2007-11-30
Estado nacionalizou Tiepolo
2007-11-29
De profundis (4)
Descompassados (1)
"Portugal está numa fase de recessão. Apesar de ter uma boa equipa no Ambiente, esta não tem peso político. O 1º-Ministro conseguiu notoriedade pelo trampolim ambiental, quando foi Ministro do Ambiente. Agora abafou aquilo que na altura defendia. É quase como se fosse outra pessoa. Não deu margem a que esta equipa pudesse trabalhar com brilho, com energia, domina muito o governo. Do ponto de vista da sociedade civil, da prática dos cidadãos, vivemos um momento alto. Estamos descompassados. A opinião pública está mais à frente do que o lado político."
Deveríamos fazer um esforço maior e tentar descobrir algo em que José Sócrates não tenha mudado, aspectos em que tenha melhorado, e promessas que tenha cumprido.
Dão-se alvíssaras.
Falar verdade a mentir (6)
Um "bocadinho mais à esquerda"?
Um "bocadinho" só, já não chega, Dr. Mário Soares.
Seria necessário, pelo menos, um "bom bocado"!
2007-11-26
Ainda os descontos dos reformados da FP para a ADSE
- ADSE-1%
- ADSE-Retroactivo 14º Mês
- ADSE-Retroactivo Fev.
- ADSE-Retractivo de Natal
Na realidade, não se percebe para onde este Ministro das Finanças pretende ir e aonde quer chegar com a disparidade que criou com esta medida de desconto sobre os 14 meses, contrariando a lei e decretando uma completa desigualdade face ao pessoal no activo.
Mas seguimos os passos já dados e os futuros.
Em finais de 2006, decreta o fim da isenção dos pensionistas no pagamento à ADSE e estabeleceu a taxa de 1%.
Em 2007, estende a taxa aos 14 meses.
A partir de 2008 e até 2012, a taxa vai aumentando até atingir 1,5%, a taxa paga pelas pessoas no activo.
Será que a intenção é os activos passarem também a pagar 14 meses?
Não se percebe onde está a sensibilidade social deste Ministro das Finanças ao assinar esta medida. Cria mais "uma guerra" social desnecessária e ridícula.
2007-11-24
Falar verdade a mentir (5)
Vai tudo junto: a erudição histórica, a análise "estrutural" da narrativa, e a punição do autor. Evitando uma abordagem reflexiva, ensaística, disfarçando, porventura, a sua forte antipatia por MST, com alguns exemplos do que no livro merece ser destacado pela positiva, VPV lança um cerrado, inapelável e definitivo anátema contra o mais recente livro de MST.
VPV acusa os principais protagonistas da novela de MST. Demonstra que a percepção que tinham do que se passava em redor deles, nesses tempos, era desinformada, ignorante e distorcida.
Aqui levanta-se uma questão "menor": não poderão as personagens evidenciar uma visão desajustada do seu tempo? Parece-me que sim, mas VPV não deixa de cobrar por isso.
Arrumados os principais protagonistas, VPV vai-se ao narrador. Fornece uns quantos exemplos de incongruências e desconhecimentos do contexto.
Desta vez, VPV parece aproximar-se do autor. À primeira vista, o narrador tem uma relação muito próxima com o autor. Mas poder-se-á, sem mais delongas, acusar o narrador de "ser" o próprio autor?
Duvido.
Bem vistas as coisas, MST beneficiou da descarada hostilidade de VPV.
Não é possível acompanhar a polémica que, suponho, se seguirá, sem ler os dois (MST e VPV).
Se tivesse sido combinado, não resultaria melhor.
Falar verdade a mentir (4)
Fazem-no, porém, por metade.
Quer um, quer outro, tiveram oportunidade de se informar sobre a emergência e consolidação da "empresa" como "actor social", relegando, para segundo plano, os grupos sociais, os colectivos e o indivíduo. Cerca de dois séculos depois do surgimento desta "nova" vertente "social" da empresa, o pensamento que se auto-denomina "liberal", chocalha.
"Não façam ondas" - dizem os grandes patrões aos trabalhadores. "Olhem que se a 'empresa' soçobra, vamos todos ao fundo!"
Tem-se visto que, entre legislação facilitadora dos despedimentos e redução dos direitos dos que trabalham, as empresas continuam a fechar, a deslocalizar-se, ou, pura e simplesmente, a extinguir-se. Nessas alturas, os principais accionistas, efectuado o despedimento colectivo, vendido o que resta, põem-se a caminho de umas férias de luxo, enquanto prospectam o mercado à procura de novas oportunidades.
Tudo isso, enquanto os trabalhadores que ficaram desempregados desesperam.
O actor-empresa é, de facto, um excelente expediente para dar a impressão que "estamos todos no mesmo barco"!
Entretanto, seguindo velhas receitas, a mercantilização avança.
Agora, os partidos; depois as igrejas, a família, a procriação.
E a seguir? Que será?
______________________________________________
(*) José Pacheco Pereira, A emergência do partido empresa, PÚBLICO de 2007/11/24, pág. 45.
(**) Vasco Pulido Valente, O PSD e o "mercado eleitoral", idem, na contracapa.
2007-11-23
Um governo muito imaginativo... para o torto
Reformados vão pagar mais para a ADSE do que os trabalhadores
Não se pode ir ao bolso das pessoas de qualquer modo. Só com uma lei, um decreto-lei ... um despacho.
Os funcionários no activo, esses são muito possantes e como tal nem de médico precisam durante os 12 meses do ano civil, pelo que só descontam 12 meses.
Acho isto desigual, já não quero chamar de injusto.
Scolari irritou-se
Temi o pior.
Felizmente - a peça seguinte mostrou-nos o que se passou - tudo correu bem afinal e ninguém foi esmurrado.
Parabéns
E eu aproveito o ensejo para dar os parabéns a um dos mais prestigiados blogs de comentário político o Causa Nossa que hoje faz quatro anos de indefectível labor.
2007-11-22
Da Televisão para as Estradas
Um blog à espera da vossa visita
2007-11-21
Grevistas ganham 4.000 € por mês?
A GNR e o piquete de greve.
___________________
A CGTP condenou a intervenção da GNR, na greve da VALORSUL mas a GNR apenas impediu que o piquete de greve desrespeitasse a lei obrigando os trabalhadores de outras empresas, as de transporte do lixo, a solidarizarem-se com os grevistas.
2007-11-19
Cozinheiro com sida perde causa
O bico de obra é o Kosovo
Perderam-se muitos milhares de empregos qualificados ...
É a oposição a tentar tirar dividendos do facto, da pior forma, sem tocar nos fundamentos do problema. É o governo a fazer má figura pelo voz do Ministro Vieira da Silva pela mesma razão.
Alguns factores explicativos para esta situação. Um, será o modelo económico que o país há muitos anos pratica e que há muito bateu no fundo. Um modelo baseado em baixa tecnologia, recursos humanos pouco qualificados, e um tecido empresarial de pequenas/médias empresas sem dimensão crítica e espírito de cooperação entre si. E muitas foram as causas da duração deste modelo, entras elas, não é alheia a lógica de aplicação que presidiu aos anteriores quadros comunitários de apoio. o dinheiro fácil. Depois, um ensino que, no fim da linha, forma demasiados licenciados pouco ajustados às necessidades da economia que, até há pouco eram absorvidos, sobretudo pela Administração Pública. A necessária reforma da Administração Pública em sentido amplo veio gorar esta absorção e aumentar a taxa de desemprego entre os detentores de habiltações superiores.
A economia permanece indiciando algumas mudanças nomeadamente na qualidade dos produtos exportados onde as estatísticas mostram que as produções actuais estão a incorporar mais tecnologia do que em anos antes (desta estatística o Governo gosta) mas a ritmos que não são ainda compensadores do desemprego criado. ou dos licenciados chegados ao mundo do trabalho.
Estradas portuguesas matam.. e muito
É de pensar. Na realidade, as nossas estradas, temos de admitir, têm vindo a melhorar de qualidade, designadamente desde a nossa entrada na CEE.
Como ser padre em tal freguesia?
Dou um conselho a Luís Filipe Menezes. Telefone. Telefone a Belém antes de dar orientações. É mais seguro. (Apesar das escutas).
Corrupção moral
Então a destruição de um país, a tragédia de milhões de iraquianos, a catástrofe dos milhões de refugiados nos países vizinhos, o sacrifício de milhares de mortos dos EUA e de outros países invasores, nada disso tem qualquer importância? E o Governo de Portugal que apoiou, com pretextos falsos, conscientemente assumidos, a invasão do Iraque não tem nada a lamentar?
Durão Barroso contente nas suas declarações até explicou porque «do ponto de vista português não há nada a lamentar». «A prova - disse - é que eu próprio fui quase logo a seguir escolhido para Presidente da Comissão Europeia.»
2007-11-18
"Um Madeirense fica sempre por cima!!
Não percebi também a que título o presidente da Liga de futebol, Hermínio Loureiro, estava ali. Mas, como falou sobretudo da Lei das Finanças Regionais, deduzi que estava a representar ali não o futebol mas estava como dirigente do PSD nacional. Não o ouvi falar de futebol, limitando-se antes a atacar o governo de José Sócrates, pelo que teve a retribuição de Jardim, recebendo o maior elogio de Jardim que, certamente, no seu sempre modo excessivo de fazer chegar à população a sua mensagem, disse a frase-título deste poste: "um madeirense fica sempre por cima".
Atenção, calem-se as vozes! Dixit o Presidente.
2007-11-17
Ainda a propósito da sugestão do "sítio" para a tenda de Kadhafi
Corre que José Sócrates vai premiar Luis Amado. ... Vai convidá-lo para gerir um curso pós graduação de boas maneiras ministeriais (orientador), um curso em que o princípio estratégico é: um ministro nunca, em tempo algum e em condição qualquer, se pode exceder ou mostrar-se sisudo. Trata-se de um curso para primeiros ministros e ministros, certamente a ocorrer em recinto muito privativo. Só há um problema. É que tudo indica o horário será pós-laboral e certa gente que me abstenho de referir já tem problemas com o período laboral.
"Kadhafi rejeita hotel e exige acampar em Lisboa"
Acho que falta muita imaginação. Parece que procuram castelos, mosteiros, palácios, etc., quando têm um espaço belíssimo disponível, ali à mão de semear. Não estão a ver? Eu já digo. A 2ª circular. É o melhor local: 2 em 1: Não é assim que nos "vendem" tanta coisa!.
Aproveitem é uma sugestão gratuita e nestes tempos de crise, até o orçamento se ri!
2007-11-16
Falar verdade a mentir (3)
Talvez por isso, Almerindo Marques tenha sido exonerado e saído, de supetão, da administração da RTP [ACOLÁ] (chiii, à frente de José Rodrigues dos Santos), com o "pesado castigo" de ir administrar, agora, as Estradas de Portugal.
Agitam-se as águas; acalmam-se os ânimos.
Lá vai o Governo nomear mais uma administração para a RTP...
Será que a futura composição permitirá perceber, em toda a extensão o que se passou?
De profundis (3)
José Adelino Maltês, "Será que a luta de classes está de regresso?", no Semanário e, completo,[ AQUI ]
2007-11-15
Van Zeller arruina honorabilidade de Van Zeller
A gritaria de Van Zeller
"Campanha desesperada" para "destruir estudo".
"Tenho informações privadas" de que o ministro Mário Lino quereria avançar já para a decisão da Ota e, por isso, destruir o estudo"
__________
São declarações recentes de Francisco Van Zeller, o Presidente da CIP, que Lobo Xavier ontem na Quadratura do Círculo, com inestimável apoio de Pacheco Pereira, explicou tratar-se de pessoa da máxima responsabilidade de quem não se pode duvidar ao contrário de ministros e outra gentinha do género.
Para quem não esteja familiarizado com siglas explico que CIP é uma ONG dedicada à defesa do interesse nacional, em especial dos portugueses mais carenciados, que mantém o anonimato dos financiadores do seu estudo sobre o aeroporto em Alcochete porque não quer que os Portugueses se incomodem a agradecer-lhe o gasto de tantos milhões para os servir.
E que aconteceu para tanta indignação de Van Zeller? A CIP à boleia do estudo sobre o aeroporto em Alcochete fez também um estudo sobre as linhas de alta velocidade (AV) à pressa e mal fundamentado que o tempo não dava para mais como acabou por reconhecer, nalguma medida, (em todos os canais de TV) o principal responsável, o Professor José Manuel Viegas).
A CIP publicitou o estudo o mais que pôde - e pôde muito. Entretanto a RAVE um instituto dependente do MOPC que há anos faz os estudos sobre rede de AV veio a público expor várias fragilidades do estudo. Aqui del rei enxofrou-se Van Zeller que não admite, ser contraditado. Daí aquela gritaria.
O Público como não podia deixar de ser, saiu a terreiro, com elmo, cota de malha e montante em riste, em defesa de várias damas em perigo: empreendimentos imobiliários da SONAE, do BES e de outros na margem Sul, da Luso Ponte, do seu grande accionista Somague, (que ajudou com 233.415 euros a campanha eleitoral do PSD em 2002).
Preocupado em servir o melhor possível quem lhe paga, só nas últimas semanas, o Público demitiu e justamente, pelo menos três vezes, o ministro Mário Lino e ameaçou Sócrates outras tantas.
A demissão foi ontem sancionada por Pacheco Pereira (a defesa da honra coube a Jorge Coelho que não se saiu nada mal) na Quadratura do Círculo onde explicou por A+B que ele (o ministro) não pode continuar. E mais, sabe muito bem que isto de Alcochete "é uma encenação porque não acredita em histórias da carochinha" (Dizem, mas não posso garantir, que só acredita em histórias da carochinha se forem de Bush. Como as das armas nucleares no Iraque). E que o Governo já perdeu. Porque se o LNEC for favorável a Alcochete fica demonstrado o monumental erro da Ota (erro monumental de 4 governos sucessivos felizmente descoberto por Marques Mendes quando deixou o Governo do PSD/CDS e veio o do PS. Se o LNEC pender para Ota pior ainda para o Governo - afirma PP - pois fica demonstrado que o adiamento da localização definitiva do aeroporto e aceitação do estudo da CIP, não passou de encenação.
Que tamanha turbulência!
Temos aí a turbulência da CIP quanto aos estudos da RAVE.
- Um sobre o Novo Aeroporto de Lisboa em que aponta Alcochete como o local ideal;
- Outro sobre a Alta Velocidade.
É a este último que a RAVE responde, nada tendo a ver com Alcochete, apesar da grande confusão que, políticamente, se tentou criar sobre a intervenção da RAVE. Estamos numa de grande confusão premeditada. Quanto mais agitar melhor! Políticamente é q.b.
Gosto mesmo é de ouvir Pacheco Pereira com aquele convincente argumento: o Senhor Presidente da CIP é uma pessoa muito séria, sempre foi ... está a ser maltratado pela RAVE. Será que a RAVE pôe em causa o Eng. Van Zeller ou apenas questiona o facto de a CIP não estimar uma série de custos quando é o próprio José Manuel Viegas a admitir que o estudo contém "algumas soluções mal medidas", entenda-se em termos de custos.
Falar verdade a mentir (2)
A usurpação do sujeito (fomos todos?!) a que Lomba procede na titulação, revela o resto. Há uma direita que não apenas gosta de "mandar calar", não vendo nisso nada de mais (deve tratar-se de um privilégio fidalgo), mas também adora falar em nome de todos nós.
Sei que é apenas um tique.
E os tiques revelam-nos mais do que as palavras.
"A verdade a que temos direito"
Falar verdade a mentir (1)
Quinta por uma Linha (4)
Por distracção, quase ia ficando fora desta outra que me foi lançada pelo João Tunes, do Água Lisa (6).
Aí vai, com mil desculpas pelo atraso.
"Without the direct living experience of these || cultural values, they will remain terra incognita for our outside observer and || statistical analyst..."
Do livro de Robert K. Merton, The Sociology of Science. Theoretical and Empirical Investigations, The University of Chicago Press, 1973.
E agora, para que a azáfama faça sentido, venham mais cinco: Mino, Sandra, Maysa, Conxurada, e Lúa.
Entre a Galiza e o Brasil já vamos em mais de mil.
Só têm que ir à página 161 de um livro qualquer (à escolha ou ao acaso, tanto dá) e transcrever a quinta linha dessa página. Sugiro que juntem o que falta antes e depois para completar a(s) frase(s).
Não quebrem (ainda) a cadeia.
;-)
A posição dos deputados europeus portugueses
Ainda não percebi, embora possa pôr hipóteses porque razão o caso Maddie tem merecido tanto interesse da governação britância a todos os níveis. Ainda não percebi como os pais da Maddie até ao Papa chegaram. Ainda não percebi porque corre tanto dinheiro. Ainda não percebi ...
Alguma coisa lá nas profundezas se passa para que este caso mereça tudo e mais alguma coisa. Cargos de importância pública não se conhece que os dois médicos, o pai e a mãe de Maddie tenham tido. Será que missões desconhecidas estarão na origem deste mistério?
De novo a Casa Pia ... de novo pelo pior
Admito a existência de alguns qui pro quos no relacionamento entre a antiga direcção e a actual, até pela forma como se processou a substituição. Mas o bom senso deveria ser a regra.
Quinta por uma Linha (3)
A história da "Quinta Linha" soma e segue.
António Vilarigues, de O Castendo, topou, - lui aussi, - o risco que corríamos em quebrar (agora) a cadeia chamada da Quinta Linha. Foi-se ao livro mais à mão e zás, debitou a 5ª linha da respectiva página 161, convocando, na passada, cinco outros bloggers.
Havemos de voltar à "antologia" resultante e ao espírito lúdico e experimentalista. Por agora, aqui fica o [link] para o poste do nosso amigo.
2007-11-14
Faltar à verdade ou mentir?!
Face ao confronto das diferentes datas que oficializam a validade do diploma e as declarações do 1º Ministro no Parlamento, falta saber se José Sócrates "faltou à verdade" (expressão utilizada por Francisco Louçã), ou se "mentiu descaradamente" (segundo os termos de Bruno Dias).
A especiosa diferença há-de ajudar-nos a prever se os apupos e slogans dos próximos tempos serão acompanhados, ou não, pelas vaias à governação, que tão depressa são "acusações políticas" (legítimas) como "ofensas ao bom nome" (abusos de liberdade de expressão).
Se o 1º Ministro, entretanto, desse explicações, talvez ajudasse a compreender melhor o que se passou...
De profundis (2)
Ferreira Fernandes: "Sobre as voltas que o mundo não dá" no DN de hoje, e na íntegra [AQUI]
Ainda a Madeira de Jardim...
Mas hoje está de novo na berlinda, através da PGR
Corrupção na Madeira nas mãos de Morgado.Jardim "ao ataque" com o separatismo?
Mais uma vez, Gabriel Drumond vem dizer aquilo que, apesar da sua ampla "liberdade de língua", não convém a Jardim dizer. E aí está Gabriel, "o não pensador", como há apenas dois anos antes, a falar da independência da Madeira. Ele, o Presidente do Fórum para a Autonomia da Madeira (FAMA), exactamente sem L. Com L (FLAMA) foi nos anos idos de 1975.
E é neste contexto que se entende perfeitamente "as bocas" de ontem Jardim a responsabilizar o governo de José Sócrates pelo reacendimento dos sentimentos separatistas na Região, não se esquecendo de mandar umas indirectas também a Cavaco Silva, o Sr. Silva de algum tempo atrás.
2007-11-13
Por qué non te callas?! (4)
Imaginemos, por um instante, que o principal objectivo da cimeira, na sequência das 16 anteriores, era o de aproximar, incentivar e enquadrar a inter-influência dos países e povos lá representados.
Que quis fazer Chávez? Liderar o protesto e o ressentimento continental, impor-se como lídimo representante dos injustiçados. Se é capaz de dizer na Assembleia Geral da ONU que Bush é o Diabo e se é capaz de desfeitear o protocolo, chamando fascista a Aznar, então quem, melhor do que ele, pode falar com propriedade em nome dos oprimidos?
Que quis fazer Juan Carlos?
Mandá-lo calar, apenas?
Talvez. Mas o que aconteceu, de facto, foi dar razão a Chávez, ajudando a consolidar a base bolivariano-cristã da argumentação deste.
A não ser que os europeus mais passadistas continuem a não conseguir enxergar o que aproxima um índio populista (por acaso chefe de Estado, eleito e tudo) de um Rei arruaceiro (por acaso chefe de Estado por direito divino).
Se assim for, o aproveitamento que Chávez começou já a fazer, torna-se plenamente compreensível.
Em declarações recentes, recordou as palavras que a Bíblia atribui a Jesus Cristo (Lucas, 19 38-40): "Si yo me callo, gritarian las piedras de los pueblos".
A apropriação da religiosidade dos colonizadores pode, por vezes, jogar contra a real pesporrência. Ou seja, os resultados de uma cimeira podem ser ensombrados por uma frase curta.
É ainda o poder da palavra.
Papa puxa as orelhas aos bispos portugueses
2007-11-12
Por qué non te callas?!
De profundis (1)
"Todos os países crentes têm sempre uma activa minoria anti-religiosa. O ateísmo como a superstição são subprodutos extremos do mesmo tipo de sociedade."
João César das Neves: "O surdo regresso da lei da separação", no DN de hoje. Na íntegra, [AQUI]
2007-11-11
João Leal corrige Zita Seabra
Termina João Leal o seu artigo assim:
"Para escrever este texto falei com vários ex-militantes e ex-dirigentes da UEC, alguns deles — como eu — sem qualquer vínculo actual com o PCP. Muitos deles não tinham lido Foi Assim e foram lê-lo. Muitos deles, também, sugeriram que «a Zita» tinha escrito o livro — na parte tocante à UEC — de má fé. Não creio que seja má fé. O escritor Mário de Carvalho — numa frase particularmente feliz — escreveu uma vez que há pessoas que confundem o «Manuel Germano com o Género Humano» (cito de cor). Penso que aconteceu isso com «a Zita»: confundiu a história da sua relação com a UEC com a história da UEC. É natural. Mas é também natural que quem não se reconheça nessa história apresente as razões porque o Género Humano não se reduz ao Manuel Germano." [versão integral aqui]
____________
Sem me referir às opiniões políticas, quem não conhece nada do que Zita Seabra relata toma a sua narração por plausível. Quem conheça só uma pequena parte aceita que a maior parte do livro respeitará os factos. Quem conhece metade toma a outra metade por provavelmente fidedigna. Mas não há quem tenha conhecido de perto alguma parte do que Zita Seabra descreve no seu livro Foi Assim que não encontre um sem número de erros factuais e outras tantas descrições da vida da UEC e do PCP como se estas organizações girassem em torno de si. Ora nelas a notoriedade que atingiu resultou em larga medida do trabalho de outros e a ascensão no aparelho, quer da UEC quer do PCP, resultou quase sempre de avaliações (não era caso único, longe disso) onde falecia a ponderação do mérito e sobejava o favoritismo.
Estas considerações não excluem, claro está, o legítimo apreço que merece a sua renúncia a uma vida que se lhe apresentava fácil e feliz para se dedicar à luta pelos seus ideais em condições dificílimas e repletas de perigos. Estas considerações não excluem, claro está, a injusta perseguição de que foi vítima, por tentar exprimir a sua voz discordante num partido onde a liberdade de opinião existe apenas até onde não confronte as sacrossantas posições da Direcção e o seu intocável poder. Como aliás revelo pormenorizadamente no meu mais recente livro de memórias "Álvaro Cunhal e a dissidência da Terceira Via" e onde o processo da expulsão de Zita Seabra é abundantemente relatado. Com rigor.
Por qué non te callas?! (3)
Por qué non te callas?! (2)
1) Que a relação de Espanha com as antigas colónias americanas, depois da guerra de Cuba, foi predominantemente marcada por um grande pragmatismo, uma presença cultural profícua e um equilíbrio admirável no plano diplomático. De onde, as tensões de pendor colonialista que eu insinuo, não se coadunam com as excelentes relações existentes. Quer a Coroa quer o Governo são bem recebidos e considerados em qualquer país da chamada América Latina. Os ressentimentos passaram à história.
2) No quadro dessas excelentes relações culturais e diplomáticas, a irritação do rei, no modo como se traduziu, nomeadamente com a expressão castelhana "Por qué non te callas?!", não assume carácter ofensivo, mas apenas um marcar de posição inteiramente compreensível naquelas circunstâncias. O silêncio de Juan Carlos ou de Zapatero só poderiam ser interpretados como aquiescência. Chávez entalou, por assim dizer, os espanhóis entre um silêncio comprometedor e a manifestação, formal ou informal, de um desacordo que os demarcasse das alfinetadas que infligiu a José Maria Aznar, designadamente os termos com que o apodou (fascista, etc.).
Agradeço os comentários. Devo mesmo acrescentar que estou de acordo com ambos. Suponho, no entanto, que nenhum deles atinge o cerne da posição que expressei no meu poste anterior. Nele sustento, para abreviar, que os títulos não se devem confundir. Nem nas cimeiras, nem nos media. Porquê? Porque se um "pedido" de Sua Real Majestade é (em geral) uma "ordem" para os seus súbditos, numa cimeira, entre chefes de estado, a precedência monárquica perde qualquer estatuto de excepção. Dito isto, o que fica para apreciar é uma troca de propósitos informal, à revelia da boa ordem dos trabalhos que a presidência da cimeira deveria coordenar, dando ou retirando a palavra aos participantes.
A confusão verbal entre títulos (pedir ou mandar?) não deve prolongar-se na confusão entre estatutos.
A reacção do Rei e do 1º Ministro de Espanha, são compreensíveis.
A simpatia dos media pelos apartes reais em desfavor dos apartes populares, já me deixa de pé atrás. Não me parece que o favorecimento de uma das partes acrescente, um mícron que seja, ao equilíbrio dos critérios no exercício de informar.
Por qué non te callas?! (1)
O PÚBLICO ajeita a prancha da titulação na mesma onda - Cimeira Ibero-Americana. Juan Carlos manda calar Hugo Chávez e abandona o plenário. Certamente para se redimir, na página 20, mais circunspecto, revela que "Juan Carlos pediu a Hugo Chávez para se calar na sessão plenária da Cimeira Ibero-Americana".
Esta diferença entre "mandar" e "pedir" que anima a arte de titular e constitui a projecção ideológica de mundividências dispares, disfarça mal um alinhamento anti-Chávez que, na circunstância, reconhece ao rei um sonoro direito à indignação, apesar de, na diplomática ocorrência, ter passado por cima da autoridade da Presidente da Sessão, Michelle Bachelet (também Presidente do Chile). Quer isto dizer que há informalidades admissíveis e outras que não o são, com base em critérios que não lembram ao diacho...
À informalidade e destemperança do acto, respondeu Hugo Chávez com o protesto do direito que lhe assistia de dizer mal de Aznar quantas vezes quisesse. O Rei saiu, pouco depois, da sala onde decorria a cimeira, tendo regressado mais tarde, para assistir à sessão de encerramento. É claro que em matéria de representação internacional, Chávez teve também de enfrentar os protestos de Zapatero, que acorreu em defesa do bom nome de José Maria Aznar, espanhol, politicamente seu distante, mas igualmente merecedor de deferência institucional. Ao discordar dele, Chávez deveria ter-se recordado de que o dirigente do PP fora eleito pelo povo espanhol.
Todas estas argumentações e incontinências verbais não acrescentaram nada ao que sabemos sobre o mundo. Todavia, acentuaram os traços de meia dúzia de aspectos que teimamos em não enfrentar. As tensões do passado continuam a condicionar as vozes do presente. Chávez, tão pródigo em apartes e dixotes como o "nosso" Alberto João Jardim ou qualquer deputado da Assembleia da República em boa maré, não pode deixar de ver em Aznar um dos "demónios" que estendeu a Bush a passadeira para uma das mais estúpidas, inconsequentes e irresponsáveis guerras do novo milénio. A cimeira dos Açores, (Bush, Blair, Aznar e Barroso) que justificou e precedeu de algumas horas a invasão do Iraque, dificilmente poderá ser esquecida.
Um pouco mais atrás, na impressão que o passado nos deixa, está o império espanhol.
Face ao proverbial exibicionismo de Chávez, Juan Carlos de Borbón, magnânimo na sua real informalidade, deveria também ter-se lembrado disso.
Quanto mais não fosse porque, nesse preciso momento, era uma republicana que ocupava a presidência da sessão.
Que um castrista, como o efervescente Chávez, se agite, interrompa e barafuste, nada traz de inesperado ao concerto das nações. Agora que um rei desautorize uma senhora e interpele, fora da ordem, um outro chefe de estado, já a coisa fia mais fino.
Há títulos que não se devem confundir.
2007-11-10
Sol de inverno
Quinta por uma Linha (2)
Estou a divertir-me à brava com o que cada um de nós faz/fez com esta "cadeia" que seguiu do Pedro para o Samuel, passando aqui pelo Puxa-Palavra, (Manuel e Raimundo, até ver) acrescentando algumas linhas [gerando, em todo o caso, sempre múltiplos de cinco] a uma das mais heterodoxas e fragmentárias antologias literárias de que há memória.
A ludicidade não foi completamente banida das relações sociais.
Ninguém calará a voz da ... (uups!), isto é, ninguém conseguirá reduzir a amplitude da cumplicidade criativa!
;-)
2007-11-09
Quinta coluna Linha
"A angiografia cerebral, que foi descoberta e em grande parte desenvolvida por Egas Moniz, constitui sem dúvida uma contribuição científica significativa. A angiografia é usada diariamente num grande número de clínicas neurológicas e neurocirúrgicas de todo o mundo e mostrou ser um método de diagnóstico praticamente indispensável... [Olivercrona 1949]."
Não cabe numa linha? Podem conferir aqui.
_________________O melhor para as crianças
Quinta por uma Linha (1)
»»O camião de mudanças, || cheio de mobília dos Goldschmidt, chegaria a Spring Close pouco || depois do almoço.««
Agora sinto-me melhor. Não quebrei a cadeia. Constato que, certamente por isso, a ordem das cousas pouco se alterou. A crendice mantém as suas vantagens.
Pelo meu lado, convido a associarem-se a este verdadeiro tratado de literatura global, Samuel, (do Cantigueiro), Margarida (nossa bem-vinda debatente), António Vilarigues (de O Castendo), Joana Ribeiro (a ver se é desta que se deixa enfeitiçar pela blogosfera), e Bárbara Gil (misteriosa personagem, que vai, de blogue em blogue, semeando singulares comentários).
Escrevam, nos vossos blogues, o que se lê na quinta linha da página 161 de um livro à vossa escolha. Os que não têm blogue próprio, podem enviar para aqui, que nós publicamos.
Por uma razão ou por outra, - que o mesmo é dizer: por isto e por aquilo, - aqui fica o desafio ao sentido de responsabilidade e ao humor sustentável.
Por favor não quebrem (ainda) a cadeia.
2007-11-08
25 000...
O número acima é a quota de expulsões estabelecida por Sarkozy para 2007. Esta é uma das medidas desejadas pelo presidente e executadas pelo seu fiel Ministro da Identidade Nacional e da Emigração, Brice Hortefeux. A criação de um ministério com um nome tão sui generis causou na altura uma certa agitação: Simone Veil ou Patrick Weil disseram, para quem os quis ouvir, o que pensavam. Após alguns meses parece que a França se habituou à existência de tal ministério que faz hoje através do seu chefe o balanço da sua actividade.
A ideia de estabelecer um número de estrangeiros a expulsar também já não causa grande polémica, discute-se hoje mais como vai o governo fazer para atingir os 25000 tendo, a dois meses do fim do ano, expulsado "apenas" cerca de 18000 pessoas. A mim que não sou jurista nem versado nos procedimentos administrativos a ideia choca-me, uma expulsão é decidida pela justiça que é teoricamente independente do poder político. Será que alguém aceitaria estabelecer um número mínimo de multas por excesso de velocidade? ou um número de condenações de políticos por corrupção?
A foto (de minha autoria) é do Fort de l'Écluse que protegia a fronteira francesa das invasões dos Suíços...
Quinta linha
in the pair of buttons which were pressed, for the pair of buttons seem to be mere triggers
Pelo que compreendo terei que nomear mais umas vítimas inocentes:
Os meus co-bloguers do Puxa-palavra: Raimundo Narciso, Manuel Correia, João Abel de Freitas e Lester Burnham. Nomeio também o meu co-bloguer do bitites Fernando Fernández.
2007-11-07
Para a frente e para a rectaguarda (12)
Alguém faz ideia das razões que podem explicar uma tão abrupta descida em tão pouco tempo?
Passo em revisão as políticas do Governo, os cortes, encerramentos, redução de direitos, arrogâncias, teimosias, autoritarismos, Simplex e Tratado de Lisboa. Concluo que não deve ter sido por nada disso.
Desde Fevereiro que José Sócrates não faz senão descer...
Nada, no entanto, está completamente perdido. Em tempos de sacrifícios para os que menos têm e bom proveito para os mais afortunados, os líderes da esquerda ganham maior popularidade. Parecem, aos olhos dos membros dos painéis em análise, a tábua de salvação que poderá, através do protesto e da acção política de oposição, minimizar a desgraça que se abate sobre a maioria.
Uma visão simplista dos resultados, sugere que as popularidades tendem, neste momento, a criar feixes distintos. Uns, em baixo; outros em cima. Exactamente na ordem inversa da legitimidade democrática adquirida no último acto eleitoral para a AR. Falta, apenas, saber se o PS embarcou, sem apelo, no rotativismo centrista, ou se reflecte, uma vez por outra, acerca da sua denominação.
É de supor, apesar de tudo, que alguém se lembre disso...
Para a frente e para a rectaguarda (11)
Na área do PCP há a assinalar que, em contraste com o desassombro de Ruben de Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues, que referiu expressamente que ser comunista é ser do partido, deixa escapar uma curiosa expressão: "Não me arrisco a dizer muita coisa" [cf. Caderno P2, "O que é ser comunista", aqui], ao passo que o Secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, não encontrou tempo disponível para conversar sobre o assunto.
Uma interpretação precipitada destes sinais, poderia levar a supor que falar sobre o comunismo (ou do que é ser comunista) autoriza os protagonistas na razão inversa das suas responsabilidades. Todos falam, excepto o Secretário Geral do maior partido comunista de Portugal; um destacado intelectual do PCP não quer arriscar muito; e todos os outros entrevistados falam à vontade acerca do que pensam do assunto.
Fica-se com a ideia de que, desinstitucionalizado, o comunismo é melhor.