.

2008-05-09

 

Nós cá somos mais portugueses

Imagine, caro leitor do PUXA, que se chegavam ao pé de si, na rua, e lhe perguntavam, de rompante: - Quantos países compõem actualmente a União Europeia?

Claro que sabe.
Não duvido.

Suponha, no entanto, que, logo a seguir, lhe pediam para nomeá-los. Seria um pouco mais trabalhoso, mas estou certo que, se necessário, com a ajuda de um mapa, lá chegaria também.


Admita, no entanto, que os entrevistadores, não satisfeitos com tanta ilustração, dessem em pedir-lhe os nomes de cada um dos chefes de estado, primeiros-ministros, área, etc., de cada um dos 27 países.

Atrevo-me a suspeitar que começaria a sentir algumas dificuldades...


Estou enganado?

Bom.

A bacoquice das provas de "cultura geral" dá nisto. Nós tendemos a saber muito sobre pouco e pouco sobre muito. O nosso enciclopedismo tem os seus limites, não é? Dispensamos, até, a memorização de toneladas de informação que sabemos hoje ter ao alcance de um click, tendendo a armazenar, com maior sistematização, o desenho e as coordenadas das rotas que nos permitem o acesso a numerosas bases de dados, para, em seguida, podermos correlacionar informação pesada, específica e dispersa.

Depois, correndo tudo pelo melhor, damos o passo seguinte, e interpretamos os resultados, transformando o jogo da informação em conhecimento. Por isso, temos hoje diferentes formas de saber, de resolver problemas e de "memorizar", que ainda não existiam nos tempos em que já se faziam as sapientes perguntas de "cultura geral", como aquela dos "cursos dos rios e seus afluentes", ou a das "linhas de caminhos de ferro e seus ramais".

Nem de propósito, a Marktest, a pretexto de celebrar o dia da Europa, lançou um inquérito para apurar várias coisas acerca do que os portugueses pensam (a quente) sobre a União.

Concluiu, por exemplo, que o caro leitor estaria entre os 25% de entrevistados que sabiam quantos países compõem a União. Porém não fez nenhuma das perguntas mais difíceis que eu alvitrei. Calculo que, se as fizesse, a percentagem tenderia a descer. Mas fez, entre outras, uma pergunta para a qual as respostas foram significativamente claras.

- "Considera-se mais português ou europeu?".

Aí, os entrevistados que se consideram "mais europeus" reduziram-se a 15%.


Depois da ratificação parlamentar que evitou perguntar aos portugueses o que pensavam do assunto; depois de uma política agrícola comum que nos deixou a pão e laranjas; depois dos sucessivos e rápidos alargamentos desligados de quaisquer debates abertos e sérios, estaria alguém à espera que os portugueses se sentissem "mais europeus"?

Francamente...

Não se pode negar a um povo a oportunidade de se pronunciar acerca da União em que o respectivo país se integra, e esperar, ao mesmo tempo, que ele se interesse.

Não nos deixam outra saída senão a de nos sentirmos... portugueses.

 

O Pacto de Passos Coelho


Pedro Passos Coelho, num momento em que muitos esperavam ouvir-lhe a enumeração das razões que o tornam uma melhor escolha para o PSD em confronto com os outros concorrentes internos (Manuela Ferreira Leite, Pedo Santana Lopes e Patinha Antão), e, uma vez líder da oposição, o que faria melhor que o actual governo do PS, preferiu exteriorizar uma das suas maiores preocupações: assegurar um lugar elegível nas próximas listas de candidatos à Assembleia da República.

(Ver peça de Francisco Almeida Leite no DN de hoje: "Passos Coelho desafia adversários para pacto nas listas de deputados".

Perante este tão grande apressamento de Passos Coelho em garantir um lugar de deputado na próxima legislatura, camuflando a sofreguidão com o pomposo eufemismo de "Pacto", os restantes concorrentes, algo surpreendidos, sorriram. Preferiram, para já, não se pronunciar...

Pudera!

Passos Coelho acabara de dar, com uma inocência papalva, um golpe de morte na sua própria candidatura.

Agora o PPD/PSD sabe o que pode esperar dele.

O País já não precisa.




2008-05-08

 

Ainda a oftalmologia ...

O grupo nomeado para analisar as soluções para resolver a situção gritante neste sector da saúde já apresentou o relatório em finais de Fevereiro.

Já vai sendo tempo de haver fumo branco.


 

Ministra contra Ministro

A ministra da saúde disse, a título pessoal, que é "lamentável" o que fez o seu colega das finanças porque autorizou a ADSE a celebrar um protocolo com o Hospital da Luz (do grupo ES) para a prestação de serviços aos trabalhadores da função pública.

Talvez tenha razão. Mas preciso de argumentos. O que deve ser analisado é se esse protocolo acarreta mais encargos para as finanças públicas ou menor qualidade de serviço. Em abstracto, diz-me pouco.

Agora que o SNS está a funcionar mal não restam dúvidas e aí a ministra, embora há pouco tempo no cargo, tem de mostrar serviço. Ou toma decisões certas e operacionais ou é mais um ministro que não toca no essencial.

Não consigo entender a razão de tanta espera nos serviços de oftalmologia. Tantos relatórios se fazem e a situação cada vez anda mais complicada. E não é por falta de médicos, pois o País, a ser verdade o que hoje disse o Bastonário da Ordem, Dr. Pedro Nunes aos microfonnes da TSF, até tem o dobro de oftalmologistas por cada mil habitantes em relação ao Reino Unido. É obra para tão pouco que se faz.


 

Portugal: Que medo (4)


A CGTP tem de perceber que os interesses dos trabalhadores e dos empresários nem sempre são opostos e que a alternativa aos "bancos de horas" são mais deslocalizações e mais desemprego. Já a UGT, que aceitou o princípio "em circunstâncias excepcionais", basta-lhe folhear os jornais para compreender que a actual conjuntura é de gravidade excepcional.

(Editorial do DN de hoje, com o sugestivo título de "Trabalhadores e patrões travam a mesma luta")


... enquanto o autor do texto (da responsabilidade da redacção do DN) deveria entender, pelo menos, quatro evidências básicas:


1 - Que o autoritarismo narrativo ("tem de perceber"), mesmo em espaços de opinião, trai os tiques autoritários, no sentido lato;

2 - Que discutir as propostas avançadas faz parte do jogo negocial;

3 - Que a força da argumentação de sentido único, além de pobre e estreita, disfarça mal a tentação de impôr soluções únicas.

4 - Que ninguém pode garantir - nem sequer o DN! - que os bancos de horas porão cobro às deslocalizações.


Quanto ao título do editorial, parabéns. Há muito que não lia nada tão corporativo no DN. Começo a perceber melhor o tipo de renovação que se está a operar por lá.

Ah! e ainda que o DN (ou quem o obriga) não "tem de saber" estas quatro elementares evidências, mas seria bom que as pudesse levar em conta...

 

Ruas dá uma mãozinha a PPC

Pedro Passos Coelho com Fernando Ruas como seu mandatário fica com o lobby autarca , Manuela Ferreira Leite com Balsemão e Ciª fica com os barões e Pedro Santana Lopes com a marca PPD fica com as "bases". Assim a coisa tende para o empate técnico e pôe-se feia para o PSD.

2008-05-07

 

O desempenho de Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite acaba de dar uma entrevista à RTP na qualidade de candidata a líder do PSD.

A entrevistadora Judite de Sousa esteve à altura do seu papel. Esteve, aliás, bastante acima de Ferreira Leite, tanto que lá no íntimo, penso, deverá ter-se sentido algo frustada.

Ferreira Leite, no papel de Professora que já foi, admito eu, não atribuiria a si própria uma nota superior a um desempenho bem medíocre.

Esta minha leitura pode sofrer de um enviesamento pois entrei com algum atraso. Só apanhei a entrevista a partir dos aspectos económicos, em que me apercebi que não estava à vontade ao referir que este governo agiu apenas pelo lado das receitas. Não disse mal nemhum, mas disse pouco porque este governo, bem ou mal, mexeu nas despesas, enquanto ela como Ministra das Finanças, isso sim, só actuou segundo o que entendeu negativo na actuação do Governo de José Sócrates, tanto que se não deixava o governo de que fez parte depois de vender os anéis ia chegar à venda dos dedos. Depois pouco mais acrescentou. ...

Em termos de estratégia de desenvolvimento foi um desastre pleno. Falou de PME's, numa perspectiva de má sindicalista, alegando que a maioria dos empresários PME não tem segurança social, acabando por afirmar que este domínio deve ser uma das grandes preocupações do Estado.

Um grande desvio do essencial.

Para onde corre Ferreira Leite sem qualquer linha de estratégia e de pensamento? É triste, pois se chegar à Presidência do PSD nada acrescentará pelo menos com base no que disse. Não gosto de coisas tão medíocres. O nosso ambiente político com intérpretes destes não vai a lado nenhum.

Ferreira Leiite teve um desempenho de um rotundo chumbo e só por isto não merece ser líder.

 

Portugal: o medo (3)

Em entrevista ao Diário Económico de hoje, o Ministro das Finanças não se mostra muito convencido de que os sacrifícios pedidos a muitos portugueses valeram de alguma coisa. O grau de incerteza transparece na fórmula espantosa que encontrou. A frase é tão patusca que o DE não resistiu a puchá-la para a capa.

"É difícil saber se já batemos no fundo" [Entrevista na íntegra, aqui]

Espantoso.

Em Janeiro passado, após uma reunião informal do Conselho de Ministros, José Sócrates e Teixeira dos Santos, descontraídos e bem dispostos, afirmaram ter razões para esperar que 2008 viesse a ser melhor do que 2007. O pior já teria passado.

Sabemos que a alternância tradicional do nosso sistema político está avariada. O PSD, com Santana Lopes ou com Manuela Ferreira Leite, não encontra energia para descolar. Vê-se claramente que está, sem dúvida, colado ao fundo.

O Partido Socialista e o seu Governo poderiam aproveitar a maioria absoluta para deixar uma marca da governação à esquerda, atendendo, pelo menos, às recomendações que Vital Moreira ontem fez num interessante artigo, no PÚBLICO, titulado "Renovação da Democracia" [Link para assinantes].

Vir, o Ministro das Finanças, dizer-nos que não sabe se já batemos no fundo ou não, reveste um estilo e um pensamento cuja consistência e etnografia estávamos mais habituados a esperar dos lados do santanismo.

Se não sabe se já batemos no fundo, que se propõe agora o Ministro das Finanças a fazer?

Distribuir paraquedas?


2008-05-06

 

Portugal: o medo (2)


Para não corrermos o risco de pensar que o medo em Portugal se restringe ao perigo de despedimento por dá cá aquela palha, o DN relembra hoje [Humorista teve de mudar de vida por causa dos skins] aquilo de que alguns elementos da extrema-direita são capazes, quando criticados em público e combatidos politicamente. O pomo da discórdia foi, na altura, objecto da nossa atenção, no PUXA [Aqui], enquanto João Tunes, do Água Lisa (6), convidava o pessoal da Câmara de Lisboa a vir arrancar-lhe o exemplar do cartaz recém afixado no seu Blog.

Os formalismos legais têm destas coisas.

O Cartaz dos Gato Fedorento, foi removido.

Os prosélitos de Mário Machado passaram ao ataque, ameaçando represálias sobre a filha de Ricardo Araújo Pereira (Ena pá que bravura!).

E o caso foi entregue à justiça.

Como sabemos, não se percebe ainda bem o que isso poderá querer dizer...



 

Programas políticos

Ribau Esteves (é o secretário-geral do PSD) enviou uma carta ao Tribunal Constitucional a pedir para pagar a prestações a multa de 268 mil euros do financiamento ilegal feito ao partido pela Somague.
Mas não tenho ligado muito ao caso porque tenho andado ocupado a ler os programas políticos de Manuela Ferreira Leite, Santana Lopes e do Pedro Passos Coelho.

 

O inominável

"Este caso não atira a Áustria para o abismo." Protesta, alto e bom som, indignado, o Presidente Heinz Fischer. Coitado que pode ele fazer se não protestar e pedir ajuda a todos os santos ou a algo que lhe acuda.
Depois destes casos lembrei-me que Hitler também era austríaco.
Mas não disse nada para não ser injusto. É que afinal também Mozart era austríaco, e Hayden, e Strauss, e Bruckner, e Mahler, e Schubert, e Schonberg, e Webern, e Alban Berg e Herbert von Karajan, e até talvez outros.
Mas que aquilo pode enfurecer até um presidente lá isso pode.

2008-05-05

 

Uma questão de carácter

Lee Woodard saiu da prisão. Tem 55 anos. Entrou há 27 anos quando tinha 28. Fora condenado a prisão perpétua por ter morto a namorada. Negou sempre. Tinha contra ela a cor da pele.
Agora com a juda do Innocense Project e da análise ao ADN provou-se a sua inocência.
No programa da CBS "60 minutos" interrogavam-no: Então davam-lhe a liberdade condicionada se se declarasse culpado e não aceitou? James Lee Woodard explicou: "mas eu estava inocente! Como podia declarar-me culpado?"
Então o Senhor preferiu a verdade à liberdade!?
 

O Innocence Project

O Innocence Project foi uma iniciativa de um grupo de estudantes e professores da Faculdade benjamim N. Cardoso, da universidade Yeshiva, de NY, em 1992. Já libertou 216 inocentes. Nos últimos três meses tirou da prisão 3 presos que provou estarem inocentes. James Woodard preso há 25 anos, Thomas McGowan preso há 23 anos e Kenneth Fligelman preso há 45 anos.
64% dos inocentes condenados, libertados pelo Innocence Project, são pretos e o Estado que mais erra é o Texas. (Público 2008-05-04)
Erra nas condenações, erra nos presidentes... Em que mais erra o Texas?

 

Portugal: o medo (1)

Interessantíssimo artigo de Francisco Sarsfield Cabral no PÚBLICO de hoje, pág. 43 da edição em papel (link para assinantes). O título tem um toque conformista – “O compromisso possível” – sobretudo porque vem de alguém que tem escrito tanto sobre o assunto. O antetítulo ajuda a descodificar a disposição: “A dificuldade de despedir desincentiva o emprego sem prazo”. O tema é o Código de Trabalho e a flexibilização em que Vieira da Silva aposta em fazer ainda pior do que Bagão Félix.

A dado passo Sarsfield Cabral escreve, com todas as letras:

Desapareceu um dos motivos para tratar bem os trabalhadores – o medo do comunismo.”

Bom…

Lá terão os trabalhadores de inventar outro papão. Não há ninguém que não queira ser bem tratado. Não é?



2008-05-04

 

O PS e o cónego Melo

Victor Louro (Eng. agrónomo) foi deputado pelo PCP ao mesmo tempo que o seu pai o historiador Victor de Sá. Foi também Secretário de Estado da Reestruturação Agrícola. No fim dos anos 80, com Vital Moreira, Álvaro Veiga de Oliveira e outros fez parte do "Grupo dos Seis" e com muitos outros militantes afastou-se do PCP. Agora vêmo-lo ali na fotografia com o seu sobrinho, Marcos de Sá (31 anos) deputado do PS. (Sobre estas 3 gerações de deputados ver este interessante artigo de João Pedro Henriques)
Victor Louro enviou-me o texto que reproduzo abaixo e que consta da carta que enviou ao Grupo Parlamentar do PS.
Não lhe pedi autorização para publicar. Quando vi o email já era tarde para telefonemas...
_______________

"Permitam lembrar Becket: de cedência em cedência (antes, era só um operário; depois, apenas um padre; depois, era ainda só um comunista...) acabam por nos cortar a cabeça...a nós próprios, que não éramos nada disso!"

"Tenho o dever cívico de vos manifestar profunda indignação pela atitude do PS .,na 6ª feira, na Assembleia da República, a propósito do voto de pesar ao cónego Melo. Mesmo que ela tenha ocorrido após a vergonha da homenagem do seu Presidente ao Dr. A. J. Jardim: temos o direito - e o dever - de não nos habituarmos! É que Melo agiu, em 1974/75, activamente e por meios terroristas contra a democracia que dava os primeiros passos: os comunistas eram as primeiras vítimas, mas o objectivo era a própria Democracia. Por isso é que é intolerável que na hora da provocação, o PS encontre um qualquer alibi para não se pôr do outro lado da barreira.

A vossa abstenção é uma traição à Democracia !Digo-vo-lo com a responsabilidade de vos ter precedido na representação popular no Parlamento. E de ser filho de um Homem que também vos precedeu, Victor de Sá, como outros perseguido durante a luta contra o fascismo, que se viu obrigado a fugir de casa, em Braga, nesse "verão quente" para não ser abatido pela camarilha do cónego que deixastes que o Parlamento homenageasse como um democrata.
É pelo respeito que os nossos mortos nos devem merecer, aqueles que lutaram para que Portugal vivesse em liberdade, que vos manifesto a repulsa democrática por essa indignidade que alguns de vós personificastes.

Não vos queixeis do divórcio do Povo! Esta vossa atitude teve ainda a ironia de ocorrer quando se invocam os 40 anos do Maio 68: alguns de vós estavam, como eu, do lado dos que se revoltaram contra o stato quo do poder estabelecido. E agora, que sois Poder? Victor Louro, antigo Deputado à Assembleia da República."


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