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2005-01-31

 

A invenção de um sorriso

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JPP escreve no seu blogue (Abrupto), em post intitulado «Voto e dignidade», que

«Não estava lá Saddam, mas o medo estava. E foi vencido. Não foram os americanos que o venceram, mas os iraquianos, mas todos os que contribuiram para este sorriso e para este dedo marcado de azul, só podem sentir alegria.»

e mostra esta foto do NYT


Ainda há gentes por cá que confundem democracia com pax americana e eleições democráticas com encenações tuteladas pelas forças de ocupação.
JPP, no Abrupto, consegue ver um «sorriso» neste rosto congestionado pelo receio e pela resignação frente ao aparato de câmaras e luminotecnia adjacente. De que tradição árabe é que virá aquele sinal feito com o médio e o indicador separados? Da antiga Caldeia? Como facilmente se depreende, a alegria deve ser intensa!...

2005-01-30

 

"Um louco descontrolado "

Se Santana Lopes não tivesse governado durante o tempo suficiente para mostrar que não atingia os padrões mínimos exigíveis a um governante: competência, sentido das responsabilidades, seriedade, ética, então a sua campanha eleitoral populista, apesar de tresloucada, poderia confundir muitos eleitores. Assim passando o tempo a discutir - repetindo Jorge Coelho hoje no comício de Bragança - "ninharias, fait divers e porcarias" poderá convencer gente de alguns meios que frequenta mas não confundirá ninguém. Apenas deixará perante os Portugueses uma imagem deplorável.

Eis o que diz Vasco Pulido Valente, certeiro e acutilante, como habitualmente, no seu artigo "Santana contra mundi", hoje no no Público (não há link):

"A campanha de Santana Lopes começa a merecer algum interesse pela sua própria extravagância. Como trata dele, e só dele, acabou por se tornar num romance de aeroporto sobre a loucura e queda de um político.
... Não deixa de ser admirável, pelo puro espectáculo, a fúria e a cegueira com que tenta salvar a sua amada pessoa. O país desapareceu e o PSD também. Ficou ele. A realidade excede a ficção. Quem se lembraria de um cartaz como o do "Contra ventos e marés"? Parece o desafio de Rastignac: "E, agora, Paris, nós dois". Portugal não entra ali, é Santana contra mundi, mais nada.
... De certa maneira Santana já largou a política e, politicamente a sua campanha não faz sentido. O que interessa no romance é o reconhecimento, na útilma cena do último capítulo, da íntima natureza do herói e o perdão dos seus pecados; o reencontro do PPD/PSD com o seu filho querido.
... Esta apoteose deve fechar a carreira sentimental, imensamente pública de Santana Lopes. O menor vestígio de pudor e bom senso seria absurdo.

Ana Sá Lopes dá-nos "PÃO E ROSAS" no Público de hoje e aí conta-nos que

[Santana Lopes] "Ontem lançou o mais estranho mote da campanha eleitoral: votem em mim porque eu gosto de raparigas. Chegámos ao patamar que nunca pensámos atingir na política. Só um miserável - e quem é Santana Lopes, neste momento do campeonato, senão um pobre despojado de qualquer bem válido para a polis? - pode utilizar em comícios, como aquele em que ontem participou, com 1000 mulheres, em Braga, o facto de ser aquilo a que se chama, em alguma gíria, "um femeeiro".
...
"E o primeiro-ministro candidato a novo mandato diz que "o outro candidato tem outros colos" e que "estes colos sabem bem".
...
"É este o currículo que Santana Lopes agora transformou em arma eleitoral: namorou com várias mulheres. Mais de 30? Menos de 100? Só um louco descontrolado traz esta matéria para a campanha, mas de Santana Lopes tudo se pode esperar - eventualmente até um "strip-tease" no comício de encerramento.
Nada mais resta a Santana Lopes. Tem o corpo, e só o corpo, à venda no dia 20 de Fevereiro. Mas o mais provável é que, ao fim da noite, o corpo já seja um cadáver."

Entretanto, segundo as televisões, no distrito de Braga, Pedro Santana Lopes garantia-nos que "... ainda não peço maioria absoluta..." e o "Luisinho" (diminutivo carinhoso que O Jumento, um blog de leitura obrigatória, guarda para o jornalista e presidente da Lusomundo Media, que alguns maldosamente denominam de comissário político do Governo) o "Luisinho" dizia eu, põe-nos em guarda:

"Mas cautela. Todos sabem fazer contas, particularmente as empresas [As que Santana Lopes vai processar por não lhe darem boas sondagens?] que estão na área, e se apenas 10 dos 30 por cento de indecisos votassem no PSD, o resultado invertia-se, como disse Santana Lopes." [aqui]

2005-01-29

 

Um novo rumo


Como foi bem sublinhado por António Guterres na conferência sobre “O Plano Tecnológico e o Futuro da Estratégia de Lisboa”, realizada no CCB no passado dia 24 de Janeiro, estamos perante a emergência de um novo paradigma civilizacional onde o conhecimento qualificado é a riqueza determinante e onde, portanto, a valorização dos recursos humanos se torna uma prioridade absolutamente decisiva. É neste contexto que o Plano Tecnológico apresentado pelo PS assume particular importância.

Este é o tema do meu artigo publicado na passada 5º feira no Diário Económico e que pode ser visto na totalidade aqui ou no ALFORGE

 

De volta à Administração Pública

No meu último post afirmei que encerraria umas quantas notas feitas aqui sobre a Administração Pública. No entanto, algumas afirmações de ontem e hoje em entrevistas de pessoas altamente credenciadas da área do PS, como os drs. Silva Lopes e Manuel Pinho, fizeram-me retornar ao tema.

Acho que o PS, no seu programa eleitoral, até desenvolveu um esforço positivo na abordagem e equacionamento da Administração Pública. E que algumas intervenções do cordenador para este domínio, o dr. Correia de Campos, têm trazido alguma luz mais sobre o que pretende o PS fazer, esperando eu que na realidade tudo se concretize. Se assim o fôr, de certeza, no final da legislatura (2009), teremos sinais de uma outra AP, mais moderna e a orientada por normas mais eficazes com benefícios visíveis para o cidadão e empresas.

Aliás, sem uma nova Administração Pública, não tenhamos ilusões: não é possível implementar uma estratégia de crescimento. A AP constitui uma peça essencial dessa estratégia, por muito que esta afirmação fira as consciências daqueles para quem o Estado é supérfluo.

Mas voltando ao motivo deste post. Fiquei espantado com uma afirmação do Dr. Silva Lopes no DE de ontem "é preferível corte de salários a despedimentos na Função Pública" e de uma outra do mesmo dia mas no DN, esta do Dr. Manuel Pinho, "é muito improvável (com o PS) um novo congelamento dos sálários públicos". Porquê? Porque se contradizem e porque não estou de acordo com o dr. Silva Lopes.

Fui ler a entrevista porque se tratava de um título. Concordo praticamente com o teor da entrevista, incluindo o fim das promoções automáticas na AP. Não concordo com a alternativa em que diz discordar do PS porque diz defender, em vez do emagrecimento do número de funcionários, conjugando admissões com aposentações, antes a redução salarial "para não se criar mais desemprego". Por outro lado, não li no programa do PS a defesa de despedimentos e quem cumpre as condições de aposentação, com as regras actuais, não pode ser impedido de as accionar. Acho que a esta posição subjaz uma outra a de que os funcionários públicos estão bem pagos, como já ouvi muito boa gente dizer. Ora isto dito de forma tão global é uma distorsão da realidade.
Quanto à afirmação do dr. Manuel Pinho é no mínimo aquilo que se pode prometer. Acho que a AP tem sido apontada por alguns ideólogos como a causa de quase todos os males neste país, ideólogos esses que raramente apontam os causadores e as causas da ineficiente Administração Pública.

 

Os troféus de Paulo Portas

Paulo Portas faz grande gala em apregoar que salvou do desemprego algumas centenas de trabalhadores de três empresas: OGMA, Bombardier e Estaleiros de Viana do Castelo.

Independentemente de haver muito a dizer sobre este alegado sucesso da política da direita que nos tem governado nos últimos três anos, a verdade é que, neste período, muitas centenas de empresas faliram, fecharam ou reduziram substancialmente a sua actividade, o que conduziu a um aumento significativo do desemprego, traduzido pelo aparecimento de mais 150 000 desempregados.

Pelo que há uma conclusão que se tem de tirar, face ao orgulho de Paulo Portas nos resultados que alcançou: com a manutenção da coligação de direita no poder nos próximos 4 anos o País poderia estar certo de que iriam continuar a fechar e a falir centenas de empresas e que o número de desempregados iria aumentar mais algumas centenas de milhar, embora Paulo Portas conseguisse "salvar" mais 3 ou 4 empresas e algumas centenas de empregos desta hecatombe.

 

Quando a direita vota na esquerda (cont.)



O nosso vizinho João Tunes premiou-me com a sua atenção crítica e vá de me interpelar no Água Lisa, - SINDROMA “SEITAS DO MAL” - acerca do meu post de ontem «Quando a direita vota na esquerda». Apesar de a minha perspectiva de abordagem ser ligeiramente diferente da dele - «declaração de voto» e «coerência» não entraram nem voltam a entrar no rol dos meus argumentos - é com prazer que lhe respondo, não sem antes aqui deixar, a título de «chamada de blogue» um entrecho da sua crítica:

«Caro Manuel Correia, em que é que é menos “honroso”, menos “dignificante” e menos “estimulante” a trajectória de Freitas do Amaral relativamente à de Vital Moreira ou de outros que, por exemplo, andaram pelo maoísmo, para chegarem ao voto no PS e apelarem a ele? (Lembro que Zita Seabra também se encontrou, no PSD, com antigos adversários) E não é naturalíssimo que qualquer partido se entusiasme por verificar que tem poder de atracção abrangente com poder de captação de vária gente que caminha desde a outra esquerda mais uns tantos que vêm da direita? Se um estalinista aprende o suficiente para sacudir a sarna (por “coerência”, nunca a deveria sacudir?), ou um direitista se desilude com a prática da direita no poder (devia morrer “facho?), por caminhos distintos de coerência, eles não se podem encontrar num ponto de encontro, sem a aversão recíproca ao pecado original do outro?»

Meu caro João Tunes,

Não foi meu propósito, nem creio que possa deduzir-se das minhas palavras, um julgamento negativo de Freitas do Amaral, cujo percurso político tenho seguido com interesse nestes últimos trinta anos. Por isso, estou de acordo com muitas das considerações que teces acerca da «coerência», do direito de mudar (de atitude, de orientação política, de perspectiva filosófica, de partido e de clube desportivo). Para mim o PS é o partido melhor colocado para ganhar as próximas eleições de dia 20. Sinto-me feliz por não ser, outra vez, o PSD. Freitas do Amaral, que apoiou Durão Barroso nas últimas eleições para a AR, apoia agora José Sócrates. Acho bem.

Porém não me limito a acompanhar as mudanças pelo que elas aparentam à superfície e no imediato. Freitas do Amaral (FA), no plano simbólico, é como o «homem do leme» no «Mostrengo» do Pessoa, quando solta a voz ao vento: «Aqui ao leme, sou mais do que eu!». FA é o passo reflectido que um sector importante da direita dá para forçar o PS, se necessário, a uma razoabilidade nivelada pelos seus valores; a uma governabilidade enquadrada nos seus critérios; a uma estabilidade cuja regra é, no mínimo, a paralisia das relações sociais assimétricas. O seu investimento amplamente publicitado no PS implica contrapartidas, ponderações e repercussões que não devem ser simplificadamente reduzidas ao plano pessoal, individual ou de quaisquer direitos de mudar, votar ou aderir a um qualquer partido político. FA é um homem de direita que personifica um sector (é isso e não outra coisa que enerva supinamente Santana, Portas e Félix) que recusa o populismo trauliteiro, a incompetência e alguns arcaísmos que, provavelmente, até o envergonham. Este sector da direita, para pôr cobro à zizânia que a desacredita e desprestigia, tem de agir depressa. É compreensível. É uma boa jogada. Será um bom investimento?

Por outro lado, José Sócrates exulta. Porquê? Não compreenderá ele o alcance da decisão de FA? Com certeza que sim. É um político experiente, arguto, com uma acutilante capacidade de análise. Daí, eu perguntar no fecho do meu post anterior: «Mau augúrio»? A questão de grau, para mim, quanto à escolha dos adjectivos «honroso, dignificante e estimulante» não é de «menos». É de «mais». Quando ouvir uma litania equivalente para uma grande figura de esquerda, mudarei a minha apreciação.

Que traz de novo agora, a três semanas das eleições, o apoio de FA à imagem do PS? Aquilo que anima os indecisos que se revêem no exemplo do Professor? O quantum satis para obter a Maioria Absoluta? A inibição dos que não quererão apanhar a mesma carreira? Como não ouvi nenhuma declaração tão entusiástica com as adesões de grandes figuras de esquerda, sou levado a supor que esta coloração democrata-cristã que FA traz ao PS, levará a um separar de águas favorável à polarização identitária do voto ideológico nos extremos do espectro partidário. As últimas sondagens parecem apontar nesse sentido. Com as próximas perceber-se-á melhor.

Almeida Santos dizia há dias, entrevistado na SIC-Notícias, que os entendimentos à esquerda seriam sempre muito difíceis para o PS. Segundo ele, é de prever que o PS queira fazer passar medidas legislativas que agradam à esquerda, podendo aí contar, provavelmente, com votos comunistas e bloquistas mas, também algumas medidas «mais conservadoras» que não merecerão, por certo, o voto favorável das mesmas bancadas. Quer isto dizer que, pelo menos na mente de alguns dirigentes do PS, com Limiano ou com Maioria Absoluta, os próximos episódios vão trazer-nos mais do mesmo... Nesse quadro de possibilidades, o penhor do apoio de Grandes Figuras como FA faz-nos voltar à primeira forma de todas as conversas. Podem os grandes homens da direita apoiar a esquerda sem consequências? A minha resposta é não.

Cada um votará de acordo com a sua consciência. Espero que o PS ganhe as eleições. Não deixo porém de reparar que com tanto peso bem-vindo e distinto a estibordo, a embarcação se arrisca a levar metade do casco no ar... E esse vai ser também um problema nosso. Não podemos deixar de nos precaver relativamente aos lances seguintes.

Um abraço


2005-01-28

 

No Memórias do Presente

No blog Memórias do Presente publiquei ontem, ou mais rigorosamente esta madrugada, dois artigos. Um "Auschwitz e o Holocausto" em memória do campo da morte" onde os nazis assassinaram um milhão e meio de Judeus e outras pessoas e em homenagem a todos os que lutaram contra o nazismo. E uma crónica matinal "Freitas Socialista". Para não privar as visitas do Puxa Palavra de tão estimulantes leituras deixo [aqui um link]

 

Auschwitz - 60 anos após a libertação pelas tropas soviéticas


A imagem é do Museu de Oswiecim (Auschwitz em Alemão), na Polónia, mostra a pilha de sapatos das vítimas (Judeus nos fornos crematórios de Birkenau e comunistas, prisioneiros soviéticos e polacos, ciganos e homossexuais no forno crematório de Auschwitz I) que os nazis ainda não tinham enviado para a Alemanha. O holocausto neste campo, "fornecia" 25 mil pares de sapatos por dia, no período de mais intensa matança, perto do fim da guerra, quando os nazis se esforçavam por acelerar a "solução final".

Na Alemanha de Hitler havia grandes armazéns abastecidos com sapatos, roupa de adultos e criança, e os mais variados objectos pilhados aos milhões, de Judeus e outras vítimas do genocídio nazi. Claro que o povo alemão, ou parte dele, sabia donde aquilo vinha. Não tinha informação rigorosa nem a procurava ter. Mas sabia. Aliás, em certas circunstâncias, os povos aceitam tudo. Por certo tempo. Como aliás, num excelente artigo no Público de hoje, Miguel Sousa Tavares diz do povo americano, a propósito do Iraque.[aqui] ou [aqui no In Extenso]


 

Quando a direita vota na esquerda


Freitas do Amaral apoia o Partido Socialista

Freitas do Amaral escreveu no último número da Visão, explicitando as razões que o levam a apoiar o Partido Socialista na campanha eleitoral para a AR. José Sócrates agradeceu em tom eufórico, sublinhando que um tal apoio «honra, dignifica e estimula». Sei que a pré-campanha não é o momento mais apropriado para discutir o significado e o alcance do apoio de Freitas do Amaral ao PS. Aliás, é assim em quase todas as paragens políticas: aflorar os pontos fracos de uns é favorecer a campanha dos seus adversários...
Atrevo-me, no entanto, a um curto comentário. Há apoios que não honram, não dignificam, nem estimulam. Podem parecer muito vantajosos de imediato, mas pensando melhor, tiram votos, perturbam identidades e inibem entusiasmos. Acho bem que Freitas do Amaral vote no PS. Não compreendo o deslocado entusiasmo de Sócrates. Mau augúrio?

 

Jeden Das Seine

Portão interior de Buchenwal: "Cada um tem o que merece"


Estamos todos perfilados diante deste portão. Feito o desconto à liberdade poética, havemos de aprender que a poética é a primeira das liberdades, e a última também. Daqui a pouco, fará 60 anos que o portão se abriu e a estupefacção tolheu os de fora e os de dentro. Ali ao lado, um pouco mais a baixo, Weimar sonha com a excelência do espírito. Goethe e Schiller, terão há muito fechado os olhos e não poderão assistir à chegada daquelas mulheres e homens, enquadrados por militares do III Reich, que se apeavam das carruagens, na estação, e subiam a encosta, como se caminhassem para o cadafalso. Mesmo aqueles que o não sabem, estão aqui, à entrada de Buchenwald, passado já o grande portão principal, com a esperança humana de que nada de semelhante volte a acontecer e desesperados por não compreenderem inteiramente como foi possível.

«Jeden das seine?» (Cada um tem o que merece?).

Sim. Em Abril. Mas será já demasiado tarde para muitos de nós.


 

Santana Lopes Internado

Na sequência da MEGA FRAUDE das sondagens, que o SIS já apurou se tratar de uma pequeníssima parte de uma muito bem urdida MEGA CONJURA já conhecida pela MEGA CONJURA DOS PROFESSORES!!! Fala-se do Prof C. do Prof M. e no Prof. F.
Seguindo um conselho confidencial do Puxa Palavra, Santana Lopes decidiu consultar aquele Bruxo anunciado ali em baixo. Os conselhos do Vidente prometem resultados estrondosos. Mas em vez de ir processar as empresas de sondagens deve oferecer um prémio (montante confidencial) à que apresentar os resultados mais "verdadeiros".
Últimas notícias: o 1º M acaba de dar entrada no Hospital Júlio de Matos na sequência de agravamento Abrupto (o termo não é inocente!!) do estado depressivo consequência da "sensação de inutilidade" (expressão certeira usada, no Fórum da TSF, agora mesmo) .

  • Nota: sobre estes e outros resultados de sondagens ver o interessante blog Margens de Erro .

  •  

    As eleições no Iraque


    As zonas cinzentas são as mais seguras e as castanhas as menos seguras. Castanho mais escuro representa mais de 45 ataques por cem mil habitantes que decresce para 15-30 no castanho mais claro.

    As “eleições” no Iraque têm lugar já no próximo Domingo mas o local das urnas ainda é secreto. Os jornalistas estão no hotel donde não podem sair por razões de segurança. Poderão no Domingo ir apenas a quatro mesas de voto, em Bagdad, em bairros chiitas bem enquadrados por forças militares.
    As tropas norte-americanas só se deslocam em alta velocidade nas ruas da capital, disparam a qualquer veículo que se aproxime a menos de 50 metros e criam o caos no trânsito que é fechado para a sua passagem.
    Na cidade continua a falta de água, de electricidade. De tudo. Nos bairros sunitas quem queira furar o boicote declarado pelas autoridades religiosas e ir votar corre o risco de ser denunciado e sofrer represálias. Escolas e presumíveis locais de voto têm sido alvo de ataques.
    Segunda-feira Bush anunciará em Washington o triunfo da democracia no Iraque e na Lusa e no DN, Luís Delgado, traduzirá para Português os méritos da liberdade enfim triunfante no Iraque.
    Entretanto os EUA tiveram anteontem o dia com maior número de baixas desde o início da invasão. 37 militares mortos.
    Bush gostaria de sair depressa do caos que criou mas não pode. A guerra está condicionada não só pelo número de militares americanos mortos mas pelo objectivo da invasão, o controlo do petróleo, do país e da região.

     

    Portugal sem mudança

    O título é só para apanhar a boleia dos posts do João Abel porque o assunto não tem nada a ver com o seu meritório trabalho para reformar a Administração Pública.
    Trata-se do seguinte: oferta de um conjunto, nada desprezível, de irrecusáveis serviços. A minha dúvida, no entanto, é esta, será lícito este tipo de comércio?

    Consigo felicidade total, casos difíceis e delicados inexplicáveis. Faço voltar amigos e amores…impotência sexual, infertilidade da mulher e do homem… Protecção contra invejas e maus olhados, droga, álcool…

    RESULTADO ABSOLUTO – TRABALHO SÉRIO E RÁPIDO.

    Ora toma!!! Mas não se entusiasme, caro visitante. Não sou eu, aqui no Puxa Palavra [é ele ali!].

    2005-01-27

     

    Portugal em mudança?....Administração Pública (10)

    Como referido no último post sobre esta matéria, aqui registo umas notas de apreciação sobre o que dizem os programas dos partidos que poderão constituir governo na sequência das eleições de 20 de fevereiro.

    Para o PSD, os dois grandes objectivos propostos consistem em reduzir:

    • o peso do Estado de 48% para 40%

    Esqueceu-se apenas de indicar o caminho de como implementar estes objectivos, indicando designadamente que serviços (talvez ministérios) vai fechar, quantos trabalhadores vai despedir, quantos assessores e secretárias a menos vai contratar, quantos seguranças, etc., etc. São objectivos irrealizáveis numa só legislatura até porque não basta um anúncio solene e em voz muito forte do choque de gestão. Por detrás destas medidas reina ainda um neoliberalismo sobre o papel do Estado apontando para uma redefinição das funções do Estado a que o programa se esquiva de apontar, por receio de reacções.

    Por outro lado, realizaram-se estudos em alguns Ministérios por decisão dos governantes da actual coligação, custando "rios de dinheiro" para permanecerem na gaveta e com resultados negativos. É o caso do Ministério da Economia, onde o ex- ministro Carlos Tavares mandou elaborar um estudo à multinacional A.T.Kearney, nunca o tendo distribuido nem às chefias. Accionou, no entanto, uma reestruturação cujo impacte reconhecido por quase toda a gente (mesmo no meio empresarial) é o pior funcionamento. Carlos Tavares conseguiu, assim, uma menor produtividade, mais burocracia e um aumento de mal estar. Porquê? Não soube definir objectivos para a reestruturação. Antes de tudo, é necessário ter objectivos claros para o Ministério e sobre eles ajustar o novo aparelho administrativo. Ora isto constroe-se com gente com sensibilidade às questões e não às escondidas das pessoas e um projecto global.

    Para o PS, a modernização da AP é uma peça essencial da estratégia de crescimento do País e, neste contexto, indica três linhas de actuação:

    São três linhas de orientação genéricas que, no entanto, incorporam algumas medidas concretas. Por exemplo, no que toca a facilitar a vida ao cidadão e às empresas compromete-se a criar o cartão de cidadão reunindo num só cartão vários; criar um nova geração de lojas do cidadão; melhorar os centros de formalidade das empresas; criar um programa para eliminar uma série de procedimentos desnecessários, licenças e autorizações. Com isto vai libertar funcionários da burocracia para a fiscalização.

    No que se refere à qualificação dos recursos humanos e a melhoria das condições de trabalho aponta medidas como uma maior autonomia de gestão de cada ministério (face ao Ministério das Finanças - medida, em meu entender, determinante, embora a sua implementação vá enfrentar grandes entraves); concurso anual, a nível nacional, para selecção de recém licenciados; acertar a nível parlamentar na definição dos cargos dirigentes de nomeação; rever e aperfeiçoar a avaliação de desempenho dos funcionários e estabelecer os prémios de mérito; generalizar a gestão por objectivos e contratualizar objectivos e metas a cumprir durante a comissão de serviços.

    Ajustar a AP aos objectivos do crescimento. Nesta linha de acção, as medidas mais emblemáticas são: criação de um programa plurianual de redução da AP central, visando reduzir na legislatura o número de unidades orgânicas; criar a regra de entrada de um elemento por cada dois que se refomem, conduzindo esta regra à redução de 75 000 funcionários públicos durante os próximos 4 anos. Há uma medida menos falada mas muito importante que é a de introduzir na gestão das unidades orgânicas medidas de sensibilidade à despesa real dos serviços, como por exemplo, a contribuição patronal, a ADSE. Falta em meu entender atribuir e entrar nos custos as rendas de prédios do próprio Estado.

    O programa do PS dá bons sinais para o país nesta matéria, mas se ganhar as eleições precisa de ir mais além e de não perder tempo para começar a concretizar as medidas. Precisa de clarificar como vai gerir as compras públicas (a tão célebre central de compras) e, designadamente, como potenciar essas compras numa óptica de crescimento dado o seu volume. Como utilizar as compras de Estado para potenciar actividades nacionais? è uma questão de grande interesse. Precisa de pensar no reequacionamento do modelo de gestão da CGA e de alargar, adaptando, muitas destas medidas à restante AP. Não é só a Administração Central que está mal.

    2005-01-26

     

    O problema da Administração Pública


    Considero de grande mérito as reflexões que o João Abel tem vindo a fazer sobre o tema da Administração Pública (AP), muitas vezes tão mal tratado por políticos, analistas e comentadores, especialmente de direita, devotos do mercado, profetas do "menos Estado" e apóstolos do neo-liberalismo. Mérito reforçado pelas muitas e pertinentes observações e comentários que suscitaram, designadamente da parte do Pedro Ferreira e do Manuel Correia.

    Espevitado por estas reflexões, observações e comentários, gostaria também dar alguma contribuição para análise deste tema.

    1 – Quais são as funções do Estado? São as funções que asseguram o exercício da sua soberania; as que asseguram o funcionamento do Estado de Direito; as que promovem e asseguram os serviços de interesse geral; as que asseguram a regulação dos mercados e suprem as falhas de mercado; as que prosseguem a justa distribuição da riqueza, a coesão social e a coesão entre as diferentes regiões do País; as que asseguram a defesa dos mais fracos e dos mais carentes; as que prosseguem a defesa do espaço público, dos valores partilhados na sociedade e das causas de interesse colectivo; as que promovem estratégias de desenvolvimento do País e que estimulam as áreas e sectores determinantes desse desenvolvimento.

    2 – Para que serve a AP? A AP é um dos instrumentos principais que o Estado possui para poder exercer as suas funções. A AP é, por isso, fundamental para o bom funcionamento do Estado.

    3 – A reforma da AP é necessária? É necessária e urgente. A AP continua organizada e a funcionar, em muitos casos, de acordo com modelos e critérios há muito ultrapassados. É preciso modernizar a AP, torná-la um agente mais activo da cultura do conhecimento e da inovação, para poder exercer eficazmente as funções do Estado que lhe estão cometidas.

    4 – A AP tem gente a mais? Tanto quanto sei, o número de funcionários públicos no nosso País não é comparativamente muito maior do que noutros países europeus. Mas também é verdade que muitos de nós têm consciência de que, em muitos casos, os serviços da AP poderiam funcionar com menos funcionários, mas certamente com funcionários mais qualificados e mais mobilizados,

    5 – A AP funciona, em muitos casos, deficientemente, porque os funcionários são calões e incompetentes? Sendo certo que a AP precisa de ser modernizada e insuflada de pessoas mais qualificadas, julgo que existem outras razões determinantes que muito contribuíram e contribuem também para o deficiente funcionamento da AP. Uma a governação neo-liberal, que visa enfraquecer o Estado, diminuir as suas funções ou utilizá-lo para servir interesses particulares e não o interesse comum, ou uma governação incompetente geram chefias desinteressadas da coisa pública ou incompetentes, que não valorizam a AP nem mobilizam os seus funcionários. O desmantelamento das carreiras públicas e o intenso recurso ao outsourcing. são dois dos sinais mais visíveis deste tipo de governação e desta incompetência.

    6 – Quem pode fazer uma reforma adequada e consistente da AP? Certamente que não serão os que pretendem enfraquecer o Estado, diminuir as suas funções ou utilizá-lo para servir interesses particulares e não o interesse comum. A reforma da AP feita pela direita neo-liberal será sempre uma má reforma, um logro. Uma reforma adequada da AP só pode ser feita por partidos democráticos que reconheçam a importância das funções do Estado atrás enunciadas e que valorizem a coisa pública.


    2005-01-25

     

    Antologia da Blogosfera (3)



    João Tunes, nosso vizinho do Água Lisa, escreve um belo texto recordando o que não deve ser esquecido, e a pretexto do Campo de BUCHENWALD. Segue a citação, apesar de ser aconselhável lê-lo na íntegra (.)
    Ah! A foto também foi contrabandeada do post referido.

    «Os Campos não foram um exclusivo judeu. Digo-o por mero rigor e sem nada tirar ao peso da tragédia ao Holocausto. Até porque me parece mais lógico, na lógica da demência, que um comunista fosse odiado até à morte por um Barão Nazi porque o ameaçava com a ditadura vermelha que um judeu rico que apenas o incomodaria, esteticamente, com a diferença no desenho do nariz. Mas não, viu-se que o ódio nazi era cego, com prioridades, mas cego. E insaciável. Mortos os comunistas alemães, morreriam os judeus alemães ou não alemães. Depois, se a matança não fosse parada, morreriam os não alemães, até voltarem a matar alemães.»

    Uma chapelada e um abraço para o João Tunes.





     

    Antologia da Blogosfera (2)


    Fora do Armário

    A citação que segue pertence ao post de Miguel Vale de Almeida intitulado «Escolha» que aconselho a ler na íntegra no Blog Os Tempos que Correm:

    «À boa maneira do "capitalismo selvagem", a direita portuguesa faz tudo o que for possível para atingir os seus objectivos: até fingir-se de esquerda.»



     

    Uma palavra sobre a «modernização» da Administração Pública



    «A traição dos funcionários»


    Tenho seguido com interesse as reflexões adiantadas aqui no PUXA acerca da AP. Os posts assinados pelo João Abel e pelo Pedro Ferreira, (uma chapelada a ambos) entre outros, têm trazido à discussão, com seriedade, aspectos decisivos.
    Parece-me, todavia, existirem demasiadas inexactidões e discrepâncias nas propostas programáticas que visam a Reforma da AP ou, numa terminologia mais apelativa e adequada ao momento político, na «Modernização» da AP (é aliás o termo utilizado no Programa do PS (Capítulo V. Modernizar a administração pública para um país em crescimento):

    Havendo, como sabemos, serviços e sectores de excelência que coexistem com estruturas menos bem organizadas e/ou «abandonadas», como teremos chegado à quantificação apresentada pelo PS (menos 75.000 funcionários públicos no fim da legislatura)?


    Como não temos funcionários a mais, olhando as médias europeias, e sofremos de um claro défice na quantidade e qualidade dos serviços que o Estado se obriga constitucionalmente a prestar, a aposta na reorganização, formação e novas admissões é inevitável.


    Suponho que seria (espero que venha a ser) mais apropriado anunciar quais os sectores da AP em que é possível operar reduções que concorram para a meta geral dos 75 mil, sem afectar negativamente a qualidade dos serviços.


    Será possível apostar (a meu ver, bem) na Regionalização e não admitir que, num primeiro tempo, o cumprimento tardio dessa disposição constitucional irá implicar um acréscimo de despesa?


    Resta acrescentar que, a par destes tópicos que levantaram dúvidas na primeira leitura, há no Programa Eleitoral do PS numerosas orientações com as quais estou de acordo. Recordando sempre que a justiça e a adequação das medidas não se dissociam inteiramente do modo de as concretizar, admito que, pelo menos desta vez, vale a pena ler os programas. No mínimo, servem para balizar a discussão. Venha o debate.



     

    Portugal em mudança?....Administração Pública (9)

    Estamos em fase de campanha pré-eleitoral e toda a gente clama por uma reforma da Administração Pública, toda a gente, partidos políticos, confederações e associações empresariais, sindicatos e respectivas centrais sindicais.

    Até estão de acordo com alguns dos traços negativos que caracterizam a AP: excessiva burocracia, trabalhar para o umbigo, falta de qualificação, sorvedor dos dinheiros públicos, etc.

    Então , o que falta?

    Entrar de forma séria nas causas, porque elas "queimam" (muitos dos nossos políticos são responsáveis pelo estado a que a AP chegou) e mais ainda na estratégia e medidas consequentes para dar a volta à situação. Porém, a Administração Pública não está na ordem do dia pelo seu pé, chegou puxada pelo défice das contas públicas, o que não deixa de ser um grande entorse de percurso.

    Quase toda a gente, exceptuando os sindicatos, o Bloco e o PC, embora alguns mostrando alguma abertura, apontam para o excesso de funcionários públicos, como o eixo do mal.

    Vamo-nos situar na questão. Há gente a mais na AP. Aliás referia isso num outro post e mantenho que a AP precisa de um emagrecimento e de uma profunda renovação, para injectar-lhe qualidade ao nível da qualificação. Mas tudo isso deve ser conduzido na base de uma uma estratégia e um projecto, orientadores de um rumo, rumo em termos da redução de despesa a que queremos chegar, rumo em termos de redireccionar despesas por exemplo para I&D, inovação, qualificação e bem estar das pessoas, rumo em termos de responsabilização das pessoas/dirigentes, contratualização de objectivos, rumo, acima de tudo, na racionalidade de circuitos de decisão, o que implica uma orgânica de governo, um governo com áreas muito entrosadas e por conseguinte menor, uma descentralização de responsabilidades maior em todos os domínios e um menor número de chefias a começar pelas chefias de topo. Devemos ser o País da UE que em termos relativos tem mais mais chefias de topo.

    E a terminar tenho notado que a discussão da AP quase se cinge à Adminstração Central, deixando de fora a Administração autárquica regional e os institutos e serviços autónomos. Salvo melhor opinião considero que nestes o panorama não é melhor e em muitos casos será bem mais grave. Em próximo post e para acabar estas notas comentarei as posições dos principais partidos face a esta matéria.

    2005-01-24

     

    Vital Moreira nas Novas Fronteiras de Sócrates

    Para alargar as suas Novas Fronteiras até à maioria absoluta, que reclama para as eleições de 20 de Fevereiro, Sócrates levou no passado Sábado à Convenção, no Centro de Congressos do Estoril, não só a artilharia pesada do PS como a fina flor dos sábios que navegam nas águas do partido ou em águas adjacentes. A todos mobilizam os desafios que Portugal enfrenta com o precipício do governo Santana-Portas, a globalização, a Europa a 25 e o mundo em mudança.
    A Conveçnão foi aberta por Joaquim Gomes Canotilho e terminou com Sócrates a apresentar o programa eleitoral, acenando a todos com o "tecnológico" CDRom.
    Das muitas intervenções de dirigentes do PS, como Vitorino Gama e Alegre ou convidados como Eduardo Lourenço, Júlio Machado Vaz ou Lídia Jorge gostaria de destacar a de Vital Moreira, entre as mais aplaudidas pela sua vibrante chamada de atenção para "a crise de confiança na política em geral e na governação em especial".
    Eis um extracto:
    "Não está em causa somente o apelo da responsabilidade cívica ao homem de esquerda que eu sou e ao antigo militante político que eu fui. Se há momentos em que todos cidadãos que se interessam pelos destinos da República – mesmo se retirados da política e sem filiação partidária –, não devem ficar indiferentes, este tempo por que passamos é seguramente um deles. Na verdade, mais grave do que a crise das finanças públicas é a crise de confiança na política em geral e na governação em especial.
    Aos dois governos da coligação PSD-CDS, especialmente ao de Santana Lopes, devemos seguramente um dos mais graves momentos de degenerescência e degradação da legitimidade da política e da credibilidade da democracia. Ninguém poderia imaginar que, 30 anos depois do 25 de Abril, um Governo e um primeiro-ministro revelassem tanta ausência de sentido de Estado e tanta falta de decência e de simples decoro político, que acaba na indigna litania da vitimização."
    Para a intervenção integral [link aqui]


     

    Eleições no Iraque: depois da tragédia, a farsa.

    "Let me tell you something important. As long as my country is under occupation, I feel that my vote means nothing.

    "WALID MUHAMMAD, the imam of a major Sunni mosque in Iraq.


    Citação do Dia (ontem)



    2005-01-23

     

    Os blogs da Campanha

    José Sócrates e Jerónimo de Sousa têm um blog de campanha. Parece que o SAPO terá oferecido um blog aos dirigentes partidários em corrida eleitoral.
    Tanto num como noutro se encontram links para as listas de candidatos a deputados e outros locais de interesse para o esclarecimento das eleitores.
    Para se lá chegar basta um clic nas imagens. O programa eleitoral do PS encontra-se [aqui] em formato PDF.
    Também o PSD disponibiliza os nomes dos candidatos a deputados no seu sítio, onde Santana Lopes, nos oferece ainda e à borla "A VERDADE on line"








     

    Antologia da Blogosfera (1)



    Uma reflexão, entre as «novas causas» e «novo estilo de militâncias» que vale a pena acompanhar. Cortesia do Abre-Latas.

    «Um estudo sério sobre a relação entre interesses corporativos e tomadas de posição reivindicativas daria seguramente resultados muito interessantes: iríamos seguramente entender por que é que no domínio da Saúde não são os doentes que reivindicam, mas sim invariavelmente os Técnicos de Saúde. E se esse estudo, além de sério, tivesse a devida textura sócio-política, iríamos entender que um dos principais entraves à melhoria da qualidade dos serviços (de Saúde, neste exemplo) é o facto de serem os Técnicos e não os utentes quem geralmente reivindica... É que os Técnicos estão organizados em Sindicatos e em Ordens e, através desses órgãos representativos, facilmente se mobilizam para acções de luta, ocupando assim a noosfera (noosfera, repito) mediática. Já os utentes do sistema de saúde não estão organizados em grupo formal, e por isso não têm uma agenda reivindicativa coerente... Em resultado, os governos são obrigados a negociar com os Técnicos, e nunca com os utentes... e a qualidade é a que bem conhecemos. E estas incongruências são reflexo de um atavismo: aquele atavismo em que o poder era do produtor, e o consumidor era, quando muito, alguém que "comia" o que lhe dessem... Mas na época em que o consumidor começa a ter direitos, os movimentos de utentes têm que começar a ser respeitados. E tudo se resume a isto: QUER UM PAÍS DECENTE?... DÊ VOZ AO UTENTE! »


     

    Os amantes sem dinheiro




    Tinham o rosto aberto a quem passava.
    Tinham lendas e mitos
    e frio no coração.
    Tinham jardins onde a lua passeava
    de mãos dadas com a água
    e um anjo de pedra por irmão.

    Tinham como toda a gente
    o milagre de cada dia
    escorrendo pelos telhados;
    e olhos de oiro
    onde ardiam
    os sonhos mais tresmalhados.

    Tinham fome e sede como os bichos,
    e silêncio
    à roda dos seus passos.
    Mas a cada gesto que faziam
    um pássaro nascia dos seus dedos
    e deslumbrado penetrava nos espaços.

    Eugénio de Andrade

    2005-01-22

     

    Tratamentos mediáticos (1)

    Fumar pode matar duas vezes?



    Após décadas de acesa controvérsia entre tabaqueiras e associações de defesa da saúde dos consumidores, deu-se por cientificamente provado, em finais do século passado, a associação entre o hábito de fumar e o cancro do pulmão (entre outras afecções malignas provocadas ou agravadas pelo uso do tabaco), de que a imposição legal do aviso de que «Fumar Mata» em local bem visível na embalagem, constitui uma das consequências mais conspícuas.


    Porém, ao noticiar que numa dada marca de tabaco foi detectada uma substância perigosa para a saúde (resíduos de um pesticida), o que estão a fazer os «mensageiros»? Estão a dizer-nos que aquilo que mata pode fazer mal à saúde? Não. Por momentos, fazem tábua rasa das características nocivas do produto, tentando concentrar-se no que é aparentemente novo (a detecção de resíduos de pesticida) desprezando o que parece óbvio e fez correr dilúvios de tinta e sound bytes: «fumar mata».


    Nos últimos dias, muitos fumadores suspiraram de alívio. Afinal, as peritagens de «laboratórios internacionais» revelam que o tal pesticida deixou de ser detectado nas marcas de cigarros anteriormente mencionadas. Bom, poderia ter sido muito pior: imaginem que a dialdrina tinha sido detectada em todas as marcas de cigarros...

    É sempre muito difícil aos media passarem por cima do que consideram a «actualidade» para contar a história... toda.

    Pode a mentira servir o mentiroso?

    Em confronto com Pedro Santana Lopes que nos chega frequentemente em duplicado (o líder em plano americano e simultaneamente videografado, agigantado na tela ao fundo do palco), falando com ajustada serenidade, irónico, insinuante, em busca de cumplicidades latentes, José Sócrates cuida menos das encenações televisivas. Adoptou um tom ríspido, voz forçada pela elevação do tom, frases declamatoriamente cadenciadas, semblante contraído, tenso, gestos bruscos, grave e rígido


    Contrastando com a grande trapalhada que o Governo e os partidos da direita protagonizaram nos últimos meses, Santana e Portas aparecem radiantemente bem dispostos diante das câmaras de televisão, dizem-se disponíveis para quaisquer debates...


    Ao manhoso e relutante pedido de desculpas que o PSD/PPD endereçou ao PS, José Sócrates respondeu, justamente indignado, que não o aceitava. O que Santana Lopes, irresponsavelmente, afirmou em Almada sobre nomeações, foi torpe. É o costume. A pública recusa de Sócrates em aceitar desculpas foi de uma inflexibilidade duvidosa, depois de ter exigido a Santana Lopes um público pedido de desculpas.


    No jogo político nem sempre ganha quem fica por cima.

    Com a publicação dos programas eleitorais, talvez seja possível passar dos incidentes e das minudências de précampanha para a discussão das medidas concretas e para os grandes projectos. Espero. Porém, mesmo que venhamos a ter essa felicidade, convém lembrar a quem se prepara para ser poder que o tom conta e que a crispação serve mal uma estratégia de mobilização e de expansão.


    2005-01-21

     

    Portugal em mudança?....Administração Pública (8)

    Uma gestão da Administração Pública (AP) é eficaz e eficiente se forem montadas as condições que lhe permitem, em tempo e qualidade, dar respostas adequadas às solicitações que lhe são dirigidas pelos cidadãos e pelas empresas.

    A realidade é que a criação destas condições não surge de geração espontânea, não vai acontecer sem uma ruptura de cultura/mentalidade. É preciso romper com a administração procedimental actual (em que tudo emana do Ministério das Finanças (MF), em que tudo é legislado ao mais ínfimo pormenor em termos de gestão orçamental) e instituir uma gestão por objectivos, assente em missões e metas e na contratualização dessas metas com as chefias de topo e ainda num orçamento plurianual gerido em termos profissionais.

    A concretização desta abordagem enfrentará muitos entraves, desde logo porque exige maior responsabilidade de todos mas em primeiro lugar das chefias que começa com a negociação da missão e das metas e se estende à gestão dos projectos e da funcionalidade dos serviços segundo esta nova postura e, por outro, a reacção do MF a uma aparente perda de poder. Em minha opinião, não se trata aqui de perda de poder mas de redireccionamento de funções. O que pode estar em causa são outras qualificações. Mas infelizmente este mal afecta todos os ministérios. E por parte dos funcionários, a situação também encontrará dificuldades, designadamente porque têm de estar na mesa outras formas de avaliação do desempenho que aponte para o real valor das pessoas. Tudo isto também requer das chefias novos padrões de abordagem dos problemas e uma transparência de métodos.

    As experiências de reforma na gestão da AP em muitos países, nomeadamente nos do Norte da Europa, têm por base esta filosofia de mudança.

    Diferente desta questão surge a questão fracturante do papel do Estado e das suas fronteiras com a sociedade civil. Trata-se de uma questão estruturante sobretudo em termos de modelo societário. É uma questão de outro alcance e situa-se ao nível do modelo político da sociedade.

    Já não se situando ao nível do modelo político vem a orgânica do governo que, no meu entender, deveria caminhar para uma certa estabilidade como já referi em post anterior e para além deste aspecto importante Portugal não precisa em termos de uma boa governação de um governo tão alargado. Não há justificação para esta dimensão, apenas razões de má política estão na origem. A orgãnica do governo deveris reflectir uma dinâmica de futuro.

    e assim, concluimos e bem que há gente a mais nos governos e se aos membros do governo ainda se juntarem os assessores, muitos deles sabedores do nada, só atropelando o normal funcionamento dos serviços.... Eis o panorama.

    2005-01-20

     

    Posição dos partidos relativamente ao software livre

    Colaboração de Lester Burnham:

    A Ansol (Associação Nacional de Software Livre) criou no
    seu wiki um documento acerca da posição dos diferentes partidos
    relativamente ao software livre (ver aqui).

    Alguém sabe algo mais acerca da posição dos partidos ?

    Lester Burnham

     

    Administração pública

    Os interessantes posts do João Abel de Freitas têm muita matéria para reflectir. A minha experiência de funcionário público em França (e de bolseiro em Portugal) mostra-me que a génese de grande parte dos problemas da AP está em dois factores:


    Muitas economias poderão certamente ser feitas através da modernização dos processos e da informatização, mas estas vão inevitávelmente esbarrar com os obstáculos acima descritos.
     

    "Uma campanha alegre"

    Coisas de fingir para a campanha eleitoral
    Ele há coisas! Vejam só. Durante vários meses Santana e o seu Governo... nada que se visse. Só trapalhadas. E agora, demitido, completamente demitido, não é que "faz" e "inaugura" o TGV, de Lisboa ao Porto e duas pontes sobre o Tejo, em Lisboa! É obra!!
    Eu adiava as eleições um mês. Nesse meio tempo ele ainda inaugurava o aeroporto da Ota, o TGV até Madrid... eu sei lá, talvez os Jogos Olímpicos de Lisboa.

    Populismo.
    Afinal não foi só má vontade do Presidente da República que levou o Governo à demissão. Santana explicou que para defender os interesses do povo ameaçou os interesses dos poderosos!
    Eis a transcrição de partes do seu discurso no comício de ontem em Almada:
    "... A razão de fundo, a razão de fundo... vêm uns grandes banqueiros, uns grandes empresários, insatisfeitos e precisam mudar isso tudo... Porque será? porque nós avisámos, dissemos e fizemos, a banca vai pagar impostos, nós vamos fazer as brigadas, mesmo à séria, grupos de elite contra a evasão fiscal." ... " Estamos contra a evasão fiscal e já tivemos os primeiros resultados... O ministro das Finanças do meu Governo avisou. Se for preciso vamos às contas daqueles que são conhecidos como possíveis relapsos fiscais, sem avisar, para sabermos o que se passa e pormos ordem naquilo que tem de ter ordem.
    "...Houve quem tremesse. ...São razões de poder! Mas - e aqui Santana indignou-se, emocionou-se e empolgado proclamou - Mas num regime democrático quem manda é o povo!!"

    Quadratura do Círculo
    A certa altura e sem relação com o comício de Almada, Pacheco Pereira dizia o óbvio "mas toda a gente sabe que ele foi demitido por incompetência".

    2005-01-19

     

    Portugal em mudança?....Administração Pública (7)

    Então como fazer a reforma da Administração Pública (AP)?

    Pondo o enfoque na problemática das pessoas a mais na AP e, neste post, vamo-nos deter neste tema (embora defenda a tese de que o pessoal a mais não é a única questão nem a mais determinante, numa óptica de competitividade da economia e de saneamento das Finanças Públicas), dois problemas merecem ser bem pensados: o do emagrecimento e o da renovação da AP.

    Começa a ser consensual que a AP precisa de ser emagrecida. Mas isso não significa, pensar em abstracto numa percentagem e aplicar de forma cega essa redução.

    Uma reforma não se faz por decreto, embora sejam precisos alguns decretos. Uma reforma deve fazer-se por um processo selectivo e de forma incremental.

    O que quero dizer? Apenas isto. "Agarrar" em áreas importantes da AP numa óptica de futuro e dotá-las de um projecto com objectivos, princípios, regras, qualificações, introdução de novas formas de gestão, de responsabilização, de elementos de mercado e de racionalidade económica e definir instrumentos de acompanhamento de avaliação dos efeitos da reforma e dos problemas defrontados com vista a corrigir o perdurso da reforma quando necessário.

    Conjugando este processo de redução com a reforma de funcionários que vão preenchendo as condições de saída, aproximamo-nos do emagrecimento desejado.
    Ora não é isso que tem vindo a ser pensado, quer em termos de processo quer de operacionalidade.

    Como renovar a AP?

    Dois grandes erros cometidos pelos últimos governos. o congelamento das admissões na AP, pelo que a idade média é, hoje, muito elevada e foi-se perdendo Know-how por falta de condições de transmissão e a forma arbitrária como foram resolvidos os trabalhadores de recibos verdes, herdados dos governos de Cavaco. E digo arbitrária porque não houve um levantamento das necessidades e não se teve em conta as habilitações.
    Daí que esta situação de congelamento deva acabar pois a AP está em estado de degradação.

    Mas deve acabar-se, instituindo regras. E uma delas poderia/deveria ser um concurso anual de técnicos - criar uma bolsa de técnicos superiores - onde os serviços renovados iriam recrutar. Tratar-se-ia de um acesso transparente e democrático. Este concurso deveria cumprir uma outra regra - não poder exceder uma percentagem relativamente reduzida do número de reformados anualmente.



     

    A igreja de Espanha. Que passo?!!

    A igreja de Espanha, um tanto de forma surpreendente, veio ontem defender o uso do preservativo para travar a sida.
    Segundo Juan António Martinez Camino, porta voz e secretário geral da conferência episcopal, as posições da igreja espanhola estão sustentadas em propostas da prestigiada revista The lancet, publicadas em Novembro último.
    Esta posição da igreja espanhola foi anunciada, ontem, no final de uma reunião com a Ministra da Saúde de Zapatero, onde profere importantes declarações como o importante é agora "colaborar para tratar de solucionar um problema tão grave como este em Espanha e em todo o mundo".
    Olhando a igreja portuguesa, a realidade é a de que está muito longe de estar preparada, como instituição, para a tomada de posições ajustadas aos verdadeiros problemas do país.
    Ainda não há muitos dias, face à hipótese de referendo sobre o aborto, que é como se sabe um grande problema nacional, pela quantidade de abortos clandestinos praticados em situações de elevado risco, alguns bispos vieram logo intrometer-se no assunto numa "posição pouco democrática" de crítica subreptícia e velada aos promotores da consulta ao povo.
    Que a igreja tenha a sua posição, tudo bem. Agora de "forma sábia" convinha não baralhar os dados.

    2005-01-18

     

    Países de 1ª e países de 2ª

    A reunião de Ministros da Economia e Finanças (Ecofin) perdoou à Alemanha e França o não cumprimento do défice orçamental, mas não perdoou à Grécia. E tudo isto por unanimidade.
    Sem comentários


     

    O "Novo" PSD

    Uma das ideias fortes contida na apresentação das linhas estruturantes do programa eleitoral por Santana Lopes ontem aos membros do Conselho Nacional prende-se com o novo posicionamento ideológico do PSD.

    Santana lopes definiu o PSD como um partido "humanista, personalista e pró-vida". Ora isto choca claramente com várias sensibilidades no interior doPSD.

    Será maldade da minha parte perguntar se se detecta, a olho nú nesta definição, alguma diferença do PP de Paulo Portas?
    Estará na forja, porventura, se todo este processo correr mesmo mal, o aqui há anos falado PDL de Santana?

     

    Santana Lopes não apoia Frasquilho

    Ontem ficou a saber-se por Santana Lopes que o programa eleitoral do PSD não vai defender a baixa de IRC. Santana considera não haver condições para o"choque fiscal", que tanto carinho merece de Miguel Frasquilho.

    Para Santana Lopes só faria sentido baixar-se o IRC, se se tratasse de uma redução significativa, pois só assim havia impacto na economia. Mas uma redução dessas não tem cabimento na situação actual das Finanças Públicas.

    Este é o pensamento actual do Primeiro Ministro. Não há, porém, a certeza de amanhã ainda o ser.

     

    Sinais de Ingovernabilidade

    .........é o que o documento de reflexão da SEDES, hoje divulgado, considera existir em Portugal.

    No documento "Portugal: afrontar os desafios, assegurar o futuro", a SEDES apresenta um quadro bastante negro, afirmando mesmo que "Portugal defronta a crise mais difícil de ultrapassar dos últimos trinta anos".

    O documento, estruturado segundo três áreas: finanças públicas, competitividade e crescimento e sistema político, que a SEDES entende fundamentais, serve para fazer sentir aos partidos políticos que uma campanha eleitoral séria exige compromissos exactamente sobre estes domínios.

     

    OS QUATRO SENADORES

    Mário Soares, Freitas do Amaral, Pinto Balsemão e Adriano Moreira, os quatro "Senadores", armados com o seu alto saber de experiência feito e bisturi em punho dissecaram o estado cadaveroso a que o país chegou. E, com a ajuda do presidente da API, Miguel Cadilhe, de Pedro Magalhães, "politólogo", especialista em sondagens ( nosso ilustre colega da blogosfera com o seu blog Margens de Erro cuja visita vivamente recomendo) e José Manuel Fernandes, director do Público, revolveram as vísceras, examinaram os fluxos e testaram os humores do cambaleante país que somos.
    Fátima Campos Ferreira queria saber o estado do atordoado Zé Povinho, que mezinhas os Doutores receitavam e, se possível, que devia fazer, em 20 de Fevereiro próximo, esta mistura cristã-judaico-sarracena.
    Faltou ali, notoriamente alguém, da ponta da asa esquerda. Como se tratava de Senadores, que exige idade, eu teria sugerido, Carlos Brito porque Cunhal, infelizmente, já não tem saúde para tais provas.
    Cada um deu a sua achega para o diagnóstico. Sublinharam:
    - Cadilhe a reforma da Administração Pública,
    - Pedro Magalhães a tendência ainda que ténue, do eleitorado para responsabilizar os dois maiores partidos e contrariar a bipolarização. (Um aparte, aqui só para a casa: está de parabéns o Manuel Correia!)
    - Mário Soares a coesão e justiça social como condição para se conseguir sustentadamente vencer a crise económica.
    - Balsemão a reforma da Justiça.
    - Freitas do Amaral combate ao fosso crescente entre ricos e pobres e ministros a comunicar ao país o que têm a dizer às 3 da tarde, em vez de fazerem política para a televisão e correrias para os telejornais ou a falarem à toa, no meio da rua, a andar e a virar a cara para trás para uma chusma de microfones "paparazzis" (levou palmas).
    - Adriano Moreira mudança de paradigma: pensar Portugal não com as velhas fronteiras do Caia ou Vilar Formoso, mas com as "novas fronteiras" (as do Sócrates?) lá para os fundos da Europa e por essa globalização além.
    Quanto ao que fazer junto à mesa de voto, a 20 de Fevereiro, falaram assim:
    - Mário Soares chamou os bois pelos nomes e disse, por outras e senatoriais palavras, que tendo esta cambada levado o país aonde o levou não basta receitar xarope para uma doença vaga e indeterminada, mas correr com eles em 20 de Fevereiro.
    - Freitas do Amaral disse com voz grossa que a 20 de Fevereiro os PSD's precisam de saber se quer voltar a ter dirigentes sérios e capazes ou se querem continuar com o que aí têm.
    - Balsemão que afirmou ter aumentado os lucros em 2004, calou o Senador e pôs o empresário a falar: que ia votar PSD. Mesmo assim!
    - Adriano Moreira referiu a falta de confiança no Estado por parte da sociedade civil mas quanto ao voto... fez orelhas moucas.

    2005-01-17

     

    Uma nova confiança no futuro


    «Cabe, por isso, ao Partido Socialista a enorme responsabilidade de apresentar um programa eleitoral assente num projecto político claro, exigente e rigoroso, que fale verdade aos portugueses, que aponte um rumo credível para a saída da crise, que seja protagonizado por uma equipa séria, competente e devotada à causa pública, e que, assim, transmita ao eleitorado uma nova esperança e uma nova confiança no futuro.

    Só desta forma José Sócrates e o Partido Socialista poderão contribuir, decisivamente, para que o eleitorado lhes confira o mandato por maioria absoluta que o País precisa».

    Esta é a conclusão do meu artigo publicado na 5ª feira passada no Diário Económico e que pode ser visto na sua totalidade aqui ou no ALFORGE



     

    Sampaio na China e a deslocalização dos têxteis

    "Agora dou a palavra ao ouvinte XPTO" dizia numa voz mobilizadora da TSF num dos seus fora matinais. O ouvinte era um dirigente sindical dos Têxteis e reprovava o Presidente Sampaio. "Afinal o que ele foi fazer à China - dizia indignado - foi dar boleia aos patrões (referiu a Riopele e uma outra empresa têxtil) para se deslocalizarem para lá e aumentar aqui o desemprego!"
    O Riopele ou o outro, interrogado nas terras do Império do Meio, pela nossa mesma popular estação de rádio, tinha guardado as palavras em parte confirmativas. "Pois. Estamos a ver se podemos deslocalizar (Compreendo que é o Economês corrente mas não seria melhor Português dizer deslocar?) para aproveitar a mão de obra muito mais barata mas queremos manter o design e o marketing lá em Portugal".
    Boa parte da classe empresarial portuga o que quer é mão de obra chinesa e do resto, formação profissional, investigação, inovação, risco, foge como o diabo da cruz. Que trate o Estado... Por outro lado, grande parte da classe sindical autóctone quer, e justamente, a defesa dos postos de trabalho mas sem querer saber da Economia que os possa garantir. Assim não vamos lá - como dizia o outro.

     

    Carvalho da Silva e a Administração Pública

    O Secretário Geral da CGTP - Carvalho da Silva - admitiu "que possa haver redução de pessoal" na Administração Pessoal em entrevista hoje saída no Público Economia, condenando contudo "uma redução cega".

    E manda o recado "todos os governantes que vêm a público dizer que é preciso fazer cortes....quando chegam ao poder são os primeiros a aumentar a estrutura. É ver quantos milhares de indivíduos o último governo levou.."

    Carvalho da Silva alerta para os graves problemas do sector ao afirmar: "a situação real da AP é mais grave do que parece, as coisas andaram para trás, há serviços bloqueados e a burocracia, em serviços-chave, em vez de diminuir, aumentou. Foram-se acumulando situações de compadrio, criaram-se estruturas paralelas sobre estruturas paralelas e hoje há serviços paralizados...".

    Trata-se de uma análise realista que aponta problemas estruturais importantes da AP que ao longo dos anos não têm tido estratégias de mudança e de adaptação aos novos contextos de competitividade e como o próprio Carvalho da Silva o admite, não há soluções sem rupturas.

     

    Sócrates em 2002 marcou a diferença

    "Uma dúzia de empresas do grupo Águas de Portugal... preparam-se para aprovar os relatórios e contas e eleger os novos corpos sociais...antes da posse do próximo Governo" começa assim o artigo do último Expresso com o título Águas precipitadas (pág 20 sem link) e no qual estas empresas sob tutela do Governo (M.Ambiente) procuram à pressa garantir os lugares dos respectivos concelhos de administração por mais três anos cuja nomeação deveria caber ao novo Governo.

    Se o próximo Governo não confiar nos administradores de Santana e Nobre Guedes e os quiser substituir pois terá de pagar a indemnizaçãozita que pode chegar, por cabeça, aos 250 mil euros. E o número de administradores monta a várias dezenas.

    É claro que em questões de jobs for de boys não há muita diferença deste para aquele partido e as escandaleiras tem atingido vergonhosamente todos os partidos no poder. No entanto, é justo registar a diferença de comportamento relativamente a Sócrates. Como Ministro do Ambiente do Governo de Guterres, face à marcação de eleições para 14 de Março de 2002 deu então ordens para que a indicação de gestores para tais cargos fosse deixada, como devia ser, ao Governo a eleger.

     

    Um exemplo de coragem


    Simone Veil

    Duas datas importantes comemoram-se este ano: os 60 anos da libertação de Auchwitz e os 30 anos da legalização do aborto em França. A ex-ministra e ex-presidente do parlamento europeu Simone Veil está ligada aos dois acontecimentos: aos 16 anos foi deportada para Auchwitz de onde saiu com a libertação do campo e em 1975, ministra de um governo de direita, contra a opinião dos seus amigos políticos, fez aprovar a lei de liberalização do aborto pelo parlamento francês.
    Numa entrevista de domingo 16 de Janeiro Simone Veil lembra-nos algumas evidências que andam algo esquecidas:
    «À tentativa de responsabilizar todos sem distinção dizendo: vocês que nada fizeram, que não arriscaram, são também culpados; respondo que não. Churchill e Roosevelt não são Hitler, eles não cometeram o mal absoluto»
    A propósito da situação actual e do debate sobre o anti-semitismo em França, Simone Veil tem a coragem de lembrar a violência do racismo contra os africanos e os magrebinos em França, o carácter inadmissível das discriminações de que as pessoas dessas origens são alvo, e a total impunidade desses actos. Para mais detalhes ver aqui.

    Uma pequena nota pessoal: desde 2000 assiste-se em França a um aumento importante dos actos anti-semitas, Edgar Morin prefere chamar-lhe anti-judaicos pois os árabes fazem também parte dos semitas. Estes actos têm duas origens distintas: grupos neo-Nazis e jovens de origem árabe. O racismo ordinário é uma constante da sociedade francesa, exemplos disso são os controlos de polícia onde por acaso só se pedem os documentos a quem tenha a pele mais escura ou as recusas de alugar apartamentos a quem tenha um apelido estrangeiro. Só muito excepcionalmente o racismo ordinário é punido.


    2005-01-16

     

    Aqui em TITÃ o amarelo cor local

    "These are some of the first pictures returned by the European Space Agency's Huygens probe during its successful descent and landing on Saturn's moon Titan.

    At top left, a colored view of the moon's surface shows pebble-sized objects originally thought to be rocks or ice blocks. The two objects just below the middle of the image are about 6 inches and 1.5 inches across, respectively, and are about 33 inches from Huygens. The surface is darker than originally expected, made up of a mixture of water and hydrocarbon ice. There is also evidence of erosion at the base of the objects.

    At top right, a composite image from about 5 miles up shows the boundary between lighter-colored uplifted terrain, marked with what appear to be drainage channels, and darker lower areas.

    At bottom, a composite from about 5 miles up shows a full 360-degree view around Huygens. The left-hand side shows a boundary between light and dark areas. The white streaks seen near this boundary could be ground "fog."

    All of these images were taken with the Descent Imager/Spectral Radiometer, one of two NASA instruments on the probe.

     

    As primeiras fotografias já em Titã

    ESA 14 Janeiro 2005

    "Hoje, após a sua viagem de sete anos através do Sistema Solar a bordo da nave espacial Cassini, a sonda Huygens da ESA efectuou, com êxito, a descida através da atmosfera de Titã, a maior lua de Saturno e pousou com segurança na sua superfície.

    Os primeiros dados científicos chegaram ao Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) em Darmstadt, Alemanha, esta tarde às 17:19 CET (Hora Central Europeia). A Huygens é a primeira tentativa bem-sucedida da Humanidade de enviar uma sonda a um mundo do Sistema Solar exterior. « Este é um grande feito para a Europa e para os seus parceiros americanos, no âmbito deste ambicioso esforço internacional para explorar o sistema de Saturno, » disse Jean-Jacques Dordain, o Director Geral da ESA.
    O texto e as imagens são do sítio da AEE (ESA em Inglês), em Damstadt, Alemanha

     

    Cassini-Huygens 7 anos ou 3,5 mil milhões de KM depois

    "Após a separação da nave-mãe Cassini a 25 de Dezembro, a Huygens atingiu a atmosfera exterior de Titã ao fim de uma viagem de 20 dias e de 4 milhões de km. A sonda iniciou a sua descida através das camadas de nuvens de Titã, a partir de uma altitude de cerca de 1270 quilómetros, às 11:13 CET. Durante os três minutos seguintes, a Huygens teve de abrandar dos 18 000 para os 1400 km por hora.
    "Uma sequência de pára-quedas reduziu, então, a sua velocidade para menos de 300 km por hora. A uma altura de cerca de 160 km os instrumentos científicos da sonda foram expostos à atmosfera de Titã. A cerca de 120 km, o pára-quedas principal foi substituído por um pára-quedas mais pequeno para completar a descida, com uma aterragem prevista para as 13:34 CET. Dados preliminares indicam que a sonda pousou com segurança, provavelmente numa superfície sólida."
    O texto e as imagens são do sítio da AEE (ESA no Inglês), em Damstadt, Alemanha.

     

    Exemplo da boa cooperação EUA-UE

    "A sonda começou a transmitir dados para a Cassini quatro minutos após o início da sua descida e continuou a enviá-lospelo menos enquanto Cassini estava acima do horizonte de Titã. A confirmação de que Huygens estava viva foi obtida às 11:25 CET de hoje, quando o rádio telescópio Green Bank, em West Virginia, EUA, detectou um fraco, mas inconfundível sinal de rádio da sonda. Outros rádio telescópios na Terra continuaram a receber o sinal muito para além do tempo de vida esperado para a Huygens.
    "Os dados da Huygens, retransmitidos pela Cassini, foram captados pela Deep Space Network (Rede do Espaço Profundo) da NASA e enviados imediatamente para o Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) em Darmstadt, na Alemanha, onde se processa a análise científica"
    O texto é do sítio da AEE, em Damstadt, Alemanha e as imagens são do sítio da AEE e da NASA

     

    Como será daqui a apenas 50 anos?

    “Titã foi sempre o alvo no sistema de Saturno onde a necessidade de dados « in loco », fornecidos por uma sonda, é fundamental. É um mundo fascinante; aguardamos ansiosamente os resultados científicos,” afirma o Professor David Southwood, Director do Programa Científico da ESA.
    “Os cientistas da Huygens estão encantados. Valeu bem a pena a longa espera,” afirma o Doutor Jean-Pierre Lebreton, Director da Missão Huygens da ESA. Espera-se que a Huygens forneça a primeira amostragem directa e detalhada da química atmosférica de Titã e as primeiras fotografias da sua superfície oculta; ela facultará ainda um ‘boletim meteorológico’ pormenorizado.
    O texto e a imagem é do sítio da AEE, em Damstadt, Alemanha

     

    Os novos Caminhos para a Índia

    Uma das principais razões para o envio da Huygens a Titã prende-se com o facto de, quer a sua atmosfera de azoto, rica em metano, quer a sua superfície, poderem conter muitas substâncias químicas do mesmo género dos que teriam existido na jovem Terra. Juntamente com as observações da Cassini, a Huygens permitirá obter uma visão sem precedentes da misteriosa lua de Saturno.
    “Descer através de Titã era uma oportunidade única e o feito de hoje prova que confiar esta missão aos nossos parceiros europeus foi a melhor opção,” afirma Alphonse Diaz, Administrador Adjunto de Ciência Espacial da NASA.
    O texto é do sítio da AEE, em Damstadt, Alemanha, e as imagens são do sítio da NASA.

     

    A grande Odisseia do Homem no sec.XXI

    "A missão Cassini-Huygens resulta de uma cooperação entre a NASA, a Agência Espacial Europeia e a ASI, a Agência Espacial Italiana. O Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, está a gerir a missão para o Departamento de Ciência Espacial da NASA, em Washington. O JPL concebeu, desenvolveu e montou o veículo orbital Cassini."
    “O trabalho em equipa na Europa e nos EUA, entre os cientistas, a indústria e as agências tem sido extraordinário e constituiu a base para o enorme sucesso de hoje,” conclui Jean-Jacques Dordain, o Director Geral da Agência Espacial Europeia."
    O texto é do sítio da AEE (ESA, a sigla mais habitual, em inglês) em Damstadt, Alemanha, com tradução no site, disponível em 15 línguas) E as imagens são do sítio da NASA.

     

    A Privatização das OGMA

    Algumas peripécias que rodearam a privatização das OGMA.

    Sabia que Paulo Portas obteve de Manuela Ferreira Leite 150 milhões de € para anular o passivo das OGMA?

    Sabia que numa fase seguinte 60% do capital das OGMA foi cedido por Portas à empresa brasileira Embraer pelo montante de 11 milhões de €?

    Sabia que a empresa portuguesa TAP avaliara os 60% a alienar em pelo menos 3 vezes mais ?

    Que estratégia esteve subjacente para que as OGMA não entrassem para a TAP e só então se equacionasse uma proposta de parceria estruturante para este domínio de actividade?

    Hoje que tanto se fala em clusters, como se pode destruir uma hipótese destas?

    Para um maior desenvolvimento deste tema (ler artigo de J. A. Sousa Monteiro no Público de hoje).

     

    Portugal em mudança?...Administração Pública (6)

    Quantos são os funcionários públicos Hoje?

    Em Dezembro de 1999, eram 716 418. Hoje a resposta é: ninguém sabe, porque não tem havido actualização pelos departamentos competentes da Administração Pública (AP).

    Aqueles 716 418 estavam então assim distribuídos:


    Distribuição e Estrutura
    Emprego Público(n.º)Estrutura (%)
    Apoio a Órgãos de Soberania5 7250,8
    Administração Central560 82378,3

    Administração Regional (Açores e Madeira)

    33 8044,7
    Administração Autárquica 116 06616,2
    Total dos Funcionários716 418100,0
    Fonte: 2º Recenseamento da AP/ Dezembro de 1999

    É pena não se conhecer a percentagem de funcionários públicos concentrada em Lisboa, porque é um indicador interessante.

    Outro domínio importante na caracterização do emprego público é o das suas habilitações. E o panorama é o seguinte:

    Habilitações
    4ºano de escolaridade12º ano de escolaridade ou menosGrau Universitário
    Administração Central13%56%30,0%

    Administração Regional (Açores e Madeira)

    25%61%21,0%
    Administração Autárquica 39%91%6,0%
    Fonte: 2º Recenseamento da AP/ Dezembro de 1999


    Algumas notas sobre o panorama das habilitações.

    Primeira, não estão aqui referidos todos os escalões. Mas pensamos que esse facto em nada distorce a análise que se possa fazer da realidade que é muito negra no contexto europeu.

    Segunda nota, o número de funcionários, sobretudo ao nível autárquico, que nem o 4ºano de escolaridade possui, era ainda significativo (5%).

    Última nota, as habilitações mais elevadas estão concentradas em dois ministérios (educação e saúde). Em números concretos, das 241 415 pessoas recenseadas na AP com habilitação curso superior/bacharelado 202 243 (84%) estão afectas àqueles dois ministérios.

    Esta informação, com ligeiras correcções (esperemos que para melhor) decorrentes do fluxo de reformas e do de entradas desde o ano de 2000, dá a imagem da AP em termos de habilitações e alerta para as dificuldades que uma situação destas proporciona numa gestão por objectivos, quando se a quizer adoptar.

    Com esta composição, já não nos espanta que, face à ausência de critérios de admissão nas últimas décadas, em departamentos, cujo trabalho é, por exemplo, a análise ou a elaboração de projectos de engenharia, de economia, de elaboração de políticas, etc., a relação emprego directo/ emprego indirecto seja de 1:1,5 ou de 1: 2, ou até pior, etc.

    Ora, tudo isto ajuda ou tudo isto explica como há pessoas sem funções atribuídas, ou deslocadas de funções ou a justificar funções.

    Neste contexto pergunta-se: Há pessoas a mais na Administração?

    Sem dúvida. Quantas? Esta é uma questão de difícil quantificação em abstracto.

    Então como fazer a Reforma? Voltaremos a esta questão.

    2005-01-14

     

    ALGUMA CORAGEM

    É de registar a coragem e a determinação de certas afirmações de José Sócrates, tanto mais que estamos em pré campanha eleitoral.

    Foi o referendo sobre o aborto, que pôs a igreja de sobreaviso contra ele, foi a afirmação de que não vai baixar o IRC numa reunião com empresários, foi ontem a afirmação, ao contrário do que há três meses dizia na discussão do orçamento, de que não vai mexer nos PPR's.

    Independentemente de algumas dúvidas que se possa ter sobre as razões e a justeza da não mexida nos benefícios fiscais, recentemente alterados pelo governo de PSL, não posso entender isto senão como um sinal de honestidade pois estamos no período de todas as promessas. E estas são contra promessas que não rendem votos, antes desagradam a alguns segmentos de potenciais votantes.

    Mas a economia encontra-se numa situação difícil, sem lugar para promessas de curto prazo. Aguarde-se então pelo promessa de fundo: a estratégia de crescimento da economia.


     

    Capitalismo Chinês ao assalto da Europa

    O Le Monde de hoje, sob o título "capitalismo chinês ao assalto da Europa", informa que a primeira cadeia de perfurmaria de França e segunda na Europa foi adquirida ppor um multimilionario de Hong Kong.

    Aliás, acontecimentos destes são cada vez mais vulgares quer na Europa quer nos EUA. Há umas décadas eram os japoneses.

    2005-01-13

     

    Portugal em mudança?...Administração Pública (5)

    Voltando ainda à questão polémica de gente a mais na Administração Pública, convém balizar esta questão no contexto da Zona Euro, através de alguns indicadores que, no entanto, precisam de ser relativizados por razões várias.

    Em Portugal existem algumas categorias de funcionários que, em outros países, não têm essa designação. Por outro lado, o nosso posicionamento diferencia-se consoante os critérios. Vejamos alguns desses indicadores.

    Massa salarial (% PIB) da Administração Pública (2003). Dinamarca é primeiro com 17,8%, Portugal é 2º com 15%. No outro extremo, vêm Espanha e Holanda com 10,3%, Irlanda 8,7%, Luxemburgo 8,4%, Alemanha 7,4%. A massa salarial destes três países sita-se em cerca de metade dos dois primeiros.

    Despesas Globais (% PIB) da AP (2003), Dinamarca ocupa de novo o topo 55,3%, França 54,5%, Bélgica 50,9%, Finlândia 51%....Portugal ocupa o 10º lugar com 47,7% do PIB. Abaixo Espanha (40,2%) e Irlanda (33,6%). Aqui só a Irlanda apresenta uma distância muito significativa. Trata-se de um indicador muito global que encobre, por exemplo, a qualidade e a velocidade na prestação de serviços.

    Efectivos da AP (emprego público/emprego total-1999). Itália e Portugal ocupam o topo 15,2%. Aqui a informação é menos fiável.

    Ora esta informação, assim, tão global encobre realidades muito diversas entre os países, algumas dificuldades e por vezes contradições de leitura.

    Uma comparação a um nível mais fino por qualificação dos funcionários, pela distribuição das despesas por actividade (saúde, educação, I&D, Inovação etc), bem como a análise de outros indicadores qualitativos (minimamente quantificáveis) permitiria uma visão mais real desta questão. Aliás, estes indicadores qualitativos são cada vez mais usados para determinar a posição competitiva dos países.

    Em próximo post falaremos da qualificação na AP em Portugal.


     

    Mais uma provocação de le Pen



    A notícia do dia em França é mais uma provocação de Jean-Marie le Pen. Numa entrevista a uma revista o euro-deputado afirma que a ocupação alemã em França foi «menos dolorosa» que noutros países, e ainda «há muito a dizer sobre Oradour-sur-Glane»(*).
    Periodicamente a extrema-direita defende as teorias negacionistas sobre a shoa, sobre o nazismo ou sobre o regime de Vichy. Desta vez grande parte dos comentadores pensam que se trata de uma estratégia bem pensada de le Pen para aparecer nos jornais de onde tem andado arredado nos últimos tempos.
    Duas referências Le Monde e Reuters (yahoo).

    (*) Oradour-sur-Glane é o nome de uma vila perto de Limoges na qual toda a população foi massacrada (642 mortos, 5 sobreviventes) em 10 de Junho de 1944 pela divisão SS "Das Reich" da qual faziam parte vários militares franceses.


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