2006-05-31
Talvez a Austrália com uma "opa amigável" consiga...
O herói australiano maj Alfredo Reinado nos media australianos: "EAST Timor's rebel commander, major Alfredo Reinado, says he will not surrender his weapons unless Prime Minister Mari Alkatiri resigns" [The Australian]
1) "O Primeiro Ministro Mari Alkatiri deveria demitir-se para evitar ser demitido" diz Kirsty Sword-Gusmão, esposa (australiana) do Presidente Xanana Gusmão, ao diário The Australian (edição on line de ontem, segundo o Público) aliás, na sequência de várias outras entrevistas do mesmo teor aos media australianos, nos últimos dias. (Ver também Ana Sá Lopes no DN Kirsty manda).
2) O major Alfredo Reinado, (que fez a guerrilha contra a ocupação indonésia na Austrália) chefe da tentativa de golpe de Estado, declara aos media australianos que não deporá as armas enquanto o 1ºM Alkatiri não for afastado.
3) O 1º M australiano John Howard não se cansa de repetir que os males que apoquentam Timor Leste têm um responsável, o 1ºM Alkatiri, tendo até afirmado, que "qualquer timorense seria melhor 1ºM de Timor que o sr Alkatiri".
4) O Ministro dos Negócios Estrangeiros australiano Alexander Downer avisou (Público de 2006-maio-30) que "Timor-leste corre o risco de se tornar um Estado falhado..." Entretanto as tropas australianas em Timor observam calmamente os incêndios e as pilhagens.
5) Desde o acordo entre Timor e a Austrália sobre as jazidas do petróleo que o Governo de Camberra sem respeitar a lei internacional sobre delimitação de fronteiras não conseguiu no entanto apoderar-se, tanto quanto queria, do petróleo de Timor em virtude da firme resistência de Mari Alkatiri que todos os analistas sabem que em Camberra este é o homem a abater.
Com todos estes australianos, o 1ºM John Howard, o MNE Alexander Downer, a australiana Kirsty Sword-Gusmão, mulher do presidente Xanana e o major "australiano" Alfredo Reinado chefe da rebelião, talvez a Austrália consiga em Timor Leste, com uma "opa amigável", o que a Indonésia não conseguiu com uma "opa hostil".
Frase do Dia
Olh'ó Robot
Vítor Batista, deputado, coordenador do PS na Comissão de Orçamento e Finanças
O deputado considera ainda que as propostas do Governo em matéria de Segurança Social seguem uma linha que “tenderá, ano após ano, a reduzir os direitos dos trabalhadores”. (PÚBLICO de hoje, página 36, título da notícia: “Deputado do PS critica ‘falta de coragem’ na Segurança Social”).
Depois da maioria Parlamentar ter chumbado as propostas do BE e do PCP que recorriam à tributação do VAB (Valor Acrescentado Bruto) das empresas, o debate sobre este tema corre o risco de afastar ab initio quaisquer perspectivas diferentes das do actual governo. Para isso, de facto, não necessitamos de um espaço público.
"Há forças externas a desestabilizar"
Para este investigador, a crise timorense era visível desde as eleições de 2001. E porquê? A "força motriz " da crise está no petróleo. As expectativas da Austrália sairam um tanto quanto goradas. Os australianos não poupam a Alkatiri as excelentes contrapartidas que obteve para Timor no que respeita ao petróleo.
Este ponto de vista é idêntico a muitos outros especialistas da área dos petróleos nacionais e internacionais. Ainda há dias num comentário na SIC um especialista português da área dos petróleos dizia exactamente o mesmo: "Mari Alkatiri foi o melhor negociador para Timor".
Todos estes problemas existem. São reais. Todos eles desde há muito que iam contribuindo para o desencadear de uma crise. Mais difícil é a questão de deslindar os laços entre eles e as benesses que muita gente "alimentou" poder vir a usufruir e até onde vai "a manobra" dos interesses petrolíferos.
Se até o Chile caiu!! Os tempos eram outros mas o Estado Chileno de então também não era o timorense. E agora até se pode cair de forma mais branda....
"As Farmácias e o Poder"
2006-05-30
A burocracia como forma de humilhação
Na data e hora marcada fui ao tal encontro seguindo escrupulosamente as instruções descritas num papel oficial: lista dos documentos (diga-se de passagem com coisas como o extracto do banco de 12 meses), originais e fotocópias na ordem solicitada, etc. A pessoa que me atendeu tinha cara de poucos amigos, aliás diga-se que mal se lhe via a cara pois não levantava os olhos da papelada. Lá lhe fui dando os papeis e as fotocópias para o meu processo, quando pensei que já tinha acabado eis que a senhora me diz: "falta um papel", e eu ingenuamente: "mas está aqui tudo o que vinha na lista", do outro lado do guichet: "você é estudante, falta o certificado de assiduidade", "o que é isso", "a prova de como foi às aulas", "mas eu estou a fazer um doutoramento, não há aulas, estou num laboratório, faço investigação", "se não tem aulas então não é estudante, se não me dá o papel da assiduidade não tem autorização de residência". Por fim, após me terem ameaçado de expulsão lá voltei ao trabalho bastante enervado, o director resolveu o problema escrevendo um papel onde certificava que eu era muito assíduo com o carimbo da École Polytechnique.
Esta pequena experiência pessoal não é nada ao pé do que sofrem os imigrantes não comunitários: em alguns sítios pratica-se um racionamento burocrático que faz as pessoas passarem, por vezes, 10 horas ao frio para terem um papel que lhes dá direito de voltarem alguns meses depois. Aconselho-vos a leitura desta reportagem.
Belas Adormecidas
Sleeping beauties, Teresa Dias Coelho, Óleo sobre tela, 35 X 35, 1998. Mais aqui.
Tantas gentes dos dois lados do muro.
Anos mais tarde, vi um quadro dela, grande, onde está uma menina à janela, de costas para nós. E então, perante aquela grandeza que se converte a um momento da infância, em que a solidão, a curiosidade e o sofrimento se desfazem no olhar imaginado da menina, caí, redondo de admiração.
E continuo, assim, a olhar para os quadros dela.
2006-05-29
Teresa Dias Coelho
No Memórias [link] podem ser vistas outras oito imagens de outros tantos quadros a óleo de Teresa Dias Coelho referentes a quatro séries da sua obra (anos 2002, 2000, 1998, 1994) e onde está também disponível um link para a sua home page.
A nova tabela dos alimentos
Temos uma política redistributiva laxista
O Roteiro para a Inclusão
Prós, Contras e antes pelo contrário
Passando por cima da bizarra representatividade social e política dos convidados desta noite, a formulação peca por um certo fatalismo implícito. A metáfora permite que palavras e (outras) coisas se desloquem, num espaço-tempo imaginário, aparentemente sem que a humana agência, derivada de muitos braços de ferro e da negociação de interesses diversos, possa interferir decisivamente no curso dos acontecimentos.
Não custa muito antever a resposta de um painel com esta composição…
No entanto, se o país de deslocasse, de facto, se fosse efectivamente para algum lado, a esfera da política haveria de ter algo a dizer.
O país, para já, “vai partir para Timor” – ver, a este respeito, o post do nosso vizinho João Tunes no seu Água Lisa (6), ver aqui – mas não me parece que vá ser esse o tema da conversa…
Não adianta muito perguntar quando já se conhece a reposta.
(*) Trata-se de uma insistência de Fátima. Em 13 de Março p.p., o título do programa inquiria, – “Um ano depois… [da Maioria Absoluta do PS] Para onde vai o País?” e chamava para o plateau Carlos Carvalhas, Proença de Carvalho, Jorge Armindo e Francisco Sarsfield Cabral.
2006-05-28
Pamukkale na Turquia
Chegou a canícula. Antes de tempo. Esperemos que não traga (já) os incêndios. Para refrescar aconselho um saltinho aqui. Mais imagens e explicações no blog de Sérgio Fonseca [aqui] ou [aqui]
2006-05-27
Avaliação dos professores pelos Pais
Sou um Pai que participo activamente na educação dos meus filhos e nos últimos anos fiz parte da direcção das Associações de Pais das escolas que eles frequentam.
Nestes últimos anos habituei-me a conhecer bem as escolas por dentro. Participei em assembleias de escola, vivi por dentro os dramas do atraso nas colocações e da revolta pelas mudanças.
Como pai recebo esta medida com uma enorme satisfação. A minha experiência é a de que os pais são vistos pela generalidade dos professores como inimigos e não como parceiros de educação das crianças.
Com esta medida poderei finalmente ajudar a separar o trigo do joio avaliando os professores interessados e cumpridores e finalmente vendo a sua progressão na carreira ser muito mais justa do que a mera angariação de créditos através da participação em acções de formação de qualidade duvidosa.
Bem sei que a maioria dos pais não participa na vida escolar dos seus filhos, no entanto tal como em tudo tal não deve ser razão para que os que se preocupam não possam ter uma palavra a dizer.
Esta medida é de uma enorme importância na abertura da escola à sociedade fazendo que os professores passem a estar muito menos fechados sobre si próprios.
Irá contribuir de forma decisiva para que o conceito da "comunidade educativa" finalmente funcione.
A Fenprof, claro está, já veio contestar tal decisão. Com o estilo corporativo a que já nos habituou, Paulo Sucena declarou os Pais como "não tendo competência ciêntifica" afirmando mesmo que a sua participação "desvaloriza a profissão de docente" e ainda - inacreditável - "É o mesmo que passarem a avaliar qualquer outra profissão". Com este sindicalismo bacoco de facto os professores não vão a lado nenhum. Em primeiro lugar a avaliação dos pais será devidamente ponderada e por fim se bem que existam pais incompetentes e desinteressados, tal não é razão para que os outros sejam ofendidos desta forma.
Srª Ministra e equipa : Continuem. Estão REALMENTE e finalmente a fazer uma mudança da educação em Portugal.
A SIC-Notícias e o "Jornalismo de agência"
Ricardo Costa, Director de Informação da SIC-Notícias
O último “Expresso da Meia Noite” (SIC Notícias, sextas-feiras, 23 horas) foi pouco menos do que uma vergonha. O esquema matricial do programa foi distorcido. A discussão sobre temas relevantes, com convidados especializados nas áreas em debate, foi substituída pela conversa mole com Paulo Teixeira Pinto e Roberto Medina, numa onda claramente promocional do Rock-in-Rio e do Millennium-BCP. Carrilho, por momentos, há-de ter-se sentido vingado. O canal dirigido por Ricardo Costa não poderá, doravante, ser acusado de promiscuidade com as Agências de Informação. Sorridente, ufano, privado e informal, está a tornar-se ele próprio numa delas.
A propósito do "negócio da morte"
Mas segundo o autor da notícia: "um erro processual relacionado com facturação detalhada dos telefones levou a que o tribunal que julgou o processo da agência funerária Funeropeia (que realizou o funeral de Amália Rodrigues) absolvesse 20 arguidos e condenasse o principal a apenas dois anos de pena suspensa. Na leitura do acórdão, o juiz Fernando Ventura criticou a investigação conduzida pelo Ministério Público."
Admitamos que estes arguidos pedem uma indemnização. Não seria inédito, pois o Major parece querer usufruir uns trocos desta forma. Mas afinal o Major é mais que estes? Talvez, não tenho "indicadores de desempenho" para os hierarquizar em termos de eficácia.
2006-05-26
Um ambiente de decadência
Guy Drut, campeão olímpico de 110m barreiras em 1976 foi condenado, em Outubro 2005, por desvio de fundos públicos: o que por aqui se chama um emprego fictício, ou seja recebeu um salário da região Îlle-de France sem exercer qualquer actividade. Um tribunal condenou-o a 15 meses de prisão com pena suspensa e 50 000 euros de multa. Na sequência da condenação o Comité Olímpico Internacional suspendeu Guy Drut. Em 2002 a actual maioria parlamentar aprovou uma lei que permite ao presidente conceder amnistias individuais a pessoas que tenham prestado serviços à nação, essa lei foi aprovada com o voto do próprio Guy Drut, que na altura já estava acusado. Hoje Chirac pública o decreto de amnistia e os seus amigos justificam-no com a defesa dos interesses da França no Comité Olímpico pois este fica se argumento jurídico uma vez que a lei francesa apaga completamente o registo criminal em caso de amnistia.
Será que o governo não percebe que este tipo de atitudes só serve para desprestigiar ainda mais a classe política?
Para mais informações podem ler o Libération ou o Monde
Fim das taxas dos contadores domésticos
Como diz a DECO, o contador não é mais do que um taxímetro, pelo que não faz sentido um cliente pagá-lo (ninguém paga o taxímetro (?)). É, na realidade, um aparelho de medida para quantificar o serviço prestado ao consumidor/utilizador.
Realçados os princípios, este projecto de lei que, ainda está muito longe de vir a estar em vigor, (só lá para 2007 devido aos demasiados trâmites a preencher), merece ser claro, bem definido (a que serviços públicos ou equivalentes se dirige?) para não dar aso a subterfúgios legais. Já se vê pela reacção de várias das empresas visadas que nada tem a ver com elas. Por essas reacções, quase diria que o projecto se destina a um "conjunto vazio".
Mas recuando um pouco, para além da clareza e objectividade, atenção a outros aspectos.
Isto pode ou não funcionar como uma forma encoberta de chegar ao aluguer? E se houver esses mínimos, quem os fixa? As entidades reguladoras dos sectores? O Governo?
No caso das Câmaras é interessantíssimo. Vêm exigir transferências do Estado equivalentes às perdas de receitas. Se o governo ceder, vai dar no mesmo, pagamos nós.
O "negócio da morte"
Segundo ouvi há bem pouco na TSF, apenas um dos visados deste "negócio" foi condenado no pagamento/restituição de 900 euros à Seguranaça Social. A pena suspensa de 2 anos é só cosmética.
Um conluio entre várias entidades com algumas agências funerárias à cabeça para captarem a realização de funerais quase em monopólio em alguns locais.
Não haverá matéria para reflectir? A justiça poderá continuar assim? Quem falhou neste processo? A Investigação? O Ministério Público? os Juízes?
Revoltas, Medos e Bom Humor
Findo o programa, uma questão permanece no ar: porque é que, contrariamente aos desejos expressos por José Gil e muitos dos seus leitores, o ensaio foi rapidamente absorvido pelo silêncio ruminante das coisas-que-aconteceram-mas-não-importa-muito-falar-delas?
Dir-se-ia que os mesmos dispositivos que bloqueiam a expressividade, a participação, o debate frontal e aberto, o enfrentamento dos arcaísmos, abafaram, através de uma operação meteórica e voraz, todos os pretextos que permitem continuar as discussões a partir do texto de José Gil.
A perversidade consiste, às vezes, em apoiar encomiástica e retumbantemente uma iniciativa, durante algumas semanas, abafando-a e fechando-a, depois, utilizando, como pretexto, o estratagema da perda de actualidade, justificando de modo aceitável (para os mais distraídos) e plausível (para os mais endoutrinados), o silêncio que costuma seguir-se às grandes explosões.
Assim fez o regime fascista com o livro A Vida Sexual, de Egas Moniz. Enquanto muitos outros livros foram simplesmente proibidos, apreendidos, e os respectivos autores perseguidos e presos, com ou sem culpa formada, este livro de Egas Moniz passou a poder ser lido apenas por gentes seleccionadas (estudantes de medicina, médicos, enfermeiros e outros técnicos); vendido mediante receita médica; colocado fora do mercado. Não se devia tocar no autor, nem na obra. Devia-se, apenas, impedir que um número exagerado de pessoas, lesse e comentasse…
Numa “sociedade aberta” os dispositivos de bloqueio têm de ser orientados com maior subtileza.
Ficamos a dever à equipa de A Revolta dos Pasteis de Nata uma disposição e um ânimo que vão ao arrepio de tudo isso.
Têm razão.
Fazem falta mais conversas sobre O(s) Medo(s) e os modos de superá-los.
2006-05-25
Timor Lorosae e Loromono. Além do petróleo
Souto Moura posto em causa
Timor : Irresponsabilidade do BE
O deputado Luís Fazenda, em declarações à RTP, chegou mesmo a afirmar que se trata de ingerência em assuntos internos.
Fazem inclusivamente questão de reafirmar tal posição exista ou não enquadramento da ONU.
É minha opinião que tal posição é irresponsável. Pelas seguintes razões:
- A violência tem vindo num crescendo.
- Existem indícios de clivagens regionais como origem do conflito.
- O pedido foi feito pelo governo legitimo de Timor.
- Todas as partes (revoltosos, governo e presidente) declararam como bem vinda a missão.
- A história de Timor mostra dificuldades de resolução autónoma de conflitos.
- Deixar que os Timorenses se matem uns aos outros ?
- Ir para o meio de um conflito violento com uma bandeira branca sem qualquer defesa militar ?
- Apenas mostrar que são diferentes de todos os outros (como as crianças quando precisam de se afirmar) ?
Sobre a economia deste País...
Costumo de vez em quando dizer, ou até escrever, que Portugal tem cada vez menos bens e serviços para exportar (entenda-se em termos concorrenciais Preço/qualidade) e, daí, a baixa de taxa real média de quota de mercado que o Banco de Portugal estima na ordem dos 0,7% desde o ano de 2000. Por outro lado, os produtos e serviços oriundos de outros países estão cada vez mais presentes na nossa economia. Ou seja, o aperto chega de todos os lados.
Temos de partir do que há e transfomar. Continuar com "as políticas das últimas décadas" é perpetuar a actual estruturação da cadeia de valor que, em si, contém pouca margem de manobra para a competitividade, ou seja, fracas potencialidades de oferecer bens e serviços competitivos.
Conjugar " a cadeia de valor nos seus aspectos material e imaterial através da articulação das empresas em rede e de uma aposta forte na clusterização das actividades é o bom caminho, talvez ainda longo, para uma economia mais competitiva e de maior valor acrescentado.
Esta estratégia exige rupturas. Primeiro em termos de pensamento e depois na acção. Um modelo diferente sobretudo de mentalidade.É bem visível que, no tocante às políticas públicas, não têm sido preconizadas estratégias coerentes de rupturas. Têm mudado os nomes e os programas, mas não se geraram vontades de mudança e novas mentalidades. As oportunidades surgem mas passam ao lado.
Em Portugal tem faltado garra e ambição. Uma nova agenda para a competitividade, como agora está na moda dizer, requer um olhar sobre a economia como algo a “refundar”, ou seja, novas maneiras de conceber, financiar, produzir, distribuir, de associar e captar inovações técnicas, novos produtos e serviços com novas formas de gestão, novos tipos de organização social: a nível empresarial, sindical e de cidadania.
Não tem sido por falta de investimento que estamos a perder competitividade (Portugal tem uma das taxas mais elevadas da UE), mas pela qualidade desse investimento e ausência de definição de uma ideia para o País. Sem se saber o que se quer de Portugal, na Europa e no Mundo, não é possível dar passos largos e seguros".
Porquê mudar o Protocolo de Estado, Agora?
Como cidadão gostaria de perceber o porquê e o para quê da mudança do Protocolo de Estado, quando toda a gente, incluindo o próprio PS, parece também estar tão distraídos quanto eu, tal a pouca euforia por questão "tão transcendente" para este País, nesta altura da nossa vida colectiva .
Aqui sobem. Lá descem
2006-05-24
Retoma ou Recaída?
Barganha
2006-05-23
O Polvo, as Redes, e....
Foto do Blogue Pim Pão Digital
Seis Apontamentos sobre o debate ocorrido ontém à noite no programa "Prós e Contras" da RTP Um.
2. Rangel, austero e seráfico, parecia pairar sobre as desavenças como um paladino da deontologia jornalística, puro e virginal. Deve contar demasiado com a falta de memória de alguns de nós. Está enganado.
3. Ricardo Costa atacou pela tardinha. Foi às antiguidades recentes e colocou Carrilho perante os seus tiques autoritários e os seus traços de carácter intolerantes e irascíveis. Sublinhou verdades deslocadas (válidas, com certeza, noutros contextos), e reconheceu alguns erros da sua estação. Descolou da arrogância habitual. Já é qualquer coisa.
4. J. Pacheco Pereira (o ganhador do debate, na opinião do meu amigo João Tunes, do Água Lisa.6) quis separar o polvo (os interesses urbanísticos que Carrilho culpa) das redes mediáticas. Fez-me lembrar dois versos de uma canção de Sérgio Godinho: “Cada coisa para seu lado/ que isto anda tudo ligado”. Experiente e astuto, aguardou que os ânimos serenassem. Fez esquecer as vezes que errou e os rocambolescos episódios que protagonizou, coarctando a liberdade de expressão dos deputados, a começar pelos do seu próprio partido. Dos presentes, era o único que todos reconheciam ter autoridade no assunto. Neste aspecto, como noutros, o João Tunes (Água Lisa.6) tem razão.
5. M. M. Carrilho, apesar dos seus exageros e dos traços de carácter pouco recomendáveis, prestou um bom serviço à dinamização do nosso anémico espaço público. Mostrou que um derrotado não tem de se calar, baixar a cabeça e fazer a tradicional travessia do deserto; que quando não se tem razão em tudo, pode-se ter razão nalguma coisa; e que sem frontalidade e coragem, as outras virtudes intelectuais são insuficientes para uma intervenção cívica eficaz.
6. Não creio que Carrilho tenha sido derrotado pelo polvo (do imobiliário) ou pelas redes (do enviesamento mediático), mas é bom que aqueles que não ganham o imitem no hábito de prosseguir o debate democrático, sem vergonha nem culpa.
2006-05-22
Sinfonia para dois Guy(s)
Um é negro; o outro não...
Tentando passar ao lado dos chistes mais óbvios, já explorados à saciedade, deixem-me tomar um ângulo diferente.
Primeiro, correu o rumor que Guy Goma, congolês, era taxista. Se assim fosse, era mais fácil contrastá-lo com Guy Kewney, especialista em direito comercial e editor do site Newswireless.net. Um negro, o outro branco; um altamente qualificado, o outro com uma profissão comum. Essa vontade de contrastar, além de dar muito jeito para (re)narrar a história, mantém os tiques mais arcaicos do imaginário conservador, o que parece constituir uma espécie de lubrificante para fazer correr a mensagem.
Depois, descobriu-se que Guy Goma, congolês, não era taxista. Um OOOOH! de decepção ecoou por todo o lado. Goma tem formação superior e, assim sendo, já não se pode ridicularizar tanto a BBC…
Moral da história: o bom jornalismo não se pode deixar substituir pelos caprichos narrativos de quaisquer comunidades informacionais. Há algumas regras e princípios deontológicos que continuam a fazer diferença.
Por outro lado, confirma-se a vantagem da informação escrita.
Mais um simulacro de democracia?
Um país democrata será aquele que aposta, muito convicta, séria e objectivamente, através de meios idóneos, na prestação de informação sobre as questões estruturantes da vida do país, sejam internas sejam externas.
Estranho apenas que para o grupo de "peritos" que hoje esteve a debater na TSF o nuclear e de que o DN fez eco, a questão central desta importantíssima questão se situe no referendo.
Agora não acho importante e menos ainda aliciante tal ideia. Depois logo se vê.
2006-05-21
Colagens
Mas Manuela Ferreira Leite não tem total razão. É que se muitas "ideas" são comuns ao seu partido e ao PS a diferença é que os governos de Barroso e Santana não fizeram o que Sócrates está a fazer e por isso aqueles não obtiveram a aceitação que este tem tido.
O que salta à vista não é a colagem do PS às ideias do PSD mas a colagem de Ferreira Leite à popularidade que Sócrates, por enquanto, vai tendo.
2006-05-20
O Mistério do caso "Envelope 9"
O procurador- geral da república, José Souto Moura, vem 4 meses depois admitir que o inquérito está parado, embora, já se apontem "culpados". E está parado por um incidente de escusa dos jornalistas à abertura dos seus computadores.
Não se percebe, ou melhor eu não percebo, porque razão são os jornalistas os culpados.
Esta incúria não merece reparo? Ou não será que o imputar da culpa aos jornalistas é mais prático e um "acto de solidariedade e branqueamento da incúria da classe"?
De Fra Angelico a Bonnard
Fra Angelico (S. Miguel, 1424-25) ; Pierre Bonnard (Baía de S. Tropez, 1914)
2006-05-19
Da Vinci code, nota geográfica
Ora o meridiano é definido pelo observatório de Paris e se olharem bem para um mapa (ou imagem satélite) podem ver que na verdade tanto a pirâmide como a igreja ficam a Oeste do meridiano. Fica um pretexto para vos fazer visitar uma imagem satélite de Paris na qual o obervatório está no meio do bordo inferior (no enfiamento do jardim do Luxemburgo) e o Louvre no meio do bordo superior (distingue-se bem a partir da "Cour Carrée"). A igreja de Saint Sulpice em ampliação máxima pode ser vista aqui.
Dan Brown (1)
Ela e Ele.
Que a força do cristianismo está na divinização de cada um de nós. Cristo, enquanto homem, é o exemplo da paixão, do inconformismo, irmanado aos mais pobres contra a opulência dos ricos, déspotas e poderosos.
Que a força do cristianismo será sempre uma heresia contra a Igreja de Roma que expulsou o “sagrado feminino” por este reconduzir sempre ao renascimento de Cristo, no Homem e na Mulher.
Que não tem sido fácil preservar o exemplo civilizador do cristianismo contra a falsificação institucional, colonizadora, e tiranizadora dos povos.
Deste modo, Dan Brown tem contas a ajustar com a Igreja de Roma. Como Isaac Newton e Galileu; como todos nós.
À sombra do Código, enquanto uns celebram o regresso de Cristo à História, outros inquietam-se com a divinização do humano e a sugestão de que o verdadeiro templo, a Rosa Cruz e o Santo Graal, são as formas milenarmente clandestinizadas de nomear e celebrar a mulher.
Não há nada mais realista do que uma boa ficção.
A gestão no reino animal
Para quê acrescentar coisas inúteis?
O gerente, o leão, estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão.
Se ela produzia tanto sem supervisão, melhor seria supervisionada. E contratou uma barata, que tinha muita experiência como supervisora e fazia belíssimos relatórios.A primeira preocupação da barata foi a de estabelecer um horário para entrada e saída da formiga.
De seguida, a barata precisou de uma secretária para a ajudar a preparar os relatórios e contratou uma aranha que, além do mais, organizava os arquivos e controlava as ligações telefónicas.O leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com índices de produção e análise de tendências, que eram mostrados em reuniões específicas para o efeito.
Foi então que a barata comprou um computador e uma impressora laser e admitiu a mosca para gerir o departamento de informática.A formiga de produtiva e feliz,passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis e reuniões que lhe consumiam o tempo!
O leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga operária, trabalhava.O cargo foi dado a uma cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete.
A nova gestora, a cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la na preparação de um plano estratégico de optimização do trabalho e no controlo do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se mostrava mais enfadada.Foi nessa altura que a cigarra, convenceu o gerente, o leão, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades, o leão deu-se conta de que a Unidade em que a formiga trabalhava já não rendia como antes; e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico e sugerisse soluções.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e fez um extenso relatório, em vários volumes, que concluía : "Há muita gente nesta empresa".
Adivinhem quem o leão começou por despedir?
2006-05-18
Tentar perceber a Bolívia (2)
Os espanhóis não conseguiram ou não quiseram exterminar toda a população local, aliás, ao que parece, com culturas milenares. Desde a independência, em 80 anos o país foi governado pelos brancos que ainda hoje não ultrapassam os 15% da população. O resultado não é famoso. Desde a independência 200 golpes e contragolpes. Desde 2001 5 presidentes.A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul (75% da população abaixo do nível de pobreza), as riquezas nacionais foram vendidas às multinacionais estrangeiras a troco de umas comissões generosas pelos governante que nos últimos 25 anos puseram o país em leilão.
O poder, ou ao menos os poder institucional, foi agora ganho em eleições pelos que ainda há umas dezenas de anos viviam à margem da “civilização” e até nalgumas zonas mais recôndidas sob o jugo da escravidão. Camponeses contam que ainda não há 50 anos, em certas terras como em Vale Verde o comprador de 100 cabeças de gado podia levar 2 ou 3 famílias indígenas - oferta do senhor da terra.
Um indígena na presidência. E indígenas no Governo. Metade deste é constituído por académicos brancos os outros oito são indígenas ou mestiços. Dirigentes de organizações que estão na origem das revoltas que conduziram à actualidade.
A Ministra da Justiça, Casimira Rodrigues, era dirigente do movimento das mulheres empregadas domésticas. ( Empezó a trabajar como empleada doméstica a los 13 años. Sometida a abusos físicos, mentales y sexuales, trabajó dos años sin que le pagaran, como es común en muchos lugares de Latinoamérica. “Había momentos en que se sentía insignificante”.)
É difícil conceber um desfecho diferente da derrota para esta equipa ao leme dos destinos deste país humilhado. (Está nos tribunais o processo contra generais que aceitaram que a embaixada americana, na certeza da vitória de Morales, sonegassem para os EUA os únicos 44 mísseis comprados à China, das forças armadas bolivianas). É difícil conceber um desfecho diferente da derrota não porque tenham, até ao momento, dado más provas mas porque têm contra eles quase tudo. O poder económico interno, boa parte das forças armadas e policiais, a pobreza, a falta de meios humanos e tecnológicos, a inexperiência e a economia globalizada, as multinacionais, Washington.
Reduzir o líder indígena Morales e a sua equipa representativa dos libertos, ao gesto largo e definitivo de “populista” parece-me bem na boca da direita e dos interesses que adivinham ser atingidos. Mas os democratas, os que não desdenham da justiça social e da dignidade dos povos não devem ir na onda sem melhor reflexão. Afinal deveríamos rezar (os que rezam) para que a sorte os acompanhe. Porque necessitam de muita sorte e toda a sabedoria do mundo para levar adiante, em mar tão tormentoso, nau tão frágil.
Governo da Bolívia distribui terras aos camponeses
"El gobierno del presidente Evo Morales dio a conocer ayer los decretos supremos que entrarán en vigencia en las próximas horas, para dotar tierras a los sectores más necesitados, originarios, campesinos, indígenas y mujeres...El anuncio lo realizó ayer en Cochabamba el presidente en ejercicio, Álvaro García Linera...
“Nadie expropiará tierras, se garantizará la propiedad que está cumpliendo la función económica y social, como dice la Constitución”, aseguró García Linera.
Los decretos permitirán la redistribución... tierras ... a pueblos indígenas, originarios y campesinos.
La dotación de tierras ya fue tratada durante la gestión de [ex-presidente derrubado pelas manifestações populares] Jorge Quiroga, en agosto de 2001, cuando el Ejecutivo se comprometió a entregar 3,8 millones de hectáreas de tierras en favor de familias indígenas, así los campesinos levantaron un bloqueo.
Las propuestas tienen un enfoque de género porque en la dotación de tierras tendrán tratamiento preferente las mujeres indígenas, jefas de familia.
Con relación a los asentamientos humanos, el Gobierno establece salvaguardas como el respeto al uso mayor, o lo que se conoce como la vocación, de la tierra y el compromiso del Estado, a través de prefecturas y municipios, de respaldar la organización, la institucionalidad, el financiamiento y técnicamente a este proceso." [link jornal boliviano La Razon do grupo Prisa a que pertence o espanhol El País]
Evo Morales no Parlamento Europeu (15 de Maio de 2006)
"A Bolívia tem o direito de explorar seus recursos para deixar de pedir esmolas, afirmou nesta segunda-feira à tarde o presidente boliviano, Evo Morales, durante sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, num discurso que também tocou nos temas da imigração e do narcotráfico.
Morales não foi recebido de braços abertos por todos os grupos políticos, já que, como era de se esperar, a maioria dos membros do Partido Popular Europeu-Democratas Europeus (PPE-DE) abandonou a sala em protesto contra a nacionalização do petróleo e do gás no país andino.
Ainda assim, ele conseguiu calorosos aplausos dos deputados que ouviram seu discurso, carregado de alusões pessoais, e no qual pediu apoio aos europeus para salvar um povo mergulhado na miséria, o que ele pretende conseguir recuperando os recursos naturais, "renováveis ou não".
"Quero que entendam que não se está expropriando, nem expulsando ninguém (...) Entendo que queiram recuperar seu investimento e ter direito aos serviços. Mas o governo boliviano vai controlar tudo isso. Serão sócios e não donos", tentou explicar Morales, referindo-se às empresas com interesses econômicos no setor dos hidrocarbonetos, como a espanhola Repsol YPF, a francesa TotalFinaElf e a britânica British Petroleum.
"Queremos acabar com este Estado mendigo. Antes, os governos iam para o exterior para pedir esmolas. Queremos acabar com isso, aumentando o volume das exportações e os preços de forma racional. Não se trata de chantagear", justificou Morales.
..."Outro tema delicado, recorrente nos pronunciamentos de Morales, foi o tráfico de drogas. Ele se comprometeu a impedir o livre cultivo de coca no país, mas advertiu os eurodeputados de que "tampouco pode haver o que chamou de Zero Coca. Neste sentido, Evo se declarou favorável a "racionalizar" uma pequena extensão de cultivo de 40x40 metros por família.
Morales também pediu o apoio da Eurocâmara para a defesa dos direitos humanos, "criando fontes de trabalho e recuperando nossos recursos".
O Partido Popular Europeu (PPE-DE) não deixou por menos e rebateu Morales, afirmando que a nacionalização torna os direitos humanos vulneráveis.
À imprensa, o presidente do Parlamento Europeu, Josep Borrell, comentou a ausência de muitos deputados do PPE-DE.
Uma interessante leitura
Em França existe um debate similar sobre o ensino da Matemática, a generalidade dos profissionais dos assuntos de ensino observam uma degradação do ensino, sobretudo elementar e secundário. Mais difícil é encontrar soluções: alguns preconizam o regresso ao modelo de escola dos anos 30 esquecendo-se que, desde essa época, a escola e a sociedade mudaram muito, até aos anos 60 terminar o liceu era um luxo reservado apenas a alguns. Por outro lado a sociedade dá hoje menos valor à cultura do que dava há algumas décadas, este fenómeno reflecte-se na motivação dos alunos.
A propósito das explorações mineiras
As recentes noticias quanto à retoma das explorações mineiras levou-me a relembrar e retomar a história do IGM.
A extinção do Instituto Geológico e Mineiro (IGM) em 2003, pelo ex-ministro Carlos Tavares, do governo de Durão Barroso e a sua integração no INETInovação foi condenada pela generalidade da comunidade geocientífica portuguesa e por muitos estrangeiros.
Assim, Portugal que foi dos primeiros países do Mundo a ter um serviço geológico nacional é actualmente o único da União Europeia a não possuir um organismo deste género.
O saldo dessa integração é francamente negativo para a actual área das geociências do INETI devido à sua evidente especificidade e não ter promovido quaisquer das sinergias esperadas.
O Partido Socialista, pela voz do Professor Augusto Santos Silva defendeu na Assembleia da república em Fevereiro de 2004 que se tratava de uma medida errada, com consequências graves, solicitando ao então Governo a reposição da existência de um Instituto Público autónomo em matéria de Geociências em Portugal
Ultimamente, no texto da Resolução de Conselho de Ministros 198/2005, relativa à reforma da administração central do Estado, é referida esta extinção como um acto meramente administrativo.
Na altura em que os Laboratórios de Estado estão a ser redefinidos, espera-se que a situação do ex-IGM venha a ser retomadas e aquelas intervenções concretizadas.
No entanto o tempo não pára...e depois de passado mais de um ano seria de esperar que tal medida já tivesse sido corrigida. Esperemos que não se trate de mais uma das posturas de quem está na oposição que se esquece do que tem de fazer quando chega ao governo.
Bragança na "Vanguarda"...
Bragança segue-lhe a pista, segundo li na comunicação. Um documento sobre o "perigo amarelo" apela ao boicote às compras nas lojas chinesas.
2006-05-17
O que dizem os outros
Separação de poderes
Por mais criticada que seja, apesar das evidências em favor dela, a decisão de encerrar alguns blocos de partos que não dispõem de condições adequadas e que não realizam o número de partos considerado suficiente, o julgamento dessa decisão só pode ser de natureza política. No dia em que os tribunais pudessem julgar sobre a bondade, ou não, de políticas públicas, estaria em causa um dos fundamentos básicos do governo representativo, ou seja, a separação de poderes.
[Publicado por vital moreira] 15.5.06
Cada ramo das forças armadas tem o seu próprio sistema hospitalar. Só em Lisboa existem 6 hospitais militares, com as triplicações de gastos que se imaginam. O Governo vai unificar o sistema, permitindo reduzir o número de hospitais e poupar gastos. Por mim, seria bem mais radical: para que é que são necessários hospitais militares? Por que é que os militares e seus familiares hão-de ter hospitais próprios? A Constituição fala num único sistema nacional de saúde, sem discriminações nem privilégios.
[Publicado por vital moreira] 16.5.06
José Pacheco Pereira no ABRUPTO
O QUE É QUE ACONTECEU AO INQUÉRITO "URGENTE" PARA SABER COMO É QUE LISTAS DE TELEFONES E TELEFONEMAS DE ALTAS INDIVIDUALIDADES DO ESTADO FORAM PARAR AO "ENVELOPE 9" DO PROCESSO CASA PIA?
É que, por muito que se esteja habituado ao esquecimento de tudo, a "urgência" foi um pedido expresso e público do Presidente da República, reiterado pelo Procurador Geral da República, e, tantos meses depois, não há resultados, nada se sabe, não há uma explicação, um esclarecimento, nada. É um pouco afrontoso para o Presidente da República, ou não é? E não é muito afrontoso para todos os que exigem em termos de cidadania mínima, um esclarecimento? É. Ou há uma gigantesca conspiração à volta do envelope, que exige meses e meses de trabalho investigatório, ou então ninguém percebe a complexidade e a demora em saber uma simples coisa que deve ter deixado um rasto de papel atrás.
Comentário de RN. Estou totalmente de acordo com o texto e a ideia de PP de uma campanha até haver respeito pelos cidadãos e as instituições do regime democrático.
No Jumento
Independentemente da posição que se possa ter sobre as questão das maternidades, é cada vez mais evidente que o PSD optou por conseguir alguns votos apoiando a manutenção das maternidades onde julga que a mobilização das populações é maior. E se para manter a
maternidade de Barcelos o argumento é o do diálogo, na defesa da maternidade de Elvas o problema é o nacionalismo. (o resto do post aqui)
A preservação da espécie
O casamento de Teresa e Helena subiu ao Tribunal da Relação. O magistrado do Ministério Público a quem foi distribuído o recurso defende, segundo o DN, que “só através do casamento de pessoas de sexo diferente” é que o Estado consegue “o objectivo de preservação da espécie”. Mais, o procurador recordou que “é preferencialmente no seio do casamento que deve ser feita a procriação”. O advogado de Teresa e Helena, que é o autor do Random Precision, remata no seu blogue:
“Em Portugal, o Ministério Público pode muitas vezes não funcionar muito bem.Mas tem muita graça!”
Este parto, aquele parto e... todos, todos se vão.
A ameaça da desertificação
Separadamente, tudo parece fazer sentido. Temos de gastar menos e garantir as melhores condições de assistência materno-infantil.
Todavia, no seu conjunto, as perspectivas de desenvolvimento deixam dúvidas.
Depois do encerramento das fábricas, das escolas, e das maternidades, poder-se-á, com alguma razoabilidade, esperar investimento, povoamento, vida nova nas zonas mais atingidas por estes tipos de desqualificação?
Não me parece.
Uma coisa é dar razão ao Governo quando ele age bem; outra, muito diferente, é seguir na marcha das justificações, automáticas e parcelares, sem nos interrogarmos a que tipo de interior levarão, depois, as rotas traçadas pelas scuds cuja isenção de portagens parecia significar um olhar compreensivo deste governo sobre a interioridade.
Por detrás de cada medida parcelarmente justificada, desenha-se um plano de acentuada litoralização que muito provavelmente não agradaria a todos os que agora apoiam o Governo, caso a caso.
É a árvore que não deixa ver a floresta e uma história triste em que, de parto em parto, todos se vão…
2006-05-16
Menos maternidades para melhores partos
---1960--- | ---1990--- | ---2004--- |
---|---|---|
60 | 10,9 | 3,8 |
A posição da UE face ao Irão
Esta declaração curiosa, peca por tardia, para não dizer por ineficácia. ...
É uma declaração curiosa e tardia porque a UE nunca definiu/assumiu uma posição clara e de demarcação dos EUA.
A diplomacia é um jogo, mas para ser eficaz tem de ter consistência.
2006-05-15
Um fotógrafo "malandro"
Numa nesga, vê-se o Presidente da República, algo bem disposto e numa de adesão contida ao festejo e, noutra, o Presidente do Futebol Clube do Porto a espreitar mas apenas por uma vista. Bem apanhados!!!
Vem aí um novo pacote de investimentos
O anúncio de tais pacotes de investimento merece algumas considerações.
Segunda consideração: o governo poderia delegar obrigatoriamente na comissão que avalia cada projecto a preparação e disponibilização na NET de informação suficiente para que os cidadãos possam apreender os impactos principais dos projectos na economia e na sociedade.
Nós, os consumidores "forçados" desses anúncios, somos merecedores de uma melhor informação. Entendo que um discurso de circunstância, mesmo de um primeiro ministro, não é informação que baste. Deveria, no mínimo, serem dadas a conhecer as garantias que o governo tem dos projectos que vem anunciar e dos timings de realização e dos montantes de auxílio financeiro concedidos e dos programas a que recorrem.
2006-05-14
LIsboetas
É sobre os imigrantes em Lisboa. E nele aparecem também os de segunda geração, já lisboetas como nós. A cidade está diferente e nós portugueses conhecemos mal e frequentemente não tratamos bem os imigrantes, os cabo-verdianos, os brasileiros, os ucranianos, os russos, os Moldavos, réplica de nós próprios emigrantes espalhados por todo o mundo.
"Quando saímos dele [do filme], - diz Rui Tavares - percebemos que isto se não resume ao direito dos imigrantes a estarem cá, mas também, que raio, ao nosso direito de os ter cá. Até porque precisamos: sem migrações, pouco se aprende ou evolui"
2006-05-13
Do melhor que temos na blogosfera lusófona
2006-05-12
O "Madail"...italiano caiu
Em Itália, vê-se, a investigação e os juízes funcionam.
Chefes de governo... para a posteridade.
Se estiver por aí algum psicólogo talvez possa descodificar o sorriso de Tony Blair e a cara de pau de José Sócrates.
2006-05-11
Pode parecer uma "chinesice"...
Ainda hoje, num determinado canal, apareceu o seguinte: "o petróleo sob ".
Estejam atentos e vão ver muitas mais destas minhas chinesices.
História e Justiça de mãos dadas e … muitíiiiissimo atrasadas !.
Uma visão de Paris
O contexto actual é também importante: actualmente assiste-se a uma tentativa de minimizar a colonização e a escravatura: primeiro foi uma lei aprovada pelo parlamento (felizmente já revogada) que obrigava os professores a ensinarem «o papel positivo da colonização», numa altura em que nos meios de comunicação vários intelectuais procuram justificar a escravatura dizendo que ela já existia em África antes da chegada dos europeus, ou que um filósofo como Alain Finkielkraut afirmou no jornal Haaretz que «On dit que l’équipe de France est adorée par tous parce qu’elle est "black-blanc-beur". En réalité, aujourd’hui, elle est black-black-black, ce qui fait ricaner toute l’Europe.» (uma tradução francesa pode ser lida aqui).
O que em portugês significa: «Diz-se que a selecção de França é adorada por toda a gente pois é "black-blanc-beur" (referência às três cores da bandeira francesa: bleu-blanc-rouge e às diferentes origens dos jogadores: pretos, brancos e magrebinos). Na realidade, hoje, ela é preto-preto-preto o que faz rir toda a europa.»
História e Justiça de mãos dadas e … muitíiiiissimo atrasadas !
Depois da Igreja Católica ter pedido perdão, vão poucos anos, pelos «excessos» da Inquisição, os Estados Negreiros cujos ministros insultam os governados utilizando expressões proverbiais da ordem da «ralé» e por aí fora, homenageiam, comovidos, as vítimas de uma ordem que, a seu tempo, era justificada pelas leis do Estado e da Igreja. A operação simbólica não deixa de ter importância. Tem também a sua piada.
Imaginamos quem serão os próximos homenageados…
Emoções e Lugares da História
Edifício da ex-PIDE/DGS na Rua António Maria Cardoso, Lisboa
Foto do Site do Jornal República
Depois dá o exemplo da sede da PIDE, na António Maria Cardoso, e do projecto de ali se vir a fazer um museu do fascismo. Acha inadequada a pretensão – sobretudo em período de vacas magras – pois poder-se-ia, com vantagem (na opinião dele), criar novas valências no Forte de Peniche e resolver tudo de modo muito mais prático.
Todavia, como ele certamente sabe, os produtos com que julgamos o passado carregam sentidos que vão além das conveniências imediatas e parcelares.
Peniche, será sempre o sítio em que o regime fascista mantinha sob prisão muitos daqueles e daquelas que o afrontavam séria e radicalmente. Por isso, ainda que de modo subliminar, sempre passará por aquelas muralhas a sombra da ditadura na sua fase poderosa e triunfal. Enquanto que, pela sede da PIDE, na António Maria Cardoso, onde se centralizava o terrorismo de Estado, - e onde os pides, no próprio dia 25 de Abril de 1974, desesperados, ainda mataram 4 pessoas e feriram outras 45, antes de se renderem - passará sempre um vento de derrota do regime. Era ali que os agentes do Estado Novo se sentiam em segurança; ali processavam as informações provenientes de uma vasta rede de informadores; ali torturavam afirmando que a lei não alcançava aqueles andares…
Suponho que mesmo daqui a muitos, muitos anos, o suporte da memória fará a sua diferença. E o ser dentro da cidade, no coração da baixa, também tornará mais espessa e significativa a fronteira entre a ditadura e a democracia.
A história diz respeito, também, às emoções, aos sentidos e às diferenças dos lugares do poder.