2005-02-28
Epílogo de um ministro
da janela (foto de Alexandra Menezes)
Esta noite o recorde de frio vai ser batido em Paris, -7 previstos, deixo-vos a paisagem que se avistava da minha janela há alguns dias.
O folhetim do ministro das finanças que vos contei há alguns dias acabou hoje com a posse de um novo ministro, Hérve Gaymard acabou por se demitir após novas revelações, afinal o ministro nem sequer tinha direito a um apartamento pois é proprietário de 3 residências.
Uma sondagem publicada hoje mostra que este episódio criou uma distancia ainda maior entre os políticos e a população.
O Público ECONOMIA de hoje errou
Média anual em milhares de €
(valores Expresso)- Luxemburgo 35.9
- Dinamarca 29.8
- Reino Unido 28.0
- Irlanda 27.9
- Alemanha 27.5
- Bélgica 24.9
- França 23.9
- Suécia 22.8
- Finlândia 21.7
- Itália 19.7
- Espanha 16.7
- Grécia 14.1
- Portugal 11.8
D. Quixote pelo Teatro Infantil de Lisboa
Quando chegou a casa não parou de me falar na peça. Fez-me perguntas, emitiu a sua opinião. Leu o folheto várias vezes. Finalmente ao fim de uns dias disse que gostaria de ver a peça novamente, comigo, com a Mãe e com a Irmã.
Ontem, finalmente, lá fomos ver a peça : D. Quixote, baseada na obra com o mesmo nome de Miguel de Cervantes, é levada a palco pelo Teatro Infantil de Lisboa no auditório da casa do artista.
Nunca li a obra original. Tenho conhecimento dela através da informação que fui recebendo ao longo da vida.
Gostei muito da peça: A representação, o cenário, as músicas, a mensagem.
Não percebo muito de teatro. Quero com isto dizer que pelo facto de o meu conhecimento das técnicas de teatro ser claramente diminuto, posso não conseguir avaliar até que ponto tem ou não qualidade. Então tentei ter a postura que o mestre António Cândido (medalhista e escultor) há uns anos - relativamente à minha dificuldade de avaliar esculturas - me propôs: "Se te encanta é de qualidade. Pelo menos para ti."
A mim encantou-me. Aos meus filhos também. Vê-los a falar da amizade e da importância de acreditar mesmo quando as coisas parecem "pouco reais" fez-me ficar mais optimista.
Saldanha Sanches em entrevista ao DNegócios
Saldanha Sanches levanta um problema pouco abordado, o da defesa das câmaras cobrarem impostos aos seus munícipes pois defende que as "autarquias devem ser obrigadas a assumir o odioso dos impostos". Aliás esta ideia, ventilada também por Silva Lopes e por Miguel Beleza, parece não ter muitos seguidores políticos pela sua impopularidade. Mas não deixariade ser positiva concentraria mais a atenção dos munícipes sobre o desempenho e aplicação dos verbas pelos autarquias.
2005-02-27
Sociedade do Conhecimento
Vítor Wengorovius Faleceu
Em 1974, ajudou a fundar o Movimento de Esquerda Socialista (MES)... Em 1999, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.)"...[link]
Não seria mais assisado maior recolhimento
2005-02-26
O PSD está de volta?
Não sei se repararam, mas na reportagem televisiva feita no final do Conselho Nacional do PPD/PSD, quando Miguel Relvas apresentou à comunicação social as conclusões do conclave, referiu-se sempre ao PSD e nunca ao PPD/PSD. Ou foi impressão minha ou a bandeira e o cartaz que estavam por detrás do Miguel Relvas só diziam PSD.
Mas já Santana Lopes, entrevistado também no final desse Conselho Nacional, referiu-se sempre ao PPD/PSD.
Já estavam a falar de partidos diferentes?
Foi um ucraniano!
Espernear
Carga Fiscal comparada
- Irlanda 31.2
- Espanha 36.5
- Portugal 38.1
- Grécia 38.6
- Holanda 39.3
- Alemanha 41.7
- Luxemburgo 42.3
- itália 43.2
- Áustria 44.8
- Finlândia 45.1
- França 45.7
- Bélgica 48.1
- UE15 41.8
- Reino Unido 37.1
- Dinamarca 49.8
- Suécia 51.4
O Problema do Desemprego
É um problema com que vamos ter de viver por mais algum se se conseguir uma mudança de agulha nas políticas de crescimento atempadamente.
Branqueamento de capitais
Hoje esta questão é primeira página de alguns jornais nacionais onde se afirma que a PJ está a investigar "a utilização da banca na lavagem de dinheiro da droga".
2005-02-25
"Ordenados Milionários"
Dois dos colaboradores de Santana Lopes auferem um ordenado-base superior a seis mil euros ao qual ainda acresce uma avultada verba destinada a despesas de representação."...
Do «ranking», luxemburgueses, dinamarqueses e britânicos são os mais favorecidos, com rendimentos médios anuais disponíveis de 35.893, 29.815 e 27.966 euros, respectivamente.
...os custos de remuneração médios anuais dos portugueses rondam os 17.325 euros, ocupando a oitava posição numa lista onde os custos mais baixos pertencem à Eslováquia (6.490 euros) e os mais elevados à Alemanha (49.609 euros)." [Link]
O debate económico de ontem na SIC Notícias
Primeiro, nenhum dos intervenientes alertou para a situação da pouca ou nenhuma consciência que a sociedade portuguesa tem da dimensão dos problemas a que o País tem de dar resposta, das dificuldades dessas respostas e das rupturas que é preciso operar nessa sociedade para salvaguardar o futuro do País na base de um projecto de desenvolvimento sério e bem sustentado. Artur Santos Silva e Belmiro de Azevedo foram aqueles que, apesar de tudo, lançaram ideias úteis, pois isto não vai com campanhas do tipo "consuma português" como alguns defenderam quando a qualidade é mais fraca e os preços mais altos.
Um país que não consegue produzir bens e serviços com competitividade, ou seja, bens e serviços com aceitação nos mercados português e internacional ou que, quando o consumo ou investimento nacionais aumentam, disparam as importações, é bem o exemplo de uma economia com pés de barro. Esta é a realidade nacional.
Positivo
Esta postura, aliás prometida, está a marcar a diferença face a processos anteriores em que "tudo" era público, ou melhor, se lançava mão muitas vezes da contra informação para tirar dividendos como o queimar ou fazer recuar pessoas. Francamente espero que seja este o registo de actuação do governo futuro, quer para na formação do governo quer na tomada de decisões de folego. Para uma boa governação compete-lhe dominar a agenda de forma séria e ponderada.
Uma boa notícia
Esta situação decorre de uma decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucional a norma da Tarifa Geral de Transportes que desobrigava a CP de respnder "pelos danos causados aos passageiros" nos atrasos ou cancelamentos de combóios.
Mas será que vão ser criados mecanismos expeditos para que este direito agora atribuido possa ser accionado devidamente pelos utentes e se torne eficaz? Não se tratará antes de mais uma devolução de um direito "fictício" que apenas constará do papel devido à inoperacionalidade ou falta de clarificação de mecanismos legais?
2005-02-24
Paulo Portas de volta?
Referiu que assim se fechava um ciclo político e que chegara a hora de dar o lugar a outros.
W. Bush em visita à Europa
Os desejos e as realidades
Depois da histórica vitória do PS e da clamorosa derrota do PPD/PSD e do CDS/PP nas últimas eleições legislativas, tem-se assistido, como é natural e positivo em democracia, a inúmeras análises, apreciações e comentários por parte de políticos, jornalistas e outros fazedores de opinião que procuram explicar os resultados eleitorais e perspectivar o futuro do governo de País. Claro que, para quem, ao longo da pré-campanha e da campanha eleitoral produziu análises, apreciações e comentários que se vieram a revelar totalmente afastados do sentir da maioria do eleitorado e da realidade do País, não é fácil, agora, explicar as posições anteriormente defendidas.
E houve, de facto, falhanços estrondosos nesta matéria.
Assim começa o meu artigo publicado hoje no Diário Económico, em que abordo alguns aspectos da campanha eleitoral e dos resultados eleitorais. O artigo pode ser visto na sua totalidade aqui ou no ALFORGE
2005-02-23
Fujam! Vem aí Vasco Graça Moura "teratológico"
e profetiza:
Luís chora Pedro
"Pedro" "... assumiu a responsabilidade de uma maioria que estava ferida de morte... limitou-se a apanhar os "cacos", e tentar virar, sem nunca esperar que lhe cortassem as pernas. Agora sai. E sai de cabeça erguida, dignamente..." Aqui no DN
"Durão Barroso governou mal! Durão Barroso governou mal! É preciso dizer isto! Durão Barroso mentiu aos Portugueses1" Ver Aqui no Barnabé
"Dívidas às farmacêuticas. A queda das "máscaras"
Belmiro de Azevedo e o governo de José Sócrates
2005-02-22
Há "Festa na Aldeia"
(Óleo sobre tela de Leonel Marques Pereira,1828-1892. Museu do Chiado, Lisboa.)
Com o meu agradecimento a Teixeira Pinto, de cujo blog A Pintura Portuguesa, copiei esta "Festa na Aldeia". Recomendo vivamente uma visita aos seus blogs sobre pintura e pintores portugueses. E também ao Abre Latas e ao Homo Sovieticus.
Santana Lopes não se recandidata a líder no Congresso?
Talvez o seu único acto de bom senso (se assim fôr) nestes últimos tempos. Mas será que por detrás desta atitude não haverá alguma tramóia?
PPD/PSD em processo de autofagia?
2005-02-21
Hoje, o dia de começo de todas as "metamorfoses"
De que é que se trata?
De uma coisa tão simples como isto. Tomando os sinais de voto que irão aparecer ao longo dos próximos dias, o PS de certeza não somou só 45%, mas bem aí uns 70%.
O insinuar, o aproximar daqueles que se pensa que têm poder, pode render uns tantos dividendos. Um lugarzinho no gabinete de um qualquer Ministro ou secretário de Estado ou até no do director geral ou presidente de uma qualquer Instituição , ou até dos mais habilidosos (porque não?) um cargo mesmo de DG. É uma questão de olhar para "a história"...a "história dos patinhos"
Que Futuro para Portugal?
É uma tarefa dura para o PS e tenhamos esperança de que se saia bem dela. O PS terá de ter a humildade de ouvir antes de decidir, designadamente as forças da sociedade que, embora fracas, são o que são. Mas o PS não tem tempo para perder tempo a ouvir para agradar. Tem um tempo de oportunidade de decisão, até porque agradar a todos não é objectivo atingível. Tem de agir se possível bem e em benefício daqueles que lhe deram a confiança e que mais carecem. Daí o emprego e as políticas sociais sejam o cerne do problema.
Um governo políticamente forte, competente e gerido de forma coordenada é determinante para arrancar este país do caos em que mergulhou. Essa é a primeira prova de fogo. Os objectivos articulados e as subestratégias por Ministério são um outro vector no caminho do sucesso.
Vitória histórica do PS e de toda a esquerda
Partidos | V % 2005 | V % 2002 | Nºdep 2005 | Nºdep 2002 |
---|---|---|---|---|
PS | 45,05 | 37,8 | 120 | 95 |
PSD | 28,7 | 40,1 | 72 | 102 |
CDU | 7,6 | 7 | 14 | 12 |
CDD-PP | 7,3 | 8,8 | 12 | 14 |
BE | 6,4 | 2,8 | 8 | 3 |
Notas: faltam os 4 deputados da emigração que deverão ir 2 para o PS e 2 para o PSD.
2005-02-20
ALLENDE
Ne plus écrire enfin attendre le signal
Celui qui sonnera doublé de mille octaves
Quand passeront au vert les morales suaves
Quand le bien peignera la crinière du Mal
Quand les bêtes sauront qu'on les met dans des plats
Quand les femmes mettront leur sang à la fenêtre
Et hissant leur calice à hauteur de leur maître
Quand elles diront " Bois en mémoire de moi"
Quand les oiseaux septembre iront chasser les cons
Quand les mecs cravatés respireront quand même
Et qu'il se chantera dedans les hachélèmes
La messe du granit sur un autel béton
Quand les voteurs votant se mettront tous d'accord
Sur une idée sur rien pour que l'horreur se taise
Même si pour la rime on sort la Marseillaise
Avec un foulard rouge et des gants de chez Dior
ALORS NOUS IRONS REVEILLER ALLENDE
Quand il y aura des mots plus forts que les canons
Ceux qui tonnent déjà dans nos mémoires brèves
Quand les tyrans tireurs tireront sur nos rêves
A moins que de nos rêves se lève la moisson
Quand les tueurs gagés crèveront dans la soie
Qu'ils soient Président ci ou Général de ça
Quand les voix socialistes chanteront leur partie
En mesure et partant vers d'autres galaxies
Quand les amants cassés se casseront vraiment
Vers l'ailleurs d'autre part enfin et puis comment
Quand la fureur de vivre aura battu son temps
Quand l'hiver de travers se croira au printemps
Quand de ce Capital qu'on prend toujours pour Marx
On ne parlera plus que pour l'honneur du titre
Quand le Pape prendra ses évêques à la mitre
En leur disant : " Latin ! Porno ou non, je taxe "
Quand la rumeur du temps cessera pour de bon
Quand le bleu relatif de la mer pâlira
Quand le temps relatif aussi s'évadera
De cette équation triste où le tiennent les cons
Qu'ils soient mathématiques avec Nobel ou non
C'est alors
c'est alors que nous réveillerons
ALLENDE
(Léo Ferré)
O País que temos...Infelizmente
- A notícia de ontem do DN sobre a "FRAUDE NAS TAXAS MODERADORAS" de que depois se fizeram eco as TV's causam-me sempre muita apreensão em termos do Futuro que nos espera este país: 70% das isenções feitas pelos centros de saúde são ilegais
2005-02-19
José o homem dos sonhos
Que nome dar ao poeta
esse ser dos espantos medonhos?
Um só encontro próprio e justo:
o de josé o homem dos sonhos
Eu canto os pássaros e as árvores
Mas uns e outros nos versos ponho-os
Quem é que canta sem condição?
É josé o homem dos sonhos
Deus põe e o homem dispõe
E aquele que ao longo da vereda vem
homem sem pai e sem mãe
homem a quem a própria dor não dói
bíblico no nome e a comer medronhos
só pode ser josé o homem dos sonhos.
(Ruy Belo)
Condição necessária, mas não suficiente
A obtenção de uma maioria absoluta do PS nas eleições do próximo domingo é, quanto a mim, uma condição absolutamente necessária para o País poder sair da situação em que se encontra e seguir um rumo seguro para o combate ao desemprego, a redução das injustiças sociais, a retoma da confiança nas nossas capacidades e o desenvolvimento económico e social do País.
Não será, certamente, uma condição suficiente: esta terá a ver, por exemplo, com as políticas concretas que o PS seguirá e com a competência e credibilidade da equipa de Governo constituída para as implementar. Mas se os eleitores não assegurarem essa condição necessária, não há condição suficiente possível.
Mais revelações sobre o caso "freeport"
Estou em condições de assegurar que, de acordo com fontes ligadas à PJ, a Directora do Independente, Inês Serras Lopes, até ao momento, e por ora, nada tem a ver com o caso, nem se encontra mesmo entre os arguidos, embora no futuro nunca se saiba. Ao que parece, Marcelo Rebelo de Sousa e, pelo menos, mais 9 587 368 portugueses estão na mesma situação.
Entretanto, a PJ já informou que o documento divulgado pelo Independente não consta do processo, tendo decidido instaurar um inquérito para descobrir a origem de tal documento. Por outro lado, o PS está, também, a contribuir já para o esclarecimento do caso, pois meteu o Independente em tribunal.
Tudo parece indicar que a Central de Propaganda proposta pelo PPD-PSD/CDS-PP, embora chumbada pelo Presidente da República, está a funcionar em pleno, mas na clandestinidade.
2005-02-18
Um perigoso precedente
De que perigoso precedente se trata? Nem mais nem menos do apoio público que o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, deu - cito - ao "seu frustado delfim Pedro Santana Lopes".
An Irish Airman Foresees his Death
I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltarton's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.
(W.B. Yeats)
2005-02-17
CONCERTAÇÃO de preços nas Petrolíferas?
A liberalização de preços deu-se em 2004. Em princípio para beneficiar os consumidores. Em Portugal tínhamos uma fixação de preços neste sector através de uma fórmula que tinha em conta a evolução do preço do crude. A liberalização foi defendida para estabelecer a concorrência, o que teóricamente está certo eé o que acontece nos países avançados. aliás a concorrência é uma pedra basilar do mercado (que não o português). Pelo menos nesta actividade, a liberalização até à data só tem trazido preços mais gravosos para o consumidor. Em Portugal a concorrência é quase uma não realidade muito generalizada, a não ser em bens onde as grandes superfícies tenham presença. Na venda de produtos petrolíferos, há sinais de que algo existe de concertação: os preços sobem em simultâneo até quando os preços do petróleo descem a nível internacional.
O novo Modelo Escandinavo
Os países tidos como nórdicos ou escandinavos são: Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca. A Suécia é governada por um governo social-democrata e os outros por governos conservadores.
José Sócrates tem muito trabalho a desenvolver e muito a aprender para chegar ao patamar destes países ( e a Portugal faltam algumas características nórdicas específicas a adquiridas- formação) e tanto mais que diz apostar no exemplo da social democracia nórdica que é ainda um pouco mais refinada em termos de impacte social que o modelo mais geral dito escandinavo.
A Suécia atravessou uma crise de tal dimensão nos anos 80/inícios de 90 que teve o seu PIB em queda três anos consecutivos, a taxa de desemprego a quadruplicar, as falências a disparar e as taxas de juro a atingir records máximos indesejáveis.
A máquina pública sueca era muito anquilosada e centralizada. Desde finais da década de 80, o número de funcionários de Estado decresceu de 45% (Finlândia em igual período 35%). Mas indo nesta onda, um pouco arrastada pelos seus vizinhos, a Suécia rompe com a tradicional e arreigada centralização da máquina de Estado e inicia um processo de descentralização forte , confiando às regiões e às comunas as suas despesas de sáude, cultura, educação, polícia, assim como a colecta e a afectação de cerca de 1/3 do imposto sobre o rendimento. Esta transferência de competências é negociada e regulada. e não há dúvida que apresenta resultados hoje emtermos da grande qualidade dos serviços públicos prestados, dos melhores da Europa.
Como as despesas de saúde entraram em derragem, o governo fez passar a mensagem da necessidade de uma parte da despesa de farmácia, hospitalar e médica ser financiada pelo doente num montante que varia entre 150€ e 300€/ano por utente. Para além disto a reforma das aposentações transformou-se em objectivo central desde meados da década de 90, tendo sido introduzida a capitalização de parte das cotizações que é investida nos mercados bolsistas (um certo tipo de privatização).
Nota final. Há bons livros editados em França sobre estas reformas, uma vez que as autoridades francesas têm andado a dedicar alguma atenção a esta matéria designdamente ao modelo dinamarquês que é o mais liberal de todos.
2005-02-16
A "fuga" do PS
Estou farto de ouvir a direita (mas não só) referir-se ao pedido de demissão de António Guterres em 2001 como "a fuga do PS face às dificuldades do País". Ora a verdade é que tal afirmação constitui uma autêntica falácia que, infelizmente, na minha opinião, o PS nunca rebateu com clareza.
Pode-se discordar da decisão de António Guterres, como é o meu caso. Embora compreenda que, face à falta de maioria absoluta na AR e face aos resultados das eleições autárquicas, Guterres tenha considerado não possuir ondições necessárias para governar e ser mais útil para o País ir-se a votos para clarificar a situação, julgo que estas razões não justificam a interrupção da legislatura, que é um acto que só deveria ter lugar em casos muito excepcionais. Na realidade, não só o PS dispunha de metade dos deputados da AR, como os resultados das autárquicas, não sendo brilhantes, também não foram desastrosos. Justificava-se, por isso, quanto a mim, que o PS traçasse e desenvolvesse uma estratégia adequada para ultrapassar as dificuldades face à situação existente e assumisse a responsabilidade da governação até ao fim da legislatura.
Mas daí afirmar-se que o PS o que quis foi "fugir às dificuldades" é atirar areia para os olhos das pessoas. Então o PS não concorreu às eleições legislativas intercalares e não se bateu bravamente para as ganhar e voltar a governar? Infelizmente para o País, como se viu, o PS perdeu, embora por uma pequena diferença.
Despesas do estado: o exemplo de Hervé Gaymard
O ministério apressou-se a garantir que o ministro tinha cumprido escrupulosamente a lei, mas algumas horas depois o primeiro-ministro anunciou uma mudança nas regras: a partir de agora os apartamentos alugados para os ministros que não dispõem de alojamento no ministério terão uma superfície máxima de 80m2 + 20m2 por cada filho, o que mesmo assim dá 240 m4 para a família Gaymard (8 filhos).
Ficamos com a impressão que as histórias de redução da despesa só se aplicam a alguns.
Entre o Dia e a Noite
Protocolo de Quioto: Portugal na cauda da UE
De todos os países europeus Portugal é o que terá de realizar o maior esforço: as emissões situam-se actualmente 40,5% acima dos níveis de 1990, o que implica uma redução de cerca de 1/3 das nossas emissões (mais exactamente 34,7%). O peso dos combustíveis fósseis na produção de electricidade não augura nada de bom.
Apesar dos esforços da presidência americana (e de alguns cientistas ao seu serviço) para minimizarem as consequências do aquecimento global a maioria dos especialistas do assunto afirmam que se nada fizermos os custos humanos e ecológicos serão enormes, nomeadamente o aumento previsível da frequência de fenómenos extremos (tempestades, períodos de seca, inundações, etc).
2005-02-15
Santana - linha branca
Pois acaba de me entrar na caixa de correio, posta à mão, uma cartinha cujo envelope apenas diz "SE NÃO COSTUMA VOTAR LEIA ESTA CARTA".
Dentro uma folha branquinha, sem logotipo, apenas no fim, maviosa, pungente, a azulinho, a assinatura do nosso burlesco Santana Lopes.
Se o estilo não fosse o do Pedro, choradimo de vítima, tom envolvente, máscara à Robin dos Bosques (tira aos ricos e dá-lhe a si) poderia desacreditar. Mas não. E frases incongruentes como esta de quem não domina a língua mas que trai as intenções, dirigida ao caro(a) amigo(a) que não costuma votar: "Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar." !?!?!?
Eis a cartinha, da Central de Intoxicação, no dia em que ele por devoção não faz campanha. Ou, sem logotipo será alguma manobra de Cavaco Silva ou de Pacheco Pereira?
Caro(a) Amigo(a),
Não pare de ler esta carta.
Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.
Portugal precisa do seu voto para fazer justiça.
Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.
Você não costuma votar, e não é por acaso.
Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.
E quem são eles?
Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.
Incluindo a velha maneira de fazer política.
Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?
Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema.
Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?
Também o tratam mal a si. Já somos vários.
Ajude-me a fazer-lhes frente.
Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!
Por todos nós,
Pedro Santana Lopes
Perfilados de Medo
Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.
Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.
Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.
Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...
(Alexandre O'Neill)
Semana dos Prodígios (1)
Entrámos na recta final da campanha eleitoral. Os, até agora, mais comedidos, excedem-se. Jerónimo de Sousa macula a sua pose bonacheirona e sorridente e foge ao debate com piadas sobre «adidos» e «cansados da vida». Talvez por, mesmo com PSD e o PP de pantanas, os entusiasmos em torno do PCP terem arrefecido, o novo secretário geral do PCP lança dichotes destinados aos fieis.
Vital Moreira, no Causa Nossa, brinda-nos com uma habilidosa «equação» que o torna um independente cheio de graça. Em vez de fazer didáctica democrática (o que seria de esperar de quem é) insinua que o grau de responsabilidade política varia com a amplitude da maioria que a força política que ganhar as eleições obtiver.
Será que vai ser esta a semana dos prodígios?
Instrumentalizada em vida e na morte
2005-02-14
Haja Memória!
(1967: Emissão Comemorativa do Cinquentenário das Aparições de Fátima)
A vida da Irmã Lúcia foi, essa sim, para muitos de nós, um mistério. Tudo indica que a alta hierarquia da Igreja Católica condicionou estritamente as suas declarações públicas, tornando-a praticamente inacessível a quaisquer jornalistas ou estudiosos de temas relacionados com as «Aparições de Fátima».
A carta que Lúcia terá escrito ao Cardeal Cerejeira em 1945, indicando Oliveira Salazar como confirmação da «vontade de Deus», serviu, desde então, para uma inominável operação que pretendeu atribuir ao ditador Oliveira Salazar desígnios divinos.
Haja memória!
Humor de Roncinante
Interrupção da campanha
Mas começo a acreditar na figura da Senhora. Desde logo, o primeiro milagre a pouco menos de uma semana de eleições.
D.Manuel Martins...pela Vida
...E contra os tartufos
Portugal, França. Uma morte e um centenário.
"La République assure la liberté de conscience. Elle garantit le libre
exercice des cultes sous les seules restrictions édictées ci-après dans
l’intérêt de l’ordre public.
Article 2
La République ne reconnaît, ne salarie ni ne subventionne aucun culte."
Quando vemos o que se passa por esse mundo fora a separação da religião e do estado constituem um grande dos grandes progressos dos últimos séculos.
Este também espera um milagre
Falta o debate conjunto e os últimos dias campanha serão os mais dramáticos, apelativos e mobilizadores... está tudo em aberto. E está mesmo!"
Quem fala assim? Aposto que adivinhou.
As surpresas para o fim da campanha estão a cargo da central de intoxicação santanista. Mas por mais suja que sejam não me parece que leve votos aos desesperados autores.
2005-02-13
Com a morte da "Irmã Lúcia", Santana espera um milagre
Quando o mau exemplo vem do Alto
"Eleição. No próximo conclave vão participar 120 cardeais, sendo que a maioria é europeia e foi escolhida pelo actual Sumo Pontífice" [DN]
Com exemplos destes... até o Jerónimo se ri.
Farto da campanha? Uma voltinha lá fora
Um clic no mapa e viajará para a página em que lhe ofereço a leitura de jornais de 30 países. Um serviço grátis prestado pelo Puxa Palavra à comunidade bloguística em colaboração com Ana Prata (e com ajuda, já agora, do INDEKX). Um desafio. Descubra em quantos países estrangeiros se fala de um tal Santana Lopes.
2005-02-12
Competência... muita competência
Mas Santana tem vindo a mentalizar-se para a competência, convenhamos, embora talvez se trate de uma daquelas áreas para que não é muito fadado. Aliás, segundo ele próprio também nunca foi grande espingarda na biologia. Mas têm insistido e treinado pois sempre que o vejo na TV no palanque, há uma barrinha por baixo a dizer competência.
Ainda a base de Monte Real
Segundo Luisa Meireles, a jornalista que escreve o artigo "Aeroporto complicado", "há vários obstáculos cuja solução terá que ser negociada rigorosamente entre a parte civil e militar" para uma eventual utilização para fins civis desta base. "Um deles decorre do facto de a base (a maior em termos operacionais em Portugal) albergar mísseis" ... e, em termos de legislação internacional, ser proibida a aterragem de aviões armados num aeroporto civil. Um outro obstáculo prende-se com o sistema de energia utilizado pelos F16 que obriga a excepcionais medidas de segurança por se tratar de um produto altamente tóxico e, por isso, exigindo a separação estanque entre as partes civis e militares.
2005-02-11
VPV sem ambiguidades
Até ao Momento Gato Constipado
DOIS - O Puxa Palavra pode informar os seus leitores que "até ao momento" o Procurador-Geral da República, José Souto Moura, não é suspeito de dar cobertura, com respostas pouco claras, à "campanha negra" contra Sócrates, alimentada pelo Independente.
Notícia de Jornal
Atentou contra a existência,
num humilde barracão,
Joana de Tal, por causa de um tal Joao.
Depois de medicada,
retirou-se pro seu lar.
Aí, a noticia carece de exatidão.
O lar não mais existe,
ninguém volta ao que acabou.
Joana é mais
uma mulata triste que errou...
Errou na dose, errou no amor,
Joana errou de João.
Ninguém notou, ninguém morou
na dor que era o seu mal.
A dor da gente nao sai no jornal.
(Chico Buarque)
Um Ministro patético
Numa sessão de propaganda enganosa promovida pelo CDS/PP no âmbito da campanha eleitoral. o ainda Ministro do Ambiente Nobre Guedas revelou, uma vez mais, a sua ignorância, incompetência e má fé, ao fazer afirmações completamente falsas e fantasiosas com as quais pretende esonder a sua mediocridade. Num artigo que publiquei ontém no Diário Económio, desmonto essas afirmações e evidencio essa mediocridade. Para se ter acesso a esse artigo pode-se clicar aqui ou ir ao ALFORGE.
Abrir a base de Monte Real à aviação civil ?
Afinal nada, nada mesmo. O primeiro passo obrigatório para que a base área de Monte Real pudesse ser aberta ao tráfego civil é o da sua certificação, processo moroso que nem sequer foi desencadeado, segundo palavras do INAC, Instituto Nacional de Aviação Civil, entidade responsável por este tipo de processos.
The World
Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.
(Robert Frost)
2005-02-10
A aposta de Cavaco Silva
A frouxa tomada de posição de Cavaco Silva, remetendo para depois de 20 de Fevereiro quaisquer declarações a esse respeito, colocou-o sob suspeita dos santanistas, que o convocaram para declarar publicamente em quem vai votar. Luis Filipe Menezes tem piada quando lança a Cavaco o repto de declarar urbi et orbi a quem dará o seu voto; Alberto João Jardim rebenta a escala, ao tratá-lo por «Sr. Silva», ameaçando-o com a expulsão!...
Houve aproveitamento. Claro.
Depois do apoio de Freitas do Amaral e desta resposta atípica de Cavaco, que se limitou a dizer que a «notícia» «não tinha fundamento» (reparem que nem se indignou, nem nada...), as coisas devem ser reconduzidas às suas dimensões prováveis.
Afinal, tratou-se apenas de uma aposta.
Ao contrário do que parece, a jogada política é de Cavaco. O jornal «Público» foi envolvido. Tenha ou não o PS a maioria absoluta que anda a «pedir», o PPD/PSD perde e vai ficar num frangalho. O Professor Cavaco ganhará, pelo menos, uma parte da aposta, e falará, então, do seu ânimo quanto às presidenciais.
Nuit et brouillard
Ils étaient vingt et cent ils étaient des milliers
Nus et maigres tremblants dans ces wagons plombés
Qui déchiraient la nuit de leurs ongles battants
Ils étaient des milliers ils étaient vingt et cent
Ils se croyaient des hommes n'étaient plus que des nombres
Depuis longtemps leurs dés avaient été jetés
Dès que la main retombe il ne reste qu'une ombre
Ils ne devaient jamais plus revoir un été
La fuite monotone et sans hâte du temps
Survivre encore un jour une heure obstinément
Combien de tours de roues et de départs
Qui n'en finissent pas de distiller l'espoir
Ils s'appelaient Jean-Pierre Natacha ou Samuel
Certains priaient Jésus Jéhovah ou Vishnou
D'autres ne priaient pas mais qu'importe le ciel
Ils voulaient simplement ne plus vivre à genoux
Ils n'arrivaient pas tous à la fin du voyage
Ceux qui sont revenus peuvent-ils être heureux
Ils essaient d'oublier qu'à leur âge
Les veines de leurs bras soient devenus si bleues
Les Allemands guettaient du haut des miradors
La lune se taisait comme vous vous taisiez
En regardant au loin en regardant dehors
Votre chair était tendre à leurs chiens policiers
On me dit à présent que ces mots n'ont plus cours
Qu'il vaut mieux ne chanter que des chansons d'amour
Que le sang sèche vite en entrant dans l'histoire
Et qu'il ne sert à rien de prendre une guitare
Mais qui donc est de taille à m'arrêter
L'ombre s'est faite humaine aujourd'hui c'est l'été
Je twisterais les mots s'il fallait les twister
Pour qu'un jour les enfants sachent qui vous étiez
Vous étiez vingt et cent vous étiez des milliers
Nus et maigres tremblants dans ces wagons plombés
Qui déchiriez la nuit de vos ongles battants
Vous étiez des milliers vous étiez vingt et cent.
(Jean Ferrat)
Muito se escreve..(Mal)..nestes dias de campanha
Até órgãos de comunicação ditos de referência não têm escapado a tamanho lamaçal...É o País que há.
O jornal Público inventou um pensamento íntimo para Cavaco, auscultado não se sabe por quem, nem inspirado em quê, mas com objectivos e logo toda a gente se pôs a falar, toda mesmo, menos o próprio, que só disse e contra vontade o que teve de dizer. Honra lhe seja feita.
Política da água e outras políticas ambientais
Há alguns dias dei uma entrevista relativamente extensa ao Diário de Notícias onde foram abordados temas relacionados com a política da água e com outras políticas ambientais. Seguindo a sujestão de alguns companheiros do Puxapalavra, deixo aqui essa entrevista, que também pode ser vista no ALFORGE.
2005-02-09
Os Links da política
Ligações | Programas | Candidatos à AR | Actuais deputados |
---|---|---|---|
PS | Link | Link | Link ** |
PSD | Link | Link ** | |
CDS/PP | Indisponível | Link * | Link *** |
CDU | Link | Link | Link *** |
BE | Link | Indisponível | Link *** |
Raio de luz na caverna
2005-02-08
Formatos abertos
Alguns dirão que sem Word um computador não serva para nada: nada mais falso, para os textos científicos o "software" livre TeX é o mais usado, eu mesmo só uso o Word muito raramente, e uso o TeX todos os dias. O que acontece se eu enviar um texto escrito em TeX a alguém? Se for para um leitor posso enviar-lhe um documento num formato aberto (pdf ou ps por exemplo), se for para alguém que vai alterar o texto envio-lhe um ficheiro ASCII que é alterável em qualquer computador.
A utilização dos formatos proprietários em documentos públicos produzidos por organismos públicos é uma clara violação da neutralidade do estado. A União Europeia tomou consciência disso e tem desenvolvido esforços para impor formatos abertos na troca de informações (ver aqui).
(*) alguns programas permitem editar Word e funcionam bem, no entanto, a Microsoft procura alterar constantemente o formato para impedir estes programas de funcionar.
Un poète
Boris Vian cantando timidamente «Le déserteur»
Un poète
C'est un être unique
A des tas d'exemplaires
Qui ne pense qu'en vers
Et n'écrit qu'en musique
Sur des sujets divers
Des rouges ou des verts
Mais toujours magnifiques.
(Boris Vian)
Quem quiser ler mais (para conhecer melhor ou, simplesmente, matar saudades) pode encontrar uma razoável antologia on-line aqui.
PROVERBIOS Y CANTARES - XXIX
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
António Machado
2005-02-07
De Santana Lopes aos EUA e ao Iraque
Quando a falta de carácter não conta para a derrota
Importar não o melhor mas o pior!
Boatos, mentiras, difamações em campanhas eleitorais não constituem novidade em Portugal. A grande novidade é o seu uso pelo próprio lider de um grande partido, para mais 1º M em exercício.
A campanha "negra" que Santana Lopes inaugurou em Portugal não é invenção sua. Parece ser inspirada nos EUA, onde se podem encontrar práticas eleitorais exemplares e práticas da maior baixeza. Sobre Santana Lopes e as campanhas "negras" nos EUA, desde 1828, entre Andrew Jackson e John Quincy Adams a W. Busch vale a pena ler Nuno Guerreiro no seu excelente blog "A Rua da Judiaria" [aqui]
Importar o "Estado Penitenciário"?
Recomendo a leitura da entrevista no Público de hoje a Loïc Wacquant, "professor da Universidade da Califórnia e da New School for Social Research, considerado um dos maiores especialistas mundiais em prisões. Em "As Prisões da Miséria", obra já publicada em Portugal, explica como as ideias dos neo-conservadores americanos atravessaram o Atlântico e se tornaram "senso comum". "Se a ascensão do Estado Penal é particularmente brutal na América, a tentação de recorrer a instituições judiciais e penitenciárias para jugular os efeitos da insegurança social faz-se também sentir em toda a Europa", avisa. "
PÚBLICO - O que pensa do sistema prisional português?
LOÏC WACQUANT - Sei que a taxa de encarceramento é a terceira mais alta da Europa. Aqui, como noutros países europeus, o número de reclusos tem vindo a aumentar e isso parece-me um desenvolvimento alarmante, porque todos os estudos comparativos mostram que não há relação entre o nível de encarceramento e o nível de crime. A história penal mostra também que a prisão não cumpre a sua missão de recuperação e reintegração social. A verdade é que destrói as pessoas, isola-as, empurra-as para uma espiral de desvalorização.
Fala num "pânico moral" em ascensão na Europa...
Nunca a taxa média de ocupação das prisões foi tão alta e a evolução da criminalidade não justifica isso. Os políticos gostam de pôr os holofotes no crime, gostam de ser vistos a desenvolver acções contra o crime, porque não querem lidar com problemas mais sérios, em particular com o desemprego. O Estado demite-se das suas responsabilidades sociais e os políticos transformam a luta contra o crime num espectáculo moral para reafirmar a autoridade do Estado.
(...)
É a internacionalização do "senso comum" punitivo americano?
Estamos no início do desenvolvimento de um agressivo Estado penitenciário, mas ainda vamos a tempo. Os cidadãos têm de perceber que isto é uma opção política: que tipo de Estado Portugal quer construir? Um Estado Social que providencia os meios de vida e de apoio (saúde, educação, habitação) para todos? Ou um Estado que abandona a sua missão social e se transforma num Estado policial, que limpa as ruas e mantém a ordem nos bairros pobres?
O custo da opção penal é enorme. Aumentar a polícia, os tribunais e as cadeias é muito caro. Mais caro do que desenvolver emprego. Não sei em Portugal, mas na Califórnia são precisos 28 mil dólares por ano para manter uma pessoa atrás das grades. O salário mínimo é 13 mil dólares por ano. Podia-se dar um emprego: 'Pagamos-te desde que não cometas crimes'. Era uma opção muito mais inteligente para pessoas presas por ofensas menores.
(...)
A privatização prisional é um desastre. O país que privatizou mais foi os Estados Unidos, que tem operadores privados a conceber, a construir, a gerir prisões [inclusive o serviço de vigilância]. A população reclusa não pára de crescer [em 2003, a taxa de encarceramento era de 686 por cada cem mil habitantes]. Estas empresas têm interesse em ter mais e mais presos. Fazem dinheiro com cada novo preso que têm. Reduzem serviços de saúde, de apoio social, cortam programas de educação, de trabalho. As pessoas morrem porque não recebem cuidados médicos. (...)
As cadeias de gestão privada foram de zero, em 1987, aos 140 mil presos em 1998. Depois, até havia especulação na bolsa. As prisões eram um dos três investimentos mais recomendados. (...)
Texto completo aqui e aqui. (...)
Texto completo [aqui] e [ aqui].
Os Ayatollah xiitas querem Islão na Constituição e Dick Cheney... acha bem.
O ayatollah Sistani e outros dos mais influentes querem para já um Estado iraquiano islâmico ainda que [por agora!] dirigido por um laico.
O Público num artigo de Francisca Gorjão Henriques (não está disponível on line) citando o NYT, diz que em Bassorá "os partidos xiitas têm transformado a cidade num bastião islâmico desde a queda do regime de Sadam Hussein. Milicianos expulsam vendedores de álcool da rua, as mulheres são agredidas se não se tapam dos pés à cabeça, e em alguns tribunais, os juizes sentenciam com base na sharia.
"Reagindo à polémica [nos EU] o vice-presidente Dick Cheney afirmou que o Iraque tem direito a criar a sua própria democracia sem se tornar numa versão iraquiana da América. (...) Vão fazê-lo de acordo com a sua cultura, a sua história e as suas crenças sobre qual deve ser o papel da religião na sociedade. E é assim que deve ser."
Está visto que a Administração Busch será tão compreensiva com a democracia que está a instalar no Iraque como é com a monarquia teocrática do seu aliado, a Arábia Saudita, desde que possa controlar o petróleo, o gás, os oleodutos, os gasodutos e a região estratégica.