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2005-02-28

 

Epílogo de um ministro


da janela (foto de Alexandra Menezes)

Esta noite o recorde de frio vai ser batido em Paris, -7 previstos, deixo-vos a paisagem que se avistava da minha janela há alguns dias.

O folhetim do ministro das finanças que vos contei há alguns dias acabou hoje com a posse de um novo ministro, Hérve Gaymard acabou por se demitir após novas revelações, afinal o ministro nem sequer tinha direito a um apartamento pois é proprietário de 3 residências.

Uma sondagem publicada hoje mostra que este episódio criou uma distancia ainda maior entre os políticos e a população.
 

O Público ECONOMIA de hoje errou

Acho que muitas vezes a informação produzida, sobretudo a de cariz económica, se faz com alguma desatenção.
É pelo menos a leitura que faço do erros como o de hoje do Público sobre o gráfico dos salários líquidos na Europa da 1ª página da Economia. Com o mínimo de atenção via-se que aqueles valores nunca poderiam ser mensais, pois um salário médio mensal superior a 2000 contos era obra. Aliás, estes mesmos valores já tinham sido divulgados no Expresso no sábado e tudo bem a sua referência era a correcta, o ano.

Média anual em milhares de € (valores Expresso)


 

D. Quixote pelo Teatro Infantil de Lisboa

O meu filho, com 8 anos, foi há duas semanas com a escola ao Teatro.
Quando chegou a casa não parou de me falar na peça. Fez-me perguntas, emitiu a sua opinião. Leu o folheto várias vezes. Finalmente ao fim de uns dias disse que gostaria de ver a peça novamente, comigo, com a Mãe e com a Irmã.
Ontem, finalmente, lá fomos ver a peça : D. Quixote, baseada na obra com o mesmo nome de Miguel de Cervantes, é levada a palco pelo Teatro Infantil de Lisboa no auditório da casa do artista.
Nunca li a obra original. Tenho conhecimento dela através da informação que fui recebendo ao longo da vida.
Gostei muito da peça: A representação, o cenário, as músicas, a mensagem.
Não percebo muito de teatro. Quero com isto dizer que pelo facto de o meu conhecimento das técnicas de teatro ser claramente diminuto, posso não conseguir avaliar até que ponto tem ou não qualidade. Então tentei ter a postura que o mestre António Cândido (medalhista e escultor) há uns anos - relativamente à minha dificuldade de avaliar esculturas - me propôs: "Se te encanta é de qualidade. Pelo menos para ti."
A mim encantou-me. Aos meus filhos também. Vê-los a falar da amizade e da importância de acreditar mesmo quando as coisas parecem "pouco reais" fez-me ficar mais optimista.
 

Saldanha Sanches em entrevista ao DNegócios

Uma entrevista ousada, denunciadora de situações "lobistas", uma entrevista que "agarra" questões relativas ao País com relevo para a fiscalidade, fuga ao fisco, corrupção, mas também saúde, educação e até a Zona Franca da Madeira, apontando sugestões para as resolver. Uma entrevista polémica, e ainda bem que o é, e um excelente quadro de reflexão sobre alguns problemas cruciais para o País.

Saldanha Sanches levanta um problema pouco abordado, o da defesa das câmaras cobrarem impostos aos seus munícipes pois defende que as "autarquias devem ser obrigadas a assumir o odioso dos impostos". Aliás esta ideia, ventilada também por Silva Lopes e por Miguel Beleza, parece não ter muitos seguidores políticos pela sua impopularidade. Mas não deixariade ser positiva concentraria mais a atenção dos munícipes sobre o desempenho e aplicação dos verbas pelos autarquias.


2005-02-27

 

Sociedade do Conhecimento

Manuel Correia, (na fotografia - na Serra de Montejunto - aquele Sr. de óculos escuros, a explicar à Joana Ribeiro e ao sujeito da esquerda, como deve ser o Puxa Palavra) um dos principais animadores do nosso blog, não se fica pelas palavras e passou aos actos. Antecipando as promessas (ou objectivos?) de reformas de Sócrates onde cintila o impulso na Ciência, na Investigação, no Conhecimento, Manuel Correia abriu um laboratório de investigação.
Só não o visitará quem não for suficientemente avisado e quiser desperdiçar uma oportunidade de saber tudo sobre... Não, não vou dizer nada. Quem estiver curioso que vá lá. Aqui

 

Vítor Wengorovius Faleceu

Vítor Wengorovius, um prestigiado dirigente associativo dos anos 60, activista da luta contra a ditadura e dirigente da Juventude Universitária Católica, faleceu hoje. Não pertencia ao grupo dos seus amigos mas participámos em muitas lutas comuns contra a ditadura e recordo a sua figura carismática, muito respeitada pelos estudantes seus colegas da academia de Lisboa.
"Nascido em 1937, em Setúbal, Vítor Wengorovius e esteve ao lado de Jorge Sampaio nas lutas académicas e na Comissão Democrática Eleitoral (CDE) de 1969 de Lisboa.
Em 1974, ajudou a fundar o Movimento de Esquerda Socialista (MES)... Em 1999, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.)"...[link]

 

Não seria mais assisado maior recolhimento

"Aparecimento do Papa à janela foi decidido no último momento"
Ainda iremos assitir à morte de João Paulo II à frente das câmaras de TV, numa janela de uma qualquer clínica Gemelli?

2005-02-26

 

O PSD está de volta?


Não sei se repararam, mas na reportagem televisiva feita no final do Conselho Nacional do PPD/PSD, quando Miguel Relvas apresentou à comunicação social as conclusões do conclave, referiu-se sempre ao PSD e nunca ao PPD/PSD. Ou foi impressão minha ou a bandeira e o cartaz que estavam por detrás do Miguel Relvas só diziam PSD.
Mas já Santana Lopes, entrevistado também no final desse Conselho Nacional, referiu-se sempre ao PPD/PSD.
Já estavam a falar de partidos diferentes?

 

Foi um ucraniano!

Você sai de casa 6ª feira à noite. Vai jantar com uns amigos. Antes de entrar no carro tira o casaco, dobra-o e mete-o no banco de trás. Sorrateira, aproveitando a sua desatenção, a carteira esgueira-se para o chão, para debaixo do carro.
No restaurante você dá pela falta da carteira. Assusta-se. A carteira tem cem euros, os cartões de crédito e do multibanco, o BI, a carta de condução e mais 31 cartões necessários, no dia a dia, para poder falar com a Saúde, o Fisco, a mesa eleitoral, sei lá que mais.
Hum! Ficou em casa, pensa V. para se acalmar. Ou então, então... só se foi ao tirar o casaco. Mas não, V. não aceita, seria terrível de mais. Ficou em casa, é o que é, pensa V. para não abandonar o jantar, os amigos, para não dar parte de fraco e ir a correr para casa ou para a desgraça.
No regresso, numa ansiedade que cresce na razão inversa da distância que o separa de casa ou do... maldito local onde teve a fatal ideia de tirar o casaco, V. recebe um telefonema. Atende aí faz favor, pede V. à sua mulher. O coração quase rebenta.
Pronto! Encontraram a carteira, sem dinheiro, que enfim ainda era o menos, sem os cartões dos bancos, sem cartão nenhum, nada! só uns cartões pessoais com o seu nome e o seu número de telemóvel que permitiu ao dono do café onde toma a bica e onde o carro estava estacionado lhe telefonar solícito e poder partilhar consigo o estertor da raiva, da dor, das pragas.
Foi um ucraniano!! Mais gritava que falava, a pontos de V. ouvir, a um metro do telemóvel, à beira do colapso.
Caro leitor não se assuste que não foi consigo. Foi comigo. E provou-se. Era mesmo um ucraniano. Homem dos seus trinta anos, com a mulher que anda a dias, que veio três anos depois dele e ainda fala mal o Português, a viver numa assoalhada ao lado do café. Mal cheguei fui à casa do ucraniano.
Abri a carteira, estava intacta. Tudo. Oh céus, tudinho ali, dinheiro, cartões, tudo!
Oh homem, você nem parece deste mundo! Fico-lhe eternamente grato.
Sabe - disse-me o Sr. do café - veio ter comigo, nós falamos de vez em quando, parece-me boa pessoa, mostrou-me um cartão pessoal e perguntou-me se eu conhecia. Olhe, então ele que me procure porque achei a carteira dele. Sem nada, está claro? Perguntei-lhe. Pareceu-me que disse sim. Afinal não. Ainda bem. Dizia o Sr. do café ainda sem acreditar.
Vou olhar para a Ucrânia com outros olhos. Ou ao menos para aquele Homem.

 

Espernear

é o que ainda pode fazer o nosso acidental 1º Ministro . E assim sendo esperneia. Nos telejornais de hoje, Pedro Santana Lopes clama por sanção disciplinar aos que sendo militantes do seu PSD-PPD não apoiaram na campanha o lider, ele próprio. Cavaco Silva, Ferreira Leite, Pacheco Pereira? Que não queria personalizar mas explicou que a ausência de tantos ilustres tinha sido, sem dúvida, uma causa da derrota.
A seguir veio o inefável "compére" da Madeira animar o vazio telejornal. Que não se revê nem no PSD do "contenente" nem em nenhum dos candidatos existentes ou falados para presidir ao PSD, o que me levou a concluir que inexplicavelmente ninguém aindafalou no inefável Alberto João.

 

Carga Fiscal comparada

Esta informação não precisa de comentários, mas deita por terra muita demagogia no que se refere à necessidade da baixa generalizada de impostos como instrumento promotor do investimento.
Esta observação não implica que não possa/deva haver incentivos fiscais específicos para certos domínios determinantes na mudança de padrão produtivo, tipo inovação, I&D, marcas, etc.
Por ordem crescente e com base na informação UE aqui deixamos o peso da carga fiscal em função do PIB (%).
Zona Euro 42.2


 

O Problema do Desemprego

Como toda a gente sabe, o desemprego agravou-se durante o governo PSD/PP e nos últimos meses esse agravamento tem vindo a assumir ritmos muito elevados. O problema é que não vai ser fácil estancar esta tendência, por deficiências estruturais da economia portuguesa, tanto mais que sectores como o têxtil e o calçado estão seriamente ameaçados pela concorrência chinesa.

É um problema com que vamos ter de viver por mais algum se se conseguir uma mudança de agulha nas políticas de crescimento atempadamente.

Segundo as estatísticas do INE estão a dar-se 500 novos desempregos por dia em Portugal.

 

Branqueamento de capitais

É voz corrente, há muitos anos, de que Portugal é uma "estação" de branqueamento de dinheiro da droga internacional.

Hoje esta questão é primeira página de alguns jornais nacionais onde se afirma que a PJ está a investigar "a utilização da banca na lavagem de dinheiro da droga".

Esta investigação, lê-se ainda nesses mesmos jornais, é confirmada estar em curso pelas palavras de José Braz, responsável da Direcção Central de Investigação de Tráfico de Estupaficientes da PJ.

2005-02-25

 

"Ordenados Milionários"

É o título do PD que informa que "O gabinete de imprensa de Pedro Santana Lopes é composto por dez assessores e catorze adjuntos. ...custa todos os meses ao cofres do Estado cerca de 100 mil euros (20 mil contos na moeda antiga).
Dois dos colaboradores de Santana Lopes auferem um ordenado-base superior a seis mil euros ao qual ainda acresce uma avultada verba destinada a despesas de representação."...
Está tudo no aqui.
E logo a seguir o PD informa que "os Portugueses são dos que menos ganham".
"Os portugueses estão entre os cidadãos da União Europeia (UE) que menos dinheiro levam para casa no final do mês, com um rendimento médio anual disponível de 11.771 euros. ...
Do «ranking», luxemburgueses, dinamarqueses e britânicos são os mais favorecidos, com rendimentos médios anuais disponíveis de 35.893, 29.815 e 27.966 euros, respectivamente.
...os custos de remuneração médios anuais dos portugueses rondam os 17.325 euros, ocupando a oitava posição numa lista onde os custos mais baixos pertencem à Eslováquia (6.490 euros) e os mais elevados à Alemanha (49.609 euros)." [Link]

 

O debate económico de ontem na SIC Notícias

Assisti ontem a um debate económico na SIC em que eram protagonistas Artur Santos Silva, Belmiro de Azevedo, Daniel Bessa, Ferreira de Oliveira e Ludgero Marques. Alguma desilusão pelo conteúdo e um certo passadismo.

Primeiro, nenhum dos intervenientes alertou para a situação da pouca ou nenhuma consciência que a sociedade portuguesa tem da dimensão dos problemas a que o País tem de dar resposta, das dificuldades dessas respostas e das rupturas que é preciso operar nessa sociedade para salvaguardar o futuro do País na base de um projecto de desenvolvimento sério e bem sustentado. Artur Santos Silva e Belmiro de Azevedo foram aqueles que, apesar de tudo, lançaram ideias úteis, pois isto não vai com campanhas do tipo "consuma português" como alguns defenderam quando a qualidade é mais fraca e os preços mais altos.

Um país que não consegue produzir bens e serviços com competitividade, ou seja, bens e serviços com aceitação nos mercados português e internacional ou que, quando o consumo ou investimento nacionais aumentam, disparam as importações, é bem o exemplo de uma economia com pés de barro. Esta é a realidade nacional.

É esta realidade para que a sociedade portuguesa não está preparada, para a qual precisa de ser preparada e informada sobre os rumos de como operar mudanças que sem dúvida vão exigir sacríficios e que benefícios vai daí retirar e como vão ser distribuídos esses mesmos sacrifícios.
Em democracia, as reformas exigem uma base social de apoio. Mas para isso é precisa informação que é um domínio onde infelizmente este País é muito baço.

 

Positivo

É de assinalar como bem positivo que o processo de constituição do governo de José Sócrates não ande nas bocas do mundo.

Esta postura, aliás prometida, está a marcar a diferença face a processos anteriores em que "tudo" era público, ou melhor, se lançava mão muitas vezes da contra informação para tirar dividendos como o queimar ou fazer recuar pessoas. Francamente espero que seja este o registo de actuação do governo futuro, quer para na formação do governo quer na tomada de decisões de folego. Para uma boa governação compete-lhe dominar a agenda de forma séria e ponderada.

É evidente que não falta a movimentação de interesses corporativos no sentido de influenciar esta ou aquela escolha, umas positivas outros muito negativas (aqui também estou a ser subjectivo) ou desde já a tentar que o PS se iniba de entrar pelo caminho da concretização de algumas das linhas do seu programa designadamente nas áreas sociais.

 

Uma boa notícia

Segundo a imprensa de hoje a CP pode vir a indemnizar os utentes prejudicados por atraso ou cancelamento dos combóios.

Esta situação decorre de uma decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucional a norma da Tarifa Geral de Transportes que desobrigava a CP de respnder "pelos danos causados aos passageiros" nos atrasos ou cancelamentos de combóios.

Mas será que vão ser criados mecanismos expeditos para que este direito agora atribuido possa ser accionado devidamente pelos utentes e se torne eficaz? Não se tratará antes de mais uma devolução de um direito "fictício" que apenas constará do papel devido à inoperacionalidade ou falta de clarificação de mecanismos legais?


2005-02-24

 

Paulo Portas de volta?

Paulo Portas demitiu-se de Presidente do CDS/PP na noite das eleições (20 de Fevereiro) assumindo como pessoal e bem a derrota do CDS/PP, porque nenhum dos quatro objectivos a que propôs foi atingido.

Referiu que assim se fechava um ciclo político e que chegara a hora de dar o lugar a outros.

Há sinais/movimentações de que tal atitude não passou de uma engenhosa encenação. Como se compreende que todos os mais destacados dirigentes tenham fugido a assumir responsabilidades? Como se compreendem as manifestações de apoio ao regresso de Portas? Não se encaixará tudo isto numa mesma orquestração?

 

W. Bush em visita à Europa

W.Bush com Ivan Gasparovic em Bratislava onde se encontrará com Putin
Felipe González numa entrevista a Juan Luís Cebrián que deu origem ao livro “El futuro no es lo que era” relata uma observação de um político inglês (Edward Heath?) que cito de memória: Você como eu, que fomos dirigentes de países, impérios coloniais no passado, compreendemos bem que os povos que as nossas nações oprimiam odiassem os colonizadores, ora o que espanta é os americanos andarem sempre a queixarem-se dos povos que exploram e dominam por não se mostrarem agradecidos à América.
Esta miopia imperial frequente nos dirigentes de Washington revela-se hoje nas relações com a Europa particularmente evidente a propósito do Iraque e, na presente visita de W.Bush à "velha Europa", a propósito do Irão.
Relativamente ao Iraque a Administração Bush considerou que os interesses dos EUA ou ao menos os do seu grupo, passavam pela invasão e futuro controlo político-militar-petrolífero do país e em consequência trataram de o concretizar contrariando a opinião de quase todo o mundo, incluindo a da "velha" Europa.
Ficaram depois muito indignados por alguns dos seus aliados do outro lado do Atlântico recusarem o papel de lacaios que Durão Barroso, mesmo num papel de chefe de cerimónias, com gosto quis representar.
Em dificuldades com o Iraque que "surpreendentemente" também não lhes agradece a destruição do país nem a democracia na ponta dos canhões W. Bush vem à Europa agora em tom conciliatório mas com uma agenda onde a multilateralidade e o desejo de cooperação em pé de igualdade é, na minha opinião, no essencial, apenas aparente.
Ao contrário do Iraque que não tinha armas nucleares (quanto ao pretexto da tirania, na boca de protectores de tiranos, nem vale a pena falar) o Irão não tendo armas nucleares procura tê-las, ainda que até agora o destino civil e pacífico dos seus esforços no nuclear não tenham sido ultrapassados.
A Europa tem proposto e bem esforços políticos para conter Teerão. Os EUA têm priveligiado a ameaça militar.
Na mão dos fundamentalistas islâmicos tal arma é intolerável e portanto é natural e vantajoso que EUA e Europa concertem posições para impedir tal desiderato mas é indispensável que esgotem os meios políticos antes de encarar os meios militares.
Tudo seria mais fácil se o esforço de resolução dos problemas do Médio Oriente não estivesse sob a tutela do "fundamentalismo cristão" da administração Bush onde sobressai a sua cínica política de favorecimento do belicismo e das prepotências de Israel na região.
O Irão quer ter a arma nuclear e para isso tem uma razoável desculpa. O "Ocidente" não é de fiar. Não faz jogo limpo e permitiu o armamento nuclear de Israel.
Como seria mais fácil conter o Irão e dar força às forças democráticas internas se os EUA se empenhassem em conseguir uma solução equitativa ao contencioso Palestina-Israel? Largos sectores democráticos e seculares do Irão estão ansiosos de se verem livres da opressão do fundamentalismo clerical reinante mas não estão ansiosos por o trocarem pelo controlo imperial americano! Como a invasão do Iraque bem ilustra.
Garantir a independência e a segurança de Israel e garantir a independência e segurança do Estado Palestino e combater vigorosamente, e aí sim com autoridade moral, todo e qualquer terrorismo, eis o mais que conhecido busílis da situação.
O Pentágono tem pronto, há muito tempo, o plano militar de ataque ao Irão. Como tinham o do Iraque desde antes dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2003. É o grande plano de reordenamento político das regiões do petróleo e do gás natural, ou seja do Médio Oriente incluindo Iraque e Irão, porventura a Arábia Saudita se a Casa dos Saud se mostrar demasiado instável e o eixo asiático das antigas repúblicas soviéticas.
Quando o presidente W. Bush apela em Berlim ou com Chirac à necessidade de uma só voz para se falar com o Irão, receio que só à superfície encare a concertação de opiniões entre a América e a Europa e que quando considera "impensável" a solução militar não está a ser sincero.
É indispensável impedir o armamento nuclear do Irão. Mas o caminho para se lá chegar sem novas tragédias como a do Iraque passa por um posicionamento equitativo perante o problema israelo-palestino.

 

Os desejos e as realidades


Depois da histórica vitória do PS e da clamorosa derrota do PPD/PSD e do CDS/PP nas últimas eleições legislativas, tem-se assistido, como é natural e positivo em democracia, a inúmeras análises, apreciações e comentários por parte de políticos, jornalistas e outros fazedores de opinião que procuram explicar os resultados eleitorais e perspectivar o futuro do governo de País. Claro que, para quem, ao longo da pré-campanha e da campanha eleitoral produziu análises, apreciações e comentários que se vieram a revelar totalmente afastados do sentir da maioria do eleitorado e da realidade do País, não é fácil, agora, explicar as posições anteriormente defendidas.

E houve, de facto, falhanços estrondosos nesta matéria.

Assim começa o meu artigo publicado hoje no Diário Económico, em que abordo alguns aspectos da campanha eleitoral e dos resultados eleitorais. O artigo pode ser visto na sua totalidade aqui ou no ALFORGE

2005-02-23

 

Fujam! Vem aí Vasco Graça Moura "teratológico"

Não, não é o poeta, o homem de cultura. É o outro! O político. Um VGM que nem o primeiro conhece.
VGM dixit:
"...o grande derrotado nestas eleições foi o País. Virou à esquerda e entregou o poder a um sector dela que é manifestamente incapaz de governar de modo a responder às necessidades dos portugueses."

e profetiza:

"As reformas estruturais não vão ter lugar. O que vai acontecer é o esbanjamento a pretexto de uma luta contra a exclusão social. A educação não vai melhorar...A saúde vai ficar na mesma. Portugal não vai sofrer nenhum choque tecnológico, mas sim um choque teratológico. A curto prazo, terá de enfrentar uma monstruosidade sem pés nem cabeça e tornar-se-á uma aberração irresponsável e ingovernável."
Para quem queira apanhar um susto (mesmo de fingir) pode ver o resto aqui

 

Luís chora Pedro

O que ele agora diz!!

"Pedro" "... assumiu a responsabilidade de uma maioria que estava ferida de morte... limitou-se a apanhar os "cacos", e tentar virar, sem nunca esperar que lhe cortassem as pernas. Agora sai. E sai de cabeça erguida, dignamente..." Aqui no DN
"Durão Barroso governou mal! Durão Barroso governou mal! É preciso dizer isto! Durão Barroso mentiu aos Portugueses1" Ver Aqui no Barnabé
 

"Dívidas às farmacêuticas. A queda das "máscaras"

Lê-se no DE de hoje o seguinte: "as dívidas hospitalares aos fornecedores de medicamentos quase duplicaram durante os mandatos de Luis Filipe Pereira".
Segundo informação da Apifarma, "as dívidas a mais de 90 dias passaram de 403 milhões em março de 2002 (tomada de posse do governo) para 733 milhões de euros em finais de 2004" registe-se.
As máscaras até daqueles ministros menos maus, com perfil de gestor, começam a cair.
A situação é negra. Toda a calma e segurança e um bom governo não são demais para iniciar uma estratégia de recuperação da economia e sociedades portuguesas compatibilizando Competitividade e Políticas sociais.

 

Belmiro de Azevedo e o governo de José Sócrates

Agora que já muito se vai falando de governo e ministros, Belmiro de Azevedo vem defender hoje nas páginas do DE um governo reduzido a 10 Ministros e o Executivo organizado em 4 grandes áreas, atribuíndo cada uma delas a um super-ministro.
Estas ideias mediáticas de Belmiro de Azevedo embora parecendo apontar para algo de "estravagante/caricatural" (não vou discutir o número de ministros nem a sua orgânica), fornece pistas determinantes para a eficácia e eficiência do futuro governo.
Na realidade, Portugal tem tido um dos governos mais extensos da Europa. Vejamos Espanha aqui ao lado actualmente com 15 Ministros quando o Portugal da coligação PSD/PP tinha 18 e o último governo de Guterres 21. E em termos de coordenação o que tem acontecido de uma maneira geral nos governos é exactamente uma acentuada descoordenação. Para melhor gerir há que simplificar a máquina reduzindo-a e depois coordená-la, pelo que tem de haver áreas fortes de coordenação com ministros posicionados para isso.

2005-02-22

 

Há "Festa na Aldeia"

(Óleo sobre tela de Leonel Marques Pereira,1828-1892. Museu do Chiado, Lisboa.)

Com o meu agradecimento a Teixeira Pinto, de cujo blog A Pintura Portuguesa, copiei esta "Festa na Aldeia". Recomendo vivamente uma visita aos seus blogs sobre pintura e pintores portugueses. E também ao Abre Latas e ao Homo Sovieticus.



 

Santana Lopes não se recandidata a líder no Congresso?

As últimas notícias vão no sentido de que PSL diga esta noite na reunião da Comissão Política do PSD de que não vai candidatar-se no congresso extraordinário próximo a presidente do PSD.

Talvez o seu único acto de bom senso (se assim fôr) nestes últimos tempos. Mas será que por detrás desta atitude não haverá alguma tramóia?
 

PPD/PSD em processo de autofagia?

Há sinais visíveis de um processo de autofagia no seio do PSD, cumprindo-se a previsão de Pacheco Pereira de "guerra civil". Muitos são os grupos que somam as espingardas e se posicionam para avançar : os cavaquistas, os santanistas e uma série de outros team líderes (sem team) que andam à procura de "criar" o seu espaço e o seu team.
Os cavaquistas estão sem comando porque o comandante só actua "na reserva" . A guarda avançada Ferreira Leite não avança e sem cabeça não se vai longe.
Os santanistas têm comandante. Após a refrega deste últimos dias apresenta-se bastante esfarrapado, mas está de peito para luta. Outros santanistas como Luis Filipe Menezes parecem estar-lhe a disputar o trono e as armas. E o Rui Rio santanista estará não estará à espreita?
Nos "independentes PSD" temos vários a acertar o passo. O melhor posicionado de entre estes Marques Mendes tem um pequeno exército (já testado em anterior Congresso) mas que pode somar por falta de comparência de comandante as hostes ditas de Cavaco.
Temos também oa inda ministro da Justiça que algures no Porto na pré campanha antevendo o descalabro do chefe mostrou disponibilidade para substituir o chefe.
Bom é um "rico"quadro. A mesa está posta.
Não é positivo para o País em termos de imagem externa nem para a sociedade portuguesa que as transformações mais ou menos profundas que se vão operar no seio do PSD decorrentes da grande derrocada eleitoral, se processem de forma tumultuosa.
Mas o PSD tem, de facto, muito que fazer para se reposicionar na sociedade portuguesa e no quadro internacional.
A nível internacional é um partido sem raizes, ensanduichado entre as duas correntes de maior peso a democrata cristã e a socialista. Aliás, esta é uma das fragilidades, a que mesmo Sá Carneiro não conseguiu encontrar saída.
A nível do País não é um partido é uma "coligação de interesses" em ruptura com alguma ideologia no segmento PSD de cariz centro esquerda, para quem a coligação com Portas é uma aberração.
Por tudo isto, um reencontro do PPD/PSD consigo próprio pode levar a uma fractura, separando estas águas e dando origem a novos partidos.
Quem sabe se ainda não vamos ver um Partido PSL/PP?

2005-02-21

 

Hoje, o dia de começo de todas as "metamorfoses"

Em certos sítios/locais de trabalho já se vislumbra a caminhada para as "grandes metamorfoses".

De que é que se trata?

De uma coisa tão simples como isto. Tomando os sinais de voto que irão aparecer ao longo dos próximos dias, o PS de certeza não somou só 45%, mas bem aí uns 70%.

O insinuar, o aproximar daqueles que se pensa que têm poder, pode render uns tantos dividendos. Um lugarzinho no gabinete de um qualquer Ministro ou secretário de Estado ou até no do director geral ou presidente de uma qualquer Instituição , ou até dos mais habilidosos (porque não?) um cargo mesmo de DG. É uma questão de olhar para "a história"...a "história dos patinhos"
 

Que Futuro para Portugal?

Estão reunidas as condições para iniciar uma longa e difícil caminhada para dar a volta à sociedade portuguesa no sentido da modernidade. Processo moroso, não tenhamos dúvidas, que exige um reganhar de confiança nas potencialidades (existentes e a criar) do País.

É uma tarefa dura para o PS e tenhamos esperança de que se saia bem dela. O PS terá de ter a humildade de ouvir antes de decidir, designadamente as forças da sociedade que, embora fracas, são o que são. Mas o PS não tem tempo para perder tempo a ouvir para agradar. Tem um tempo de oportunidade de decisão, até porque agradar a todos não é objectivo atingível. Tem de agir se possível bem e em benefício daqueles que lhe deram a confiança e que mais carecem. Daí o emprego e as políticas sociais sejam o cerne do problema.

Mas sem desenvolvimento não se gera a riqueza para acudir ao que se disse atrás, emprego e políticas sociais.

Um governo políticamente forte, competente e gerido de forma coordenada é determinante para arrancar este país do caos em que mergulhou. Essa é a primeira prova de fogo. Os objectivos articulados e as subestratégias por Ministério são um outro vector no caminho do sucesso.

Estas eleições, de facto, mexeram muito, com uma certa apatia que parecia ter asfixiado o país.
Inclusive no território "blindado" de Alberto João Jardim há sinais promissores de que se quer também caminhar para a mudança. O empate de 3-3 em número de deputados é obra. O PSD saiu derrotado pela primeira vez em várias freguesias do Funchal e a diferença de votos neste concelho foi apenas de apenas 85 votos.
Finalmente, o país no seu todo reagiu contra a mentira das forças da Direita. Mas as Esquerdas que se cuidem.

 

Vitória histórica do PS e de toda a esquerda

Resultados das eleições para o Parlamento, em 2005-02 20, em % de votos e número de deputados

PartidosV % 2005V % 2002Nºdep 2005Nºdep 2002
PS 45,0537,812095
PSD28,740,1 72102
CDU7,671412
CDD-PP7,38,81214
BE6,42,883

Notas: faltam os 4 deputados da emigração que deverão ir 2 para o PS e 2 para o PSD.

Comentários:
1 - Grande vitória do PS e de Sócrates. E o melhor resultado para Portugal.
2 - Grande vitória do BE.
3 - Vitória moderada da CDU e vitória pessoal de Jerónimo de Sousa.
4 - A maior maioria de esquerda na AR, 144 deputados contra 89.
5 - Derrota estrondosa do Governo de Durão Barroso e do Santanismo. Derrota das premeditadas falsas promessas de Barroso. Castigo da sua fuga do Governo após a grande derrota das europeias. E derrota do Santanismo que o mesmo é dizer do populismo, da mediocridade, do culto lamechas da personalidade, da campanha reles e da falta de carácter. E derrota do Paulinho das Feiras na versão Homem de Estado a sacudir a água do capote da má governação.
Se os resultados e a reacção dos líders corresponderam à minha expectativa já a de Paulo Portas se demitir surpreendeu-me. Mas julgo que ele está a apostar na vaga de fundo que mobilizará para regressar em ombros. Se for assim é uma jogada bem pensada e salvadora mas exemplo de pouca seriedade política, aliás corriqueira.
Enquanto na conferência de imprensa após os resultados eleitorais, Paulo Portas pôs cara de funeral, Pedro Santana Lopes, veio, sem surpresa, a sorrir num misto de representação e autêntica pena de si, cujas fronteiras ele próprio já não deve distinguir. Vai dar luta como já aqui tinha dito. Talvez queira entregar o PSD a um amigo de confiança que o apoie para Belém, como disse António Barreto na RTP. O PSD, o antigo, vai ter de se mexer e organizar rapidamente e não sei se conseguirá ir a tempo de um congresso que será convocado para não dar tempo aos adversários internos.
Sócrates vai ter um país com muitas dificuldades pela frente. Ao contrário dos desafios dos últimos trinta anos não tem agora nada para a troca. Nem mão de obra barata nem mão de obra qualificada. Tem de importar quase tudo e tem pouca coisa que que consiga vender. Para mudar este estado de coisas é necessário que o Estado crie condições favoráveis à competitividade e ao desenvolvimento. Para isso necessita de mais dinheiro e menos despesas improdutivas. Reforma da Administração Pública, Plano Tecnológico e... tempo. Vários anos.
Sócrates reafirmou os seus objectivos e não se esqueceu do combate à pobreza. É indispensável que não sejam apenas os mesmos do costume a arcar com todos os sacrifícios. Para apertar o cinto aos muito ricos é necessário querer e depois ganhar apoio social para poder. Não sei se se irá por esse caminho. Mesmo que a parte de sacrifício dos grandes possa não ter em termos absolutos, à escala do orçamento, grande expressão, é um sinal indispensável para que os que podem menos aceitem a sua quota parte de sacrifícios e seja mantida a indispensável coesão social, até para que o Governo se possa manter!

2005-02-20

 

ALLENDE


Ne plus écrire enfin attendre le signal
Celui qui sonnera doublé de mille octaves
Quand passeront au vert les morales suaves
Quand le bien peignera la crinière du Mal

Quand les bêtes sauront qu'on les met dans des plats
Quand les femmes mettront leur sang à la fenêtre
Et hissant leur calice à hauteur de leur maître
Quand elles diront " Bois en mémoire de moi"

Quand les oiseaux septembre iront chasser les cons
Quand les mecs cravatés respireront quand même
Et qu'il se chantera dedans les hachélèmes
La messe du granit sur un autel béton

Quand les voteurs votant se mettront tous d'accord
Sur une idée sur rien pour que l'horreur se taise
Même si pour la rime on sort la Marseillaise
Avec un foulard rouge et des gants de chez Dior

ALORS NOUS IRONS REVEILLER ALLENDE

Quand il y aura des mots plus forts que les canons
Ceux qui tonnent déjà dans nos mémoires brèves
Quand les tyrans tireurs tireront sur nos rêves
A moins que de nos rêves se lève la moisson

Quand les tueurs gagés crèveront dans la soie
Qu'ils soient Président ci ou Général de ça
Quand les voix socialistes chanteront leur partie
En mesure et partant vers d'autres galaxies

Quand les amants cassés se casseront vraiment
Vers l'ailleurs d'autre part enfin et puis comment
Quand la fureur de vivre aura battu son temps
Quand l'hiver de travers se croira au printemps

Quand de ce Capital qu'on prend toujours pour Marx
On ne parlera plus que pour l'honneur du titre
Quand le Pape prendra ses évêques à la mitre
En leur disant : " Latin ! Porno ou non, je taxe "

Quand la rumeur du temps cessera pour de bon
Quand le bleu relatif de la mer pâlira
Quand le temps relatif aussi s'évadera
De cette équation triste où le tiennent les cons
Qu'ils soient mathématiques avec Nobel ou non

C'est alors

c'est alors que nous réveillerons

ALLENDE

(Léo Ferré)


 

O País que temos...Infelizmente

Temos um País onde grassa a irresponsabilidade, a não transparência, a corrupção e onde como diz o ditado " a culpa morre solteira".
Somos capazes de imaginar quantas pessoas, ao nível dos serviços da saúde, estão envolvidas nesta fraude? São mesmo muitas e de vários níveis de responsabilidade, mas certamente apenas o mais baixo do escalão poderá ser penalizado. Quão distantes estamos de facto do modelo nórdico nestes aspectos!!!

2005-02-19

 

José o homem dos sonhos




Que nome dar ao poeta
esse ser dos espantos medonhos?
Um só encontro próprio e justo:
o de josé o homem dos sonhos

Eu canto os pássaros e as árvores

Mas uns e outros nos versos ponho-os
Quem é que canta sem condição?
É josé o homem dos sonhos

Deus põe e o homem dispõe

E aquele que ao longo da vereda vem
homem sem pai e sem mãe
homem a quem a própria dor não dói
bíblico no nome e a comer medronhos
só pode ser josé o homem dos sonhos.

(Ruy Belo)


 

Condição necessária, mas não suficiente


A obtenção de uma maioria absoluta do PS nas eleições do próximo domingo é, quanto a mim, uma condição absolutamente necessária para o País poder sair da situação em que se encontra e seguir um rumo seguro para o combate ao desemprego, a redução das injustiças sociais, a retoma da confiança nas nossas capacidades e o desenvolvimento económico e social do País.

Não será, certamente, uma condição suficiente: esta terá a ver, por exemplo, com as políticas concretas que o PS seguirá e com a competência e credibilidade da equipa de Governo constituída para as implementar. Mas se os eleitores não assegurarem essa condição necessária, não há condição suficiente possível.

 

Mais revelações sobre o caso "freeport"


Estou em condições de assegurar que, de acordo com fontes ligadas à PJ, a Directora do Independente, Inês Serras Lopes, até ao momento, e por ora, nada tem a ver com o caso, nem se encontra mesmo entre os arguidos, embora no futuro nunca se saiba. Ao que parece, Marcelo Rebelo de Sousa e, pelo menos, mais 9 587 368 portugueses estão na mesma situação.

Entretanto, a PJ já informou que o documento divulgado pelo Independente não consta do processo, tendo decidido instaurar um inquérito para descobrir a origem de tal documento. Por outro lado, o PS está, também, a contribuir já para o esclarecimento do caso, pois meteu o Independente em tribunal.

Tudo parece indicar que a Central de Propaganda proposta pelo PPD-PSD/CDS-PP, embora chumbada pelo Presidente da República, está a funcionar em pleno, mas na clandestinidade.

2005-02-18

 

Um perigoso precedente

É o título de um artigo aparecido no jornal de economia Cinco Días de hoje do País vizinho.

De que perigoso precedente se trata? Nem mais nem menos do apoio público que o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, deu - cito - ao "seu frustado delfim Pedro Santana Lopes".

E as razões? Segundo o artigo "Bruxelas está perplexa", porque Barroso não comunicou aos seus colaboradores a intenção de participar na campanha do seu partido, como o devia ter feito. O artigo considera esta atitude de Barroso, que mexeu inclusive com a agenda europeia, ao fazer adiar a análise e revisão do Programa de Estabilidade de Lisboa sob o pretexto de que o veredicto poderia converter-se em arma eleitoral, um precedente altamente perigoso para o funcionamento futuro da União, na medida em que há regras mínimas a cumprir para manter um ambiente normal.

 

An Irish Airman Foresees his Death



I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltarton's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.


(W.B. Yeats)

2005-02-17

 

CONCERTAÇÃO de preços nas Petrolíferas?

Afinal temos ou não concertação de preços em Portugal pelas grandes petrolíferas em relação à venda dos seus produtos?

A liberalização de preços deu-se em 2004. Em princípio para beneficiar os consumidores. Em Portugal tínhamos uma fixação de preços neste sector através de uma fórmula que tinha em conta a evolução do preço do crude. A liberalização foi defendida para estabelecer a concorrência, o que teóricamente está certo eé o que acontece nos países avançados. aliás a concorrência é uma pedra basilar do mercado (que não o português). Pelo menos nesta actividade, a liberalização até à data só tem trazido preços mais gravosos para o consumidor. Em Portugal a concorrência é quase uma não realidade muito generalizada, a não ser em bens onde as grandes superfícies tenham presença. Na venda de produtos petrolíferos, há sinais de que algo existe de concertação: os preços sobem em simultâneo até quando os preços do petróleo descem a nível internacional.

Toda esta evolução significa que as entidades de regulação e concorrência desempenham mal o seu papel. Ora np post anterior sobre o modelo económico escandinavo, um dos eixos fundamentais é o excelente desempenho das entidades reguladoras e de concorrência.

 

O novo Modelo Escandinavo

José Sócrates diz-se defensor do exemplo da social-democracia nórdica. Daí presumir-se que, se ele formar governo, quererá trazer para Portugal esse exemplo. Excelente desígnio. Mas vai ter de trabalhar muito para fazer de Portugal um País dos mais seguros do Mundo, dos menos corruptos, dos mais igualitários, com uma fuga reduzidíssima aos impostos e com um dos maiores pesos da carga fiscal no PIB e que gozam de uma saúde económica excelente. Apesar de governados hoje por governos de tendência política diferente, têm sabido desde há uma década rimar competitividade económica com solidariedade social.

Os países tidos como nórdicos ou escandinavos são: Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca. A Suécia é governada por um governo social-democrata e os outros por governos conservadores.

Este conjunto de países, com excepção da Noruega (devido à sua qualidade de país produtor de petróleo), atravessou um fase muito crítica de crescimento e de desemprego ainda não há muito tempo. Só na década de 90 do século XX é que entraram nesta dinâmica de recuperação, ocupando a dianteira mundial em termos de vários indicadores da competitividade, posicionando-se na linha da frente, entre os melhores do Mundo.

José Sócrates tem muito trabalho a desenvolver e muito a aprender para chegar ao patamar destes países ( e a Portugal faltam algumas características nórdicas específicas a adquiridas- formação) e tanto mais que diz apostar no exemplo da social democracia nórdica que é ainda um pouco mais refinada em termos de impacte social que o modelo mais geral dito escandinavo.

Bem, centremo-nos um pouco sobre o "modelo sueco" como o mais próximo daquele que José Socrates preconiza.

A Suécia atravessou uma crise de tal dimensão nos anos 80/inícios de 90 que teve o seu PIB em queda três anos consecutivos, a taxa de desemprego a quadruplicar, as falências a disparar e as taxas de juro a atingir records máximos indesejáveis.

A primeira grande mudança, na mudança, foi o de aligeirar a máquina pública. "Não se tratou de renunciar ao nosso modelo social" precisa o economista Joakim Palme, director do Instituto de estudos prospectivos de Estocolmo. Esta reforma diz "foi estruturada, para salvar o essencial" em termos de Estado Providência. Foi claro, público e negociado este objectivo. Há quem refira que esta postura se encaixa no chamado pragmatismo escandinavo. Há quem veja neste pragmatismo uma herança do luteranismo, há quem o ligue mais longe a um certo espírito viking.... O que é real, este espírito comum deste Grande Norte, independente do tipo de governo, consiste na vontade de agir perante a adversidade e como prioridade sobre si próprios.

A máquina pública sueca era muito anquilosada e centralizada. Desde finais da década de 80, o número de funcionários de Estado decresceu de 45% (Finlândia em igual período 35%). Mas indo nesta onda, um pouco arrastada pelos seus vizinhos, a Suécia rompe com a tradicional e arreigada centralização da máquina de Estado e inicia um processo de descentralização forte , confiando às regiões e às comunas as suas despesas de sáude, cultura, educação, polícia, assim como a colecta e a afectação de cerca de 1/3 do imposto sobre o rendimento. Esta transferência de competências é negociada e regulada. e não há dúvida que apresenta resultados hoje emtermos da grande qualidade dos serviços públicos prestados, dos melhores da Europa.

Mas isto foi apenas um passo, feito o emagrecimento, procedeu-se à limpeza. Houve uma clara definição do que devia ser o Estado Central e, sobretudo, ao nível das funções de rede (energia, correios, caminhos de ferro, telecomunicações, etc. tudo passou para empresas (públicas ou concessão).
A outra mudança estrutural consistiu na optimização das políticas sociais. Como?

Como as despesas de saúde entraram em derragem, o governo fez passar a mensagem da necessidade de uma parte da despesa de farmácia, hospitalar e médica ser financiada pelo doente num montante que varia entre 150€ e 300€/ano por utente. Para além disto a reforma das aposentações transformou-se em objectivo central desde meados da década de 90, tendo sido introduzida a capitalização de parte das cotizações que é investida nos mercados bolsistas (um certo tipo de privatização).

Estes são alguns traços das mudanças operados nos países escandinavos, com muitas diferenças entre si, tanto que se fala de modelo dinamarquês, do modelo sueco, do finlandês, etc.

Nota final. Há bons livros editados em França sobre estas reformas, uma vez que as autoridades francesas têm andado a dedicar alguma atenção a esta matéria designdamente ao modelo dinamarquês que é o mais liberal de todos.

Mas quase me interrogo porque não passo a viver num deste países pois agora só com a minha gripe e apesar de ter seguros de saúde e ADSE, mesmo conjugando os dois sistemas, ultrapassei o montante mais alto que pagaria num daqueles países num ano.

2005-02-16

 

A "fuga" do PS


Estou farto de ouvir a direita (mas não só) referir-se ao pedido de demissão de António Guterres em 2001 como "a fuga do PS face às dificuldades do País". Ora a verdade é que tal afirmação constitui uma autêntica falácia que, infelizmente, na minha opinião, o PS nunca rebateu com clareza.

Pode-se discordar da decisão de António Guterres, como é o meu caso. Embora compreenda que, face à falta de maioria absoluta na AR e face aos resultados das eleições autárquicas, Guterres tenha considerado não possuir ondições necessárias para governar e ser mais útil para o País ir-se a votos para clarificar a situação, julgo que estas razões não justificam a interrupção da legislatura, que é um acto que só deveria ter lugar em casos muito excepcionais. Na realidade, não só o PS dispunha de metade dos deputados da AR, como os resultados das autárquicas, não sendo brilhantes, também não foram desastrosos. Justificava-se, por isso, quanto a mim, que o PS traçasse e desenvolvesse uma estratégia adequada para ultrapassar as dificuldades face à situação existente e assumisse a responsabilidade da governação até ao fim da legislatura.

Mas daí afirmar-se que o PS o que quis foi "fugir às dificuldades" é atirar areia para os olhos das pessoas. Então o PS não concorreu às eleições legislativas intercalares e não se bateu bravamente para as ganhar e voltar a governar? Infelizmente para o País, como se viu, o PS perdeu, embora por uma pequena diferença.

 

Despesas do estado: o exemplo de Hervé Gaymard

A notícia do dia em França é o escândalo do apartamento oficial do ministro da economia Hervé Gaymard. O "Canard Enchaîné" publicou os detalhes: 600 m2, 14.000 euros de aluguer mensal, 2 empregadas domésticas, um cozinheiro e um mordomo, tudo pago pelo orçamento do estado.

O ministério apressou-se a garantir que o ministro tinha cumprido escrupulosamente a lei, mas algumas horas depois o primeiro-ministro anunciou uma mudança nas regras: a partir de agora os apartamentos alugados para os ministros que não dispõem de alojamento no ministério terão uma superfície máxima de 80m2 + 20m2 por cada filho, o que mesmo assim dá 240 m4 para a família Gaymard (8 filhos).

Ficamos com a impressão que as histórias de redução da despesa só se aplicam a alguns.
 

Entre o Dia e a Noite


Para prolongar o dia o Homem ilumina as cidades e a luz eléctrica denuncia a sua localização.
O branco, na Gronelândia, na Islândia e em parte da Escandinávia mostra a neve e o gelo e no Norte de África o deserto do Sara. E as brancas da desertificação ameaçam boa parte da Península Ibérica.

 

Protocolo de Quioto: Portugal na cauda da UE

Entra hoje em vigor o Protocolo de Quioto sobre a emissão de gases de efeito de estufa. Até 2012 teremos que reduzir as emissões de CO2 e CH4 a 95% do nível de emissão de 1990.

De todos os países europeus Portugal é o que terá de realizar o maior esforço: as emissões situam-se actualmente 40,5% acima dos níveis de 1990, o que implica uma redução de cerca de 1/3 das nossas emissões (mais exactamente 34,7%). O peso dos combustíveis fósseis na produção de electricidade não augura nada de bom.

Apesar dos esforços da presidência americana (e de alguns cientistas ao seu serviço) para minimizarem as consequências do aquecimento global a maioria dos especialistas do assunto afirmam que se nada fizermos os custos humanos e ecológicos serão enormes, nomeadamente o aumento previsível da frequência de fenómenos extremos (tempestades, períodos de seca, inundações, etc).

2005-02-15

 

Santana - linha branca

Sabia que para além dos produtos comerciais da linha branca, mais baratos, também há a linha branca (ou será negra?) da Central de propaganda Santanista?
Pois acaba de me entrar na caixa de correio, posta à mão, uma cartinha cujo envelope apenas diz "SE NÃO COSTUMA VOTAR LEIA ESTA CARTA".
Dentro uma folha branquinha, sem logotipo, apenas no fim, maviosa, pungente, a azulinho, a assinatura do nosso burlesco Santana Lopes.
Se o estilo não fosse o do Pedro, choradimo de vítima, tom envolvente, máscara à Robin dos Bosques (tira aos ricos e dá-lhe a si) poderia desacreditar. Mas não. E frases incongruentes como esta de quem não domina a língua mas que trai as intenções, dirigida ao caro(a) amigo(a) que não costuma votar: "Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar." !?!?!?

Eis a cartinha, da Central de Intoxicação, no dia em que ele por devoção não faz campanha. Ou, sem logotipo será alguma manobra de Cavaco Silva ou de Pacheco Pereira?

Caro(a) Amigo(a),

Não pare de ler esta carta.
Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.
Portugal precisa do seu voto para fazer justiça.
Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.
Você não costuma votar, e não é por acaso.
Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.
E quem são eles?
Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.
Incluindo a velha maneira de fazer política.
Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?
Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema.
Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?
Também o tratam mal a si. Já somos vários.
Ajude-me a fazer-lhes frente.
Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!

Por todos nós,


Pedro Santana Lopes

 

Perfilados de Medo



Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.

Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.

Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.

Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...


(Alexandre O'Neill)
 

Semana dos Prodígios (1)



Entrámos na recta final da campanha eleitoral. Os, até agora, mais comedidos, excedem-se. Jerónimo de Sousa macula a sua pose bonacheirona e sorridente e foge ao debate com piadas sobre «adidos» e «cansados da vida». Talvez por, mesmo com PSD e o PP de pantanas, os entusiasmos em torno do PCP terem arrefecido, o novo secretário geral do PCP lança dichotes destinados aos fieis.

Um estilo.


Vital Moreira, no Causa Nossa, brinda-nos com uma habilidosa «equação» que o torna um independente cheio de graça. Em vez de fazer didáctica democrática (o que seria de esperar de quem é) insinua que o grau de responsabilidade política varia com a amplitude da maioria que a força política que ganhar as eleições obtiver.

Extraordinário.


Será que vai ser esta a semana dos prodígios?


 

Instrumentalizada em vida e na morte

Sem querer ofender os sentimentos religiosos de muitos crentes que me merecem o respeito que exijo para as minhas ideias não deixo de pensar que Lúcia de Jesus foi desde criança instrumentalizada. Na vida e na morte.
Primeiro pela Igreja que com a morte dos outros dois "pastorinhos" e a sua clausura, conseguiu com suficiente segurança criar o mito e um maná. Com o cardeal Cerejeira, Lúcia, o milagre e os segredos deFátima, (ver post do Manuel Correia) serviram para caucionar e santificar o ditador Salazar e o seu fascismo atípico, católico, apostólico, romano. Agora com a sua morte, também Santana Lopes 1º Ministro por acaso e Paulo Portas pretendem alcançar alguns dividendos. O próprio PS achou mais seguro acomodar-se.
Como era de esperar a blogosfera tratou abundantemente o caso. Recomendo em particular a leitura de Rui Tavares, no Barnabé .
Mas muitos outros blogs trataram este assunto. Nomeadamente o Causa Nossa, A Loja do Queijo Limiano, o Abrupto, o Água Lisa, O Jumento, o Acidental.
Curiosamente neste, ITP condena a atitude dos bispos Manuel Martins e Januário Torgal que acusa de "se terem posto a fazer política" por eles condenarem os políticos que se querem aproveitar da religião. Portanto para ITP parece que o papel dos bispos deveria ser o de coonestar o uso da religião pelos partidos de direita e os que contra isso se manifestassem estariam "a fazer política"!

2005-02-14

 

Haja Memória!



(1967: Emissão Comemorativa do Cinquentenário das Aparições de Fátima)

Mesmo com o risco de ser mal compreendido, quero lavrar um protesto. Não é admissível falar da Irmã Lúcia, seja-se ou não crente, esquecendo o descarado aproveitamento político e ideológico que os sectores mais conservadores da Igreja Católica fizeram das «Aparições de Fátima», dos «Três Pastorinhos» e das «mensagens divinas». Sei que é uma matéria que divide, por dentro, católicos, cristãos e outras correntes religiosas de inspiração Bíblica. Por isso mesmo, seria historicamente criminoso e empobrecedor das nossas culturas religiosas e políticas que se enterrassem, com a Irmã Lúcia, outros entendimentos, radicalmente diferentes, acerca dos «Mistérios de Fátima».
A vida da Irmã Lúcia foi, essa sim, para muitos de nós, um mistério. Tudo indica que a alta hierarquia da Igreja Católica condicionou estritamente as suas declarações públicas, tornando-a praticamente inacessível a quaisquer jornalistas ou estudiosos de temas relacionados com as «Aparições de Fátima».
A carta que Lúcia terá escrito ao Cardeal Cerejeira em 1945, indicando Oliveira Salazar como confirmação da «vontade de Deus», serviu, desde então, para uma inominável operação que pretendeu atribuir ao ditador Oliveira Salazar desígnios divinos.
O empolamento institucional que foi feito da sua morte sugere que, dos idos de Sidónio Pais aos tempos de Santana Lopes, certos arcaísmos político-religiosos, persistem.
Haja memória!

 

Humor de Roncinante


Podem ser visitados aqui no Jumento
 

Interrupção da campanha

Prece à Irmã Lúcia
Não sou mulher de santos e santas. Nem de videntes. Respeito a memória.

Mas começo a acreditar na figura da Senhora. Desde logo, o primeiro milagre a pouco menos de uma semana de eleições.

PSD e PP suspenderam a campanha eleitoral durante dois dias. Dizem que é oportunismo político. Acho que não. É um "sinal" de Fátima. Peço agora à Irmã Lúcia que nos afaste desses dois partidos, no mínimo, durante os próximos quatro anos. Teresa
(pedido de publicação)

 

D.Manuel Martins...pela Vida

«Se tivesse um filho com uma vida sexual desordenada, aconselhava-o a usar preservativo»
 

...E contra os tartufos

«Não fiquei nada contente nem convencido da sinceridade no tocante à suspensão de actividades políticas», afirmou D. Manuel Martins à TSF, defendendo que «a campanha eleitoral devia continuar»... é uma «questão negativa, de aproveitamento político».
 

Portugal, França. Uma morte e um centenário.

Ontem Portugal teve direito a uma pequena notícia nas rádios francesas, dizia o jornalista "morreu no carmel de Coimbra a religiosa que afirmava ter assistido à aparição da Virgem em 1917". A suspensão da campanha e o luto nacional fazem-me lembrar que se comemorará dentro de algumas semanas o centenário da lei de separação da igreja e do estado que começa assim:

"La République assure la liberté de conscience. Elle garantit le libre
exercice des cultes sous les seules restrictions édictées ci-après dans
l’intérêt de l’ordre public.

Article 2
La République ne reconnaît, ne salarie ni ne subventionne aucun culte."

Quando vemos o que se passa por esse mundo fora a separação da religião e do estado constituem um grande dos grandes progressos dos últimos séculos.
 

Este também espera um milagre

"Estas são as eleições de todas as surpresas. Mudou o estilo, são as mais agressivas de sempre...
Falta o debate conjunto e os últimos dias campanha serão os mais dramáticos, apelativos e mobilizadores... está tudo em aberto. E está mesmo!"

Quem fala assim? Aposto que adivinhou.

As surpresas para o fim da campanha estão a cargo da central de intoxicação santanista. Mas por mais suja que sejam não me parece que leve votos aos desesperados autores.

2005-02-13

 

Com a morte da "Irmã Lúcia", Santana espera um milagre

"...pegando ao colo uma criança que disse a frase «vamos ganhar», Santana Lopes afirmou que «está a ser uma loucura o que se vê por todo o país» com uma «onda laranja que varre» o continente e as regiões autónomas... um movimento de apoio ao partido... «sem precedentes na história democrática portuguesa». «Já não tenho dúvida nenhuma, nós vamos mesmo ganhar as eleições!»
Surgiu então a notícia da morte da "irmã Lúcia" a "única interlocutora viva de Nossa Senhora" segundo informação de um padre num dos telejornais de hoje.
Santana inseguro das certezas proclamadas em Guimarães espera agora um milagre. Para o propiciar cancelou na TVI a entrevista desta noite, mas sem deixar de lá ir mostrar a sua tão incompreendida pessoa. E a sua fé. Anunciou luto nacional e um dia de paragem na sua campanha eleitoral que, estou certo, substituirá por uma dúzia de encontros com os jornalistas na qualidade de 1º Ministro, subitamente afeiçoado ao culto mariano.
Os planos estão a sair-lhe em parte furados porque Paulo Portas sentindo-se roubado num nicho de mercado que considera seu decretou não um mas dois dias de luto pêpista. Com muitas preces, sentido de Estado e a ajuda do padre Lereno da paróquia de S. João de Brito.

 

Quando o mau exemplo vem do Alto


"Eleição. No próximo conclave vão participar 120 cardeais, sendo que a maioria é europeia e foi escolhida pelo actual Sumo Pontífice" [DN]
Com exemplos destes... até o Jerónimo se ri
.

 

Farto da campanha? Uma voltinha lá fora


Um clic no mapa e viajará para a página em que lhe ofereço a leitura de jornais de 30 países. Um serviço grátis prestado pelo Puxa Palavra à comunidade bloguística em colaboração com Ana Prata (e com ajuda, já agora, do INDEKX). Um desafio. Descubra em quantos países estrangeiros se fala de um tal Santana Lopes.

2005-02-12

 

Competência... muita competência

Segunda feira, dia 14 de Fevereiro, é o dia da apresentação das competências de Santana Lopes. Em termos de calendário é também o dia de São Valentim, aquele santo das partidas dos namorados.

Mas Santana tem vindo a mentalizar-se para a competência, convenhamos, embora talvez se trate de uma daquelas áreas para que não é muito fadado. Aliás, segundo ele próprio também nunca foi grande espingarda na biologia. Mas têm insistido e treinado pois sempre que o vejo na TV no palanque, há uma barrinha por baixo a dizer competência.

Então depois de todo este treino ele na próxima segunda vai nos informar da orgânica do governo (curta, talvez só com um PM) e enunciar os seus Ministros Fundamentais. Dois ou três Cadilhe no mínimo, dois ou três Borges, dois ou três Dias Loureiro. Bem o problema não é de segunda é na terça.!!!! o dia da verdade, uma outra palavra que recentemente entrou no vocabulário de Santana.

 

Ainda a base de Monte Real

O jornal Expresso dá hoje mais uma achega sobre este caso da base de Monte Real, fabricado por Santana Lopes para a campanha eleitoral. É pena mas o texto não está disponível on line.

Segundo Luisa Meireles, a jornalista que escreve o artigo "Aeroporto complicado", "há vários obstáculos cuja solução terá que ser negociada rigorosamente entre a parte civil e militar" para uma eventual utilização para fins civis desta base. "Um deles decorre do facto de a base (a maior em termos operacionais em Portugal) albergar mísseis" ... e, em termos de legislação internacional, ser proibida a aterragem de aviões armados num aeroporto civil. Um outro obstáculo prende-se com o sistema de energia utilizado pelos F16 que obriga a excepcionais medidas de segurança por se tratar de um produto altamente tóxico e, por isso, exigindo a separação estanque entre as partes civis e militares.

Ora, como os meios de comunicação têm vindo a referir nada disto está minimamente em vias de estudo ou de equacionamento, como o próprio INAC refere no seu comunicado, pelo que é de perguntar, o que algo de sério moveu Pedro Santana Lopes nesta sua ida a Monte Real. Um acto de propaganda eleitoral do mais puro, difícil de visualizar, com meios e dinheiros do Estado. Exija-se aquele mínimo de decoro.

2005-02-11

 

VPV sem ambiguidades

Pacheco Pereira deu vida, há algum tempo atrás, no seu Abrupto a um chat sobre como votar para se ser fiel ao PSD (resguardando-o de excessivo emagrecimento) e se livrar o mesmo PSD do seu coveiro Santana Lopes. Da leitura um tanto rápida pareceu-me que alguns dos intervenientes queriam tentar a quadratura do círculo: derrotar Santana Lopes sem deixar de votar PSD.
Vasco Pulido Valente é que não esteve com paninhos quentes e hoje, no Público, falou claro:
"A lógica aconselha, portanto, um militante ou dirigente do PSD a não sustentar ou apoiar Santana e a não votar PSD. Parece paradoxal, mas não é. Nestas coisas não são raros comportamentos suicidas. Muitos partidos morreram por espírito partidário. O PSD não precisa de um "bom" resultado em 20 de Fevereiro, precisa de um resultado que o livre de Santana. E precisa de perceber isso a tempo."

 

Até ao Momento Gato Constipado

UM - "A Procuradoria-Geral da República divulgou um comunicado onde adianta que, até ao momento, o líder do PS, José Sócrates, não é suspeito de qualquer ilícito criminal relativamente ao "caso Freeport". (DN on line Última Hora)

DOIS - O Puxa Palavra pode informar os seus leitores que "até ao momento" o Procurador-Geral da República, José Souto Moura, não é suspeito de dar cobertura, com respostas pouco claras, à "campanha negra" contra Sócrates, alimentada pelo Independente.

TRÊS - O Santana e o "Paulinho [outra vez] das Feiras" responderam sem surpresa que (pelo menos enquanto as coisas forem assim) longe da sua ideia contrariar a "Justiça". Mas qual Justiça? A do Independente? A diferença veio de Jerónimo de Sousa que se manifestou contra manobras sujas e o desvio da campanha daquilo que interessa aos Portugueses.

 

Notícia de Jornal


Atentou contra a existência,
num humilde barracão,
Joana de Tal, por causa de um tal Joao.
Depois de medicada,
retirou-se pro seu lar.
Aí, a noticia carece de exatidão.
O lar não mais existe,
ninguém volta ao que acabou.
Joana é mais
uma mulata triste que errou...
Errou na dose, errou no amor,
Joana errou de João.
Ninguém notou, ninguém morou
na dor que era o seu mal.


A dor da gente nao sai no jornal.


(Chico Buarque)


 

Um Ministro patético


Numa sessão de propaganda enganosa promovida pelo CDS/PP no âmbito da campanha eleitoral. o ainda Ministro do Ambiente Nobre Guedas revelou, uma vez mais, a sua ignorância, incompetência e má fé, ao fazer afirmações completamente falsas e fantasiosas com as quais pretende esonder a sua mediocridade. Num artigo que publiquei ontém no Diário Económio, desmonto essas afirmações e evidencio essa mediocridade. Para se ter acesso a esse artigo pode-se clicar aqui ou ir ao ALFORGE.

 

Abrir a base de Monte Real à aviação civil ?

Bom, pensava eu, face a tanto estardalhaço de Santana Lopes (como PM!!. Atenção, nada de equívocos!!!) com Falcon e tudo à mistura, embora sem Portas, que houvesse "qualquer coisinha" de palpável.

Afinal nada, nada mesmo. O primeiro passo obrigatório para que a base área de Monte Real pudesse ser aberta ao tráfego civil é o da sua certificação, processo moroso que nem sequer foi desencadeado, segundo palavras do INAC, Instituto Nacional de Aviação Civil, entidade responsável por este tipo de processos.

Mas trata-se de uma intenção "tão inovadora" que está na arca dos perdidos há mais de 20 anos, embora abanada de vez em quando, em momentos "tão dignos" como este que Santana Lopes escolheu, para que a traça não a roa de vez.

 

The World

Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.


(Robert Frost)



2005-02-10

 

A aposta de Cavaco Silva


O jornal «Público» fez constar que Cavaco Silva aposta na maioria absoluta do PS. É uma peça jornalística muito interessante. A aceitação da «notícia», e o destaque que lhe foi dado, deixam supor que a direcção do jornal deu o seu acordo expresso à inserção da peça. Isto pode levar-nos a revisitar as teses que incluem os massmedia no sistema político e a confirmá-las, pelo menos em parte.
A frouxa tomada de posição de Cavaco Silva, remetendo para depois de 20 de Fevereiro quaisquer declarações a esse respeito, colocou-o sob suspeita dos santanistas, que o convocaram para declarar publicamente em quem vai votar. Luis Filipe Menezes tem piada quando lança a Cavaco o repto de declarar urbi et orbi a quem dará o seu voto; Alberto João Jardim rebenta a escala, ao tratá-lo por «Sr. Silva», ameaçando-o com a expulsão!...
Houve aproveitamento. Claro.
Depois do apoio de Freitas do Amaral e desta resposta atípica de Cavaco, que se limitou a dizer que a «notícia» «não tinha fundamento» (reparem que nem se indignou, nem nada...), as coisas devem ser reconduzidas às suas dimensões prováveis.
Afinal, tratou-se apenas de uma aposta.
Nunca vi tantas gentes se eriçarem por tão pouco.
Ao contrário do que parece, a jogada política é de Cavaco. O jornal «Público» foi envolvido. Tenha ou não o PS a maioria absoluta que anda a «pedir», o PPD/PSD perde e vai ficar num frangalho. O Professor Cavaco ganhará, pelo menos, uma parte da aposta, e falará, então, do seu ânimo quanto às presidenciais.
Como daqui se infere, a direita continua aterrorizadíssima com José Sócrates.
Vai uma uma aposta?


 

Nuit et brouillard


Ils étaient vingt et cent ils étaient des milliers
Nus et maigres tremblants dans ces wagons plombés
Qui déchiraient la nuit de leurs ongles battants
Ils étaient des milliers ils étaient vingt et cent
Ils se croyaient des hommes n'étaient plus que des nombres
Depuis longtemps leurs dés avaient été jetés
Dès que la main retombe il ne reste qu'une ombre
Ils ne devaient jamais plus revoir un été

La fuite monotone et sans hâte du temps
Survivre encore un jour une heure obstinément
Combien de tours de roues et de départs
Qui n'en finissent pas de distiller l'espoir
Ils s'appelaient Jean-Pierre Natacha ou Samuel
Certains priaient Jésus Jéhovah ou Vishnou
D'autres ne priaient pas mais qu'importe le ciel
Ils voulaient simplement ne plus vivre à genoux

Ils n'arrivaient pas tous à la fin du voyage
Ceux qui sont revenus peuvent-ils être heureux
Ils essaient d'oublier qu'à leur âge
Les veines de leurs bras soient devenus si bleues
Les Allemands guettaient du haut des miradors
La lune se taisait comme vous vous taisiez
En regardant au loin en regardant dehors
Votre chair était tendre à leurs chiens policiers

On me dit à présent que ces mots n'ont plus cours
Qu'il vaut mieux ne chanter que des chansons d'amour
Que le sang sèche vite en entrant dans l'histoire
Et qu'il ne sert à rien de prendre une guitare
Mais qui donc est de taille à m'arrêter
L'ombre s'est faite humaine aujourd'hui c'est l'été
Je twisterais les mots s'il fallait les twister
Pour qu'un jour les enfants sachent qui vous étiez
Vous étiez vingt et cent vous étiez des milliers
Nus et maigres tremblants dans ces wagons plombés
Qui déchiriez la nuit de vos ongles battants
Vous étiez des milliers vous étiez vingt et cent.

(Jean Ferrat)




 

Muito se escreve..(Mal)..nestes dias de campanha

Muito se tem escrito e falado nestes dias de campanha. Dominando a falta de ideias novas e credíveis para mudar este país que de boa mudança tão precisa, vão-se inventando factos e fenómenos para encher páginas. O barro vai sendo atirado e quase sempre grude.

Até órgãos de comunicação ditos de referência não têm escapado a tamanho lamaçal...É o País que há.

Mas parece que ainda há gente que não não percebeu o alcance do agora tão proclamado "novo tabú de Cavaco".

O jornal Público inventou um pensamento íntimo para Cavaco, auscultado não se sabe por quem, nem inspirado em quê, mas com objectivos e logo toda a gente se pôs a falar, toda mesmo, menos o próprio, que só disse e contra vontade o que teve de dizer. Honra lhe seja feita.

Mas este tabu trouxe algumas benesses a Santana trouxe (basta olhar toda a teia montada, ter os filhinhos em S. Bento, falar da piscina de Cavaco e para que conste também dos lugares de leitura de Salazar).
Assim Cavaco sempre entra na Campanha

 

Política da água e outras políticas ambientais


Há alguns dias dei uma entrevista relativamente extensa ao Diário de Notícias onde foram abordados temas relacionados com a política da água e com outras políticas ambientais. Seguindo a sujestão de alguns companheiros do Puxapalavra, deixo aqui essa entrevista, que também pode ser vista no ALFORGE.

2005-02-09

 

Os Links da política

Ligações

Programas

Candidatos à AR

Actuais deputados

PSLinkLinkLink **
PSD

Link

LinkLink **
CDS/PPIndisponívelLink *Link ***
CDULinkLinkLink ***
BELinkIndisponívelLink ***

Notas: * - Só cabeças de lista. ** link para o site do respectivo grupo parlamentar. *** link para o site da AR, por indisponível sítio partidário próprio

Blogs do Sapo: José Sócrates, Santana Lopes, Paulo Portas, Jerónimo de Sousa.

 

Raio de luz na caverna



2005-02-08

 

Formatos abertos

Os formatos proprietários de documentos electrónicos representam não só uma grande dor de cabeça para os utilizadores de computadores como são uma forma discreta de forçar a venda de programas. Vejamos um pequeno exemplo: um organismo oficial disponibiliza através da internet um formulário de candidatura a um projecto em formato Microsoft Word, um particular (ou outro organismo) que decida candidatar-se a tal projecto terá que comprar uma cópia do Microsoft Word pois o formato fechado do Word é feito para impedir que outros programas o possam editar(*). Mesmo que tenha Word se a versão for anterior à que foi usada para produzir o formulário terá que pagar uma actualização. Histórias como esta aconteceram comigo há alguna anos atràs com alguma frequência.

Alguns dirão que sem Word um computador não serva para nada: nada mais falso, para os textos científicos o "software" livre TeX é o mais usado, eu mesmo só uso o Word muito raramente, e uso o TeX todos os dias. O que acontece se eu enviar um texto escrito em TeX a alguém? Se for para um leitor posso enviar-lhe um documento num formato aberto (pdf ou ps por exemplo), se for para alguém que vai alterar o texto envio-lhe um ficheiro ASCII que é alterável em qualquer computador.

A utilização dos formatos proprietários em documentos públicos produzidos por organismos públicos é uma clara violação da neutralidade do estado. A União Europeia tomou consciência disso e tem desenvolvido esforços para impor formatos abertos na troca de informações (ver aqui).

(*) alguns programas permitem editar Word e funcionam bem, no entanto, a Microsoft procura alterar constantemente o formato para impedir estes programas de funcionar.
 

Un poète



Boris Vian cantando timidamente «Le déserteur»


Un poète
C'est un être unique
A des tas d'exemplaires
Qui ne pense qu'en vers
Et n'écrit qu'en musique
Sur des sujets divers
Des rouges ou des verts
Mais toujours magnifiques.

(Boris Vian)

Quem quiser ler mais (para conhecer melhor ou, simplesmente, matar saudades) pode encontrar uma razoável antologia on-line aqui.


 

Poente ou aurora? Névoa talvez.

 

PROVERBIOS Y CANTARES - XXIX




Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.


António Machado



2005-02-07

 

De Santana Lopes aos EUA e ao Iraque

Quando a falta de carácter não conta para a derrota

Tinha decidido nada dizer sobre o frente a frente entre Santana e Sócrates, por supérfluo, depois de tudo o que foi dito. Opiniões de jornalistas para todos os gostos, incluindo a dos conhecidos "avençados" .
Apenas um desabafo.
Será relevante discorrer sobre quem falou melhor, ou estava mais descontraído, ou sobre a técnica de disfarsar, enganar ou vigarizar os eleitores? Até as próprias propostas políticas não perdiam relevância quando um dos contendores se apresentou como um homem sem carácter? Um homem que nega fazer "campanha negra" e tenta fazê-la ali mesmo, com álacre desfaçatez, trazendo à colação e insistindo nos temas dos boatos. Um personagem que procura envolver o adversário com uma hipócrita manifestação de amizade e cumplicidade!
Um homem que é 1ºMinistro e quer voltar a sê-lo, pode ser considerado vitorioso num debate, tenha debitado seja que promessas for, quando não atinge o grau mínimo exigível de carácter e seriedade?


Importar não o melhor mas o pior!

Boatos, mentiras, difamações em campanhas eleitorais não constituem novidade em Portugal. A grande novidade é o seu uso pelo próprio lider de um grande partido, para mais 1º M em exercício.
A campanha "negra" que Santana Lopes inaugurou em Portugal não é invenção sua. Parece ser inspirada nos EUA, onde se podem encontrar práticas eleitorais exemplares e práticas da maior baixeza. Sobre Santana Lopes e as campanhas "negras" nos EUA, desde 1828, entre Andrew Jackson e John Quincy Adams a W. Busch vale a pena ler Nuno Guerreiro no seu excelente blog "A Rua da Judiaria" [aqui]

Importar o "Estado Penitenciário"?

Recomendo a leitura da entrevista no Público de hoje a Loïc Wacquant, "professor da Universidade da Califórnia e da New School for Social Research, considerado um dos maiores especialistas mundiais em prisões. Em "As Prisões da Miséria", obra já publicada em Portugal, explica como as ideias dos neo-conservadores americanos atravessaram o Atlântico e se tornaram "senso comum". "Se a ascensão do Estado Penal é particularmente brutal na América, a tentação de recorrer a instituições judiciais e penitenciárias para jugular os efeitos da insegurança social faz-se também sentir em toda a Europa", avisa. "

PÚBLICO - O que pensa do sistema prisional português?

LOÏC WACQUANT - Sei que a taxa de encarceramento é a terceira mais alta da Europa. Aqui, como noutros países europeus, o número de reclusos tem vindo a aumentar e isso parece-me um desenvolvimento alarmante, porque todos os estudos comparativos mostram que não há relação entre o nível de encarceramento e o nível de crime. A história penal mostra também que a prisão não cumpre a sua missão de recuperação e reintegração social. A verdade é que destrói as pessoas, isola-as, empurra-as para uma espiral de desvalorização.

Fala num "pânico moral" em ascensão na Europa...

Nunca a taxa média de ocupação das prisões foi tão alta e a evolução da criminalidade não justifica isso. Os políticos gostam de pôr os holofotes no crime, gostam de ser vistos a desenvolver acções contra o crime, porque não querem lidar com problemas mais sérios, em particular com o desemprego. O Estado demite-se das suas responsabilidades sociais e os políticos transformam a luta contra o crime num espectáculo moral para reafirmar a autoridade do Estado.
(...)

É a internacionalização do "senso comum" punitivo americano?

Estamos no início do desenvolvimento de um agressivo Estado penitenciário, mas ainda vamos a tempo. Os cidadãos têm de perceber que isto é uma opção política: que tipo de Estado Portugal quer construir? Um Estado Social que providencia os meios de vida e de apoio (saúde, educação, habitação) para todos? Ou um Estado que abandona a sua missão social e se transforma num Estado policial, que limpa as ruas e mantém a ordem nos bairros pobres?
O custo da opção penal é enorme. Aumentar a polícia, os tribunais e as cadeias é muito caro. Mais caro do que desenvolver emprego. Não sei em Portugal, mas na Califórnia são precisos 28 mil dólares por ano para manter uma pessoa atrás das grades. O salário mínimo é 13 mil dólares por ano. Podia-se dar um emprego: 'Pagamos-te desde que não cometas crimes'. Era uma opção muito mais inteligente para pessoas presas por ofensas menores.
(...)
A privatização prisional é um desastre. O país que privatizou mais foi os Estados Unidos, que tem operadores privados a conceber, a construir, a gerir prisões [inclusive o serviço de vigilância]. A população reclusa não pára de crescer [em 2003, a taxa de encarceramento era de 686 por cada cem mil habitantes]. Estas empresas têm interesse em ter mais e mais presos. Fazem dinheiro com cada novo preso que têm. Reduzem serviços de saúde, de apoio social, cortam programas de educação, de trabalho. As pessoas morrem porque não recebem cuidados médicos. (...)
As cadeias de gestão privada foram de zero, em 1987, aos 140 mil presos em 1998. Depois, até havia especulação na bolsa. As prisões eram um dos três investimentos mais recomendados. (...)
Texto completo aqui e aqui. (...)

Texto completo [aqui] e [ aqui].


Os Ayatollah xiitas querem Islão na Constituição e Dick Cheney... acha bem.

O ayatollah Sistani e outros dos mais influentes querem para já um Estado iraquiano islâmico ainda que [por agora!] dirigido por um laico.

O Público num artigo de Francisca Gorjão Henriques (não está disponível on line) citando o NYT, diz que em Bassorá "os partidos xiitas têm transformado a cidade num bastião islâmico desde a queda do regime de Sadam Hussein. Milicianos expulsam vendedores de álcool da rua, as mulheres são agredidas se não se tapam dos pés à cabeça, e em alguns tribunais, os juizes sentenciam com base na sharia.
"Reagindo à polémica [nos EU] o vice-presidente Dick Cheney afirmou que o Iraque tem direito a criar a sua própria democracia sem se tornar numa versão iraquiana da América. (...) Vão fazê-lo de acordo com a sua cultura, a sua história e as suas crenças sobre qual deve ser o papel da religião na sociedade. E é assim que deve ser."

Está visto que a Administração Busch será tão compreensiva com a democracia que está a instalar no Iraque como é com a monarquia teocrática do seu aliado, a Arábia Saudita, desde que possa controlar o petróleo, o gás, os oleodutos, os gasodutos e a região estratégica.


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