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2010-11-30

 

A Tomada de Madrid

Nem com uma boa ajuda de portugueses (ou talvez por isso) Madrid deixou de sucumbir às mãos da Catalunha.

Isto em futebol foi demais. Mourinho, Cristiano, Ricardo Carvalho e Pepe terão alguma dificuldade em digerir tão amarga derrota.

Dirão muitos. Isto só acontece uma vez na vida. A realidade é que aconteceu.

Também na política, a situação não vai famosa para Madrid.

Houve eleições na Catalunha e a vitória da CiU, coligação nacionalista de centro direita Convergência e União, liderada por Artur Mas.

Laporta, antigo presidente do F. C. Barcelona foi também candidato e eleito pelo Partido da Solidariedade Catalã para a Independência, que fundou em Julho passado depois de ter deixado a direcção do Barcelona. Obteve 3,3% dos votos, conseguindo 4 lugares no Parlamento da Catalunha.

O partido de Laporta pode ser convidado a integrar uma coligação pós-eleitoral para o Governo da Catalunha, que seria liderado por Artur Mas, obtendo-se desta forma uma maioria parlamentar nesta região.

Laporta fez saber que só integraria a coligação com a CiU se fosse para declarar a independência da Catalunha, tendo afirmado: "Será a primeira vez que vai entrar no Parlamento uma proposta de independência imediata".

Laporta, agora deputado, apelou no seu discurso aos militantes para que que se somem "vontades e votos" numa causa que a coligação visará durante toda a legislatura.

Entre a multidão foram ouvidas as vozes separatistas. "Laporta presidente, Catalunha independente", "Adeus, Espanha" ou "Estado catalão" repetiram.

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2010-11-29

 

Intervalo na crise




Para distrair da crise, e se ganhar novo fôlego para combater as políticas que conduziram a ela e os seus responsáveis, deixo aqui esta míuda, Kim Wilde, cantora pop, nascida em Londres que, nos anos 80, ostentava os seus vintes e se celebrisou com umas cantiguinhas de que vos deixo esta You Keep Me Hangin'On. E para não esquecermos que todo o mundo é composto de mudança ei-la ali, em 2007 com um ar menos sofredor, mais risonha e ainda com um bom look.

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Empresta-me aí o teu dinheiro a 1% para eu tu emprestar a 7

Segundo o Público de ontem (artigo de Cristina Ferreira e Paulo M Madeira, sem link) os três maiores bancos privados portugueses, o BCP, o BES e o BPI, entre 30 de Março e 30 de setembro deste ano, aumentaram os seus empréstimos ao Estado português em mais de 2.000 milhões para um total de cerca de 9.100 milhões de euros.
Como  conseguem estes bancos, e em especial os grandes bancos e fundos estranjeiros, "ajudar" Portugal a ultrapassar a crise? Vão pedir ao BCE, o banco da União Europeia, que lho empresta a 1% para eles emprestarem ao Estado português a mais de 6%.
Portanto o Banco Central Europeu, criado com o dinheiro dos Estados europeus e que deveria existir para servir as economias dos Estados da União e os respectivos povos, serve afinal, como se sabe, em primeiro lugar os interesses dos maiores bancos que são por acaso dos banqueiros dos países mais poderosos.
Causa admiração? Não, porque os bancos e os sistemas financeiros, o bancário e o paralelo, funcionando como a direita "liberal" defende, sem Estado e sua regulação a atrapalhá-los, funcionando de acordo com as regras do santificado mercado,  estão aí é para ganhar dinheiro, não é para salvar economias, ou minorar o sofrimento dos milhões de pessoas atingidas. E quem causticam mais? Onde é possível ganhar mais dinheiro, obter juros mais altos, nas economias que estão em risco de se afundar. Mas isso vai lançar  no desemprego, na miséria e no desespero uma grande parte da sua população? Pois, é pena, não é por maldade, até preferiam que isso não acontecesse, mas... paciência eles não estão cá para cuidar das pessoas (das outras pessoas) ou dessa coisa subversiva chamada justiça social.
Percebe-se.
Mas então e os governos? Os governos que nós elegemos? Bem, os governos... os governos... pelo menos aqueles dos países mais poderosos... coitados o que lhes parece mais compensador é favorecer os banqueiros e a oligarquia que eles representam, pois assim terão para si e as suas famílias a sua gratidão.
Fatalidade? Sim, enquanto as vítimas não se levantarem e não mudarem as regras do jogo.

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2010-11-27

 

Ainda bem, Marinho Pinto reeleito bastonário

Não sei se o bastonário reeleito e de forma expressiva tem um modelo eficaz para que a justiça portuguesa venha a funcionar bem.

Todos sabemos e há estudos em que se demonstra que a justiça é um grande entrave ao desenvolvimento do País.

Uma justiça a funcionar adequadamente contribuiria no mínimo para um crescimento do PIB da ordem dos 2%, dizem esses estudos.

Daí a minha satisfação da sua reeleição, porque nunca nenhum bastonário tinha, até ELE, sacudido e bem a justiça. E isso é positivo.

Marinho Pinto, com a sua voz perfeitamente desalinhada, veio abanar a justiça que se pratica neste país e pôr em causa a advocacia dos interesses.

Espero que este seu segundo mandato pelo menos mantenha esta conduta e se nos trouxer um novo modelo melhor.


2010-11-26

 

25 de Novembro revisitado 35 anos depois

“Ai que prazer/ não cumprir um dever./ Ter um livro para ler/ e não o fazer!/ Ler é maçada,/ estudar é nada./ O sol doira sem literatura./ O rio corre bem ou mal,/ sem edição original... " (Alberto Caeiro)
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Vem isto a propósito de, por mera preguiça, me poupar o trabalho de dissertar sobre o choque de forças, políticas e militares que parou uma revolução Foi o 25 de Novembro de 1975. Choque de tal modo controverso e ainda tão enigmático que década após década temos nos media novas e apaixonadas "revelações" e mais e mais testemunhos. Cada qual explicando (e explicando-se) melhor.
Dei sobre os factos, 20 anos depois, a minha opinião, numa longa entrevista ao DN, em 1995. Como o jornalista - José Manuel Barroso - antecedeu o texto das minhas razões com um rasgado elogio ( merecidíssimo, garanto-vos :) ofereço-vos aqui as suas judiciosas palavras na tentativa de vos abrir o apetite para a entrevista que então lhe dei, com um link, lá em baixo.

"A ENTREVISTA que se publica nas páginas seguintes passará a constituir seguramente um do mais importantes documentos até hoje publicados sobre o 25 de Novembro de 1975 e o processo revolucionário em curso nesse ano. Na entrevista que Raimundo Narciso concedeu ao DN não são feitas revelações de pormenor que nos permitam ir ao fundo do conhecimento sobre o papel do Partido Comunista Português nesse evento e sobre o seu relacionamento com a esquerda militar e o MFA. Mas, sem nunca ferir a lealdade e o respeito devidos a pessoas que fizeram um percurso comum, o entrevistado desfaz suficientemente a teia do pensamento e da acção do PCP, nos idos da Revolução, para permitir ao leitor atento tirar conclusões claras das suas respostas.
A entrevista de Raimundo Narciso tem a autoridade que lhe dá o facto de ele ter sido um importante dirigente do PCP, durante muitos anos, membro do seu Comité Central e do Comité Militar do partido — o que lhe deu a possibilidade de, como ele próprio diz, ter acompanhado e participado «em todos o acontecimentos decisivos da Revolução», incluindo o 25 de Novembro. A entrevista tem, também, a ousadia e a inteligência de facultar um conjunto de informações muito importantes sobre esses acontecimentos, por considerar que «vinte anos depois é tempo para disponibilizar todos os elementos aos historiadores», com excepção de alguns «segredos» que não são só seus.
Excepção feita a esses «segredos», Raimundo Narciso faculta-nos, assim, elementos suficientes para compreender quanto a actuação do PCP, junto dos militares, foi a consequência de um plano estratégico, pacientemente...
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Estão com pachorra? A entrevista está aqui.
Para os viciados posso ainda dar mais um link, para a entrevista que em 2000 dei ao Público, sobre o 25 de Novembro. Aqui.

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2010-11-25

 

Depois da greve...

Não vou discutir números da greve. Não sei não me interessa. Ninguém tem razão. Pelo menos na Função Pública sempre foi assim. Paralisação de serviços, mas depois a contagem real através dos descontos fraca. Fraquíssima.

Mas não é isso que interessa. A greve foi um marco importante. Uma manifestação de recusa a medidas muitas delas inconsequentes e sobretudo sem perspectivas de lançar um novo modelo de desenvolvimento.

A minha posição sumária sobre a greve já foi aqui expressa num escrito antes do dia da greve.

Para mim a grande utilidade da greve, não foi a greve em si, mas a reunião antes, com a participação de várias centrais sindicais europeias que, apesar das diferentes orientações de acção, poderá ter iniciado o caminho difícil para uma greve concertada ao nível de vários países.

É preciso pôr em causa a orientação da UE que só tem beneficiado os grandes países e o grande empório financeiro europeu e mundial.

Não se concebe um avanço para a moeda única, um banco central europeu e a conjugação da acção desta estruturação funcionar no sentido de enterrar países membros em dificuldades, com todas as consequências sociais gravosas. É a negação de toda esta estruturação. A funcionar desta forma assemelha-se a um organização de extorsão da riqueza e não de desenvolvimento em favor dos povos da UE.

Há que lutar contra este tipo de conduta da UE e neste contexto vejo muito bem uma greve concertada a nível de vários países.

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2010-11-24

 

O "preservativo" do Papa

No meio de tanto alarido da comunicação social até tive dúvidas sobre a sua escrita. Fui consultar o dicionário e tudo bem escreve-se mesmo preservativo. O dicionário Houaiss define-o como "invólucro de látex muito fino que envolve o pénis, us. (traduzo usado) nas relações sexuais a fim de evitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis", com nomes mais prosaicos como camisa-de-vénus, camisinha, que o mesmo dicionário contempla. Para uso feminino, diz o dicionário, existe o dispositivo de látex que a mulher introduz na vagina antes da relação sexual, como contraceptivo ou protecção contra doenças.

O "preservativo" do Papa é isto mesmo. O Papa abriu um bocadinho do véu sobre o seu uso, dizendo que pode ser usado em condições muito restritas.

Caiu o Carmo e a Trindade, até parece que chegou aí a revolução de costumes. A edição do livro onde o Papa admite o seu uso mesmo de forma muito restrita, esgota-se.

Custa-me a entender este "mistério", até porque acho que para a maioria dos católicos, já não era assunto tabú. Se tinham dúvidas e uma vez ou outra lá se confessavam, não sei.

Mas se um avanço tão pequenino provoca tamanha reacção, imagine-se o que poderia acontecer quando um dia, lá para o século XXII, algum Papa reconhecer que a sexualidade é algo inerente à pessoa humana e a considerar legítima como fonte de prazer? (A esperança para bem da humanidade não deve morrer)

Assistir-se-ia com certeza a uma revolução mental da parte da humanidade submetida aos ditames culturais da igreja.

2010-11-22

 

24 de Novembro - Dia de Greve Geral

Depois de amanhã o País vai parar. Uma greve convocada pelas duas centrais sindicais CGTP e UGT, com sucesso garantido.

Há todas as razões para se concordar com esta greve geral.

O país encontra-se perante a crise mais grave da história recente e um conjunto de medidas de austeridade gravosas para a população em geral foram lançadas pelo governo com a pretensão de atacar a crise.

Há, porém, a sensação e a certeza de que os seus efeitos são desigualmente distribuídos. E a greve tem sobretudo sucesso na base deste sentimento.

Fica sempre pendente a questão: E depois desta greve o quê? Ou seja que resultados positivos para a população portuguesa?

Será que pelo menos fica pendente a ideia de que urge encontrar um novo modelo económico que reduza menos a exploração de quem trabalha ou trabalhou?

Mas que contributos trouxe a greve ou a preparação dela para esse novo modelo?.

Será o corte de salários que o senhor Monks, o presidente dos sindicalistas europeus, admite compensado com subsídio de desemprego e formação, o caminho?

No meu entender por aí não se irá longe. A grande exploração continuará, apesar de já ouvir vozes a proclamar que estamos perante uma inovação no mundo laboral.

Deve partir-se do que mudou no Mundo, na Europa e em Portugal nos últimos decénios para sobre essas mudanças estruturar um novo modelo de desenvolvimento sócio-económico.

2010-11-20

 

A petição ... " por uma nova economia"

É sempre bom saber-se que há pessoas que procuram novas propostas de desenvolvimento, sobretudo quando essas propostas vão no sentido de uma melhor equidade social.

Aquelas propostas de melhor servir a situação existente, essas não são precisas, pois que se reproduzem de forma continuada.

Assinei a petição e deixo aqui o link pelo menos para quem quiser tomar conhecimento sobre o que se propõee como é evidente para quem pretender aderir.

Para aceder click em petições actuais e seleccione a indicada

«Para Uma Nova Economia - Uma Tomada de Posição Pública»

2010-11-19

 

Tribunal de Contas arrasa gestão hospitalar

A análise do tribunal de contas à gestão hospitalar e ao papel do Ministério da Saúde neste domínio é deveras assustador.

Revela que os gestores hospitalares não gerem. Executam ordens do Ministério. "Trata-se de Conselhos de Administração que não lhes é reconhecida autonomia decisional para administrar os hospitais".

Se é assim, se não é para gerir que estes administradores são pagos, qual a razão para auferirem o ordenado de administradores ?

Mas para além disto, entre muitos outros aspectos, o relatório é demolidor quantos aos gastos com os médicos tarefeiros ao provar que cada vez vez se paga mais para uma produtividade mais fraca, pois não tem havido mais doentes atendidos.

A auditoria do tribunal de contas é deveras esmagadora e afirma que o controlo é inexistente.

Ora, com esta actuação a ministra Ana Jorge não está a defender o Serviço Nacional de Saúde que tanto diz, pois está a dar trunfos a quem está contra alegando que é muito dispendioso ao Estado.



2010-11-18

 

Informação sobre o passado da NATO

É interessante familiarizar-se com a informação sobre o passado da Nato.

Recuando aos primórdios, alguns dos problemas que vão estar na mesa desta Cimeira, em Lisboa, são muito próximos dos do antigamente.

E tudo aponta para que se avance pouco, nesta cimeira, até porque as diferenças de perspectivas são grandes, designadamente nas relações com a Rússia, onde a França e os Republicanos americanos estão do mesmo lado.

Desanuviar o ambiente europeu para uma linha de cooperação entre países deveria ser um bom objectivo, mas não é isso que irá acontecer.

Daí que a grande questão de fundo resida no mesmo: afinal para que serve a Nato

Encontra nestes artigos do DN de hoje informação interessante:

A outra cimeira de Lisboa, três anos depois da adesão

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2010-11-17

 

Afinal em termos de orçamento, a UE também não marcha

Barroso mostrou-se desapontado pelo falhanço das negociações na aprovação do Orçamento UE 2010.

Os Estados membros e o Parlamento não se entenderam, tendo apenas acordado sobre o limite de crescimento do mesmo fixado em 2,9%.

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Para análise...

Espanha colocou ontem 4,975 mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a 12 e 18 meses a juros de 2,45%.

Vendeu este montante da dívida acima do juro negociado no leilão de 19 de Outubro (1,859%).

Que diferença para Portugal, embora os prazos de venda sejam diferentes.

Trata-se de uma situação tão díspar que merece profunda reflexão.

Parece que nem a Nato em casa nos safa.

2010-11-16

 

Por que no te callas

Os clássicos explicaram bem. Para derrotar um inimigo que é forte ou até mais forte é fundamental criar a divisão (ou a desmotivação) nas suas hostes. E... manter unida e motivada a força combatente. Quem melhor conseguir dividir o campo adversário ganha. E para evitar que o adversário nos divida o melhor é cuidar de afastar quem esteja vacilante ou desmotivado.

2010-11-15

 

Axel Weber (Pres.Bundesbank) e Angela Merkel (a nossa Chanceler)

A grande crise financeira deu lugar à grande crise económica e agora alastra a grande crise social. Como se comporta a União Europeia? Às ordens do Bundsbank e de Angela Merkel, (por esta ordem), o Banco Central Europeu e a União Europeia comportam-se como grandes predadores que vêem nos países da UE em dificuldade presas fáceis para a rapina e não como membros de uma união política solidária que deveriam ser ajudados.

No plano interno há que arrumar a casa e distribuir melhor os sacrifícios mas é no âmbito da UE que é preciso travar a "mãe de todas as batalhas" porque é aí que o essencial se decide.. É necessário organizar uma frente política dos países em dificuldades. Uma frente dos Governos e dos cidadãos, através das centrais sindicais, dos movimentos cívicos e dos partidos de esquerda. É necessário fazer o contrário do que Cavaco advoga: respeitinho às agências de rating e aos especuladores financeiros.

Até  o Presidente do Conselho Económico e Social, Silva Peneda, que julgo não ser propriamente um "esquerdista" nem dos mais atingidos pela crise, defende que:

«Os países do sul da Europa deviam ter aqui uma estratégia concertada em termos de alguma ofensiva diplomática para que as regras europeias não nos compliquem a vida mas facilitem».
Silva Peneda considerou ainda «estranho» que a «evolução do euro não leve à criação de uma única entidade emitente de dívida pública» a fim de existir «um mesmo rating» para a própria.
«Com certeza que isso podia levar para soluções mais federais, mas era para mim a solução lógica da solução da dívida pública». [link]

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A intifada saharaui. Acampamento desfeito a tiro

"Esta semana hemos asistido al fin de la mayor protesta civil de los saharauis desde que España abandonó su antigua colonia. [link para a notícia e o video] Y ha sido un fin dramático, del que todavía desconocemos las consecuencias reales, en cuanto a posible número de muertos y detenidos. Algunos llevaban dni español. Marruecos acabó por la fuerza con el campamento de protesta que habían montado miles de saharauis en las afueras de El Aaiun y ha reprimido con dureza las protestas posteriores que se vivieron en la ciudad. Mañana, precisamente, se cumplen 35 años de los acuerdos de Madrid, por los que España cedió sus reponsabilidades en el Sáhara a Marruecos y Mauritania. Los saharauis reclaman de nuevo nuestra atención. Su drama de pueblo sin derechos no parece haber cambiado. Informe Semanal se acerca a esta realidad con la perspectiva de una historia que comenzó a escribirse en los últimos días de vida de Franco."

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RECORDAR É, OBRIGATORIAMENTE, VIVER?

Nota: Este post é da autoria de Lilia Bernardes. E se em baixo tem a assinatura de RN foi apenas por dificuldade de formatação com a rubrica da autora. RN

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Guerrilha Diplomática

Parece haver no seio do Governo e no PS diversos graus de tensão.

Lá por Bruxelas, a extrema "simpatia" e cordialidade com que Edite Estrela mimoseou alguns dos seus pares com destaque para Vital Moreira, Elisa Ferreira, Correia de Campos e Ana Gomes em conversa com Vara cujo conteúdo veio a público, deve levar o grupo PS no PE a tomar elevador diferente e a não viajar no mesmo avião.

A nível do Governo reina a tensão em ambiente diplomático. Luís Amado disse o que bem entende e quis dizer, o que já correu mundo (uma forma de Portugal ser falado nos grandes jornais mundiais), antes propriamente de começar a ser pressionado por Bruxelas para recorrer ao Fundo Europeu e FMI como já está na calha para acontecer.

Luís Amado diplomaticamente tem vindo a assumir as suas divergências de fundo com José Sócrates, tem o seu lugar próprio de corrida e até o lugar à disposição para que se construa um governo maioritário que é um dos seus objectivos e segundo crê uma forma de evitar a saída do euro.

No interior do PS já se começam a perfilar sucessores e até personalidades muito próximas do líder dão alguma razão à tese de Luís Amado.

Reacendeu-se a guerrilha diplomática. Ficamos a aguardar os novos andamentos.

Só é de lamentar que o país sofra prejuízos graves com tudo isto.

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2010-11-14

 

O Valor das Palavras

"O país está em crise e, em seu nome, pedem-se sacrifícios aos portugueses...  A necessária compreensão passa, no entanto, pela consciência de que o que se pede aos cidadãos é distribuído proporcionalmente por todos e, por isso, as medidas têm de ser transparentes." ... [aqui]
É Manuela Ferreira Leite a falar, no suplemento de economia do Expresso, desta semana. Artigo de opinião com o título DEMAGOGIA E PREPOTÊNCIA.
Li e conclui: ora aí está, até que enfim que estamos de acordo.
Mas...Pelo sim pelo não, fui ler o resto. 
"Não é o que está a acontecer. Sob o pretexto da igualdade de sacrifícios, o Governo ‘dispara’ medidas que criam profundas desigualdades e injustiças ... Reduzir rendimentos legitimamente auferidos, como é o caso de salários e pensões, ... É uma medida prepotente que só se aplica a alguns ... Paira no ar um ambiente de ‘PREC’... Reincidir é não ter memória e isso não tem perdão."

A Drª MFL tem razão, devia-se atingir mais os ditos rendimentos "obscenos"- cogitei. Mas ficou-me no ouvido:  reduzir os "rendimentos legitimamente auferidos, como é o caso de salários e pensões" E reflecti, realmente, um cidadão anda aí com um salário de 500, 1.000 ou 2000 euros e tem uma pensaozeca de 400 ou 700 euros... não está bem. Parei então para pensar, o que nem sempre ocorre, e lembrei-me que a imposição de perda da reforma em simultâneo com o salário atinge quem aufere (salário e complementos) 5.000, 10.000 e mais euros por mês.
Moral da história: a conversa da Drª MFL procura impressionar o cidadão sensível a "medidas que criam profundas desigualdades e injustiças" mas as suas dores vão para os que não se impressionam nada com isso.
MORAL DA HISTÓRIA fazer DEMAGOGIA aos gritos de agarrem o Governo que faz... demagogia:

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2010-11-13

 

Laranjinhas? Se forem boas...

Não é verdade que esteja contra laranjinhas. É apenas uma questão  de qualidade. Bom fim de semana.
 

Isto está mal mas com PPC será pior

Isto está mal, mas Pedro Passos Coelho já mostrou que com ele tudo será pior devido ao seu posicionamento político neoliberal com que se exibia, ufano, quando por azar, ao estoirar a Grande Crise, esta expunha com crueza a falência de tais políticas. Era o tempo em que defendia até a privatização da Caixa Geral Depósitos. Depois tentou retocar a fachada mas logo se expôs com aquela tão reveladora proposta de revisão constitucional.
Isto está mal, mas Pedro Passos Coelho já mostrou que com ele tudo será pior com a sua chocante posição eleitoralista ao colocar os seus mesquinhos interesses partidários acima dos interesses do país, ao criar e manter um clima de instabilidade política desde o processo de negociações do OE, num momento muito difícil para Portugal que está sob a chantagem das instituições financeiras internacionais potenciada pelo posicionamento de Angela Merkel que quer uma União Europeia sim mas dirigida de Berlim, pelo Deutsche Bundesbank.
Isto está mal mas Pedro Passos Coelho já mostrou que com ele tudo será pior porque se revelou um político imaturo, incontinente na ânsia de poder, a ponto de, por exemplo, defender, num momento naif, uma revisão constitucional no prazo de uma bica para alterar os poderes do Presidente da República de modo a poder convocar eleições antes dos prazos que a Constituição impõe e ele, talvez equivocado, poder subir triunfalmente as escadarias de S. Bento.
Hoje, depois do deflagrar da grande crise mundial, todos podemos acusar o Governo de não a ter previsto. Mas, quanto à não previsão de tal tormenta, com excepção de Medina Carreira que a tinha em carteira há 30 anos, Pedro Passos Coelho e o PSD, tal como o resto do mundo, não estiveram melhor. Poderia o Governo ter sido mais prudente? Poderia. Tem o Governo de fazer melhor? Tem. Mas com Pedro Passos Coelho tudo seria pior.
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Nota: Alterei o título.

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2010-11-11

 

Parabéns Angola pelo teu 35º Aniversário

Angola comemora hoje o 35º aniversário da sua independência. Aos angolanos votos de um país cada vez mais próspero, democrático e igualitário.

Esta é a fotografia oficial do acordo de Alvor, em 15 de Janeiro de 1975, onde o Governo português, desafiando a utopia, tentou a conciliação entre o MPLA, a FNLA e a UNITA para a indepências de Angola.
Da esquerda (ideológica?) para a direita: Melo Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto, Costa Gomes, Holden Roberto, Johnas Savimbi, Mário Soares e Sá Carneiro.
Nota: Onde digo Sá Carneiro deve estar Almeida Santos, de acordo com inf dada na caixa de comentários e também de acordo com outra de fonte.

 

Contrariar a receita de Cavaco Silva, contrariar a lógica dos mercados

É necessário fazer o contrário do que advoga Cavaco Silva. É necessário contraria a lógica dos mercados e não prostrarmo-nos perante eles.
A grande crise foi provocada pelos todo poderoso sistema financeiro globalizado. Ela afecta quase todos. De fora fica a oligarquia financeira e em primeiro lugar os causadores da crise.  
As grandes crises saldam-se sempre por uma brutal transferência de riqueza da  generalidade da população que empobrece para uma pequena minoria que enrique ainda mais.
A transferência de riqueza verifica-se dentro de cada país e de uns países para outros. No caso da União Europeia de forma flagrante dos países em maiores dificuldades, e/ou com economias menos competitivas, como Portugal, para os mais ricos e competitivos, em primeiro lugar e descaradamente para a Alemanha.
De momento é esta a "solidariedade" e "coesão nacional" na UE. O saque dos países mais pobres e/ou em maiores dificuldades pelos países mais ricos e competitivos.
A solução da grande crise foi entregue aos seus causadores e aproveitadores.
Porquê?
Ora porque têm tal poder e influência em muitos destes governos que praticamente estes são os seus governos. Nos casos em que a situação é diferente os governos ou não têm condições políticas para se lhes oporem ou, por razões ideológicas e receio dos riscos, não se dispôem a impulsionar uma forte mobilização dos atingidos que, pelo menos, poderia e deveria levar a uma mais equitativa distribuição dos sacrifícios.

Uns terão de tirar o filho do infantário e outros" terão de fumar um charuto a menos por semana". 

E, é claro, não me estou a referir aos ordenados dos políticos mas às receitas dos que auferem valores incomparávelmente superiores. Refiro-me àquele tipo de gente para a qual Nos EUA havia uma taxa de IRS de 70% desde Franklin D. Roosevelt até aos anos 70 e que Eisenhower, chegou a subir para 90% (sim sim, 90%. Ver Paul Krugman em A Consciência de um Liberal, Ed Presença, pág 256)
Em Portugal é necessário diminuir o fosso entre os mais carenciados e os "barões" do dinheiro o que, em grande medida corresponde a contrariar, em Portugal as políticas do incauto "liberal" Passos Coelho e na UE a Senhora Merkel e a lógica dos  mercados.
Em resumo, fazer o contrário do que advoga Cavaco Silva. Não reverenciar a lógica dos mercados mas contrariá-la.

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2010-11-10

 

o FMI e os 7%

"Não vale a pena bater mais no ceguinho".

Uma infelicidade toda a gente tem. Além do mais, não é batendo no "ceguinho" que este assunto se entende.

E então para ver se se agarra uma ponta do problema, comece-se por desmistificar que afinal a aprovação deste orçamento de pouco serviu, apesar de, desde o Presidente da República, aos grandes banqueiros nacionais, ao Presidente da Comissão Europeia, ao PS e ao PSD, toda esta santa gente dizer que ou o orçamento ou o caos e Teixeira dos Santos já tinha cometido a sua infelicidade dos 7%.

O caos ainda não chegou, mas o precipício pode não tardar.

E sabem por quê: vem aí essa coisa mítica que são os mercados. Os mercados não perdoam e esta é uma boa verdade. A especulação aproveita.

Mas onde estarão esses mercados à espreita?

Algures esses mercados corporizam-se nuns senhores bem encasacados ou também em outros até vestidos desportivamente, muito poucos são, mas pensam como "ganhar" muito dignamente.

Àqueles infelizes lá no canto da Europa vamos pregar-lhes uma partida.

São pequenos mas podem aumentar o nosso pecúlio. Que tal obrigá-los a pagar para se refinanciarem a uma taxa de 7% ou mais?

Meu dito meu feito.

E esses senhores da Banca Mundial, de parceria com uma Europa que anda a titubear e pouco sabe do que deve fazer, ou então com uma Senhora Merkel que muito gostaria de ver uns quantos países pelas costas, e a quem só levam 3% para refinanciar a economia alemã, lá estão a ajudar a economia portuguesa a refinanciar-se a taxas de quase 7%.

Já viram a diferença? Os chineses já começaram a ver e se fizerem uns pontinhos mais baratos que venham e depressa.

Em contrapartida querem apenas entrar no capital das boas empresas eufemisticamente portuguesas. Que levem.




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2010-11-07

 

Wassily Kandinsky - 1866-1944

Kandinsky para dar cor a isto

2010-11-06

 

Os Grifos também se enganam

Desejo-vos um bom fim de semana com este excelente texto e estas belas fotos de Jorge Vasconcelos com que a sua e minha amiga Helena Pato me quis presentear.
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"São as últimas rapinas a migrar. Depois das águias, búteos, milhafres, açores, tartaranhões, falcões, gaviões, ógeas, etc., só em Novembro os grifos e os outros abutres decidem finalmente partir para África passar o inverno.
Formam bandos enormes, avançando lentamente para sul em longos voos planados ou rodopiando em círculos quando apanham correntes térmicas ascendentes que aproveitam para ganharem altura.
São bichos imponentes, exibindo as suas magníficas asas listadas de cerca de 3m de envergadura muito abertas e com os "dedos" da ponta encurvados para cima..

Como todas as outras aves que se metem nesta aventura da migração, são porém vítimas de um engano de percurso que todos os anos se repete e sempre se há-de repetir enquanto houver promontório de Sagres, caminho pelo qual desprevenidamente enveredam.
O problema é que Sagres é um funil, um beco sem saída que desemboca no oceano. E sobre o mar não há térmicas... sobre o mar, as rapinas não conseguem voar!
Então, chegadas aqui, é como se ficassem atónitas com aquele vácuo enorme pela frente e ficam fazendo contas à vida enquanto dão voltas e mais voltas em remoinhos aéreos enormes, sem parar. Finalmente, acabam por voltar para trás e tentativa atrás de tentativa, seguindo a costa sul de Espanha, Huelva, etc., encontrar o ponto onde lhes é possível passar: Gibraltar.

Foi um enorme bando desses que, vindo de Sagres de regresso do engano, se avistou em Barão aproximando-se do parque eólico. Segundo o vigia com quem estava, um dos 8 que lá estão contando e identificando as aves com a missão de tocar o alerta sempre que elas se aproximam, para que os aerogeradores sejam parados, seria um bando de 900 animais! Era de facto um espectáculo bíblico.
O superbando acabou por se fragmentar, seguindo um destacamento pelo litoral acima e outro, com quase 500 animais, passando em boa parte mesmo por cima de nós!
Foi fantástico!
E ver aquelas pás monstruosas dos monstruosos geradores forçadas a lentamente se imobilizarem "vencidas" pelas aves, uma sensação saborosa de vingança e de que os mais fracos são por vezes mais fortes que a força bruta!

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Como será que a China irá traduzir a dívida soberana para português?


Comprei hoje um utilitário para matar mosquitos numa loja chinesa, no Funchal. Diz-se que funciona. Antes, como convém, li o método de uso que consta das instruções made in China mas já traduzidas para a lingua de Camões.

"1º) Toca no betão e o betão, quando o betão brilha, significa que a requeta já tem electricidade.
2º) Quando o mosquito está voando, vecê tem que ser mais rápido, enfrente de parede banco ou unicolor e dirige a direcção do mosquito, só isso, é muito fácil; você pode gozar o interesse coneniente.
3º) Quando o mosquito está parando, você pode o aproximar com a velocidade adequada, não precisa de mais rápido, quando o mosiquito está merdendo ...no corpo da pessoa, também pode usar requeta, não precisa se preocupar com os choques eléctricos. Os mosquito merre quando tem um som melodioso do choque eléctrico."

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Quem os inimigos poupa...

A alcateia segue o rebanho. O pastor tem uma matilha de cães de guarda e algumas armas. O pastor está indeciso. Ataca-a? Conciliador atira-lhes um cabrito. Talvez assim os lobos se comovam e não o ataquem lá mais à frente.

Robert Gibbs, porta-voz do pastor de Barak Obama, disse anteontem (previsivel) que o presidente estaria disposto a aceitar uma extensão provisória dos cortes fiscais para os multimilionários, feita por W. Bush, por mais dois anos, ajudando-os assim com 400 mil milhões de dólares por ano que o Estado deixará de cobrar, apesar de não acreditar que seja uma boa ideia [Aqui, no fim do artigo] 
Não é boa ideia não, pois uma parte será para financiar o "Tea Party" e "comprar armas" para o grande confronto, nas eleições presidenciais de 2012.

2010-11-05

 

Mais uma decisão injusta em termos relativos

Este governo decidiu abolir a acumulação de pensões e de rendimentos do trabalho na Administração Pública. Esperemos que se cumpra.

Não é claro que esta lei vá ser cumprida, na íntegra. Há sempre subterfúgios para certos casos alegando alto interesse da Nação, etc. Admita-se que desta vez isto não suceda e sou eu o pessimista. Aquele que vê sempre um furo. É que já são muitos anos a ver e a saber de furos/realidades. De todos os governos. Lidei com muitos.

Mas há uma grande injustiça.

Pode-se sempre acumular reforma e trabalhar na Administração Pública, desde que a reforma não seja da Caixa Geral de Aposentações. Há justiça relativa nisto?

Aliás, esta injustiça relativa sempre aconteceu.

Um quadro técnico do Estado, ou uma chefia ou um professor universitário destacado em cargo de chefia, não pode dar aulas numa Universidade Pública e ter o vencimento correspondente ao tempo de trabalho efectivo.

Se o quisesse fazer, tinha redução. Mas podia dar módulos de formação, etc, ou então dava aulas na privada e recebia o ordenado por inteiro.

Mas se fosse quadro técnico da privada ou de um banco já podia dar aulas na Pública e receber tudo

Que equidade esta?

As leis são assim. Deixam sempre furos, pelo menos para alguns.

É apenas uma questão de aguardar e os furos começarão a aparecer.

 

[2006] Krugman diz que assim é cavar a própria ruína

Consultei o Paul Krugman. ( ver aqui). O que me disse foi isto.
- Vocês estão bem f… com a vossa chanceler.
- Mas nós cá é o Sócrates!
- Bem, com certeza que os governos portugueses tem responsabilidades na situação que atravessam mas o momento não é tanto o de procurar responsáveis mas o de procurar soluções e a solução que a Chanceler impõe: reduzir de forma rápida e brutal o défice num momento em que as economias ainda mal se restabelecem da crise é como tentar apagar o fogo com gasolina. Nas economias mais fragilizadas, não da da Alemanha. 
“Obriga-vos a cavar a própria ruína, com a estagnação a prolongar-se  e o desemprego a aumentar”. O momento, a par de redução de despesas não produtivas do aparelho de Estado, de contenção criteriosa do défice, é ainda durante algum tempo o de incentivos à economia.
- Mas nós somos uma pequena autarquia da EU, a nossa economia representa muito pouco no conjunto da Europa.
- Sim a receita não é só, nem principalmente para Portugal, mas para a UE.
- Mas estava a falar da América, e os EUA não são a Europa.
- Mas a natureza e as soluções dos principais problemas, neste momento, têm muito de  comum.

2010-11-04

 

A PT foge aos impostos?

O João Abel já expôs aqui em baixo o essencial mas parece-me que ele está excessivamente céptico.
Estou absolutamente convencido que Ricardo Salgado representante do maior accionista da PT, o Grupo Espírito Santo, com 71.660.806 de acções e 7,99% do capital social e que irá receber 71.600.000 € de impostos fugidos ao fisco (legalmente, é claro. A legalidade é feita à medida...) irá por livre iniciativa, pagar como todos quase todos os portugueses a sua contribuição ao Estado, para que este não falhe no investimento, na saúde, no subsídio de desemprego, nas reformas, no ensino, etc.
Estou convencido porque ele tem vindo muitas vezes às televisões (até pensei que ele tinha entrado para o Governo) esclarecer os portugueses que o momento é de sacrifícios e que temos todos que os fazer neste dificílimo momento que o país atravessa.
E o mesmo farão, estou certo, os outros grandes accionistas portugueses, Nuno Vasconcelos (Ongoing) com 60,6 milhões €, o Grupo Visabeira com 22, 6 milhões ou o empresário Joaquim Oliveira com 20,4 milhões de euros de dividendos da PT fugidos aos impostos.
O que é incrível, mas faz parte do que somos, é que uns pobres coitados que têm umas dezenas ou centenas de acções da PT e assim receberão mais meia dúzia de euros julgam, erradamente, que assim ficam a ganhar.

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PT: uma empresa ou uma instituição de caridade para o Estado?

Não consigo entender como pode Teixeira dos Santos e José Sócrates numa base lógica, ou seja, tendo em conta que a PT é uma empresa que se rege por princípios de gestão e de racionalidade económica, queixar-se da PT pretender distribuir ainda em 2010 dividendos aos accionistas depois da operação de venda da VIVO.

Certamente este queixume cai bem num período em que se aprovou um orçamento tão duro para o país.

Mas não deixa de ser algo surpreendente esta atitude.Justificar completamente
Se a PT distribuir o dividendo de que se fala comete alguma ilegalidade? Se comete puna-se, se não comete, nada há a fazer.

A questão de fundo é outra. Porque razão se legislou que pudesse haver distribuição de dividendos deste tipo sem pagamentos de impostos?

Mas como estamos num Estado de direito sobretudo do grande capital, o governo nada pode nem deve fazer. O melhor era estar calado.

A Golden Share não dá para isto.

Muito jeito daria ao OE 2011, mas nem tudo o que dá jeito.... Pensasse-se antes, não se tivesse legislado como se legislou, até porque era justo pagar o devido imposto.

O governo só pode queixar-se de si próprio.

 

O Estado distribuidor (ou não) da riqueza nacional

Obama tem já no fim deste ano um emblemático desafio à sua política, quando termina o prazo da legislação aprovada por W Bush, de cortes fiscais à oligarquia dourada da América, que lhes deu, nos últimos 10 anos, 4 milhões de milhões de dólars (milhões de milhões, não é engano). Valor que bem poderia ter criado o tão ansiado justo Serviço Nacional de Saúde e outros serviços sociais para os menos endinheirados.

George W. Bush prosseguiu e aprofundou o grande volte face da política norte-americana iniciada por Reagan: aumentar a riqueza dos muitíssimo ricos à custa, já se vê, dos outros, porque isto de riqueza não é algo que se faça a imprimir dólares.
A política, o poder de Estado é, para além da função administrativa, essencialmente um instrumento para repartir a riqueza criada no país e, com a globalização e o  poder financeiro apátrida, cada vez mais para a rapina em qualquer parte do mundo.
Uma das funções primordiais de um Estado de direito ao serviço das famílias (como gosta de sublinhar, Paulo Portas e os CDSzinhos, mas apenas a pensar nas Grandes famílias) é redistribuir a riqueza nacional criada em cada ano para que não fique desproporcionadamente nas mãos dos banqueiros e grandes empresários (e os seus altos funcionários) aqueles que têm, além da sua capacidade própria, os instrumentos que o Estado lhes oferece para criar riqueza.

Lá, na América, como cá, em Portugal, o busílis, a quinta essência dos Orçamentos de Estado e das políticas de Estado é para além de criar instrumentos para o aumento da riqueza nacional, repartir a riqueza criada. Aqui uns ganham 500, 1500 ou 3000 euros e outros 30, 50 ou 100 mil euros por mês ou até reformas de idênticos valores.

 

A Grande Crise e Obama derrotam Obama

Obama sofreu a grande derrota há muito anunciada pelas sondagens. Conservou no entanto a maioria no Senado.
Aconteceu a Obama o que aconteceu a muitos outros presidentes dos EUA, perder a maioria na Câmara dos Representantes nas eleições intercalares. Afinal Obama, nisto, não fez a diferença.
Três razões explicam a derrota:
1) a grande crise global com a consequente travagem do desenvolvimento económico, o desemprego e menos dinheiro no bolso da classe média; 
2) o carácter conciliatório do cidadão Obama que pensa que as boas palavras, as palmadinhas nas costas dos republicanos ou as políticas "certas" podem convencer o adversário (na realidade o inimigo) a fazer o consenso. Leu pouco (ou mal) Marx e não entendeu bem o que é isso de interesses de classe. Parece não entender que o "certo" para a maioria dos americanos (que por sua vez nem sempre alcançam todas as consequências das políticas, vide o caso da saúde para os menos ricos) não é o "certo" para a oligarquia ou para aqueles da classe média que, por cupidez e estupidez, adoptam para si as dores daquela;
3) a grande mobilização da direita e da extrema direita do Tea Party, apoiada por dinheiro a jorros de organizações camufladas de "independentes", de "defesa da moral" ou "da cultura"  alimentadas pelas grandes fortunas, para atingir um compensador retorno financeiro através do controlo do poder político.     

É frequente o presidente eleito ver o seu partido derrotado nas eleições intercalares para o Congresso. Comportamentos opostos podem dar o mesmo bom resultado (eleitoral), depende das circunstâncias. Truman, em 1946-47, atacou o adversário para defender as suas políticas e foi reeleito. Clinton conciliou e também foi eleito. Mas Clinton tinha consigo o trunfo de a América viver um bom momento e ter nas contas do Estado um glorioso e  histórico superavit, exactamente o oposto do que Obama tem.
As grandes expectativas criadas pela sua vitória, vitória de um humanista, de um homem com um passado de integridade e acção guiada por ideais de justiça social e racial não podiam ir demasiado longe quando contava no essencial com a máquina do Partido Democrático e um grande movimento da juventude, das minorias e dos intelectuais, mas... mas... um movimento e não uma organização. 
As grandes expectativas e boas intenções assentavam em bases que em parte não tinham estrutura, cimento e comando a não ser pelo Twiter ou o Facebook. Por isso quem percebia isto sabia que, por melhor que fosse Obama, não poderia deixar de estar aprisionado nas malhas de Washington que ele prometia desfazer. 

Veremos o que faz Obama mas provavelmente seguirá, para além do que a boa táctica exija, a conciliação para além do que a prudência impôe e que lhe está nos genes. E se a economia dos EUA não der uma grande volta antes das eleições de 2012, que dificilmente dará, tem assegurada a derrota que será uma grande derrota para a América progressista.

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2010-11-03

 

Cavaco Silva, a realidade e o mito

Cavaco Silva, a realidade e o mito, publicado no I e que descobri aqui, é um ensaio de Alfredo Barroso que oferece uma acutilante análise à  compreensão do cavaquismo e do seu alter ego.
Deixo uns breve excerto:
" ... Há, aliás, duas frases que retive na memória, da autoria de Cavaco Silva, que caracterizam bastante bem o político completamente previsível que ele é.
Uma delas foi proferida em 2005, tornou-se famosa e diz o seguinte: "Pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões." Quem tenha alguns conhecimentos de história, seja do país ou do mundo, seja das ideias ou dos factos políticos, sabe perfeitamente que tal afirmação não é verdadeira. Porque, regra geral, pessoas inteligentes, com princípios, ideias e opções políticas distintas, chegam a conclusões diferentes, mesmo quando possuem a mesma informação. É isso, aliás, que está na base dos sistemas democráticos, pluralistas e pluripartidários. ..."

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Calma aí. A fotografia é antiga.


Uma foto que aqui oferecem para a campanha.
 

[2000]Passos Coelho: a instabilidade

A táctica do PSD/Passos Coelho, mesmo depois do acordo com o Governo, de máxima tensão, zaragata e incerteza sobre o Orçamento de Estado, não sei se ajudará ao seu objectivo de  substituir Sócrates lá para a segunda metade de 2011 mas algum resultado já deu:

"Os juros da dívida das obrigações portuguesas a 10 anos já ultrapassaram os 6,36%, depois de o tesouro ter pago mais no leilão de dívida de curto prazo, no dia da votação do Orçamento do Estado para 2011."

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Uma Viagem à India

Gonçalo M Tavares é, sem dúvida, uma das mais brilhantes estrelas literárias do firmamento luso.
Dos seus 27 livros, de que há 160 traduções em curso, só li uns 6 ou 7. Mas já comecei a ler "Uma Viagem à Índia". Leitura de livraria. A tomar-lhe o peso. Ainda não o comprei. Se fosse há dois meses tê-lo-ia comprado sem nenhuma hesitação, mas agora... com esta berraria toda sobre a crise, o susto em que estamos caídos, levou-me a pensar se os 25 euros não me virão ainda a fazer falta para o próximo IRS ou, pior ainda, para o que aí vem, se o Pedro Santana Lopes Passos Coelho consegue pôr as mãos nas manetes da governança. Mas mal o OE seja aprovado e as agências de rating melhorem a notação compro o livro.
Não vou dizer nada sobre ele, pois ainda não o li (não faço como alguns críticos de Saramago). Diz que é uma espécie de Lusíadas. Mas com Bloom. E no século XXI.

Oiçamos antes o que de Uma Viagem à Índia diz o próprio autor. Guiados pela mão de outra estrela lusa o Pedro Mexia: aqui 
(Já no início deste blog tinha falado do Gonçalo M Tavares aqui)

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2010-11-02

 

A burrice dos políticos

Vi, ouvi, embora sem grande grande gosto (toda a gente está farta de orçamento), parte do debate sobre o orçamento para tentar descobrir algo de interesse. Afinal nada.

O que me apetece escrever (sem ofensa para ninguém) é apenas isto:

"Há tantos burros mandando em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando, se a burrice não será uma ciência".

António Aleixo escreveu isto em tempos idos, no tempo de Salazar.

2010-11-01

 

[1998]Os Cinco Cavacos

É um artigo do Daniel de Oliveira no Express online e que também está no seu blog Arrastão. Está já abundantemente exposto por aí mas não é demais publicitar uma perspicaz análise-memória do candidato a PR, Cavaco Silva. Fica aqui uma pequena amostra mas vale a pena ler o texto completo. 
_____________
Daniel Oliveira:
"Cavaco Silva apresenta hoje a sua recandidatura. Foi ministro quando eu tinha 11 anos. Pode sair da Presidência quando eu tiver 46. Ele é o maior símbolo de tantos anos perdidos. E aqui se fala das suas cinco encarnações.
Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.
"O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.
"O segundo Cavaco alimentou um tabu: ...
.........
"Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar como alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.

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O novo "ciclo" orçamental

Esperemos que este novo percurso de aprovação formal do OE que começa amanhã seja recheado de menos peripécias e, sobretudo como disse e bem Francisco Louçã, sirva menos a agenda da campanha eleitoral de Cavaco Silva.

Esta mesma realidade foi ontem também reconhecida por Marcelo Rebelo de Sousa, nos seus comentários de Domingo, embora dita de outra forma. Marcelo afirmou que o avozinho simpático, ou seja, o dr. Eduardo Catroga, soube muito bem desviar a ruptura das negociações para que não coincidisse com o dia da apresentação da recandidatura de Cavaco Silva. Melhor golpe?!

O Governo, para além do mau orçamento apresentado, transigiu em coisas fundamentais com a trajectória hesitante de negociação que usou, não se percebendo aonde desejava chegar e onde pretendia parar.

Tenho recebido algumas observações sobre a minha posição crítica de fundo em relação a este orçamento.

Registo as duas razões de fundo porque considero mau este orçamento.

Estou de acordo com a necessidade de um orçamento severo. Só que esse orçamento deveria respeitar uma melhor equidade na distribuição dos custos, o que este orçamento não cumpre. É mais penalizado quem tem menores recursos, sobretudo a classe média/baixa. Segundo, esse orçamento deveria contemplar investimento numa visão de futuro e ser cuidadoso no corte das despesas de natureza social e também não cumpre estas premissas.

Daí afirmar que social e economicamente se trata de um mau orçamento.

Eventualmente vai contribuir para a redução do défice mas não para o desenvolvimento

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