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2006-04-30

 

Carlos de Bragança


Precisamente o rei de Portugal, 1863-1908.
O Sobreiro (1905, pastel sobre cartão 177 x 91 cm. Palácio Ducal - Fund. da Casa de Bragança, Vila Viçosa, Portugal


 

Amadeu Sousa Cardoso


Barcos (óleo, 30,2 x 40,6 cm,1913) - (Museu de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa)


 

Quando o Estado é social!

De acordo com o Eurostat e relativamente a 2004 o livre jogo do mercado deixa Portugal (27%), no que diz respeito à taxa de risco de pobreza (percentagem da população com um rendimento inferior a 60% da média da população) confortavelmente melhor que a ambicionada Suécia (30%), a exemplar Finlândia (29%) ou a rica Dinamarca (31).
A grande diferença não está entre os capitalismos de lá e o de cá mas sim no que fazem os respectivos Estados e Governos para corrigirem as grandes desigualdades que o livre mercado provoca.
Nos países nórdicos, com as transferências sociais, os 30% baixam para 11 e em Portugal os 27 baixam apenas para 21%.
Duas conclusões: Estado Social não é mera figura de retórica. O Estado, na Suécia, na Finlândia ou na Dinamarca, retira do risco de pobreza 19% da população . Por outro lado, desde que adaptado às mudanças do mundo (caso daqueles países), o "modelo social europeu" não se opõe a desenvolvimento económico, antes o garante e promove. Por isso do que Portugal necessita é de mais Estado social e não menos como quer uma certa direita. Mas com a condição de o adequar às realidades emergentes.
[Link] (O gráfico é do DN-Economia de 2006-04-27)




O gráfico [DN-Economia] diz-nos que no ano de 2004 os 20% dos portugueses mais ricos ganhavam 7,2 vezes mais que os 20% mais pobres. Ora a média nos 25 estados da UE foi de 4,8 o que revela uma situação social incomparavelmente menos desigual.
O gráfico mostra a evolução desde 1995 e se é provável que factores como desenvolvimento económico e desemprego tenham tido papel importante a realidade é que os valores baixos correspodem aos Governos de Guterres e os altos, antes e depois, aos governos do PSD ou PSD/CDS. Será interessante saber o que nos dirá o Eurostat daqui a uns anos sobre Sócrates.

2006-04-28

 

Portugal o mais eficaz da UE a enriquecer os mais ricos!

A manchete do DN de ontem era Portugal é o menos eficaz da UE a combater a pobreza. Eficaz? Que quer isto dizer? Quer dizer que este ou outros governos anteriores quiseram atingir tal objectivo mas não conseguiram devido à... ineficácia! No entanto para atingir o mais elevado grau de enriquecimento relativo dos 20% dos portugueses mais ricos já temos a maior eficácia de todos os países da UE! Como aliás o DN - Economia bem documenta.
Ora na realidade nos últimos 30 anos não houve nunca qualquer política séria, para lá duns paliativos cristãos no tempo de Guterres ou de um esgravatar à superfície no actual governo de Sócrates, para atingir tal desiderato.
O título mais engana do que esclarece.
Não afirmo que a intenção fosse essa mas a pressão invisível de quem manda no emprego e na carreira dos jornalistas é tal que insensívelmente eles se autocensuram. Receiam usar as palavras próprias e assim muitos não deixarão de se sentir violentados profissional e civicamente.

 

O preservativo

Os bispos portugueses, ontem reunidos em Fátima, concluiram finalmente que o preservativo é um mal menor. Concluiram o que toda a gente já sabia. É um mal menor. Diminui o gozo mas evita males maiores.
 

Ontem em Fátima

a propósito do combate à sida, foram os bispos a virem às boas sobre o preservativo. Por este andar virá o dia em que o Dr. César das Neves e o movimento pró-vida conseguirão perceber que um óvulo fecundado não é uma pessoa.

 

Remo e Vela - Desporto não é só futebol

Também gosto de futebol, mas confesso-me algo cansado com o exagero de importância que se dá a qualquer coisinha que a ele diga respeito.

Assim venho aqui divulgar a ocorrência de um desfile náutico as comemorações dos 15o anos da Associação Naval de Lisboa que irão ocorrer no domingo de tarde na zona de Belém.

A ANL é a colectividade desportiva mais antiga da península ibérica. Foi fundada em 1856 (ver resumo historico ) .

O seu papel nas actividades náuticas em Portugal foi e continua a ser de grande destaque. Os seus atletas são 100 % amadores tanto no remo como na vela.

No remo, para além dos inúmeros sucessos competitivos tem a escola com maior número de participantes do País e inclui uma classe de remo para deficientes com dezenas de praticantes (tendo sido o clube que em Portugal iniciou a prática do remo adaptado).
 

Uma história mal contada?

...A de Scolari e Madail. Há várias "coisas" a perguntar neste jogo final entre Madail e Scolari.

Todas as informações vão no sentido de que ontem, em Lisboa, ficou verbalmente no mínimo, contratualizada a ida de Scolari para a federação inglesa de futebol.

Scolari, na entrevista publicada hoje ao DN numa de defensiva, não vai tão longe. Acha natural os contactos e refere que Madail sabe de tudo.

Ontem um comentador de futebol da SIC notícias afirmou que o mínimo que Madail deveria fazer é demitir Scolari de seleccionador nacional, mesmo a tão poucos dias do campeonato.

Não sou muito conhecedor deste meandros. Apenas sou um apreciador de futebol.

Mas acho que a situação era pobre e passou a podre.

Mais uma vez a selecção portuguesa irá para um campeonato mundial de futebol, sem grande moral, pela postura das instituições e pessoas do futebol.
Madail deveria ser o primeiro a saltar.

2006-04-27

 

Neoliberalismo Português no seu pior


Palavras para quê ?

É uma empresa Portuguesa em Lisboa junto ao estádio do sporting.
 

Banqueiros agridem-se

... Verbalmente é claro, mas não deixa de ser significativo.

Afinal, no processo de acumulação de riqueza do mundo da banca é permitida a estalada verbal. Já sabíamos que estes processos não são nada lineares. Talvez não esperássemos que as conversas, intrigas e tantas vezes as ameaças viessem a público.

Em todo o mundo dos mundos, a acumulação de riqueza e sobretudo a sua deficiente distribuição é sempre à custa de muitos. Neste caso, de alguns poucos.

Isto passou-se numa conferência de imprensa quando Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, acusou Teixeira Pinto de inexperiente. Duas das muitas frases "simpáticas" de Ulrich para Teixeira Pinto:

"Para quem chegou há pouco mais de um ano (à Banca) está muito atrevido"

" Dizer que a gestão do BPI reagiu com emoção e não com a razão, não compreendo. É preciso ter lata".

Que mimos!!! entre banqueiros.

2006-04-26

 

Ricardo Sá Pinto...e o futebol

Ouvi também na TSF, de um dos directores do Sporting que o Sá Pinto merecia mais "respeito". Que não deveria terminar a carreira de jogador expulso. Que ninguém ouviu o seu apelo em favor de Sá Pinto.

Apesar de adepto do Sporting e apesar de reconhecer em Sá Pinto qualidades de grande entrega ao jogo, foi Sá Pinto quem desrespeitou e saiu como sempre foi, um jogador indisciplinado.

Pena é que muitos outros também não tenham tido este final.

As regras são para cumprir e os directores, ao virem avalizar a má conduta dos seus jogadores, desempenham muito mal a sua função.


 

O major Valentim Loureiro ofendido

Ouvi o próprio major dizer hoje na TSF que ficou ofendido por se pensar que ele se venderia por um simples relógio!!!. Referia-se o major ao caso do "apetito dourado".

2006-04-25

 

25 de Abril - Teria sido gafe ?

Sou daqueles que se habituou a comemorar o 25 de Abril. Todos os anos, com os meus filhos, vou ao desfile na Av da Liberdade. Faço sempre questão de lhes explicar o que se passou nesse dia.

Quando no rossio, às tantas é apresentado mais um orador. Tratava-se do "representante de todos os jovens".

Eu não queria acreditar !

Estou eu no desfile do 25 de Abril, data que simboliza o fim de um regime autoritário e totalitário e apresentam-me "o representante de todos os jovens" !

Andei por aqui farto de pensar. Será que estou errado ?. Não é o totalitarismo um regime que se baseia no exercicio total e absoluto do poder baseado pura e simplesmente em representação hierarquica ?
Então, foi exactamente isso que aquela apresentação representou.

Resta perceber se foi gafe ou uma certa concepção leninista conhecida como "organização de vanguarda revolucionária".

Eu quero acreditar que foi gafe !

De qualquer forma foi mais uma oportunidade para se pensar, falar, discutir acerca de uma das mais bonitas revoluções. Provavelmente como com os nossos filhos que são os mais lindos porque são nossos. Esta é nossa e temos o dever de a valorizar.
 

25 de Abril, Sempre

Satisfeito com o registo dos cravos do MC, no post logo abaixo, que ele, ao contrário de muitos, não esqueceu, vou no entanto por outro caminho - aquele caminho bem português do desabafo e de revolta, quantas vezes inconsequente.

O 25 de Abril foi uma data memorável para Portugal e para o Mundo. Não sei se exagero ao dizer que foi o maior acontecimento do século XX em Portugal.

Um acontecimento relembrado em cada ano numas cerimónias na AR, fracas e de circunstância que servem mais para os partidos deitar cá para fora "algum fel", também de circunstância, torpedeado em vários locais do País com realce para a Madeira e com um desfile, na Avenida da Liberdade, cada vez mais descaracterizado. Apesar disso lá tenho estado e lá estarei. É o que vai restando desse acontecimento marcante.

O 25 de Abril deveria merecer, no dia a dia, uma presença forte e quem mais deveria estar nessa acção não está - o poder político e os partidos. A indiferença doi a quem, de peito aberto, viviu aqueles acontecimentos. A esperança, que nunca há de morrer, no entanto, murcha um bocadinho como as flores à espera de novo reflorescimento.

O 25 de Abril deveria estar activamente nas escolas, nos programas escollares, desde a mais tenra idade. O 25 de Abril deveria constituir um espécie de Guia do País, sentido e desenvolvido.

Que se fez para memorizar o 25 de Abril? Mudou-se o nome a uma ponte, já feita do tempo do Salazar, umas ruas e o que resta é sem mais valia, com excepção da liberdade.

Nem um centro de documentação digno desse nome e acessível existe por iniciativa pública (com excepção de Coimbra). É de perguntar onde têm estado os nossos ministros da Cultura e os respectivos governos?

No mínimo, o que se pode dizer disto é que tudo isto é triste.


2006-04-24

 

Viva o 25 de Abril !


Um cravo muito vermelho

Antes que a hora passe (não vá esquecer-me) aqui venho deixar um cravo muito vermelho. Daqueles cravos que são quase como os outros, apesar de fazerem a sua diferença nas festas de Abril.

Viva o 25 de Abril!

 

O que se diz de Portugal... deprime

Hoje ouvi na TSF alguém, ligado a uma Instituição Internacional, dizer que Portugal não tem o mínimo de condições para combater o tráfico de seres humanos.

Dias atrás, ouvi igualmente dizer que, se vier a pandemia das aves, somos o país da UE25 pior preparado para lhe fazer frente.

Todos ouvimos dizer muitas vezes que, apesar de alguma eficácia da PJ no combate à droga, somos um dos (grandes) países, ao nível da UE, a servir de elo na circulação da droga na Europa.

Sabendo nós que a crise económica, visível há 6 anos com os efeitos drásticos e pesados sobre quem menos condições tem para a suportar, está instalada de pedra e cal e que as perspectivas de mudança desta situação grave estão atiradas para um horizonte longínquo, é caso para dizer que Portugal vive um ciclo de empobrecimento relativo, do qual dificilmente sairá sem grandes "convulsões".

Começo a duvidar se haverá gente com capacidade e competência para "abanar" o País, na direcção acertada, porque cada vez mais se intui que não se leva até ao fim o que se inicia, muitas vezes bem.


2006-04-23

 

Corrupção em Marbella

Vale a pena ler e reflectir sobre o editorial de Eduardo Dâmaso em que o tema é a corrupção em Marbella e o seu "desmantelamento".dn.editorial

Eduardo Dâmaso compara com o nosso País onde releva os resultados impressionantes de um processo de corrupção conduzido por um magistrado jovem (30 anos) e afirma que "o valor metafórico para nós, portugueses desta operação é grande", pelo que representa de eficácia policial e judicial, " patamar que jamais atingiremos nas próximas décadas".

Na verdade, ainda ontem foi noticiado um processo em curso de investigação de uma elevada de fuga fiscal. Ouve-se mas...de resultados?!

 

Para quando um SIMPLEX na Política?

Mais uma vez um deputado vem tentar justificar o injustificável: a falta de quorum da AR na quarta feira de Páscoa.

Até acho que o deputado Luís Pita Ameixa tem razão nos argumentos teórico-políticos que aponta para o mau funcionamento da AR que, no seu entender, se circunscrevem aos seguintes aspectos:

Mas daqui a justificar o que aconteceu vai um fosso maior que a profundidade da fossa do Pacífico. Outro argumento que não colhe é o de que quem criticou o comportamento dos deputados olha-os, como funcionários públicos. Eu critiquei e continuo a achar que não há explicação para tanta falta, a não ser o desinteresse e alguma irresponsabilidade e não os entendo, como ex-funcionário público, nessa situação.

Eu bem sei que os funcionários públicos, hoje e há mais tempo, são tidos como uma classe "proscrita" , diria quase "parasitária", pela sociedade e os sindicatos do sector têm contribuído muito para isso. Assim, toda a tentativa de nenhuma conotação com esses funcionários "intelectualmente maltrapilhas" só pode colher prebendas. Neste contexto, os professores não querem ser vistos como funcionários públicos, são técnicos de ensino, os médicos idem são técnicos da saúde, os enfermeiros também. Os juízes, magistrados, forças da ordem, forças armadas, etc etc, os trabalhadores dos institutos e serviços autonómos também não são funcionários públicos. Dificil contabilizar assim mais de 700 000.

Mas aí o senhor deputado foi buscar um mau argumento para justificar/compreender a ausência dos senhores deputados, ao dizer que a AR "traz os deputados muito subutilizados e ao mesmo tempo cansados, em muitos casos, subutlizados e cansados, por míngua de responsabilidades pessoalizadas."

Já pensou onde está a maior subutilização de pessoas neste País? Já pensou se os argumentos invocados vão no sentido de compreendermos as faltas dos deputados como seria interessante sem greve uma falta da função pública em percentagem equivalente à dos deputados?

E, finalmente, porque só agora se coloca o mau funcionamento da AR, quando ele é mais do que visível, há muitos anos?

O que fazem os deputados que estão lá há dezenas de anos para não não têm levantarem essas questões?Têm andado distraídos? É o mínimo que se pode deduzir.

Penso que não seria mau "dar a mão à palmatória" e então numa base mais sadia partir para outra.

A democracia também se exerce no reconhecimento dos erros, independentemente das razões que podem minorar esses erros.
Tinha dado por encerrado este tema, mas por bem intencionados que sejam, não entendo certos argumentos para certas atitudes.

2006-04-22

 

Mário Viegas (3)


Esta semana mais uma vez comprei o livro e o CD do público. Desta vez não hesitei.

Ao meu Pai !
Este poema não foi feito para ele mas podia ter sido.




PRIMEIRA CANÇÃO COM LÁGRIMAS


Meu amigo morreu. Meu amigo partiu
Na madrugada fria, fria meu amigo (dizem)
agora habita a verde catedral de um bosque
Meu amigo morreu. Meu amigo não volta

Meu amigo dizia (estou a ouvi-lo)
vou procurar minha estrela. Foi
e não voltou. Meu amigo (dizem)
tem agora o tamanho de uma estrela.

Eu estou mais velho é certo. Meu amigo morreu.
Amigo é uma palavra agora com aldeias tristes
estas paragens percorridas pela ausência
sem lâmpadas (com lágrimas com lágrimas)

Meu amigo partiu para o espaço da noite
e há uma viola dentro da tristeza
neste verde lugar onde a noiva anoitece.
Nunca mais voltará. (Porque morreu?)

Manuel Alegre


 

O nuclear em Portugal

Portugal já teve aquele mínimo de embrião técnico, primeiro na JEN e depois no INETI (Sacavém), que acompanhava não deixando passar ao lado o que ia acontecendo a nível mundial em termos de tecnologia e de tendeências

Esse embrião mínimo foi desaparecendo... e hoje estamos no ponto zero.

Aprecio que Sócrates tenha vindo dizer dizer que Portugal precisa de um "debate racional" em Portugal sobre a energia nuclear, embora seja de lembrar que há bem pouco tempo o Primeiro Ministro dizia que esta era uma matéria que não estava na agenda do governo.

A evolução dos preços do petróleo e as expectativas , onde se admite que o preço do crude possa atingir rapidamente os 100 dólares/barril trouxeram uma mudança de contexto que leva a pensar em alternativas e portanto é positivo que o primeiro ministro corrija a rota de tiro e muito seriamente se faça um debate e monte aquela estrutura mínima que nunca deveria ter sido desmantelada.


 

A situação no sector " Actividade de Segurança"

Acabo de ler no Expressoemprego de hoje, que o Estado é o responsável por cerca de 40% da facturação gerada na actividade de Segurança, pelos serviços que contrata a este tipo de empresas.

Sendo assim e este dado tem origem na respectiva associação do sector, estamos perante um cliente importantíssimo.

Mas o Estado como Estado tem o dever de regular o sector.

E as críticas em relação ao Estado regulador abundam e são, a serem verdadeiras, um bom indicador de como "a economia" não funciona ou funciona mal e com distorções gravosas.

Que tipo de críticas abundam?

A primeira e principal é a concorrência desleal, traduzida em:

O Estado é acusado de, nos concursos que faz, não ter em conta a situação das empresas concorrentes sobre os aspectos antes referidos e de o critério de escolha ser o preço. Ora as empresas que nada cumprem fazem "dumping".

Defende a associação que o funcionamento do sector é, neste contexto, um caos e que se está a perder uma oportunidade de criar no espaço de um ano 5000 novos postos de trabalho.

Segundo a associação, há cerca de 3 meses foi feita a denúncia junto do ministro Vieiraa da Silva que tem vindo a demonstrar "uma maior predisposição para actuar nesta área".


2006-04-21

 

Cavaco Silva na Bósnia

Ontem as televisões mostraram-nos, Aníbal Cavaco Silva, de visita às tropas deslocadas na Bósnia. Vinte anos de presidentes cultos, cosmopolitas, com uma boa presença e grande àvontade na função tornam a comparação constrangedora. Valha a atenuante de estar ainda na fase de treino.
Não é só a cara, a incapacidade de rir ou sorrir sem parecer um esgar. Tão pouco exportável! Depois aquela conversa financeira sobre a importância das nossas tropas em missões de paz: que "não é uma despesa é um investimento"! Eu compreendo, sei onde quer chegar mas é uma caracterização infeliz, uma pobreza de linguagem... de quem voa baixinho em termos culturais.
Se vê a reportagem, o soldado destacado na Bósnia, poderá até pensar que o PR dá à sua missão a dimensão de um deve - haver do orçamentop de Estado, quando no fundo Cavaco até quiz dizer o contrário.

 

Tudo é relativo. Será?

"Mais um trabalhador da construção civil morto em acidente de trabalho a deixar mal as estatísticas do país."

No fundo do jornal, a pequena notícia não mereceria as honras deste blog se eu, como já vos tenho contado, não tivesse passado pelo café do largo e encontrado, em animada tertúlia, o Sr. Antunes.
Sente-se, sente-se aqui ao pé da gente! Sentei-me um bocadinho a contragosto porque queria ver se resolvia, enquanto tomava a bica, o Su Do Ku, da capa do jornal, que vinha classificado de "fácil".
Então já sabe do homem que morreu? Não sabia e como todos viraram para mim uma cara de censura tentei desculpar-me, muito trabalho, nem tenho visto a televisão... Foi aqui na rua! Caiu do 4º andar das obras, ali do prédio em contrução... já se sabe, morreu logo. Não, não, ele até parecia... qual quê! foi no Hospital... não foi nada disso, o homem da tabacaria... gerou-se a confusão, todos a falar ao mesmo tempo. Disparate - protestava uma senhora ou uma mulher, que também ali se sentava - qual queixava qual coisa, o homem estava como morto, falava lá agora.
Alteando a voz o Sr. Antunes lá reconduziu o café à calma e contou-me tudo direitinho. Olhe desculpe lá isto mas o caso é o seguinte, o homem estava com uma máquina perfuradora, salta-lhe das mãos e a trabalhar em cima do tabuleiro do elevador, procurou segurá-la para ela não vir por ali a baixo que o elevador das obras só tem resguardo dos lados. Olhe veio a máquina e veio ele. Um quarto andar!
Tentei mostrar o meu espanto e quanto me impressionava o acidente mas julgo que se perdeu o efeito todo porque de novo se levantou o reboliço das opiniões discordantes.
Ia já a virar-me para o Su Do Ku quando o Sô Antunes, atento, me suspendeu. Sabe era um ucraniano. Com 64 anos. Coitado devia era estar a gozar a reforma lá na terra dele.
Um que estava ao balcão e que não tinha nada que se meter na conversa sentenciou, pois! vêm lá do inferno ou da Europa só para tirar o trabalho à gente!
Não ligue, esse gosta é de copos, trabalhar não é com ele, continuava o Sr. Antunes, baixinho e sem me dar fôlego. Tá a ver! Com aquela idade tem um filho cá em Portugal e outro em Espanha. Tudo nas obras. Era mineiro. A mulher, uma filha descasada e um netinho lá na Ucrânia. Agora quando julgam que vão receber a mesada recebem o homem morto... Dou-lhe a fotografia, que tirei com o meu telemóvel, Com este, tá a ver? Este é dos bons mas também saiu-me caro.
Deu-me a ideia. Tirei o telemóvel do bolso e comecei a falar como quem responde a um sinal de vibração, que não se ouve, para me salvar duma conversa que ameaçava não acabar. Fiz só um sinal como se estivesse a ouvir uma mensagem da máxima importância e saí logo só com um abanar de mão.
Só a uns bons metros de distância recolhi o telemóvel salvador. Mas logo à frente a vista do prédio em obras fez-me, só então, meditar no caso. Aquele homem, coitado, da minha geração (se fosse de outras idades teria pensado no caso? Lembrei-me depois) viveu o comunismo. Será que terá tido esperanças de conseguir o sempre adiado paraíso na terra? Deixarem um pessoa com aquela idade assim numa obra, trabalhos pesados... E depois uma falta de segurança... nem um resguardo, nada.

O que são as notícias. No jornal nem me daria ao trabalho de ler. Na rua, reparei então, no café, no restaurante, na tabacaria, na boutique dos DVD, ia uma consternação.

Na minha rua e neste momento, a morte dum homem impressiona-me muito mais do que as dezenas ou centenas que morrem todos os dias, rebentados à bomba ou a tiro, no Iraque. Estão longe. Ou que os quatro mil judeus que mataram e queimaram, aqui ao pé, no Rossio mas há 500 anos.

A distância... no espaço ou no tempo... é quase tudo.


 

Uma questão de Aprendizagem, ..minha

Sinceramente, ainda não interiorizei lá no íntimo, nem apreendi, de forma a não hesitar, que Cavaco Silva é o Presidente da República Portuguesa. É mesmo sincero. A falha é só minha.

Apesar das diferenças, entre os dois, este mesmo fenómeno aconteceu-me, durante algum tempo, com Jorge Sampaio, por quem nunca morri de simpatias.

Reconheço. Tenho um grande esforço a fazer e cá estou, como cidadão, para essa tarefa.

Bom. Acho mesmo que Cavaco Silva, Presidente, está a precisar de "exercer certas cláusulas", que foram determinantes da sua subida a Presidente da República, ou seja, o actual presidente, de que por vezes me esqueço que o é, foi eleito porque fez passar a mensagem de que possuia as receitas mágicas para a economia deste País sair da crise.

Como a situação permanece complexa, apesar do esforço do governo de José Sócrates, é seu dever dentro do espírito de "cooperação estratégica com o governo", tão anunciado, de começar a agir.

A sugestão vai no seguinte sentido. Reunam (Presidente e governo) com um leque de técnicos, à porta fechada, e "definam" as medidas para que este País saia do estado pré - comatoso em que tende a entrar, sob pena de serem sempre os que menos podem a suportar e pagar a crise .

O País economicamente está mesmo mal. Aculpa de tudo isto espalha-se no tempo. Nunca houve uma estratégia séria de desenvolvimento para Portugal. E hoje ainda não há.

Não vale a pena atribuir culpas. Vale a pena descortinar caminhos.

Há que reunir forças para encontrar esses caminhos nada fáceis. Economia e sociedade portuguesas não estão minimamente preparadas para as tendências evolutivas em curso no mundo. A situação europeia ajuda pouco, porque também está em crise: Um mundo a crescer à volta de 5% contra uma UE em 1%. Não estamos preparados para a globalização e os actores portugueses sonham ainda em medidas proteccionistas do Estado contra este movimento.

Portugal precisa cada vez mais de exportar mas não tem nem produtos nem serviços competitivos para desempenhar essa função. Esta é a realidade que é preciso dizer ao País.


2006-04-20

 

Mudando de Planeta ...(3)

No princípio deste mês, a PricewaterhouseCoopers, apresentou um estudo, no Horizonte 2050, em que se antecipa a situação económica das principais nações industriais, em contraponto às principais economias emergentes: grupo dos países G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) vs grupo dos países E7 (China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia).

O estudo da PwC que se intitula "The World in 2050: How gig will the emerging market economies get and how can the OECD compete? " tem aspectos interessantes e outros decepcionantes para as economias de topo actuais.

Alerta para que as economias da OCDE olhem para a deslocalização do potencial económico em curso para as economias emergentes como uma oportunidade de crescimento e não como um cataclismo económico, designadamente para os consumidores facilita o acesso a bens já de qualidade e a preços muito baixos e para as empresas, como fornecedoras de matérias primas e produtos intermédios .

No momento actual, o grupo dos países E7 apenas representa cerca de 20% da performance das economias mais industrializadas, mas em 2050 representará mais 25% da performance das mesmas, medida pelo PIB.

Neste contexto, a China e a Índia são os campeões. A China, em 2050, terá um PIB em dólares correntes, aproximado ao do EUA, mas em paridades de poder compra (ppc) representará 140. A Índia com um Pib de 58% equivalerá a 100 em ppc.

Curiosos são os resultados comparativos das economias do G7 e E7, apresentados no estudo.

Vejamos:
  • As economias do México, Brasil, Rússia, Turquia e Indonésia partem de um valor hoje entre 2 a 6% da economia americana para atingir 10 a 20% desta última.
  • Ao contrário, a maior parte das economias da OCDE - excepção do Canadá e Austrália - perderão terreno face à economia americana, o que se explica por um abrandamento da evolução demográfica em idade activa.
  • A economia japonesa tornar-se-á tão importante quanto a economia brasileira e indonésia (após ter sido ultrapassada pela China e Índia).
  • As economias da Alemanha, Reino Unido e França tornar-se-ão mais pequenas que a economia mexicana e próximas da da Rússia.
  • A economia italiana será tão importante quanto a da Turquia (10% dos EUA).



2006-04-19

 

Casino de Lisboa

Hoje fartei-me de ouvir elogios ao novo casino de Lisboa.
Embora um dos meus filmes preferidos seja "morrer em las vegas" não me sinto especialmente entusiasmado com esta nova construção.

Mesmo se dizem que muito dinheiro se vai ganhar e criar empregos não é o tipo de desenvolvimento que gostaria de ver em Portugal.

É assim como se me dissessem que a Madame Blanche ia abrir um novo bordel em Lisboa, mas que iria atraír milhares de pessoas por dia, facturar milhões por ano e dar uma centenas de empregos.

Ou então como um amigo meu certa vez sugeriu que Vila Franca de Xira poderia ficar no turismo sexual para estrangeiras com umas espécies de Zé Zé(s) Camarinhas lá do sitio.

Gostava de saber se o Ministro da Economia também participaria nas inaugurações de tais iniciativas.
 

O Parlamento

As faltas dos deputados às votações de 4ª feira passada tem sido o assunto mais tratado na comunicação social. Hoje até foi o tema do "forum" na Antena 1.
O assunto tem alguma importância. A minha opinião já a expressei aí abaixo, em duas longas "postas". Volto ao tema para sugerir que seja aproveitado para um debate sobre outros aspectos mais importantes como seja o funcionamento da AR, a selecção dos deputados, a sua relação com os eleitores e com os partidos que os escolhem, avaliação ou não avaliação do desempenho ( hoje isso é feito pelos partidos, com os critérios que sabemos), o sistema eleitoral.
Dever-se-ia encurtar os debates no plenário de modo a eliminar a retórica balofa, os jogos florais de bancada para bancada, com intervenção, resposta de todas as bancadas, resposta às respotas, nova ronda de reacções a estas, etc?
Assisti há uns anos a uma sessão na Câmara dos Comuns. O 1º Ministro, John Major ia a uma sessão de prestação de contas como cá se faz periodicamente. Tony Blair era o líder da oposição.
Reparei que ambos aguardavam por trás do reposteiro à entrada da sala das sessões a hora exacta, ao segundo, para entrarem na Câmara dos Comuns. Salvo a intervenção inicial de Major, que foi mais longa, todas as suas intervenções posteriores assim como as do líder da oposição não chegaram a 2 minutos cada. E as dos outros deputados não ultrapassaram nunca 1 minuto. A certa altura espantado comecei a cronometrar. A sessão durou uma hora. Não havia retórica, floreados, piadas para o lado. Quem pedia a palavra tinha de saber muito bem o que tinha para dizer e fazê-lo sem gaguejar.
Não digo que se deva imitar. Mas dever-se-ia estudar o caso.
Devia haver alguma forma de avaliação, para além do que a TV permite, o mais possível transparente, da prestação dos deputados pelos os eleitores?
Não há metodos quantitativos e qualitativos absolutamente fidedignos e a que o "desenrascado portuga" não consiga, em parte, dar a volta.
A certa altura da legislatura do 1º Governo de Guterres, na intranet (uma internet reservada ao Parlamento) do grupo parlamentar do PS (caso único, julgo eu) decidiu-se que a página de cada deputado pudesse conter, além da biografia, a relação do que fazia. Participação no plenário, comissões, leis, regulamentos, estudos, seminários, visitas, relatórios, etc. Claro que houve protestos de alguns. Se à partida não se percebia porquê ficou-se a perceber depois.
Mas houve logo quem se não atralhasse. Recordo o caso de um deputado que tinha uma prestação relativamente modesta numa determinda comissão a que eu pertencia. Para escândalo de outros colegas que tinham muito mais trabalho feito a sua página exibia-se muito mais recheada de feitos que a de qualquer outro. Era apenas uma questaão de critério. Ele considerou que devia contabilizar a seu favor todo o trabalho da comissão. E de facto ele assistia a todas as sessões, terá pelo menos votado toda a legislação ali preparada, logo tudo aquilo lhe dizia respeito, etc.
Ainda antes desta experiência eu tinha feito uma página na Internet, coisa na altura quase revolucionária no Parlamento, onde dava conta do que fazia e me parecia merecer menção numa das três comissões a que pertencia. Mas não sei se algum eleitor a terá visto. [aqui para os curiosos].
Não haverá deputados a mais? Acho que há. Menos deputados e melhor acessoria e apoio administrativo. Claro que se levanta a questão de os pequenos partidos ficarem sem deputados ou com muito poucos. Mas poder-se ia resolver isso numa aceitável engenharia eleitoral.
Como gerir a relação do deputado com o partido ou, que é quase o mesmo, com a direcção do grupo parlamentar? Maior independência?
Círculos uninominais? O meu deputado? Ou o deputado do construtpr civil?

 

Sócrates não "merece"

.... Mas tem de puxar as orelhas a algumas ovelhas desmalhadas do seu rebanho e de forma eficaz como é seu timbre.

Esta "cena pública" do MJ/PJ/PS bem podia ser evitada. Teria bastado o Ministro demitir Santos Cabral, a quem assistia todo o direito de o fazer, por argumentos que não os invocados assumindo o acto como tal. Perdeu uma vez mais.

E até Santos Cabral sai por cima, de todo este processo.

 

O Livro de Presenças do Parlamento



Quando os deputados não estão...


Finalmente, dando satisfação aos numerosos cidadãos que exigiram o índex dos deputados faltosos, o DN (pelo menos) saciou-nos parte da curiosidade, publicando os nomes e a obediência partidária de cada um deles ou delas.

Atormenta-me a dúvida de saber se a curiosidade tão rápida e veementemente veiculada pelos media, se desfará com tão pouco. Importará, por certo, que os deputados faltosos, ao responderem à intimação, respeitem a verdade. De que modo se preparam os justiceiros para validar as respostas? Recorrendo à teoria dos grandes números? Averiguando criminalmente? Não sei.

Sei que, respondendo bem ou mal à intimação, vão continuar como estavam, sem maiores exigências do que as preexistentes, mordiscando as horas, sem que as forças partidárias a que pertencem os deixem sentir-se úteis, criativos e intervenientes. Os modelos de participação partidária não dão para mais; o grau de exigência dos eleitores e da crítica que os media veiculam, também não.

Porém, talvez esteja a desvalorizar um adquirido importante que o saldo desta campanha do «livro-de-ponto» nos trouxe.

Os deputados (todos) vão ter muito mais cuidado (olá se vão!) com o registo das suas presenças no hemiciclo, que é, pelo visto, onde mais falta fazem à nação. A isto terão sido conduzidos pelas torrentes auto-reflexivas da pós-modernidade.

Viva a República!

 

Faz amanhã 500 anos

que duas a quatro mil pessoas, homens e mulheres, velhos e crianças, foram chacinadas ou queimados vivas, com a bênção da Igreja católica, numa das mais negras páginas da nossa história, porque eram judeus, cristão-novos ou de tal acusados.



Nuno Guerreiro lançou no seu blog Rua da Judiaria o desafio, que teve grande eco na blogosfera, para que se acendam hoje, 4 mil velas no Rossio, em Lisboa, no 500º aniversário do pogrom.

No Rua da Judiaria, onde se pode saber tudo ou quase, sobre Judaismo, encontra-se reproduzida documentação de muito interesse sobre o pogrom de Lisboa. De lá retirei o extracto que se segue, de um texto de Alexandre Herculano que também está, integral, aqui no Memórias .

Lutz Brückelmann no seu muito interessante blog Quase em Português também deu uma excelente contribuição para o debate e para trazer à superfície muito do que hoje se pensa por aí sobre os Judeus e arredores. Comunicou, de boa fé, a Nuno Guerreiro que "Gostava muito de ouvir os argumentos de quem se incomoda ou irrita com o apelo. Como gostava de ouvir o Nuno explicar em nome de quem, dirigido a quem e para quê o fez." A questão era desassombrada, geradora de um bom debate mas também passível uma interpretação equívoca. [ver aqui aqui e aqui]




"...Desde Janeiro que a peste redobrava de intensidade em Lisboa, e nos princípios de Abril era tal o progresso da epidemia que a mortalidade subia em alguns dias ao número de cento e trinta indivíduos. Faziam-se preces públicas, a 15 do mês ordenou-se uma procissão de penitência...

"O tumulto atraíra maior concurso de povo, cujo fanatismo um frade excitava com violentas declamações. Dois outros frades, um com uma cruz, outro com um crucifixo arvorado, saíram então do mosteiro, bradando heresia, heresia! O rugido do tigre popular não tardou a ressoar por toda a cidade. As marinhagens de muitos navios estrangeiros fundeados no rio vieram em breve associar-se à plebe amotinada. Seguiu-se um longo drama de anarquia. Os cristãos-novos que giravam pelas ruas desprevenidos eram mortos ou malferidos e arrastados, às vezes semivivos, para as fogueiras que rapidamente se tinham armado, tanto no Rossio como nas ribeiras do Tejo.

... O grito de revolta era: Queimai-os! Quantos cristãos-novos encontravam arrastavam-nos pelas ruas e iam lançá-los nas fogueiras da Ribeira e do Rossio. Nesta praça foram queimadas nessa tarde trezentas pessoas...

"Na segunda-feira as cenas da véspera repetiram-se com maior violência, e a crueldade da plebe, incitada pelos frades, revestiu-se de formas ainda mais hediondas. Acima de quinhentas pessoas haviam perecido na véspera: neste dia passaram de mil. Segundo o costume, ao fanatismo tinham vindo associar-se todas as ruins paixões, o ódio, a vingança covarde, a calúnia, a luxúria, o roubo. ...

"Metiam a ferro homens, mulheres e velhos: as crianças arrancavam-nas dos peitos das mães e, pegando-lhes pelos pés esmagavam-lhes o crânio nas paredes dos aposentos. Depois saqueavam tudo."


2006-04-18

 

Bondy blog

No outono 2005 os arredores de Paris incendiaram-se, sentido próprio e no figurado. Nessa altura as imagens dos carros e dos prédios em chamas apareceram em todas as televisões do mundo. Até no puxa palavra tivemos ocasião de discutir o assunto.
Nessa altura o jornal l'hebdo de Lausanne enviou vários jornalistas que se instalaram durante várias semanas em Bondy nos arredores de Paris. Este interessante projecto deu origem ao Bondy blog que após ter publicado os textos dos jornalistas, que deram origem a um livro, dá hoje a palavra aos habitantes de Bondy. Aconselho-vos a leitura e fico à vossa disposição para uma descodificação.
 

Já que me lembrei de Natália Correia

A minha agenda política é muito estranha. É ditada pelo "que me apetece".

Fui fazer uma pesquisa e encontrei o seu memorável poema que fez mais pela luta contra a penalização da IVG do que 100 discursos.

A deputada Natália Correia, escreveu e distribuiu no hemiciclo o poema que abaixo se transcreve, dedicado pela autora ao seu colega João Morgado. Este parlamentar do CDS afirmara, numa intervenção sobre a questão do aborto, que o acto sexual só é justificável tendo o objectivo a procriação.



A função e o órgão (Natália Correia)

Dedicado ao deputado João Morgado

Já que o coito - diz o Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina e menino,
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou - parca ração! -
Uma vez. E se a função
Faz o órgão - diz o ditado -
Consumada essa operação
Ficou capado o Morgado.

(Natália Correia)


 

E se as Câmaras fazem concorrência ao Governo?

Daniel Campelo, presidente da Câmara de Ponte de Lima, diz que vai avançar com o SIMPLEX "à moda de Ponte de Lima" o que lhe permite licenciar obras em 7 dias. Afirma ainda que só não avança mais "porque a lei não o permite".

A concretizar-se esta intenção, divulgada no DNeconomia de hoje, trata-se de um excelente SimPlex, (pode ficar com a patente) pois arrancar de uma Câmara um licenciamento, como muitos de nós já tiveram experiência, é pior que "ir e voltar do inferno".

E se o SimPlex entrar nas Autarquias?... a eficácia neste País começaria a ser obra....

Mas certamente ...ficar-se-á por Ponte de Lima e pouco mais.


 

Troca de pés


Pés trocados.

O último sinal da desorientação que grassa na sociedade portuguesa, chega-nos dos lados da (des)organização hospitalar.
Uma equipa de cirurgia atirou-se ao pé esquerdo de uma cidadã que se queixava de dores no direito.

A discussão, quando atinge este nível de abstracção, torna-se difícil e repleta de contra-argumentação traiçoeira.

Ela (a paciente) também necessitaria de ser operada ao pé esquerdo. Não o sabia nem tinha feito os necessários exames, mas na hora, a equipa cirúrgica, ágil e lucidamente, alterou a táctica.

Há momentos assim na vida dos povos, prenhes de simbolismo e augúrios. Tornou-se aconselhável trazermos os pés bem marcados. Parece que esta história de podermos ser operados (ao pé ) do lado errado se afigura, a partir de agora, um perigo iminente.

Cuidado com os pés.

Sobretudo, com o esquerdo!

 

.. Zapatero ao EL MUNDO...Política Externa

De grande entrevista dada por Zapatero ao El Mundo em que analisa os seus dois anos de governo e onde realça o Estatuto Catalão e agora as negociações com os bascos, concluindo que, dentro de 10 anos, Espanha será um país muito mais forte do que hoje, retirei esta passagem que nos interessa como portugueses.

La política de España en el mundo


"Las buenas relaciones entre España y EEUU son lo suficientemente importantes como para no depender tan sólo de un encuentro. Entre ambos países hay una excelente cooperación y un diálogo sincero".

"Me parece absolutamente conveniente seguir estrechando lazos con Francia y Alemania que, sin duda, van a seguir siendo cruciales en el proceso de integración europea. Pero, por supuesto, no hay ninguna exclusividad. Tengo una excelente relación con Portugal, su Gobierno y su primer ministro. Y una intensa relación de trabajo con Reino Unido, Italia y Polonia, entre otros. Las amistades, alianzas y complicidades de España en el seno de la Unión son múltiples".

"Marruecos, sin duda, es una prioridad de nuestra política exterior y mi Gobierno ha logrado restablecer con este país unas relaciones que se habían deteriorado de modo ostensible".

"La exigencia a Irán para que cumpla las normas sobre proliferación de armas nucleares ha de situarse en el terreno de la política y de la diplomacia, con la unidad de toda la comunidad internacional. Cualquier otro camino sería un nuevo error".

 

Mudando de Planeta ... (2)

O Presidente Chinês, Hu Jintao, inicia hoje uma visita de 4 dias aos Estados Unidos da América.

Segundo alguma imprensa, nacional e internacional, Hu Jintao vai tentar convencer Bush de que o crescimento económico da China não constitui uma ameaça para a economia dos EUA.

É uma tarefa difícil quando a grande maioria dos Think Thanks internacionais apontam a China como a grande potência económica do século XXI com consolidação prevista por volta de 2025.

É tarefa difícil ainda porque no dia a dia, os EUA assistem a uma degradação do seu défice comercial, devido, em grande parte, a importações de produtos da China.

É dificil também porque muitas das multinacionais chinesas começam a deter posições fortes na economia mundial e designadamente na economia americana e agora não em produtos de baixa tecnologia.

Os EUA dificilmente esquecem que a Lenovo, empresa de capitais chineses, adquiriu o sector de computadores pessoais da IBM. E não nos podemos esquecer que a IBM é uma das empresas americanas mais conhecidas a nível mundial.


2006-04-17

 

Nem sequer há vergonha

A U.P.A.L. - Unidade de Projecto do Alto do Lumiar - é um Departamento da Câmara Municipal de Lisboa.

É a entidade fiscalizadora do PUAL - Plano de Urbanização do Alto do Lumiar.

Este plano tem de ser cumprido por uma entidade privada chamada SGAL - Sociedade Gestora da Alta de Lisboa, SA - propriedade entre outros de Stanley Ho.

Durante o mandato de Santana Lopes/Carmona Rodrigues o Dr. Moura de Carvalho foi nomeado para dirigir a UPAL.

Durante o seu mandato poucos ou nenhuns prazos foram cumpridos.

Entretanto, o Dr Moura de Carvalho foi contratado pela SGAL.

No minimo estranho ! Este Sr mudou da entidade fiscalizadora (pública) para a entidade fiscalizada (privada).
 

5 apontamentos sobre os deputados da Assembleia da República


Quando os deputados não estão...

1. A AR é o órgão fiscalizador do Governo. É difícil cumprir essa função com maioria absoluta de um só partido. Os deputados do partido maioritário obedecem à disciplina partidária. Estando, à frente do Governo, o chefe do Partido, a fiscalização tende a ficar para a oposição. Se um deputado da maioria tem algo de grave a apontar ao Governo, tenderá a fazê-lo «nos locais próprios».

2. Os membros do Governo podem faltar às reuniões do Governo; podem ir assistir a desafios de futebol ao estrangeiro; podem gozar as (merecidas) férias mesmo quando o país vive períodos de emergência. O cumprimento de horários ou o regime de faltas dos membros do Governo (órgão fiscalizado por uma AR impossibilitada de o fazer, pelas razões aduzidas anteriormente) não costuma ser objecto de inquietação nacional.

3. Os deputados são julgados politicamente pelo seu concurso para a actividade do Parlamento: representar, legislar, fiscalizar. No dia em que os portugueses (todos e cada um) se esquecerem que têm o dever democrático de os criticar politicamente, censurando-os e opondo-se à sua recondução em próximas eleições, mas não têm o poder de os representar na aplicação dos regulamentos sobre faltas, ausências e licenças, ficaremos numa situação paradoxal.

4. Então, face a uma maioria impossibilitada de fiscalizar o Governo (como lhe deveria competir) teremos uma opinião pública que se arroga a função comezinha de averiguar porque é que os deputados faltaram (coisa impossível) que sanção lhes aplicar (coisa fora da competência da opinião pública) confundindo o livro do ponto com exigências políticas.

5. Estaremos então perante uma nova situação. A política terá cedido à burocracia, por inteiro. E o populismo poderá enfim reinar sobre um povo satisfeito do enorme poder que descobriu ter sobre os seus deputados.

 

Uma acha para a fogueira

A discussão sobre os deputados que fizeram ponte trouxe-me à memória a música de Tikken Jah Fakoly, um músico da Costa do Marfim que se ilustra por uma crítica acérrima da política neo-colonial da França, do intervencionismo americano e dos políticos do seu próprio país. Aos amadores de Reaggae aconselho o album Françafrique. Quem conhece um pouco a desastrosa situação política da Costa do Marfim não pode deixar de apreciar os versos da canção "On a tout compris" :

Allez dire aux hommes politiques
Qu'ils enlèvent nos noms dans leur business
On a tout compris
Allez dire aux hommes politiques
Qu'ils enlèvent nos noms dans leur business
On a tout compris

Ils nous utilisent comme des chameaux
Dans des conditions qu'on déplore
Ils nous mènent souvent en bateau
Vers des destinations qu'on ignore
Ils allument le feu, ils l'activent
Et après , ils viennent jouer aux pompiers


 

Rios que vão dar ao mar...


 

Lideranças perigosas

Os jornais, da Europa à América, falam na preparação desta para a invasão do Irão ou num ataque nuclear ao país dos ayatolas.
Por outro lado o Sunday Times refere que o Irão prepara 40 mil homens-bomba para alvejar alvos norte-americanos e britânicos no caso de estes países atacarem as suas centrais nucleares.

O presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, é um fanático louco, mas tem um poder limitado. Já o presidente dos Estados Unidos, W. Bush, que não é de fiar, tem um poder colossal.

Não sei qual é o mais perigoso.


 

Atolados no Iraque

Wesley K. Clark, ex-comandante supremo da NATO, veio juntar-se ontem (declarações ao canal Fox News) aos seis generais norte-americanos na reserva, às críticas à estratégia militar de Rumsfeld. Enquanto pedem a substituição deste a imprensa dos EUA diz o óbvio. O ataque condena a guerra no Iraque e visa W. Bush.
“Os militares [norte americanos] pensam que a guerra está perdida e não querem carregar a culpa como durante vinte anos carregaram a culpa do Vietname”. (Vasco Pulido Valente, no Público de Domingo).

 

Isto não vai no bom caminho

Primeiro o Iraque, agora o Irão? Não lhes chega um novo Vietnam. Querem dois.
 

Mudando de Planeta ...

É urgente interiorizar e rápidamente a tese do século chinês.

Ou seja, há quem defenda que já entramos no século chinês, assim como o século XX foi o século americano.

Sobre este tema temos aí um livro dum jornalista do La Republica - o século chinês - que vale a pena ler.

Todas as perspectivas vão nesse sentido. Os EUA transformaram, no século XX, pelo seu progresso, o Reino Unido em potência de 2ª; a China poderá, no século em curso, fazer passar para segundo plano os EUA, pelo menos como potência económica.

A China é um "mundo" à parte. Mas, como hoje tudo faz parte do Mundo, nada pode ser deixado de parte e há que ver/analisar e, atentamente, os impactes da evolução da China sobre o resto da humanidade.

O mandarim é falado por muito mais gente que o inglês.

E se a China se transforma na primeira potência mundial o que poderá acontecer à língua inglesa?

Não será certamente nos anos mais próximos mas ... tudo poderá estar em aberto.

Ter uma língua universal e uma moeda são instrumentos de grande poder Mundial.

Não será dificil "reunir" forças para tal com tempo, negociação e contrapartidas.

Seria interessante ver qualquer movimento neste sentido aí para os anos 20 deste século XXI. Como reagiria e se organizaria o Mundo neste contexto?

 

O "Umbigo" e o Centro do Mundo

"Sócrates não era ninguém, ou quase, antes de ser primeiro ministro. Chegou lá por uma, para ele, feliz sucessão de factos e acontecimentos fora da sua vontade", António Barreto Público.

Leiam esta outra tirada: António Barreto não era ninguém, ou quase, antes de ser Ministro da Agricultura. Chegou lá por uma, para ele, feliz sucessão de factos e acontecimentos fora da sua vontade".

Será assim tão despropositada esta adaptação, embora em tempos tão distantes?

Choca-me "o minorar" das pessoas em si, sobretudo quando pouco ajustável. Prefiro as críticas desassombradas a decisões.

O primeiro mnistro, José Sócrates, merece ser criticado, pelas decisões, pelo marketing excessivo e mal orientado e pela falta de pedagogia. Não lhe ficaria mal e ao seu governo uma postura mais "humanizada" e explicativa.

No entanto, merece ser considerado pela dinâmica de mudança que está a imprimir no país. Para ter mais sucesso precisa de "bulir" com algumas pedras do seu governo e fazer passar/explicando "o modelo" de mudança na AP que quer implementar. É mesmo o modelo sueco? Então tem de dizer como o adapta.

E era excelente que fosse, apesar da situação portuguesa ser muito diferente.

Afirmamos entendidos que se podem queimar etapas. Mas como mexer no poder autárquico para conquistar a adesão para esse modelo?


 

O drama do Parlamento meio vazio

A avaliar pelos jornais e aqui, pela gazeta da casa, uma grande quantidade de portugueses acha que o país devia estar de luto por causa do que se passou no Parlamento.
Tenho-me esforçado, mas sem êxito, para entrar na procissão dos portugueses escandalizados com os deputados que foram para férias pascais um dia ou umas horas mais cedo do que permitia a votação de umas leis que, aposto, ninguém que protesta sabe quais são e que tanto faz serem votadas nas vésperas da Sexta-feira Santa como depois de o nazareno cruxificado..
Eu sei que alguns dos críticos (em particular os que publicam aqui no Puxa;-) são gente de bem e que apenas gostariam de ver os latinos, meio-judeus meio-mouros que somos, com uma mais ampla costela nórdica e calvinista. Mais respeitadores da lei, mais rigorosos consigo próprios e mais frugais. Estou em crer, no entanto, que uma amplíssima parte dos mais exaltados críticos que pelo país fora exige as legiferadoras cabeças são simples invejosos.
É claro que não aprovo os deputados que num momento em que julgavam os media distraídos se tenham esgueirado para transformarem numas mini-férias um fim de semana alargado. Mas acho desproporcionado o alarido e que ele não deixará de ser habilmente aproveitado para levar a água ao moinho dos que estão sempre prontos para denegrir o Parlamento com o objectivo de atingir o sistema democrático.

 

Que aconteceu de alarmante no Parlamento

Nada. Nem alarmante nem demasiado grave.
...
Os deputados têm o dever de participar nas votações mas é-lhes reconhecido o direito a 4 faltas não justificadas (com perda de vencimento) por sessão legislativa (um ano).
São membros de um órgão de soberania, não são funcionários públicos e não têm horário de trabalho.
...
Neste caso o prejuízo para o país é nulo, como passarei a explicar e a indignação do “povo” um desperdício.
....
A questão das bancadas vazias é matéria que serve para injustificada indignação de quem não conhece o funcionamento do Parlamento. Mas serve também para exaltados exercícios de hipocrisia por quem sente maior inclinação por caudilhos...
O deputado é avaliado (deveria ser, mas isso já é outra história) pelo seu desempenho e não pelo número de horas em que está a assistir aos debates.
...
Se o povinho é como é, e se os deputados devem ser o espelho da nação, não podemos exigir que sejam todos uns querubins. Agora o Parlamento é que me parece necessitar de algumas reformas.
(O post completo onde se explica como "funcionam" os deputados, está aqui.]

 

Livros escolares

Também estou um pouco farto do negativismo a que esta irresponsabilidade dos deputados me está a levar.

Por isso venho saudar as medidas do ME no que respeita aos livros escolares.

A equipa da Ministra veio mais uma vez mostrar coragem enfrentando o poderoso lobby das editoras.

Fui um dos primeiros a atirar pedras quando o programa de troca de livros foi cancelado.

Quero agora dizer que acho em especial a regulação da qualidade dos livros por parte do ministério um claro avanço que irá permitir:
Gostava ainda que aparecessem projectos comunitários de criação de livros escolares cujos direitos de autor fossem em "Creative Commons". Mas aí o papel cabe à sociedade cívil.

2006-04-16

 

Lista dos deputados que faltaram

É preciso saber quem faltou !
Quero publicar na net uma lista de quem faltou.
E já agora fazer uma matriz onde conste:

 

Sporting... Voltou à época Peseiro

Sporting em fim de campeonato...

Poderia ganhar tudo. Taça, Campeonato, ..., 2º Lugar e entrar na Champion directamente.

É quase a fotocópia do ano passado. Quase no fim também poderia ganhar e acabou em terceiro para ser eliminado depois.

Parece que o caminho se abriu de novo... Mas com um Presidente que não vê a sua proposta passar em AG e diz que não se candidata e agora ... volta ... de novo, emgolindo a palavra dada, que mais é de esperar?



 

Ante - Páscoa Par (a) lamentar

Já muito se disse e escreveu sobre a falta de quorum no Parlamento na quarta feira de cinzas.

Foi um dia muito mais do que cinzento - "negro" - para a credibilidade da instituição AR.

A AR dispõe, contudo, de instrumentos para que esta situação não passe "sem marca" por muito simbólica que seja e, sobretudo, para exemplo futuro.

Tem por instrumento as faltas. E deveria operacioná-lo, por exemplo ficando em acta a (in) justificação, de forma a que o público pudesse ter acesso, se assim o entendesse.

E aqui entram os partidos. Os Partidos não podem, ou melhor poder podem, mas não deveriam deixar que esta situação lhes passe ao lado. Deveriam assumir a sua responsabilidade. Devem assumir a razão certamente "a dominante" do trabalho partidário. É evidente que há aquelas falsas presenças "assinadas" a incomodar. Essas deverão ser da responsabilidade de cada deputado visado.

Mas a propósito da falta de quorum, levantaram-se vozes a clamar do PR interferência. E há até quem alvitre que deveria aproveitar a sua intervenção no dia 25 de Abril. Falta de senso completa.

Não é esse o papel do Presidente. Para além desta questão estar a ser posta por pessoas da área do PSD, que não têm o mínimo de moral para falar, pois o PSD foi o partido mais faltoso quer em percentagem quer em números absolutos, embora o líder Marques Guedes tenha, de forma demagógica, tentado declinar responsabilidades e atribuir as culpas ao PS. Ao dizer isto não é desculpa nenhuma para a bancada do PS ou mesmo para a do CDS. Eles são parte integrante desta falha de quorum.

Cavaco Silva, como PR, no seu primeiro acto institucional, após a posse, deveria dizer aos portugueses como vai afinal exercer o seu mandadto como presidente de todos eles, porque acho que, por exemplo nas suas nomeações para o Conselho de Estado, ele agiu como Presidente dos portugueses que nele votaram.


2006-04-15

 

Mário Viegas (2)

Finalmente escolhi uma poesia de Manuel Alegre.
Porque é bonita e gosto dela.
Porque é representativa do estilo de Manuel Alegre.

Mas também porque representa algo que eu sempre disse em relação à candidatura de Manuel Alegre à presidência e em que ele me defraudou completamente.
Eu sempre defendi que se existe algo em que os Portugueses são realmente e reconhecidamente bons é na poesia. E Manuel Alegre é para mim um desses bons escritores.
Sempre disse que Manuel Alegre deveria usar aquilo em que realmente é bom e diferente : A fazer e dizer poesia.

Mas não ! Ele quis fazer campanha como os outros, discutindo em prosa cinzenta, mostrando o seu lado de macho latino.
Se tivesse usado mais a poesia - como nos diz no seu texto - talvez agora tivéssemos um presidente que pudesse ir à ONU recitar um simples poema em vez dos discursos intermináveis.

Quem não se lembra do poema de Natália Correia na discussão do aborto e o efeito que teve sobre as pessoas.


Poemarma

Que o poema tenha rodas motores alavancas
que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.

Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.

Que o poema esprema a gema do seu tema
e seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
para escapar a quem lhe segue os passos.

Que o poema corra salte pule
que seja pulga e faça cócegas ao burguês
que o poema se vista subversivo de ganga azul
e vá explicar numa parede alguns porquês.

Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.

Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.

Que seja experimentado muito mais que experimental
que tenha ideias sim mas também pernas.
E até se partir uma não faz mal:
antes de muletas que de asas eternas.

Que o poema assalte esta desordem ordenada
que chegue ao banco e grite: abaixo a pança!
Que faça ginástica militar aplicada
e não vá como vão todos para França.

Que o poema fique. E que ficando se aplique
a não criar barriga a não usar chinelos.
Que o poema seja um novo Infante Henrique
voltado para dentro. E sem castelos.

Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada anos.

Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.

Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.

in O Canto e as Armas

 

Mário Viegas - O Operário em construção

Esta semana o "público" editou o segundo volume da discografia completa de Mário Viegas.
Mais uma vez foi muito difícil escolher o que iria partilhar. Acabei por escolher dois.
O primeiro, que apresento neste post é de Bertolt Brecht.
A sua actualidade é impressionante !
O que mais admiro neste texto é a forma simples como Brecht usa a ironia !
Mário Viegas dizia-o magistralmente !



Dificuldade de Governar

1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Líder ?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2.
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Líder.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4.
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht
 

Manuel Alegre foi um deles

Manuel Alegre, esse grande defensor da moral e bons costumes que se levanta contra o comportamento dos políticos foi um dos que faltou.

2006-04-13

 

Deputados em trabalhos de férias

Os deputados que ontem assinaram a folha de presença e "pisgaram-se" para os Algarves e, por isso, não houve quorum na AR não fizeram nada de mal. Este povo e estes jornalistas não saibem ver trabalho tão suado e tão participado.!!!

A AR não os entende. Vejamos. Era vê-los nos cafés da Marina de Vilamoura com as famílias e em mesas muito pluripartidárias. Estavam a trabalhar, a discutir os transcendentes problemas deste país em amenos debates, intercâmbio de ideias e com larga participação dos filhos, das filhas, dos netos e até de alguns animais de estimação. Que ingratidão, por conseguinte!!! Quantas decisões de problemas de escritórios comuns não ficaram ali tomadas?

Quem está mal é Jaime Gama. Nesta e noutras alturas, os plenários da AR devem ser descentralizados. E o Algarve como terra de turismo merece um plenário, a Madeira outro que não lhe fica atrás em nome e até os Açores, agora região de turismo em lançamento outro também e, assim por aí fora.

Como não pode ainda haver vários presidentes da AR (só na próxima revisão tal assunto pode ser aflorado) a solução está em descentralizar com delegação de competência nos vices para que plenários mais amenos em fato de banho por exemplo e de forma menos arrumadinha possam ter lugar. Com as sinergias de um mergulho ou de uns whisky's nocturnos os plenários correriam às mil maravilhas e passavamos a ter um país sem problemas.

 

Uma vergonha

A falta de quórum na AR é uma total e absoluta vergonha para a classe política.

O desconto de um vigésimo do vencimento dá vontade de rir.

Os senhores deputados faltam para ir mais cedo para férias demonstrando um total desrespeito pela República pela qual foram eleitos e a única consequência é não serem pagos por esse dia !

Inaceitável !

Como podem andar a falar de produtividades e da necessidade fazer avançar Portugal com comportamentos destes. E as respostas dos lideres : uns sacodem a água do capote e os outros nada dizem.

Ocorrido antes de uma ponte, pondo em causa os trabalhos da AR e dando a imagem pública que deram deveriam ser fortemente penalizados. Não me venham com as histórias de estarem na AR a prejudicarem a sua vida e apenas por questões altruístas. Só se candidataram porque quiseram.

Como cidadão, no minimo gostava de ouvir um pedido de desculpas e medidas ou intenções de tal não voltar a acontecer.
 

Justiça em versão Supremo Tribunal





O que mais impressiona no caso do Acórdão do STJ acerca da violência física exercida sobre menores portadores de deficiência, não são as consequências para a pessoa que se excedeu, nem a incompetência de quem a achou capaz de tomar conta de crianças. O que fere e alarma é sabermos que há juízes conselheiros que, em matéria de civilização, direitos, pedagogia e teoria da família, se arrastam anacronicamente, justificando as brutalidades (desde que moderadas) e a violência física (desde que bem doseada).

Confiar na justiça?

Porquê?

 

Provenzano - il capo dei capi della mafia siciliana

"Depois de 42 anos em fuga, aquele que era considerado o homem mais procurado de Itália, o chefe supremo da máfia siciliana, Bernardo Provenzano, foi capturado na região de Corleone, na Sicília, noticiou ontem a agência de informação ANSA. Provenzano, 73 anos, foi capturado numa casa de campo na sua cidade natal, perto da casa onde moram a mulher e os dois filhos."[DN] [La Repubblica.it]

Estou em total desacordo com João Abel, quando ali em baixo, no seu post "Simbólico?" deixa a suspeita de que "il capo dei capi" gozou de liberdade durante 42 anos, após seis condenações a prisão perpétua, devido a protecções do poder em Roma e em Itália.

Não creio. Ele terá sido procurado afincadamente, durante todos estes 42 anos, por todos os carabinieri de Itália. Só que Provenzano usou uma táctica e um disfarse imbatíveis.
Táctica? Simplesmente escondeu-se em casa. Disfarse? Passou (quer dizer) continuou a "usar" exactamente a cara dele.
O resultado é infalível. Um carabiniere vê o pobre do Provenzano numa quinta ao lado da mulher e dos filhos e grita olha ali "il capo dei capi" e quando corre para o apanhar o superior repreende-o: és parvo ou quê! Então condenado a prisão perpétua, ele vinha agora meter-se em casa e ainda por cima com uma cara sem o mínimo disfarse! Está mas é aí quietinho, e não te armes em esperto.
E foi assim. 42 anos. É a única explicação.

2006-04-12

 

Tiros de Pólvora Seca

Depois de sucessos como o Simplex, o PRACE, a visita a Angola, o acordo sobre o desemprego, deixando a oposição em situação de embaraço, eis que aparecem no horizonte uns tantos tiros de pólvora seca para dar algum ânimo.

Assim, o acordão do STJ sobre os maus tratos já não está só na praça pública porque, entretanto juntaram-se as "razões" da demissão da direcção da PJ. Aqui 2 é mais que 1 como valor calorífero, a que se juntam ainda os efeitos da alcoolemia.


 

Supremo Tribunal da Justiça

Estive a consultar o dicionário Houaiss que diz o que significa o adjectivo supremo:

1. está acima de qualquer coisa (autoridade s.)

2. se refere ou pertence a Deus; divino (a s. sabedoria)
3. se encontra no limite máximo..

...........
Não é preciso continuar a juntar mais definições ...

O Supremo Tribunal de Justiça que aquele mesmo dicionário diz se deve escrever com maiúsculas no início das palavras (p0r respeito, certamente, para com órgão tão "Supremo") decidiu considerar "lícitos" e "aceitáveis" castigos físicos, como palmadas e estaladas, dadas por uma responsável de um lar de crianças deficientes em Setúbal. Também ouvi na comunicação social que "estaladas e palmadas" não eram suficientes para domar as criancinhas e, por conseguinte, de vez em quando porque não umas horinhas em quarto escuro? Uma prática de amolecimento da genica infantil.

O acordão do Supremo que o jornal Público diz ter lido parece constituir uma obra prima a figurar na bibliografia mais "ousada" da magistratura judicial portuguesa. Deve passar mesmo a objecto de consulta obrigatória permanente e a ser citada.

Para concluir porque me parece que a peça já vai extensa e é quase impossível rivalizar com tamanha decisão histórica só mesmo recuando alguns séculos na História, aqui deixo uma sugestão que de Supremo o tribunal passe a Ínfimo e que o mesmo dicionário sublinhe também que deve iniciar-se com letra maiúscula.

Agora se fosse juiz, o mínimo que faria era desvincular-me publicamente de tamanho anacronismo sentencial.

Espera-se a reacção da Associação Sindical dos Juízes.


 

Aeroporto de Lisboa e Microsoft

Não sei se isto é já uma consequência do plano tecnológico e do acordo com a Microsoft :), mas acabo de me aperceber que se quiser aceder às informações dos voos do aeroporto de Lisboa sou obrigado a ter o Internet Explorer.
Hoje vou esperar a CDG uns amigos que vêem de Lisboa e tive a ideia de ir ver as partidas de Lisboa para saber se o voo partiu á hora prevista. Para minha grande surpresa quando apontei o meu mozilla para a página da ana-aeroportos obtive uma página branca com 9:00 no canto superior. Claro que no IE tudo funciona, isto mostra, para além da incompetência técnica, uma total falta de respeito por quem utiliza Mac ou Linux.
 

Será a República uma Monarquia?

Da minha leitura matinal da imprensa de Lisboa gostei desta crónica de Pedro Rolo Duarte Será a República uma Monarquia?

A minha dessintonia situa-se apenas em dois pontos. Reis e rainhas de Hoje já não são tão "certinhos", tão rectilíneos, desconcentram-se de vez em quando, abandonando as vestes dopassado e por isso a sua cabeça está formatada para "coroas" pouco padronizadas.


 

Simbólico?!

Ou talvez não. Mas é um facto, Bernardo Provenzano, chefe da Mafia Siciliana, ou melhor dito da Itália de Roma, Milão, Turim, etc, foi ontem preso. A quando do anúncio da prisão já era claro que a coligação anti Berlusconi tinha ganho a Câmara Baixa. Havia então a quase certeza (que depois se esboroou) de que Berlusconi ficaria com o Senado.

Este chefe máximo da Mafia andou "fugido" à justiça 42 anos. Vejam bem, 42 anos. Merece figurar no GUINESS.

Qual terá sido o apoio do poder em Roma e na Itália para que este senhor pudesse disfrutar de tanta liberdade e passar tempos e tempos nas suas quintas?. Se pretender leia no DN Mafioso mais procurado de Itália foi capturado após 42 anos em fuga

2006-04-11

 

Novo blog

O nosso companheiro de blog Pedro Ferreira fundou com alguns amigos o novo blog bitites relacionado com tecnologias de computação.

A todos eles desejo felicidades na partilha das suas ideias.
 

Monte Carlo dá uma ajuda ao Raimundo

Aproveito a boleia do problema de Monty-Hall aqui proposto pelo Raiumundo para tentar convencer os mais desconfiados. Pus o computador a jogar ao jogo das cabras e do carro, ou seja, fiz umas simulações muito simples pelo método de Monte-Carlo.

Joguei 10.000.000 de vezes e o resultado é o seguinte:

pedro@mangue:~/CPP$ ./monty_hall 10000000
Numero de simulacoes: 10000000
Numero de Ferraris: 6667252
Fraccao de Ferraris: 0.666725


Quem quiser compreender um pouco mais pode ver aqui.
 

CPE teve, ontem, a morte anunciada

O Contrato de Primeiro Emprego (CPE), em França, caiu após dois meses de contestação nas ruas.

Villepin, o primeiro ministro, por pressão de Chirac viu-se obrigado a "substituir" o instrumento político que criara como rampa de lançamento da sua candidatura à Presidência, no próximo ano.

Chirac e Villepin saem muito "molestados" e derrotados deste processo.

Não se sabe a que bolsos irão parar os "lucros políticos" desta contenda que teve sobretudo nos estudantes universitários o motor da contestação ao poder.

A esquerda está muito fragmentada, com muitos jogos de bastidores e durante este processo contestário nada disse de significativo. Não apareceram ideias para uma alternativa credível, em matéria tão determinante como o emprego.

Aliás, estamos perante uma questão transversal a todas as sociedades/países europeus e sem soluções à vista.

E por aqui passa a sobrevivência e a modernização do estado social.


 

Um consenso tranquilo

Parceiros sociais, exceptuando a CIP, dão aval à proposta do governo da revisão das condições a cumprir na atribuição do subsídio de desemprego.

É um acordo que vem introduzir algumas regras chave como:

Tratou-se de uma negociação de alguns meses com resultados bem satisfatórios como manifestaram os parceiros do acordo.

As centrais sindicais (CGTP e UGT) elogiam os ajustamentos introduzidos pois vêem neles um travão aos despedimentos colectivos "encapotados" de rescisões ditas amigáveis. A confederação do comércio e serviços considera o "documento razoável para ser aceite de forma consensual" e a confederação do turismo leu-o como "um excelente esforço de diálogo social".

A CIP não assinou porque considera que o acordo retira poder às empresas no processo de despedimento, por mútuo acordo, uma posição exactamente nas antípodas das centrais sindicais.


2006-04-10

 

Mário Viegas - Palavras Ditas

Comprei o primeiro livro e CD da colecção que o "público" começou a editar.
Ouvi várias vezes.
Queria destacar a faixa de que mais gostei. Não foi fácil.
Acabei por escolher por intuição "Uma Lisboa remanchada" de Alexandre O'Neill.
Fica aqui a letra já que não posso partilhar a voz e dicção de Mário Viegas.

AVENIDA DA LIBERDADE

Subamos e desçamos a Avenida,
enquanto esperamos por uma outra
(ou pela outra) vida.


CHIADO

Ramilhete rubro do desejo,
ramilhete posto pelo olhar
entre dois seios desdenhosos,
a dar a dar.


PARQUE EDUARDO VII

Ah, o êxtase dos namorados
que se olham, beijam, voltam a olhar-se e já ão sabem
que mais hão-de fazer, que mais hão-de inventar!

TRAVESSA DO POÇO DA CIDADE

Rancho de amor para os soldados.
De cada vez só pode ir um.
E dois cabritos são esfolados
no tempo de um.


AO BENFORMOSO

Entre o fartum de peixe frito
e de sovacos sem sol,
passa o ranço, chique e ligeiro,
da brilhantina Rouxinol.


BECO DA MAL-AMADA

Se acha que a vida não é boa
utilize gás da Companhia
o combustível de Lisboa.


AZINHAGA DO GUARDA-SÓ

Encontro um resmunguarda que me intima
a parar.

Seria por suspeita? Seria por rotina?
Não. Foi para conversar...
 

Fumar ou não fumar: metade da solução

O Raimundo publicou um artigo sobre a possível próxima lei sobre o tabaco. Como de seria de esperar a caixa dos comentários aqueceu bastante.
Pois eu encontrei a solução milagre: sendo conhecida a brejeirice nacional a leitura deste artigo vai diminuir imenso o número de fumadores, infelizmente ainda não encontrei equivalente para as fumadoras, para já fica metade do problema resolvido.
 

Ter ou não ter o número ...

Saber ou não saber, conhecer ou não conhecer, contabilizar ou não contabilizar o número de x, y ou z, sobre esta, aquela ou aqueloutra questão, é sempre, neste país, um problema transcendente!!!

Alguém esquece-se frequentemente de carregar na função soma.

Agora não se sabe quantos bombeiros voluntários existem. Mas aponta-se para o nº 43 000 e toda a gente abana a cabeça como sinal de um bom número !!!. No entanto, falta aquele número exacto. Ninguém o afirmou com voz sonora. E já alguém imaginou a "desgraça" nacional se o número fôr 43 002 ou 42 999?

Neste caso, como se anda há 3 anos para determinar o nº de bombeiros, certamente muita gente premiu o botão do lado várias vezes.

Só falta mesmo para este quadro ficar completo a Fátima Campos Ferreira levar o tema aos "prós e contras" convidar um ministro, o da pasta respectiva de preferência e de dedo em riste proferir a sua sentença: diga lá senhor ministro, mas afinal quantos bombeiros voluntários contabilizou em Portugal?

Acontece sempre quando não se pretende (ninguém) discutir o essencial da questão.

Este caso é um desses casos.

Não está em causa o trabalho e o desempenho dos bombeiros.

Mas os interesses corporativos são mais que muitos. E daí esta guerra. Fazer guerra por todo e qualquer motivo é uma forma expedita para cada um não largar mão da sua pequena influência e de preservar os seus interesses, por mesquinhos que sejam.

 

Parece que a Itália tem tomates

As primeiras extrapolações dão a coligação de esquerda à frente em Itália. Esperemos mais uma horas pelo resultado final, mas parece que desta vez a mentira e o insulto não funcionaram.
 

Post de post-fim de semana

O Raimundo lançou-me aqui um repto sobre as cabras e o Ferrari e eu cobardemente preferi não ligar o computador no fim de semana, vi um bom filme italiano (Romanze Criminalle) e assim não fico com grandes problemas de consciência. Mas amigos são amigos e aqui vai um primeiro post sobre o assunto.
O aparente paradoxo do problema vem da interpretação de qual é verdadeiramente o jogo: na altura da escolha final há duas portas uma com um Ferrari, outra com uma cabra e, diz-nos o bom senso, a probabilidade de nos sair o carro é de50% se a porta for escolhida aleatóriamente. O problema é que a pergunta não recai sobre a probabilidade de sair o Ferrari ou a cabra consoante a escolha da porta mas sim "qual é a probabilidade de ganhar se adoptarmos a estratégia que consiste em escolher mudar sempre de opinião ou nunca mudar de opinião", e aí a resposta é diferente: a probabilidade de ganhar o Ferrari e de 2/3 se se mudar de opinião.

Analisemos as duas estratégias separadamente:

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