2007-08-31
Força de expressão (23)
Bom, tudo isso, depende de reajustamentos funcionais que o novo ambiente tecnológico marcado pela existência da internet e da conversão digital dos meios de informação e comunicação permitem.
Há cerca de meio século, um autor canadiano da Escola de Toronto, publicava um dos seus primeiros livros sobre tecnologias e media: “The Mechanical Bride. Folklore of industrial man” (1951). Nos livros seguintes, provocatório e intuitivo, haveria de utilizar uma série de ideias e conceitos que hoje inundam os discursos mediáticos, sem já se referirem ao seu autor, às suas teorias e à sua continuada actualidade.
Para os estudiosos, curiosos e outros interessados, aqui fica a notícia. Filipa Subtil, Socióloga, docente e investigadora, publicou recentemente o livro “Compreender os media. As extensões de Marshall McLuhan”, editado pela Minerva, de Coimbra. Trata-se de um ensaio muito esclarecedor acerca da obra de McLuhan, das influências que recebeu e exerceu, e das consequências que, na opinião da autora, este legado teórico tem para o entendimento das principais tendências da gestão e do desenvolvimento tecnológico.
Uma excelente leitura.
"Sou assim"?
A GNR e o veto do PR
2007-08-30
Damos com 5% mas não descortinamos os outros 95!
This NASA Hubble Space Telescope snapshot reveals clusters of infant stars that formed in a ring around the core of a barred-spiral galaxy called NGC 4314. This stellar nursery, whose inhabitants were created within the past 5 million years, is the only place in the entire galaxy where new stars are being born.
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Na Universidade de Coimbra cientistas em reunião no âmbito do projecto Zeplin esperam no prazo de dois anos saber algo decisivo sobre a matéria negra. As buscas são intensas. Crêem os cientistas (uma espécie de magos modernos) que 95 % da matéria do universo é constituído pela conspícua matéria negra perdida algures nos fundões de imensos buracos negros. Não é estranho que para qualquer lado que nos viremos tropeçemos com matéria que é só 5% da matéria total e não consigamos dar com a outra que afinal ocupa quase tudo? Nem com o auxílio das mais potentes enxadas modernas?
O acordar do Sol
No Memórias, nosso vizinho, este sol que se levantou, hoje, por detrás da Alta de Lisboa, traz mais histórias do passado. A dos 64 mortos em Odivelas em 25 de Novembro de 1967, a de D. João V e Madre Paula no Mosteiro de Odivelas e a história, se é que é história, de um casal com uma míuda que apareceia por ali, pelo largo do mosteiro mas, a bem dizer, ninguém conhecia.
2007-08-29
Cantiga de escárnio
"Cantiga de escárnio, de João Soares Coelho cuja actualização da língua se deve a Natália Correia. A disposição da última palavra pertence ao primeiro verso. "
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Está João Fernandes o mundo alterado
e modos já vejo dele se extinguir.
Vemos contra Roma levantar-se irado
O Imperador e os Tártaros vir
E até recompensas se atreve a pedir
ai, João Fernandes! o mundo cruzado
O que vejo agora, já profetizado
foi por dez e cinco,os sinais do fim.
Anda neste mundo tudo misturado:
faz-se peregrino o mouro ruim.
Ai, João Fernandes! fiai-vos em mim
que sei discorrer como homem letrado.
Vede: Se não fora o Anticristo nado
a ordem do mundo não se alteraria;
Não se fiaria o amo no criado
nem este a seu amo se confiaria;
E a Jerusalém mouro não iria,
ai,João Fernandes sem ser baptizado.
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Caro Raimundo Narciso, vá postando escritos literários, poemas, pequenos textos, assim numa volta ao Puxa todos nós nos vamos lembrando, escrevendo e enriquecendo. Um poema leva-me sempre a outro, às vezes nem sempre à mão,mas vai-se procurando,como este do livro Cantares de Natália Correia Correia . Cordialmente
# posted by Anónimo : 28/8/07 13:43
Obrigado. Caro anónimo.
Uma espécie de noticiário
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A Grécia está a arder. Não é um país qualquer. É o berço da nossa civilização. Aquela a que devemos a nossa melhor herança.
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É uma pedra do tamanho de um bola de futebol, pesa 1,4 Kg foi descoberta agora e tem mais do dobro do peso da maior encontrada antes dela o Cullinan e está num cofre em Joanesburgo.É um diamante de 7000 carats.
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Os "ratos" abandonam o barco. Primeiro foi Ronald Rumsfeld e Paul Wolfowitz, depois foi Karl Rove e agora foi Alberto Gonzales, o responsável pela Justiça. Estas eram algumas das mais sinistras personagens da entourage de Bush. Os heróis da guerra do Iraque, de Abuh Graib, de Guantânamo, dos voos da CIA, do saneamento político de procuradores federais, da tortura como método para interrogar prisioneiros, prisioneiros reduzidos ao estatuto de "ninguém", violação de direitos e liberdades cívicas.
2007-08-28
Força de expressão (22)
Andres Segovia interpreta, de Frederico Moreno Torroba (1891-1982), "Fandango", incluído na sua Suite Castellana. Uma força de expressão.
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Agora o universo infinito. Arre!
A starlet Johansson
Mas ainda não sabe o que fará.
"Não sei se vou cantar para eles." (Com este meu sorriso)
"Provavelmente vou só subir o palco e derramar sex appeal". Assim mal vestidinha.
2007-08-26
Que saudades já tinha do Professor Marcelo!
E então Marques Mendes - pergunto eu - que programa apresentou? Ao menos Luís Filipe Menezes tem apresentado escritos de valor, textos científicos, literários e até poesia, no seu site. Estou-me a lembrar desta poesia, por exemplo:
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As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
[Autor: Luís Filipe Meneses, em 2007-08- 21, Festa
do Pontal, enquanto Mendes Bota discursava. ]
Força de expressão (21)
Quem estiver interessado, poderá lá encontrar programas e textos de apoio em barda. Seja qual for o fim em vista (estudos formais ou não), esta iniciativa do MIT aponta para a via da partilha comunitária dos saberes. O gesto deverá ser averbado nas discussões acerca das tendências para o fechamento ou para a abertura da rede. Mais próxima da concepção comunista de Robert Merton do que do business dominant stream, mostrando que algumas comunidades científicas não alinham, em matéria de valores e mundividências, com a estreiteza da mercantilização geral, obrigatória, directa e sistemática.
Esta é outra forma de enriquecer o debate sobre o que é e o que poderá vir a ser a Internet. Com exemplos, por certo, mas, de preferência, com actos.
Força de expressão (20)
Reza o texto assinado por Luis Batista Gonçalves (na pág. 23 da edição em papel, e também aqui) que “De repente [o carneiro] parou junto ao stand de vendas que existe no lote 27 da rua Isabel Magalhães Colaço [e] (...) vendo a sua imagem reflectida no vidro, investiu sobre ele e, com uma marrada, partiu-o. Depois deitou-se à sombra, como se não fosse nada com ele”.
Não cedi à facilidade do leitor altaneiro que sorri e passa à frente com aquela desfaçatez com que se classificam as extravagâncias da chamada silly season.
Vejo agora, com toda a clareza, o que no inusitado evento transborda de significados e mensagens cabalísticas.
- 1º, pode estar a chegar o tempo em que os carneiros, desesperados, se isolam dos rebanhos e irrompem nas cidades, perturbando a mansidão transeunte;
- 2º, ao darem de frente com o seu reflexo nas montras dos locais de fatídico endividamento, a agressividade aumenta, e lançam-se contra a própria imagem, confundindo o que devem com o que lhes é devido;
- 3º, o seu acto heróico desestabiliza de tal modo a ordem estabelecida que a punição final tenta, com simétrica violência, eliminar a identidade simbólica do subversivo agitador. Vem mencionado no subtítulo da notícia que a “Polícia Municipal chamou o centro de recolha para levar o animal para o canil”.
Outro sinal dos tempos: um carneiro entre cães.
Quererá o Governo de José Sócrates perceber, atalhar caminho e, finalmente, compreender que entre direitos naturais e direitos adquiridos há desfeitas que não devem ser infligidas a um carneiro?
Um carneiro no canil!?
Como diriam os activistas verde-eufémios, não haverá também aqui um “bem maior” a preservar?
Poemas para Adriano Correia de Oliveira
(para Adriano Correia de Oliveira)
De Rui Namorado [link]
1. ...
2.
a boémia bebida gota a gota com raiva
a boémia sorvida alegria tão breve
era então que nos ríamos do que havia de ser
uma casa cercando o bolor destes anos
o emprego roendo gota a gota levando
o que resta no fundo dessa larga memória
era então que aventura
era estar devagar nessa curva do tempo
onde a areia mais leve se perdia entre os dedos
dia a dia fugindo ansiosa e suave
era então que nos ríamos devagar sem saber
desta náusea futura que ainda havia de ser
3.
Na secreta raiz de algum poema
tu nasceste por dentro das palavras.
Cantar era para ti uma viagem.
Sentias a revolta, nervo a nervo,
como um pássaro ferido.
Neste tempo rasteiro e abafado,
guardavas o veneno precioso.
Ias para longe de mais e o tempo passa:
os milhafres do nojo prosseguiam,
rasgando a carne pura do teu sonho.
Matavas o silêncio.
Mas na sombra do tempo houve uma pausa,
um outono mais rápido,
um inverno mais súbito.
E as pétalas da noite desabaram,
corroendo o teu nome de grinaldas perdidas.
4...
2007-08-25
Incursões
MCR evocava num interessante post o saudoso Adriano Correia de Oliveira e eu, levado à descoberta deste blog pelo Água Lisa do Tunes atrevi-me a pendurar um singelo comentário sobre esse amigo comum ainda que a minha relação com o grande cantor da voz de cristal tenha sido, ao que conclui da leitura, muito menos intensa.
O comentário serviu de pretexto a Marcelo Correia Ribeiro para um novo post em que teve a amabilidade de perder tempo comigo. Receou então João Tunes num longo comentário a esse mesmo post que MCR poderia estar a ser injusto o que levou MCR a explicar num post seguinte com todo o cuidado para não ferir eventuais susceptibilidades minhas o que pensava sobre o partido em que o Adriano e eu militámos.
No post que a este se seguiu MCR publica quatro poemas do nosso comum amigo, Rui Namorado dedicados a Adriano Correia de Oliveira e cuja leitura oferece aos que os não conheçam e em particular ao João Tunes e a mim próprio.
Guardei a resposta aos comentários que MCR e JT tiveram a paciência de sobre mim tecerem para o dia seguinte e para uma hora em que o sono não fosse de todo impeditivo de qualquer raciocínio.
Para resgatar a honra aqui estou de baraço ao pescoço, qual Egas Moniz, a pedir desculpas. E a esclarecer que não me senti então em nada atingido. Como poderia me sentir? Primeiro porque não havia de quê depois porque não sou muito susceptível. O que não seria a minha vida, aliás, se o fosse mais que a aconta! Por isso agradeço ao Tunes a minha defesa (que ele entendeu, pelo sim pelo não...) Depois ao Marcelo Correia Ribeiro por, ocupando-se de mim, o ter feito perder tempo com quem tão pouco merece e por fim ao amigo que muito preso, o Rui Namorado, pela gentileza da oferta dos seus belos poemas.
Quanto à matéria do debate acho-a sempre aliciante tanto mais que ela se liga com o que escrevi no livro Álvaro Cunhal e a dissidência da terceira via publicado em Maio pela Âmbar, e com o que ocupou boa parte da minha vida. Por isso, glosando o Mário de Carvalho, "Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto";) o que seria excelente à volta duns acepipes e de um bom copo quando o Marcelo Correia Ribeiro e o Rui Namorado vierem a Lisboa a que se juntaria, estou certo, com gosto, o João Tunes. (O contacto está no blog)
2007-08-24
Força de expressão (19)
Teve Vítor Dias a amabilidade de responder, no seu blogue O Tempo das Cerejas, a questões suscitadas no meu poste anterior “Força de expressão (18)”.
O seu novo poste tem por título "Nova resposta a Manuel Correia. Deduções ilegítimas e conclusões erradas". Encurtando razões, Vítor Dias acusa-me de sonegar aos leitores o contexto da entrevista. Qual quê? Pois não ofereci eu aos leitores os links para o podcast da entrevista, aconselhando-os a ouvirem-na, se possível na íntegra, dado o interesse que revestia?
Abstenho-me, pois, das maçadas dos "dizes" e "desdizes" que a sua resposta comporta, rumo ao essencial.
Continuo a aconselhar as leitoras e os leitores interessados a ouvirem a entrevista. [link para o podcast do programa Antena 1 [aqui ou ali] ] Não para os castigar com caprichos de tira-teimas, mas, sobretudo, porque se trata de um bom momento de rádio, em que o entrevistado reflecte, entre outros temas, sobre alguns aspectos controversos da blogosfera.
Quem se der a esse trabalho, ouvirá, aos 40 minutos [40m 20s] da referida entrevista, a seguinte passagem:
“VD: (...) a verdade é que as principais respostas políticas de que estes livros precisam estão feitas; estão feitas nos documentos dos congressos, nos documentos que o PCP publicou a respeito destas questões.
PRL: Mas isso é a visão do Partido, o olhar institucional, digamos assim. O olhar individual tem uma riqueza completamente diferente...
VD: Sim. Mas, por mim, creio que isso teria aspectos muito negativos a que muitos de nós nos dispomos a chegar ao fim dos nossos dias sem imitar certo tipo de...
Eu, há coisas que não contarei. Não contarei!
Ou seja: poderia escrever imensas coisas sobre o Raimundo Narciso, ou sobre bastidores, ou sobre Zita Seabra; contar imensas coisas. Mas não descerei; quer dizer: há níveis a que não descerei. E, quando intervenho nestas matérias, procuro fixar-me nas questões de natureza política, e não tanto estar a contar novidades, embora, às vezes apeteça (...)
Depois, já perto do final, [43m55s] Pedro Rolo Duarte pergunta
PRL: Até que ponto é que podemos esperar, a partir de um blogue destes [está a referir-se a O Tempo das Cerejas], um dia, termos as suas memórias, ainda que não sejam umas memórias que desçam ao nível que acha que é pouco..., que é menos correcto?
E Vítor Dias responde:
VD: Não. Creio que nunca irei por aí. Além do mais porque não fiz uma coisa que algumas destas pessoas, visivelmente, fizeram... - ou por método, - que é que os leitores destes livros nunca se aperceberão, mas estes livros só podem ser escritos por pessoas que guardaram muitos papeis e guardaram muitos apontamentos; ou seja e eu...
PRL: ...não.
VD: ...guardei papeis tanto que, quando abandonei o meu gabinete, na Soeiro Pereira Gomes, demorei quase um mês a rasgar papeis e a seleccionar papeis, mas não guardei deste tipo de notas, de cada reunião, de cada coisa. (...) E estes elementos são muito importantes para quem tem a pretensão de fazer relatos de natureza cronológica.
Ora quando se refere o óbvio -- que os apontamentos são auxiliares da memória e é necessário guardá-los para qualquer coisa -- com a ênfase e o tom patentes no registo desta entrevista, não é apenas (no caso de Vítor Dias não é certamente) por mero tique pleonástico.
Ironizando um pouco, poder-se-ia dizer que os lápis servem para escrever, as borrachas para apagar e, claro, se não os guardarmos, de nada nos servirão no futuro. Com a estranha valorização de tais minudências, sinaliza-se implicitamente algo que vai para além dessa mania redundante de arrombar portas abertas.
Pareceu-me, no contexto do PCP, em que o memorialismo é tradicionalmente menorizado, quando não estigmatizado, que Vítor Dias estava a invocar, ao lado do que expressa e redundantemente afirmou -- que não desejava escrever memórias e que não quis guardar ou, mesmo, anotar o que foi dito em dadas reuniões -- a regra informal dominante.
Vítor Dias interpretou diferentemente as suas próprias palavras.
As leitoras e os leitores interessados que façam os seus julgamentos.
Para mim, ficou claro.
2007-08-23
Cantigas de Amigo
"Do encontro dessa corrente provençalizante com a tradição folclórica recolhida e elaborada pelos jograis do Noroeste da Península, terá surgido a poesia galego-portuguesa, que desde os alvores do séc. XIII aparece documentada nas colecções a que chamamos Cancioneiros." (Ester de Lemos em A literatura medieval. A poesia. In História e Antologia da Literatura Portuguesa Séc. XIII-XIV Vol I Fundação Calouste Gulbenkian)
São três os Cancioneiros. O da Ajuda, por se encontrar no Palácio da Ajuda em Lisboa, indicado pela letra (A); o da Vaticana, por se encontrar na Biblioteca Vaticana, (V) e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (B).
Estes cancioneiros são compostos por três géneros diferentes de poesia: as cantigas de amor, as cantigas de amigo e as cantigas de escárnio e mal dizer. As cantigas de amor podem distinguir-se das cantigas de amigo de forma muito sintética e prática: "é cantiga de amor se fala «ele» é cantiga de amigo se fala «ela».
Nas cantigas de amigo quem se exprime é uma mulher é ela e fala do amigo, termo que tem o significado de namorado e nas cantigas de amor quem se exprime é o homem, é ele que fala da sua apaixonada, frequentemente amores ilícitos ou impossíveis.
A poesia que se segue é uma cantiga de amigo do "mais fecundo trovador dos nossos cancioneiros, o rei D. Dinis" (ibidem). Nesta poesia de D. Dinis quem fala é uma mulher que enaltece o amor que o seu namorado tem por ela. Por isso é uma cantiga de amigo.
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Pesar mi fez meu amigo,
amiga, mais sei eu que non
cuidou ele no seu coraçon
de mi pesar, ca vos digo
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer
Non cuidou que mi pesasse
do que fez, ca sei eu mui ben
que do que foi non fora ren;
por en sei, se én cuidasse,
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer
Feze o por encoberta,
ca sei que se fora matar
ante que min fazer pesar,
e por esto sõo certa
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer
ca de morrer ou de viver
sab' el ca x' é no meu poder
D. Dinis B 563 ff.125v.º126r.º ; V 166 f.22r.º
Aqui outra cantiga d'amigo do mesmo autor.
O financiamento dos partidos
"O documento, que já seguiu para o Ministério Público, conclui que o PSD violou a lei do financiamento dos partidos incorrendo em "ilegalidades objectivas" puníveis com coima não só ao partido como aos dirigentes partidários responsáveis, e perda a favor do Estado dos valores ilegalmente recebidos. Por outro lado, as empresas envolvidas estão igualmente sujeitas a coimas, de acordo com a lei."
"A factura suspeita foi detectada em 2006 durante uma inspecção do fisco à sociedade Brandia Creating - Design e Comunicação, na qual se integra a Novodesign, Companhia Portuguesa de Design".
Factura passada ao PSD que a SOMAGUE, benemérita, pagou.A SOMAGUE, presidida por Diogo Vaz Guedes, que tinha perdido o concurso para um troço da auto-estrada nº 8, com adiamentos, pareceres e certos bons ofícios, acabou no consórcio que ganhou. Desde então a SOMAGUE tem tido muito sucesso fez negócios de centenas de milhões de euros e atingiu o 2º lugar entre as maiores construtoras "portuguesas".
2007-08-22
Força de expressão (18)
Sem desprimor para a entrevista, na sua globalidade, disponível no podcast da Antena 1 [aqui ou ali], que vale a pena (re)ouvir, este aspecto levanta uma questão adormecida: deveria a vida interna do PCP, com o que representa para a cultura política do século passado, permanecer afunilada nas versões oficiais e autorizadas?
De resto, como julgo sabermos, certos documentos oficiais não mentem menos nem são mais verdadeiros do que as diferentes perspectivas aparentemente contidas nalguns apontamentos que os dissidentes conservaram.
Apontar os documentos oficiais do PCP como resposta a algumas das questões suscitadas, parece-me redutor. Pode continuar a não haver interesse nem disposição para discuti-las. É compreensível. Sem o menor desrespeito pelo “rude mas exaltante empreendimento humano”, expressão que Vítor Dias toma apropriadamente de Manuel Gusmão, conviria juntar, na circunstância, o aforismo de Terêncio: “(...) nada do que é humano me é estranho”.
Melhor ou pior, o entendimento dos humanos há-de encaixar os testemunhos de cada um na institucionalidade das posições e documentos oficiais.
Milho verde maçaroca
Milho verde maçaroca
À sombra do milho verde
Namorei uma cachopa
Milho verde, milho verde
Milho verde miudinho
À sombra do milho verde
Namorei um rapazinho
Milho verde, milho verde
Milho verde folha larga
À sombra do milho verde
Namorei uma casada
Mondadeiras do meu milho
Mondai o meu milho bem
Não olhais para o caminho
Que a merenda já lá vem
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Letra e música popular da Beira Baixa
Cantada pelo Zeca Afonso.
E com música fica bem melhor por isso aqui vai o link para o Entre as Brumas da Memória da Joana Lopes.
A oposição "transgénica" da direita
2007-08-21
Vasco Graça Moura. O da política
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Milho para os Abutres
A destruição deliberada, organizada e selvática de um campo de milho transgénico por umas dezenas de malfeitores, à luz do dia e nas barbas de uma GNR vergonhosamente inoperante, é um dos maiores escândalos criminais e políticos dos últimos tempos.
[Desculpem lá "selvática"? "Um dos maiores escândalos criminais e políticos dos últimos tempos"? Realmente isto do milho não se compara com o Iraque, o Darfur ou Guantânamo ou, cá por casa, com o escândalo da Casa Pia.]
Espera-se que, para além da acção penal que se impõe, o Ministério Público não tarde a promover a dissolução dessa tropa fandanga que dá pelo nome de Verde Eufémia (as conotações políticas estão à vista) e que justifica insolentemente o seu recurso à acção directa a gozar com a Constituição Portuguesa e com os princípios fundamentais do Estado de direito.
Não seria de estranhar que o caso levasse à demissão do comandante-geral da GNR, do ministro da Administração Interna, do próprio Governo. [Não seria de estranhar? Que o Governo caísse com o milho? O artigo é no gozo ou VGM está a falar a sério?]
A GNR revelou-se impotente para assegurar a ordem pública, a defesa da propriedade privada, a segurança de pessoas e bens, a produção de riqueza, o respeito da lei.
A sua passividade responsabiliza gravemente o Estado e cria um precedente inaceitável num país civilizado. [Dissolva-se a GNR. Já! Declare-se o Estado de Sítio]
O ministro que levou 48 horas a reagir, e o Governo, pateticamente amorfos e irresponsáveis, coonestaram pelo silêncio dúbio uma enormidade destas! [Isto é de doidos. O governo deveria ter reunido de emergência e, envergonhado, pedido a demissão ao
É possível que o Presidente da República não leve este caso às últimas consequências, apesar de, para vexame e desonra do país, ele atingir o próprio cerne do Estado de direito, violar torpemente a Constituição, mostrar a inépcia intolerável dos governantes e das autoridades e ocorrer quando temos a presidência da União Europeia. ["vexame e desonra do país" Ah o artigo é no gozo. Afinal é mesmo no gozo. Deve ser para pôr alguns blogues da área do PSD a ridículo]
É possível que ele entenda não ser ainda ocasião de usar os seus poderes nesse sentido, para não sobressaltar ainda mais negativamente o quadro de deficiências insolúveis em que vivemos com este Governo. Mas não duvido de que tenha ponderado seriamente essa solução. [Se calhar vontade não lhe falta, VGM lá saberá, mas há o problema do timing e com Marques Mendes... bah. O melhor mesmo seria convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU]
Por muito menos do que isso, Sá Carneiro impôs a substituição do comandante-geral da PSP: uma mulher- polícia tinha feito declarações quanto a aspectos atinentes à segurança do primeiro-ministro.
Por muito menos do que isso, Cavaco Silva levou o seu ministro do Ambiente à demissão: Carlos Borrego tinha contado uma anedota de mau gosto.
Por muito menos do que isso, Jorge Sampaio fez rolar a cabeça de Santana Lopes e dissolveu o Parlamento: a causa próxima foi o pedido de demissão de Henrique Chaves. [Ah, esta é do mais fino humor: "por muito menos Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes".]
O PSD reagiu como se impunha. Nem outra coisa seria de esperar de Marques Mendes. [Claro, tem dado, aliás, boas provas de Estadista ultimamente, na Madeira e no Pontal] Mas os partidos de esquerda estão muito caladinhos. É sintomático.
O primeiro milho não é para os pássaros vulgares. Ficou demonstrado que é para os abutres. Deputado do PSD ao Parlamento Europeu
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Polémica entre Vital Moreira e Correia Pinto
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Eis alguns extractos do artigo de Correia Pinto (artigo completo aqui )
O PODER DISCRICIONÁRIO
(Resposta a Vital Moreira)
Constituiu motivo de preocupação o artigo que o VM escreveu no Público sobre os poderes da Administração, nomeadamente no exercício do poder discricionário bem como na prática dos chamados actos de governo. Tanto pelo que nele se diz, como, principalmente, pelo que nele se omite. Comecemos pelo poder discricionário. Não adianta recordar ao Vital que o poder discricionário constitui quase uma aberração, uma excrescência de tempos passados, num Estado de direito democrático moderno, devendo, por isso, o seu controlo pelos tribunais fazer-se até aos limites do juridicamente admissível. É certo que o poder discricionário concedido pelo legislador à Administração ou a aplicação por esta de conceitos jurídicos indeterminados constantes de normas legais lhe conferem uma liberdade de actuação maior do que aquela que ela dispõe nos chamados casos de competência vinculada, que constituem a regra. Este espaço de liberdade para a acção ou para a decisão que caracteriza o poder discricionário não significa, porém, que a Administração possa actuar arbitrariamente. Sem respeito por regras nem por princípios, ao abrigo do livre arbítrio de quem decide. Esse modo de actuação não existe no moderno Estado de Direito.
...
Passemos agora muito sumariamente aos actos de governo. Também aqui não vale a pena recordar que a invocação do móbil político da decisão administrativa deixou há muito de ser elemento determinante da caracterização do acto como acto de governo, logo insindicável. De facto, este entendimento muito lato da razão de Estado não pode hoje ser invocado como critério para afastar o controlo jurisdicional de tais actos. Em França já as coisas assim se passam desde que o Conseil d’État, no célebre acórdão de 19 de Fevereiro de 1875 (!), “Prince Napoléon”, deixou de considerar o móbil político invocado pela Administração como fundamento suficiente para afastar o controlo jurisdicional de tais actos.
Em suma, o que por outras palavras eu quero dizer é que as pressões tendentes a limitar a actuação dos tribunais não são bem-vindas, principalmente naqueles domínios onde o tal princípio da separação de poderes, que o VM tanto invoca, mais justifica uma actuação livre dos órgãos encarregados de velar pelo respeito da legalidade democrática. Esta defesa ilimitada dos actos da Administração não augura nada de bom. É dela que sempre partem as grandes agressões aos direitos dos cidadãos. Se os tribunais se inibem de os defender, pressionados por um clima doutrinal ou político hostil, a democracia representativa fica reduzida a uma caricatura. Este artigo do VM, em articulação com outros, nada felizes, sobre a liberdade dos jornalistas, a autonomia universitária, a cerceação da democracia participativa, dá uma visão distorcida e limitada do poder dos tribunais no controlo da legalidade democrática e pode ajudar a abrir a porta aos piores entendimentos ou aos maiores retrocessos nesta matéria. Por isso, é tempo de dizer basta! E de desejar que tudo não passe de um mal “passageiro”. Ligam-me ao Vital Moreira laços de amizade e camaradagem há mais de quatro décadas. O meu compromisso com a cidadania não me permitiu, porém, ficar calado…
José Manuel Correia Pinto
(Jurista)
Força de expressão (17)
"Há um ano atrás, na celebração do último Dia Mundial da Biodiversidade a 22 de Maio, activistas fizeram uma acção directa para mostrar que o Ministério do Ambiente português apoia a produção de Organismos Geneticamente Modificados nos Parques Naturais do país, após a tutela ter impedido a declaração da primeira Zona Livre de Transgénicos internacional no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A TV esteve lá. Um documentário de 10 minutos dirigido pelo realizador esloveno Uros Knez."
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Eu transgénico me confesso
O Deboche
Ele quem? O presidente da região autónoma, paraíso, até há pouco, da pedofilia.
2007-08-20
O Homem o lobo do homem
"O Cinismo amoral "
Assunto de Estado transgénico:
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ouviu o tal lá da Madeira, aos pulos e ao gritos, de que não ia respeitar a lei da República, decorrente de referendo, sobre o aborto e achou que não tinha nada a dizer. Era quando muito assunto para os tribunais. Agora o desacato com a destruição da colheita de milho do agricultor de Silves foi assunto que o Chefe de Estado não podia deixar passar em claro:
Eu sei que o caso de o presidente de uma Região Autónoma dizer o que disse não tem a relevância do milho. Mas mesmo assim... podia ter dito qualquer coisa.
Assunto de Estado: Batalha "juvenil" derrota milho transgénico em Silves.
Os mentideros garantem que o "jovem" de punho no ar é o Miguel Portas mas
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Desde 6ª feira que o país dorme desassossegado por causa da batalha deflagrada em Silves. Dum lado jovens, dum grupo Verde Eufémia, que terão participado num encontro internacional do Ecotopia em Aljezur e do outro um campo de milho transgénico e o seu proprietário. Resultado: parte da colheita destruída e o país em alvoroço. O DN associa o Governo (mas só no título) de estar por detrás do assunto porque o Instituto da Juventude fez propaganda do encontro em Aljezur; o deputado europeu Miguel Portas, da oposição de esquerda, declarou fracturante, que fizeram os jovens muito bem em arrasar o milho (transgénico!!); o deputado da oposição de direita, PSD, Miguel Macedo, acusa o Governo e a GNR de passividade ou conluio, o ministro da Administração Interna pede um inquérito à PGR e defende o trabalho da GNR acusada pela oposição de direita de não dar suficiente porrada, como antigamente, no Alentejo dos agrários. O ministro da Agricultura para reduzir a nada as acusações estivais da oposição foi sujar os sapatos no campo de milho estragado e prometeu apoio jurídico ao dono lesado. Para que um assunto de Estado de tal envergadura acabasse com a máxima dignidade o Presidente da República entrou em campo (mas não do milho) para dizer e muito bem que lei é lei e não se pode invadir e destruir a propriedade alheia.
Estamos numa boa!!
Então como? Estamos a pagar por conta de IRS/2007 com base no montante do imposto pago em 2005. Isto para quem passa recibo verde, que agora está descolorido, um tanto ou quanto esbranquiçado.
É mesmo um ajustar de contas. Mas só que a pistola está nas mãos do MF.
Será mesmo preciso isto? Será justo? Será que o MF e o governo ainda não perceberam que estão a distorcer a justiça fiscal? Ou é coisa que não incomoda?
Vamos vender electricidade à EDP? (2)
"Independentemente do que vier a ser legislado, penso que a situação não se vai alterar.
Já hoje é tecnica e legalmente possível produzir energia e vende-la ao distribuidor. Na prática não funciona, a não ser para alguns previlegiados tipo Carlos Pimenta.
Depois de obtidas todas as licenças, projecto aprovado e instalado, taxas pagas, tudo pronto, pedes que te forneçam um ponto de ligação à rede e esperas.....
O distribuidor não dá, a DG Energia diz que eles devem dar, mas não faz nada, as administrações da EDP e REN, dizem: pois..."
2007-08-18
A Festa do Pontal vista por um PSD
O Fanatismo
"Liberdade de profissão"
"De entre as medidas que constam do novo quadro institucional da formação e qualificação profissional conta-se o Programa de Regulação do Acesso às Profissões, que tem por objecto definir e implementar os requisitos para o acesso e exercício das profissões que requerem qualificações específicas. A ideia suscitou imediata suspeição dos círculos liberais mais radicais (com inesperados ecos em alguma imprensa de referência), que viram nela mais um perigoso mecanismo de controlo governamental sobre a liberdade individual."
...
De médicos e de loucos todos tem um pouco, mas muito mais louco é um comunista reconvertido não é Sr professor?!
jose manuel torres couto (tcxxi@sapo.pt)
Notável o artigo do Prof. Vital Moreira. Quanto ás considerações do leitor «vilas» remeto-as para a seguinte frase de Francis Bacon chanceler de Jaime III: - « pior do que mudar de ideias é não ter ideias para mudar ».
2007-08-17
Vamos vender electricidade à EDP?
O Jornal de Negócios apurou que o Governo está já a ultimar o decreto-lei que deverá ser publicado em Setembro para regulamentar a microgeração e permitir que os portugueses instalem soluções para produzir electricidade para auto-consumo e venda do excedente"
Se o que aí vem é como penso cada utilizador de baixa tensão normal poderá ter em sua casa um sistema de produção de energia eléctrica de origem solar e um contador que mede a energia que recebe da rede e a que lança nela se produzir mais do que a que consome. Passará a ter uma conta corrente com a empresa de fornecimento de energia que poderá ter ora saldos negativos ora positivos.
Sócrates: que fazer para voltar a ganhar?
Júdice que na juventude era de extrema direita tem vindo a fazer uma notória evolução para o centro, diria mesmo centro-esquerda (no actual momento) o que o tem credibilizado nestas áreas ideológicas mas não acho que tenha total razão nos seus prognósticos.
BCP e Opus Dei
Finalmente percebi a guerra intestina no BCP.
Segundo a revista sábado Paulo Teixeira Pinto abandonou a Opus Dei. Esta decisão não deve ser de agora. O homem já devia estar farto de se auto chicotear e de usar a tal cena que se crava na pele quando tem pensamentos mais picantes.
Não é por isso de estranhar que lhe tenham retirado o tapete debaixo dos pés. Jardim Gonçalves deve ter as costas marcadas por uma vida e não vem agora um "fedelho" ficar com o poder económico e largar o chicote.
Será que vai aderir à maçonaria ?
As FARC e o Avante
Ficaria muito contente de ver este ano na Festa do Avante uma exposição temática acerca da Colômbia em que seja claramente definida a posição do PCP face ao estado político da Colômbia em geral e das FARC em particular.
É que se uma mentira repetida muitas vezes não se torna verdade, também uma verdade não deixa de o ser ao ser negada.
Não havendo possibilidade de o provar fica a percepção, seja ou não derivada de jornais distribuídos na Festa por uns quantos desordeiros mal intencionados.
E não será um tímido desmentido de um militante num blog que irá conseguir resolver de uma vez a percepção que ficou. Assumam por isso com frontalidade a sua posição (qualquer que ela seja).
2007-08-16
Cuidado com os bancos
Os 2.000 dias de cativeiro de Ingrid Betancourt
Uma subscriçãozinha para a reforma do Senhor Hu
O sequestro, um novo ramo de negócio?
A morte saiu à rua na comunidade Yazidi
Mendes monta emboscada a Mendes?
O IMI - imposto municipal sobre imóveis
Acabo de receber o IMI para, durante Setembro, proceder ao seu pagamento. Segundo uns cálculos simples, nesta minha urbanização (cerca de 200 habitações e comércio), o IMI deverá exceder ligeiramente 142.000€.
Apenas tenho a sensação de que, entre a fuga e a subvalorização dos prédios, muito IMI vai esvasiando os cofres da CML.
A taxa deveria ser sensivelmente de metade e se a CML e as finanças montassem mecanismos sérios de controlo, de certeza com esta taxa mais baixa, encaixariam os cofres da Câmara maior receita.
2007-08-15
À tragédia em si junta-se a tragédia do suspense
Rezo (modo de dizer) para que as análises cheguem hoje. É que o país assim não anda. Não sei mesmo se o abrandamento, no segundo trimestre, do crescimento do produto não pode em parte resultar da expectante paralisia em que caímos.
A rentrée PSD na Quarteira
Louçã contra acordos de Governo?