[1891] A Sede da Pide, o "Paço do Duque" a Placa e o Memorial
Vai por aí, na blogosfera que se interessa pela preservação da Memória da luta contra a ditadura fascista grande movimentação. A coisa esturrou com a Placa. Tiraram a placa. Que voltavam a meter após os trabalhos. Bom, esqueceram-se. Protestos. Carta do NAM à Administração do dono do prédio onde funcionava a sede da PIDE/DGS agora travestido de "Paço do Duque". Seguiram-se os protestos nos Caminhos da Memória, (onde também postei lá mais para baixo) no Facebook ontem andava perto dos 500 aderentes à Causa "Ponham a placa no seu lugar" e uma correria de emails espontâneos para (gef@gef.pt).
Não vale a pena repetir. Está tudo aqui (tudo não, porque os protestos correm por muitos mais blogs) por exemplo por aqui ou aqui.
Cada um orgulha-se do que pode. Aqueles que falam em nome das grandes realizações gaulesas, no final de um ano em que a dívida da França alcançou 75,8% do PIB, preferem confortar-se com o êxito de tiragens e vendas das Aventuras de Astérix.
A manchete dá prova do sentimento geral que leva os franceses à redução de gastos. "Os franceses nunca pouparam tanto".
É verdade.
Ao fazerem o balanço de 2009, resolveram entricheirar-se nos territórios da banda desenhada.
[1890] Imagine-se então se é o maestro a dirigir com outra partitura
Joaquim Vieira, a chegar ao fim do seu mandato, despede-se hoje das suas funções de Provedor do leitor do Público com uma "Carta aos jornalistas do Público" no local da sua habitual crónica de Domingo nesse jornal (e também aqui).
Joaquim Vieira ficará na memória dos leitores do Jornal em que é Provedor pelo desassombrado papel de denúncia da "agenda política oculta" de José Manuel Fernades envolvido na montagem da trapalhada conspiratória das escutas supostamente feitas pelo Governo ao PR, durante a pré-campanha eleitoral para as legislativas da Drª Manuela de que era, com o seu amigo PP, entusiasta apoiante.
Agora Joaquim Vieira ao despedir-se relembra as críticas que teceu e afirma que "nãose tratava de pôr em causa toda a redacção. Só que numa orquestra afinada basta um dos seus elementos perder o tom (para mais numa posição de chefe de naipe ou de concertino) para que todo o conjunto desafine (imagine-se então se é o maestro a dirigir com outra partitura)."
A placa evocativa do assassinato pela PIDE/DGS, no dia 25 de Abril de 1974, de quatro jovens que participavam numa manifestação espontânea da população contra a polícia política da ditadura fascista desapareceu do edifício do condomínio privado de luxo implantado no antiga sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso ao Chiado em Lisboa.
O Movimento Não Apaguem a Memória - NAM protestou junto do promotor imobiliário no início de Dezembro e a placa foi recolocada na fachada do edifício mas... "escondida". Colocada baixinho de modo que fica tapada pelos automóveis ali estacionados. O NAM irá seguramente exigir a reposição no local de origem.
A promoção dos luxuosos apartamentos, no site do Paço do Duque evoca o passado longínquo de palácio da nobreza, local de festas de duques e princesas. Mas os futuros habitantes do condomínio arriscam-se a conviver menos com o tilintar dos cristais e o roçagar das sedas de duquesas e viscondesas do século XVII e mais com os gritos de horror dos portugueses torturados pelo regime de Salazar e Caetano no século XX .
Está tudo explicado aqui no MEMÓRIAS com links para maior desenvolvimento nos CAMINHOS DA MEMÓRIA.
[1888] 31 milhões de norte-americanos conquistam cuidados de saúde
"O Natal de 2009 será lembrado como uma das grandes datas que marcarão o carácter e o futuro dos Estados Unidos. Barack Obama começou a construir um legado excepcional. A aprovação pelo Senado... da sua histórica reforma dá pela primera vez a todos os norte-americanos o direito à saúde e outorga a este país as condicões própias de una nação civilizada."
"Sete presidentes, pelo menos, quiseram fazer história com a reforma do sistema de saúde sem o conseguir. Dezenas de vezes se intentou esta proeza para culminar com a melancolía de uma sociedade que se chegou a sentir más fraca que as suas companhias de seguros.
«Esta é a más importante legislacão social desde la criação de la segurança social em 1930», assegurou o presidente.
"Remarcando la trascendencia de la ley, el Senado la ha votado el día de Nochebuena poco antes de las ocho de la mañana, después de varias semanas de trabajo ininterrumpido día y noche. Es la primera vez desde 1895 que el Congreso vota en la víspera de Navidad.
Pese a la fecha, el Capitolio estaba a rebosar de público y de emoción." [El País]
- ¿Cuáles son las desventajas? O custo dos cuidados médicos tem subido de forma dramática nos EUA. As cotizações para o sistema parcialmente pago pelo empregador cresceram 4 vezes mais depressa que os salários. Em 9 anos o seu custo duplicou. Las cuotas para los sistemas basados en el pago parcial del empresario han crecido cuatro veces más deprisa que los sueldos de los empleados, de manera que su coste se ha duplicado con respecto a hace nueve años...
- ¿Qual é o efeito do aumento do custo dos seguros? Crê-se que cerca de 46 milhões de habitantes não têm seguro e que 25 milhões têm uma cobertura insuficiente. Quando alguém sem seguro fica doente tem de pagar do seu bolso. Metade das situação de ruina pessoal nos EUA devem-se a gastos médicos."
PAUL KRUGMAN na sua habitual coluna do NYTimes conta uma história natalícia que pretende ilustrar os méritos da nova legislação sobre a saúde, arrancada a ferros no Congresso por Obama na véspera de Natal. Ela que enfrentou uma virulenta campanha hostil nos media desencadeada pelos Republicanos em representação dos interesses das garndes companhias de seguros e da população rica que não quer pagar impostos para um programa de saúde como há nos países civilizados.
Eis a história e, com particular interesse, a análise dos argumentos da direita contra a segurança na doença dos mais pobres ou dos desempregados. [link]
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
A Nota de Imprensa hoje distribuída pela PGR ameaça ficar para a história das relações esconsas entre Magistraturas e Políticos.
Nela se fica a saber que as escutas ao 1º Ministro foram consideradas liminarmente nulas [1º, a)], mas que, apesar disso, a PGR não viu nas certidões retiradas quaisquer indícios probatórios [1º, b)].
Já sabíamos mas é sempre bom recapitular tudo para aprendermos a lição.
Salienta que os magistrados de Aveiro actuaram com observação de todos princípios vigentes num Estado de Direito [7º], não podendo, por isso, ser posta em causa a isenção dos magistrados ou dos investigadores [8º].
Foi talvez a 1ª refrega jurídico-política desde a alteração que veio blindar a protecção especial de que gozam as figuras cimeiras do Estado.
O comunicado deixa as dúvidas onde as dúvidas estavam. Nem sequer se atreve a sublinhar o óbvio: que embora na estrita observação das normas vigentes num Estado de Direito e apesar de nada se poder apontar à isenção com que a investigação foi conduzida, o PGR não conseguiu ver nas certidões (abstraindo a nulidade) nada do que os mui considerados e elogiados magistrados de Aveiro dizem ter detectado.
De todos os actos públicos em que o 1º Ministro usou da palavra (o que deixa de fora naturalmente as reuniões e outras cerimónias a que faltou, tão despiciendas como a posse dos novos membros do Conselho de Estado...), o mais politicamente significativo foi, sem sombra de dúvida, o da intervenção televisionada no almoço de natal do Grupo Parlamentar do PS.
Particularmente, a tirada em que elogiou Francisco Assis, Ricardo Rodrigues e Sérgio Sousa Pinto.
Seguindo as palavras do Secretário Geral do PS, as personalidades destes três deputados socialistas trouxeram ao debate político a qualidade que às vezes falta às nossas pachorrentas discussões.
É curioso.
Quem acompanhou de perto a actividade política de Francisco Assis antes de assumir a presidência do grupo parlamentar socialista, poderia ter gostado dele. Batia-se até à exaustão pela sua dama, com firmeza e acutilância, argumentação bem montada, mas nada de comparável aos sucessivos fretes, fintas e tristes faenas a que se tem obrigado nas novas funções.
Ricardo Rodrigues batalhou recentemente, nos tribunais, contra um jornalista do Açoreano Oriental que o acusara de pertencer a um gang, coisa que o Tribunal da Relação deu como provada, ilibando o jornalista e não descortinando nas peças que escreveu quaisquer inverdades difamantes.
Sérgio Sousa Pinto deu que falar, não há muito, devido a uma intervenção endereçada a Belém, sem novidade nem chama.
Não surpreende que José Sócrates se declare persuadido de que as contribuições de Assis, Rodrigues e Pinto fazem furor na cena política. Os quatro anos e tal de maioria absoluta moldaram nele o dirigente que parece levar os slogans a sério e a discussão como ofensa.
Com a fasquia tão baixa, corremos o risco de termos de aturar um ano de 2010 marcado pelo critério balofo que faz do frete, o exemplo esplendorosos a seguir; da pertença aos gangs que pululam em torno dos off-shores, a postura cívica digna de elogio; e da gritaria à volta de Belém, as hossanas do espírito natalício de paz na terra aos homens de boa vontade.
Os portugueses mais ricos e com mais escolaridade vivem em média mais dez anos que os mais pobres. Esta é uma das conclusões da tese de doutoramento do enfermeiro e sociólogo Ricardo Antunes, que estudou dois mil óbitos ocorridos num hospital de Lisboa e noutro do Alentejo. Os números, apesar de inéditos em Portugal, acabam por quantificar a percepção que os médicos têm pelo contacto com populações mais pobres e mais ricas. [Link]
Nas Lojas do Cidadão (pelo menos na das Laranjeiras e na dos Restauradores) não há gel desinfectante à entrada. Escandaloso, não é?! Ana Jorge fartou-se de ler boletins acerca da evolução da gripe A, deu conselhos, preveniu, advertiu. Vai-se a ver, nos locais de directa responsabilidade do Estado, onde passam milhares de cidadãos diariamente, fungam, espirram e fartam-se de mexer em papeis, nada!
Poderá ser desatenção, contenção de despesas, o que se quiser.
Não deixa de ser também uma irresponsabilidade e uma falta de respeito por quem lá vai e, não menos, por quem lá trabalha!
A capa do semanário EXPRESSO de ontem revela uma estranha forma de divisar a "actualidade" política. Os três principais destaques relatam "dificuldades" do PS ou do seu governo (inscritas nos círculos a marcador vermelho): "Sócrates trava saída de Teixeira dos Santos"; "Santos Silva desdiz Amado"; e "Soaristas inventam nomes contra Alegre". Por tudo o que estas "notícias" valem - e alguma coisa valem de facto - perguntamo-nos o que haveria a dizer do PPD/PSD em matéria de contradições internas. O prestigiado semanário lá foi encontrar duas cachas portentosas (inscritas nos círculos a marcador azul): "Manuela aceita congresso em Março" e "Jardim pondera liderança do PSD".
Este curioso equilíbrio jornalístico entre os relatos acerca de uma força política que apesar de tudo está no Governo, e outra força política demasiado ocupada com as suas lutas internas para se poder constituir como alternativa séria e credível, não pode passar despercebido. Um observador isento que viesse de Marte, atrever-se-ia com certeza a alvitrar que o EXPRESSO está a favorecer a imagem do PSD. Porém, logo os especialistas em comunicação social lhe demonstrariam que a independência dos media não pode ser medida com tão grosseiros critérios. De facto, o observador de Marte estaria completamente equivocado. O prestigioso semanário não está (nem de longe...) a favorecer o PSD. Por muito que puxem pelo partido de Manuela Ferreira Leite, não conseguem tirá-lo do pântano em que se atascou. O que o EXPRESSO está a fazer é algo bem diferente: está a empolar as dificuldades do PS e daí o PSD parecer que até está a ir de vento em popa.
Mesmo para quem, como eu, tem "queixas" do capitalismo e do PS, a manobra ressalta com toda a nitidez.
Tanta parcialidade é superada pelo fabuloso cartoon do António que retrata, com um cubano embrulhado em euros, a essência das relações estatais entre o Governo da República e o Governo Regional da Madeira.
[1881] Atenção a lei não obrigará ninguém a casar com pessoa do mesmo sexo!
O Governo aprovou a proposta de lei que legalizará o casamento gay. A proposta de lei que será entregue à AR em Janeiro, «visa remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, colocando fim a uma velha discriminação e constituindo mais um passo na consagração de uma sociedade mais tolerante e mais justa, com mais igualdade para todos. ......
«Neste contexto, este diploma diz apenas respeito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e não à adopção, que é questão bem distinta. Assim, esta Proposta de Lei afasta, clara e explicitamente, a possibilidade das alterações agora introduzidas no regime do acesso ao casamento se repercutirem em matéria de adopção.»
Entretanto a Plataforma Cidadania e Casamento e a sua mandatária Isilda Pegado recolhem assinaturas para um referendo de iniciativa popular. A intolerância da Plataforma Cidadania e Casamento agarra-se ao instituto do referendo de forma pouco coerente porque os referendos não devem servir para colocar na mão de uma maioria a restrição da liberdade das minorias.
Os católicos mais radicais querem obrigar quem não partilha as suas opiniões a pautarem a sua vida pelos seus preconceitos. Não é de agora. E antes, quando tinham o poder discricionário, simplesmente condenavam à morte pelo fogo quem era diferente. Mas com muita misericórdia, piedade e compaixão.
Há seguramente na obra humana coisas piores que as religiões (porque estas apesar de tudo têm frequentemente uma componente social boa, e confortam os mais pecadores...) mas elas têm estado na origem das maiores tragédias da humanidade com as suas infindáveis guerras de religião ao longo dos séculos e o fomendo da intolerância e do ódio a quem não siga as regras da sua seita. Veja-se agora o Islão medieval com as Alkaeda's e Hezbollah's como antes a Igreja Católica com a Inquisição e a chacina de infiéis.
A nova legislação que permitirá o casamento gay, a ser aprovada, apenas oferece um acréscimo de liberdade, não obriga nem Isilda Pegado nem os seus apoiantes a casarem com pessoas do mesmo sexo. É só para quem queira.
Antevendo a severidade do Presidente dos Estados Unidos em relação aos "prémios" que os banqueiros declaram, Rossini, do alto do Século XIX, insatisfeito com a aclamação ao seu "Barbeiro de Sevilha", resolveu compor uma peça acerca da comparação que Obama fez: "Duetto de due gatti".
Chamo a atenção, também, para a semelhança entre o discurso dos banqueiros e a letra deste canto. Banqueiros e gatos, dizem e querem dizer essencialmente a mesma coisa desde sempre. No vídeo, Montserrat Caballé e Concha Velasco, mostram-nos como os banqueiros, prejudicados pelas novas medidas de política fiscal, reagem.
E se promovessemos na blogosfera um movimento que pressione o Governo ou a Assembleia da República a legislar a transparência das remunerações dos executivos dos bancos e das grandes empresas públicas e privadas? Por exemplo bancos e empresas do PSI-20 ?
Nicolas Sarkozy e Gordon Brown unidos a favor da criação de um imposto extraordinário sobre os prémios bancários. ... Alistar Darling, ministro das Finanças de Gordon Brown, propõe um imposto de 50% sobre os prémios bancários superiores a 25 mil libras – cerca de 27 mil euros. As receitas deste imposto devem ser alocadas à educação e à saúde.
Também Barak Obama pretende emagrecer os "Gatos Gordos", os executivos dos grandes bancos americanos impondo limites aos bilionários prémios que, no meio da crise de que são responsáveis, continuam a distribuir entre si.
E por cá? Também existe o escândalo de tais remunerações e prémios milionários? Pois existem. Não com a sumptuosidade dos EUA mas demasiado escandalosos para a pobreza e precaridade reinante. Na banca nas grandes empresas públicas e privadas.
Um exemplo antigo mas actual:
Lucro do BCP em 2005: 753,5 milhões de euros (M€).
Distribuição sob a forma de prémio aos 9 administradores 4,16% dos lucros - 31,34 M€.
Administração
Remun. fixa
Remun. variável
Remun. Total Anual
Presidente
990.000
4.820.000
5.820.000
Vice-presidentes
692.000
3.370.000
4.062.000
Vogais
495.000
2.407.000
2.902.000
Por mês (12m/ano)
Remun. Euros
Remuner. contos
Presidente
485.000
83.000
Vice-presidentes
338.500
58.000
Vogais
241.833
42.000
O salário mínimo em 2005: 373,64 euros. Fonte suplemento "Economia" do DN de 2006-03-01.
Não haverá coragem ou vontade política para taxar fortemente as remunerações milionárias e canalizar a receita fiscal para serviços sociais redistribuindo a riquezas? Então ajudemos a criar tais condições pressionando o Governo ou a AR a legislar a obrigatoriedade da publicitação de tais remunerações nos sites das respectivas bancos ou empresas de modo acessível. A opinião pública (e a expectativa de votos da próxima eleição) ajudará os partidos a definirem-se e alguns a tomar medidas.
Francisco Assis considera que a demissão de Lopes da Mota (do Eurojust) é um "Acto de grande nobreza".
Nobreza?
Estará Francisco Assis a querer dizer que o Conselho Superior do Ministério Público, ao aplicar-lhe a sanção de suspensão por 30 dias, o estava a armar cavaleiro?!
O galo faz o papel de namorado, tem a companhia de mais dois pares de tranquilos e distantes amantes. Poético e sonhador. O grande Marc Chagall. Judeu, russo, surrealista também e principalmente o pintor-poeta-sonhador. O inconfundível Chagall (1887, Vitebsk (Bielorússia)-1985 Saint-Paul de Vence, França).
"Picasso significa o triunfo da inteligência, Chagall a glória do coração." Resume Franz Meyer, o biógrafo deste último. Dele diz André Breton: "Com Chagall, e apenas com ele, é que a metáfora consegue a sua entrada triunfal na pintura."
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Motivado pela surpresa. Em tribunal da Memória juraria que não. Mas a assinatura estava lá. E foi então, aos poucos, que me lembrei, defacto o post é meu. A memória é traiçoeira.
A propósito, descobriu no quadro os outros dois pares de amantes? Prova de bom observador.
Cada coisa para seu lado, que isto anda tudo ligado.
No i de hoje, pág. 18, vem relatado o caso de uma escola de Vila Nova de Gaia em que os alunos se tornaram, em part time, vendedores de cartões de crédito da Unibanco. "Escola usou alunos para vender cartões de crédito" é o título que mereceu chamada de 1ª página.
Para lá dos contornos grotescos de uma violação de princípios legais, éticos e pedagógicos, que envolveu, ao que parece, a direcção da escola e demais professores, associação de pais e alunos, fica a demonstração de que a fúria mercantilizadora exerce uma pressão constante sobre o ser e a consciência.
A resposta do Ministério da Educação foi acertada mas tíbia.
Sem cair em generalizações, poderíamos, de qualquer modo, dar uma vista de olhos à interligação avançada entre organizações financeiras e instituições de ensino. Por vezes é extraordinariamente difícil distinguir o apoio funcional que os bancos disponibilizam do aproveitamento abusivo que fazem da situação de proximidade que ocupam. A escassez das críticas ao sistema capitalista desprotege os projectos políticos que recusam o neoliberalismo, sobretudo neste período de transformações globalizadoras em que algumas perspectivas críticas não acompanham as mudanças em curso (ver, entre outras, a contribuição de Fernando Penim Redondo e Maria Rosa Redondo, Do Capitalismo para o Digitalismo).
Quem se esforça por tratar em separado os temas da corrupção, política, justiça e ascendente mediático de certos banqueiros recém chegados ao império da finança, devia pensar duas vezes. A displicência ideológica e os métodos analíticos ortodoxos não nos levam já a lado nenhum.
Deixam-nos onde estamos.
Um sítio em que ainda é possível certas organizações financeiras de crédito porem os alunos do ensino básico a vender cartões de crédito. Ainda por cima com o sonolento consentimento dos professores e dos pais.
Obama chamou à casa Branca os presidentes dos 12 maiores bancos norte-americanos para os admoestar contra o escândalo de continuarem a locupletarem-se com prémios de milhões de dólares. 10 e 20 milhões! De uma banca que recebeu milhares de milhões dos contribuintes para não ir á falência.
No seu discurso tratou-os por "gatos gordos" e disse: "não me candidatei a presidente dos EUA para ajudar um bando de banqueiros de Wall Street". "eles são parte do problema e terão de ser parte da solução".
Veremos quem tem mais força neste braço de ferro.
A relação de Obama com os banqueiros tem vindo a azedar-se (Telejornal da RTP das 20h de hoje) nas últimas semanas na sequência da intensificação da sua actividade de lobby no Congresso para contrariar as medidas de maior regulamentação dos bancos que o presidente quer fazer aprovar.
Citibank, JPMorgan, Bank of America, Goldman Sachs e outros grandes bancos são acusados pela Administração de dificultarem os empréstimos em especial a pequenas e médias empresas e prejudicarem a recuperação da economia (e o apoio do eleitorado a Obama, acrescento eu).
Os banqueiros estranham. Porque ainda há menos de um ano quem dizia ao presidente dos EUA o que devia fazer sobre o mundo financeiro era um executivo da Wall Street , Henry Paulson que veio direitinho da presidência do Goldman Sachs para Secretário de Estado do Tesouro. Era ele que muitas vezes bichanava ao ouvido de W. Bush para que desse as respostas certas aos jornalistas.
Aqui está um excelente exemplo para Sócrates seguir ou se ele não se atrever bom assunto para uma coligação negativa na AR. Exemplo excelente e com a enorme vantagem de vir de Washington e não de Moscovo, que apesar de todas as mudanças causa sempre reacções pavlovianas.
Manuel Correia pensa que tenho a obrigação de ser seu comentarista e que no blog para que eu o convidei tenho o dever de seguir a sua agenda mediática. Manuel Correia não percebeu que não quero comentar as mil e uma razões de queixa que tem apresentado do mundo que o rodeia? Eu questionei uma, UMA, das suas opiniões e sobre isso tenho discorrido. Cordatamente. Comentar, especular e fazer juizos de intenção sobre as minhas opiniões, como faz neste seu último post é no mínimo uma deselegância.
Justifica-se o seu ressentimento? Remoques, azedume? Patético.
O assunto é pouco relevante. Não vale um par de "robalos" e não merece tal deriva. Calma.
Raimundo Narciso quer concluir. A seu modo (assim como quem fecha uma reunião, recitando conclusões) tenta circunscrever a "controvérsia". Em vez de argumentar, dá-se ao exercício metafísico de invalidar uma boa parte do que eu sustentei, falsificando alguns tópicos e excluindo um ror de rabos de palha confirmados, directa ou indirectamente, pelo próprio Armando Vara (AV daqui em diante).
Segue a lista das habilidades do meu gentil colega de blogue:
1. Eu não considerei reprovável, em lado nenhum, a ida de AV à RTP1. Falei do seu significado. Esta parte não interessa a Raimundo Narciso (doravante RN);
2. RN insiste na beatífica moralização televisiva (todos deveriam ter a oportunidade dada aos Varas). Parece não perceber (atenção PARECE apenas...) que a discriminação é constitutiva do mundo social tal como o conhecemos.
3. Não lhe interessa a história da "carta anónima", confirmada pelo próprio AV. Foi a carta anónima, aliás, o cerne da minha reflexão acerca do disurso de AV. É um grande rabo escondido com o seu gato de fora. Tão relevante, para mim, que lhe dediquei uma série de cinco postes (este incluído). RN passou ao largo. Surpreendo-me como não conseguiu ver uma coisa tão grande. Talvez por configurar uma fuga de dentro do processo, desta vez a favor de AV e outros: AV recebeu um aviso de que ele e José Sócrates andavam a ser escutados. Pelo menos esta fuga ao segredo de justiça não parecia destinar-se a dificultar a vida a AV e outros suspeitos da Face Oculta.
4. Portanto, RN fez o que costuma fazer. Filtrou o que lhe apeteceu e lançou o resto às urtigas. É a escola blairista (assumidamente admirada por José Sócrates e companheiros): "Não fales do que te desfavorece; o povoléu tem a memória curta. Recentra sempre o debate e desvaloriza o teu adversário se não conseguires desfazer-lhe a argumentação."
Curiosa concepção do debate de ideias.
Poderia eu deixar passar mais esta conveniente simplificação de RN para reduzir a conversa ao que lhe interessa, eclipsando o que para outros é sintomático e revelador?
A controvérsia circunscreve-se tão só ao seguinte.
Tendo Manuel Correia considerado reprovável a oportunidade dada a Armando Vara de se ir defender à RTP das acusações que sobre ele a comunicação social fez recair, na sequência de fuga de escutas em segredo de Justiça, eu contrariei dizendo que foi justo (e deveria estar ao alcance de todos em idênticas circunstâncias) porque permitiu, ainda que muito parcialmente, contrariar os danos à sua honorabilidade quando ainda nada está provado.
Manuel Correia discreteou sobre tudo e mais alguma coisa, coisas que sabe e outras suspeita sobre o mundo, o PS, os ideais, a injustiça social e a minha modesta e esquecida pessoa. Mas à sua opinião por mim questionada nenhum argumento inteligível aduziu para a sustentar.
Raimundo Narciso acha "coisa bonita" o acesso de Vara ao megafone audiovisual que a Judite lhe estendeu. Apesar de não lhe gabar o gosto, respeito-o. Se o 1º Ministro vai à RTP1 quando quer, porque não Vara? Aliás, o grau de probabilidade de Armando Vara ser entrevistado por qualquer outro canal é muito baixo. Nisso segue o líder. José Sócrates também não gosta muito da SIC nem da TVI. Não as acha provavelmente tão bonitas quanto o canal do Estado.
Evitando qualquer uma das questões levantadas relativamente às inconsistências do discurso vareiro, Raimundo Narciso esperava mais de mim. Como eu o compreendo... Entretanto, não tendo levado o que esperava, tira do meu texto o que lá não está. Não sendo coisa bonita de se ver, não o deixarei sem um breve e amistoso comentário. Não seria eu, por certo, a pessoa indicada para pedir ao PS que acabasse com o capitalismo.
Primeiro porque não faz sentido "acabar" com uma coisa tão bonita. Isso requereria um utopismo (coisa que os dirigentes do PS perderam por completo) e um radicalismo (que eriça a liderança social-democrata do PS) desajustados do Largo do Rato. Depois, porque muitos dos altos quadros do PS se esqueceram que o Partido Socialista deveria ter uma ou outra característica que fizesse lembrar um socialismo qualquer.
Não é o caso.
Então?
Vamos continuar a ver os estigmatizados banqueiros na RTP1 a defenderem-se tenazmente das acusações maldosas que lhe são feitas, enquanto se nega esse recurso aos restantes. Como o meu amigo Raimundo Narciso vê nisso uma coisa bonita (e higiénica até!), quem sabe se, bem vistas as coisas, não nos rendemos todos à estética cor-de-rosa dos benfeitores da alta finança? Afinal são menos e têm, como se sabe, meios de defesa mais eficazes. Deve dar gosto cerrar fileiras para os defender...
Que não se podia contar com o PS para acabar com o capitalismo, já se sabia. Tomar a defesa de banqueiros antes de saber se vão ou não ser acusados, fia mais fino. Mas também é certo que a combinação de duas mentiras não faz uma verdade.
Afinal a gaveta onde Armando Vara guardava a tal desqualificada carta anónima não é a mesma onde Mário Soares meteu o Socialismo.
Na reportagem exemplar de Nuno Ramos de Almeida, recentemente passada na TVI24, «Som e Fúria», a música dos bairros perigosos, Reivindicações, protestos, amores e ódios nas letras das músicas», Chullage, um dos muitos MCs entrevistados, explica: "A pobreza está a espalhar-se pelo mundo".
O meu muito estimado colega de blog, Manuel Correia, respondeu ao meu post "VARA na EDITE". Não quero deixá-lo a falar no deserto por isso me apresso a responder... um momento... Não, Ah!... não, afinal não. Fui ler melhor, não... não é resposta ao meu post. Mas assim, agora... com o blog aberto... seria deselegante não dizer nada. Então adiante.
Na realidade o que Manuel lá diz é:
" Raimundo Narciso, num dos seus postes alusivos ao caso Vara/Face Oculta, não enfrenta a óbvia estratificação entre vítimas de tramóias kafkianas, pobres além de anónimas, e os poderosos que movem montanhas para destruir provas, fintando magistrados e fazendo chicuelinas à polícia, ... Vara vai à RTP1; Manuel Godinho, não." E logo a seguir considera: " O piedoso desiderato que Raimundo Narciso enuncia (em idênticas circunstâncias todos deveriam poder ir à televisão defender-se como Vara fez) está à altura do plano de redistribuição que o socialismo do PS nos promete. Virá mais tarde. Agora não pode ser. Tenhamos paciência."
(Aqui num à parte, esta última tirada, bem metida, o Manuel Correia até me fez rir.)
Portanto o meu colega de blog não retruca à minha contradita das suas opiniões em que acusa a ida à TV de pessoas nas condições do Armando Vara como coisa feia para "influenciar os magistrados...", "destruição" de provas". "Um facto que o processo trata como singularidade, ao tornar-se público, perde potencial probatório."
Ora eu, contradizendo o Manuel, disse que não achava coisa feia tal ida de Vara à RTP, - defender-se no seu julgamente que corre nos media - mas antes coisa bonita e que era até uma higiénica ainda que muito mitigada tentativa de neutralização do linchamento público, sem provas, a que fora sujeito.
Com a segunda leitura percebi que Manuel afinal não responde ao meu post e todo ele é sim, e muito justamente, uma indignada condenação das "chagas do capitalismo" e em particular do nosso e aproveita para acusar o PS , com todo o direito, de não ter no programa nem na agenda política o propósito de acabar com o capitalismo.
Armando Vara tornou-se uma figura típica deste regime. Tal como assinalei nos dois postes imediatamente anteriores (1 e 2), foi da política activa para o mundo da finança, fazendo da finança uma guerra em que a política é prosseguida por outros meios. Os feitos no mundo financeiro são de mais difícil escrutínio e muitos deles (vidé casos do BCP sob a administração de Jardim Gonçalves, do nacionalizado BPN tutelado por Oliveira e Costa com a conivência do Conselheiro de Estado Dias Loureiro, sem falar dos mistérios do BPP...) acabam por soçobrar às mãos de habilidosos advogados e ilustres juristas, entre recursos por dá cá aquela palha e incidentes de recusa.
Neste como noutros aspectos o PS trouxe-nos um conceito de justiça à medida do seu projecto socialista de faz-de-conta. Ao encarecer as custas judiciais, acentuou o fosso entre os que podem defender-se e os que não podem outorgar-se a veleidade de mover qualquer processo. Tal como a redistribuição socializante é sempre adiada para quando o capitalismo estiver bem de saúde, a justiça segue na mesma procissão de agravados, sempre prometida para amanhã e sempre adiada.
Raimundo Narciso, num dos seus postes alusivos ao caso Vara/Face Oculta, não enfrenta a óbvia estratificação entre vítimas de tramóias kafkianas, pobres além de anónimas, e os poderosos que movem montanhas para destruir provas, fintando magistrados e fazendo chicuelinas à polícia, nem quer admitir que o "interesse jornalístico" de qualquer entrevista em prime time se constrói sempre a partir da influência social e política dos potenciais entrevistados. Vara vai à RTP1; Manuel Godinho, não. O piedoso desiderato que Raimundo Narciso enuncia (em idênticas circunstâncias todos deveriam poder ir à televisão defender-se como Vara fez) está à altura do plano de redistribuição que o socialismo do PS nos promete. Virá mais tarde. Agora não pode ser. Tenhamos paciência.
Se assim não for, que me sejam indicados os nomes dos "deserdados da justiça" que foram entrevistados por qualquer canal de televisão em prime time nos últimos dez anos.
Valerá a pena esperar pela resposta?
Há muito que se percebeu que as entrevistas do tipo da que Judite de Sousa fez a Armando Vara significam que a Justiça, tal como a Política, tem os seus actores privilegiados que não podem dispensar os media. Quem dispensar os media no mundo globomediatizado de hoje, depois de ter sido publicamente citado, perde pontos. Armando Vara "revelou" matérias que não constariam do processo. Um ponto. Diz serem falsos os "factos" que a imprensa noticia como base das supostas acusações que lhe são feitas. Mais um ponto. Ri-se de algumas perguntas que Judite de Sousa lhe faz acerca das conversas com José Sócrates. Vá de pontuar. Mas porque razão quer levantar uma parte do segredo de justiça e não tudo? Porque há conversas privadas que devem permanecer privadas e outras que não faz mal revelar.
Pois...
Para quem, como eu, não conhece pessoalmente Armando Vara, a figura de banqueiro que chega ao mundo da finança suportado pelos bastidores da política não passa de um símbolo. Tem evidentemente direito à presunção de inocência; tem direito a defender-se e a terçar armas para sustentar a sua honorabilidade; tem todos os direitos deste mundo e do outro.
E eu também ainda conservo alguns. Aproveito-os aqui em jeito de apreciação crítica de uma jogada magistral em forma de entrevista em prime time: Armando Vara não precisa de ser condenado para que apreendamos alguns traços gerais do "ambiente social" em que se move, salientando as grandezas (dirigente político, governante, banqueiro) e as minudências que fazem o colorido dos nossos quotidianos (a caixa de robalos, o equipamento desportivo para um familiar, as visitas inesperadas para confirmação de endereços, etc).
Não me interessa culpá-lo nem inocentá-lo.
Interessa-me saber mais acerca deste nosso mundo de desigualdades vergonhosas, de golpes baixos e manobras rasteiras.
E lamento que Armando Vara tenha deixado na gaveta a carta anónima a que disse não ter dado importância nenhuma. Porquê? Porque no caso do PS as gavetas são de mau agoiro. Foi lá que, num tempo não tão distante como isso, Mário Soares meteu o Socialismo. Apesar do meu cepticismo espero do fundo do coração que não estejamos a falar de gavetas do mesmo tipo.
Berlusconi foi atingido na cara com um murro que lhe partiu os dentes. Tudo aconteceu depois de um comício na praça do Duomo (Milão). Durante uma sessão de autógrafos, o agressor quebrou o cordão de segurança e aproximou-se demasiado do primeiro ministro de Itália acabando um serviço há muito anunciado, basta ler a blogosfera e acompanhar o movimento "No Berlusconi Day" que desde Outubro pede a demissão do PM.
"Anomalia italiana" é a justificação para a vitória de Berlusconi nas eleições de Abril de 2008. Mais uma, diga-se.
Temo que o que se passa em Itália, um país com a comunicação social controlada e uma Justiça de rastos, atinga proporções maiores. Pode ser que a Europa acorde e não precise de abrir os olhos a murro. O desemprego, o aumento da pobreza, as clivagens sociais cada vez mais vincadas, o sentimento de que tudo está errado, a crise do capitalismo, a ausência de ideologias para se agarrar, deixa-nos à deriva.
E há um pormenor que nos atinge. Há quatro países com economias preocupantes e que viveram ditaduras -Grécia, Espanha, Portugal e Itália.
Arrepia-me quando ouço, e cada vez mais, que é preciso "meter este país (Portugal) nos eixos".
Num cenário de ingovernabilidade, é bom que ninguém se esqueça que o povo de barriga vazia não pensa e, normalmente, abre portas a um pai tirano.
Às vezes, julgo que é isso que muita gente anda a querer para Portugal. Mas tomem juízo. Há histórias que não se repetem.
O Manuel Correia nos seus posts aqui abaixo analisa a entrevista de Armando Vara à Judite de Sousa mas por me parecer que o faz com supina parcialidade aqui estou a argumentar para tentar perceber. Diz Manuel Correia que a entrevista representa um privilégio que tem como consequências "influenciar os magistrados...", "destruição" de provas". "Um facto que o processo trata como singularidade, ao tornar-se público, perde potencial probatório."
Mas se assim é que dizer das mil notícias, que convêm a certas agendas políticas, difundidas por todos os meios de comunicação social, durante semanas ou meses que condenam à execração pública alguém de cuja culpabilidade ou inocênciada nada se sabe e que destroem de forma irrecuperável a sua honorabilidade?
Entrevistas como esta do Vara, deveriam ser concedidas a todos os que estão nas circunstâncias dele, e se sintam caluniados, difamados e atirados às feras do circo mediático antes que algo se prove.
Concluo, ao contrário do Manuel Correia, que a entrevista ao Armando Vara e outras em iguais circuntâncias têm como consequência não o seu favorecimento e uma obstrução à justiça mas antes uma higiénica e muito parcial tentativa de neutralização do linchamento público, sem provas, a que foram sujeitos.
Eu sei que há justificadas razões para pensar que se não houvesse fugas ao "segredo de justiça" casos haveria de crimes que acabariam arquivados e sem deles nada se saber. É uma posição que questiona a Justiça que temos. Mas o que se passa com as fugas de informação politicamente orientadas e os "julgamentos populares" a que temos assistido não parece ser o caminho para o eficaz combate à corrupção mas antes o da sua sabotagem.
Isto para além de dar de barato a reflexão da Clara Ferreira Alves no programa O Eixo do Mal que observa que escutas e fugas de escutas ou outros "segredos de Justiça" lançados à rua, só acontecem para as bandas do PS (Casa Pia: com Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama, Jorge Sampaio, Freeport: Sócrates, Face Oculta: Vara/Sócrates) e que de casos como o do BPN, Submarinos, Portucale, talvez por tocarem a partidos da direita a cuja gente, por tradição, se deve conceder o privilégio de usar para seu natural proveito os bens do país, nada transpira. Não se escutam ou não caiem na rua conversas entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, ou entre Paulo Portas e rapazes de "boas famílias".
Sei eu se Armando Vara está totalmente culpado ou completamente inocente? Não faço a mínima ideia. Nem isso interessa para o caso em questão.
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Vara na Judite!Malíci...? Talvez, mas está bem apanhado. A ideia não é minha e está num comentário ao meu anterior post sobre este assunto.