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2006-01-30

 

A Simplificação Administrativa deste País

Acho que o governo está no bom caminho nesta matéria. Simplificar a vida aos cidadãos e às empresas óptimo. E esta do IRS é uma grande medida. Como hoje ouvi Saldanha Sanches na TSF é uma daquelas medidas que a Holanda tem vindo a operacionalizar desde alguns anos e com resultados palpáveis. Não há que inventar a roda, há que inserir na nossa sociedade medidas já provadas, com a devida adaptação.

Mas o mesmo Forum que ouviu Saldanha Sanches também teve várias opiniões. Estamos a construir a casa pelo telhado, porque isto da NET é um "bicho de sete cabeças" ou mais digo eu. Coitados dos velhinhos e dos analfabetos e dos que não têm computador. Até ouvi uma professora indignadíssima, a dizer como vai ser isto?: Agora todos os velhinhoe deste país que são 60% não sei de QUÊ (a professora não o disse - não era professora dos 60%!!) vão ter que aprender a NET?

Bem, o governo, apesar de ter razão e penso que ninguém de bom senso vai contra estas medidas, deve acautelar-se e explicar melhor. Acho que este governo sofre do complexo Guterres ao contrário. Guterres dialogava, dialogava indefinidamente ... e desse diálogo Nada. Este decide e depois faz que dialoga. É mau. Será que não há o meio termo.

Mas atenção a reforma de Estado não é isto, ou para não assustar os pardais, não é no fundamental isto, embora também seja isto.

Voltaremos a isto em breve.

 

E porque não uma revolução na Palestina?

Dito isto, nos cânones "ocidentais", não passa de um "absurdo" chocante.

Façamos uma concessão com esta leitura. As situações mudam e evoluem porque as circunstâncias as obrigam ou então porque as pessoas pensam e procuram adaptar-se às mudanças. É o que vai acontecer na Palestina. O Hamas ganhou dando uma grande lição à corrupta Fatah. Manter aquele aparelho por muitos subsídios que lá chegassem pouco sobrava para aplicar na recuperação económico social. Muita gente de bolsos cheios deve estar a gozar aí pela Europa e a pensar que resultado maravilhoso!!!

Devemos ser piedosos mas não tanto.

Mas não é só o Hamas que tem de se ajustar. Há aqui um campo de progresso e ajustamento a fazer dos dois lados. E se isso se der ... pode estar aberto um caminho de progresso... O Hamas deverá tender para reconhecer Israel...mas não tem nem deve entregar-se. O Ocidente tem de mostrar que não pretende realmente perpetuar esta guerra e por isso tem de ver o que exige e o que cede... e, neste jogo, o papel de Bush poderá ser secundarizado.

Esta "revolução" pode ser mais importante que a da Bolívia que, no meu entender, está inclinada, com novos ingredientes é claro, para um trajecto próximo da Fatah.

2006-01-29

 

Uma revolta popular, 54% dos votos: Evo na presidência e a Bolívia no mapa


Antes da tomada de posse no congresso, e antes da "tomada de posse" à frente do cortejo popular, Evo Morales tomou posse em Tiwanaku (foto) como chefe indígena de Bolívia e América Latina, uma espécie de entronização com os ritos das culturas Quechua, Aymara ( a sua) e Tiwanakota. (Foto) [Continua aqui]


 

A Bolívia e a coca


Evo Morales, deputado pelo MAS, meses atrás, viu recusada a entrada na base militar Chimoré tutelada pelos EUA, por "suspeito de narcotráfico". É aliás, assim que é referido mum site, não actualizado, do Departamento de Estado norte-americano. Ontem foi visitar a base que lhe estava interdita onde lhe foram prestadas honras como chefe de Estado e comandante em chefe das forças armadas.

O dossié coca irá transformar-se provavelmente um dos mais quentes temas do contensioso com a Administração norte-americana que além de uma ajuda de 90 milhões de dólares anuais para o programa de erradicação da coca (coca zero) instalou com esse objectivo (ou pretexto) uma base militar na Bolívia.

Mascar a folha de coca é uso secular na região andina. A folha de coca também tem uso medicinal e faz parte do mercado legal regional. É permitido o cultivo de uma parcela de 40x40 metros por família em certas regiões tradicionais. O novo Governo procede a um estudo para definir o volume do mercado legal e do número de famílias a poder cultivar a coca.
Desde há anos que prossegue, com apoio militar, um plano de destruição de culturas ilegais. Morales promete defender a continuação da cultura da coca e a lutar contra o narcotráfico.

Os EUA querem coca zero na Bolívia e Morales parece querer responder com cocaína zero nos EUA. Falta-lhe, no entanto, o que sobeja ao vizinho do Norte, a força.

2006-01-28

 

Não sei se repararam mas começou uma revolução na Bolívia

Os jornais bolivianos deste fim de semana assinalam dois grandes cataclismos. Um natural. Chuvas torrenciais por todo o país provocam mortes, casas rurais levadas pelas cheias, cortes de estradas, colheitas arruinadas.

E outro político. Talvez mais perigoso. A decisão do presidente de reduzir a metade os seus vencimentos e os do Governo - e a intensão de redução salarial de todos os altos cargos do Estado, deputados, senadores, altos cargos da magistratura, das forças armadas, da polícia e de Administração pública, Universidades, sector empresarial do Estado.

"La austeridad provoca sismo en el Estado. El Poder Judicial se reunirá el lunes para tomar decisiones." (Diário La Razón)

La Paz/EFE
El presidente Evo Morales, se redujo ayer su salario a menos de la mitad y ganará ahora 15.000 bolivianos (unos 1.856 dólares), el nuevo tope salarial para cualquier funcionario público en el país.
Morales explicó a la prensa que la rebaja, aprobada por decreto en la primera reunión con su gabinete de ministros, es igual al 57 por ciento de los 4.319 dólares que ganaban los anteriores presidentes, lo que resulta en una reducción superior al 50 por ciento que prometió durante su campaña electoral.
Con la nueva norma, los ministros de Estado percibirán un equivalente a 1.732 dólares; los viceministros, 1.707 dólares; y los directores generales, 1.670 dólares.
El decreto tendrá también un efecto en toda la administración pública, porque según la legislación boliviana, ningún funcionario estatal puede ganar más que el presidente de la República.
Morales señaló que espera una actitud similar en el Congreso Nacional, donde los legisladores cobran salarios cercanos a los 2.227 dólares. En esa línea, el presidente de la Cámara de Diputados, Edmundo Novillo, anunció que empezarán a estudiar un proyecto de ley en ese sentido, y lo mismo ocurrió en la Alcaldía de La Paz.
Los fondos ahorrados se destinarán a una cuenta especial del Tesoro General de la Nación (TGN) para que se inviertan en la creación de empleos en educación y salud.
Este decreto es el primero de la gestión de Morales y entrará en vigor a partir del 1 de marzo.
(Correo del Sur, Sucre)

Com estas medidas o presidente espera criar 6000 novos postos de trabalho, em falta na Saúde e no Ensino, nas zonas rurais e que o orçamento de Estado não contemplou.

O decreto lei em debate por todo o país e todas as instâncias afectadas tem suscitado desde rendidos apoios dos sindicatos à oposição, ainda que mais ou menos indirecta, de uma parte dos potenciais atingidos.

"El ministro de Hacienda, Luis Alberto Arce, anunció que el próximo lunes emitirá un instructivo que fijará el plazo para que todas las entidades descentralizadas, desconcentradas y autárquicas afectadas por el DS 28609 ajusten su planilla salarial. ´El mensaje es que tenemos que ponerle el hombro al país y ser solidarios con él´.
´En muchas entidades existen sueldos que son muchísimo más de lo que va a ganar el Presidente; ellos tienen la palabra. Seguramente que la población boliviana ha de juzgar también a quienes acatan este decreto supremo´, señaló por su parte el vocero presidencial, Contreras, en un encuentro con la prensa." (Diário La Razón)

"La agencia de noticias ANF informó que algunos funcionarios judiciales comenzaron trámites para adelantar su jubilación con sus salarios actuales."

"También surgieron críticas a la medida, como la expresada por el diputado Mario Justiniano, del MNR [partido da oposição], y el senador Roberto Ruiz, de PODEMOS [partido da oposição], quienes calificaron el plan de austeridad como una estrategia ´demagógica´. (La Razón)

Nota:1 dólar EUA = 8 bolivianos.


 

KV297b

Para comemorar os 250 anos do nascimento de Mozart uma pequena sugestão para o fim de semana: escutem a sinfonia concertante para instrumentos de sopro (KV297b). Ouvi-a esta semana em concerto e fiquei maravilhado.
 

Eleições presidenciais: resultados da emigração.

Como era de esperar a França votou muito mais à esquerda que a globalidade da emigração. Se por aquí Cavaco fica bastante abaixo do total nacional, no total de toda a emigração arrecada 64,3%.


Votos%
Cavaco Silva10 99164,3%
Mário Soares2 53514,8%
Manuel Alegre2 22313,0%
Jerónimo de Sousa7964,7%
Francisco Louçã4412,6%
Garcia Pereira1010,6%



Inscritos175 4326
Votantes17 2659,8%
Brancos910,5%
Nulos870,5%

 

Poesia, música e imagem

A miuda, quero dizer, a fotografia! roubei-a ao Nilson. E a poesia também é dele.
Ainda não visitaram o NimbyPolis? Então por que esperam?




Marc Aubry in NimbyPolis

Ainda criança,
Queria sentir
O mesmo que as outras crianças
Nas águas de sonhos
Melhores que os meus.

Ainda inocente,
Queria ouvir
As costureiras
Bordarem as asas dos anjos
Na verdade do cosmos.

Ainda pura,
Queria beber
Os dias sem mágoas,
Num faz de conta igual
Ao dos filhos felizes.

Queria,
Mas já não posso:
I’m ready.


2006-01-27

 

Desafio aos meus amigos alegristas

Eu que tenho simpatia e admiração pelo poeta e resistente Manuel Alegre não concordei nada com a sua candidatura. Talvez por isso apreciei o humor e a opinião de João Miguel Tavares no no DN.
Vou expor aqui o seu artigo à exacção dos meus amigos alegristas, que aliás muito prezo e sei que são alegristas por excelentes razões e ideais, para suscitar as suas respostas.

"Inebriados pela sua vitoriosa derrota, Manuel Alegre e respectiva corte correm o risco de se entusiasmar. Os 20 por cento que obtiveram no último domingo são um resultado surpreendente e, em múltiplos sentidos, admirável, mas convém ter os pés assentes no chão - eles não se devem a nenhum "movimento cívico"; não se devem a uma súbita irrupção de "cidadania"; não se devem às estátuas osculadas; não se devem às 857 declamações da Trova do Vento que Passa; não se devem à incontinência necrológica; eles não se devem, sequer, a qualquer suposta independência partidária, uma alucinação tendo em conta que Manuel Alegre sempre foi um homem do PS e um barão de Coimbra.

A que se devem, então? Devem-se ao facto de o poeta do Mondego se ter apresentado às eleições presidenciais na condição dupla de homem ofendido e de político inofensivo. Esta mistura fez maravilhas nas urnas. Por um lado, Alegre vestiu a pele do sacrificado, do amigo apunhalado por Soares, do homem traído pelo velho compagnon de route, o Júlio César cá do pedaço. Por outro, procurou fazer uma campanha "pela positiva", sem dizer mal de quem quer que fosse (incluindo do "traidor") - e o povo, já se sabe, comove-se sempre com mártires silenciosos e exemplos morais. O homem exibiu uma manifesta impreparação para o cargo durante os debates televisivos, mas como também nunca ninguém acreditou que ele iria ser eleito, votar em Alegre era tarefa fácil. Suponho que algo semelhante a beber uma cerveja sem álcool dá conforto à goela e não se sentem os efeitos.

Agora, ver neste epifenómeno um novo Portugal a nascer, ver em Manuel Alegre o bardo que irá indicar o verdadeiro caminho à nação, só pode ser da ordem do delírio. Nada no discurso de Alegre é novo. Nada remete para o futuro. Da mesma forma que Portas vestia em campanha a pele do Paulinho das feiras, Alegre disfarçou-se de Manelinho das estátuas, numa variação sobre temas patrióticos e generalidades políticas com um cheiro insuportável a naftalina. Uma lufada de ar fresco? Há mais ar fresco em hora de ponta junto ao asfalto da Segunda Circular.


 

O IRS também

fará parte do pacote de simplificação administrativa. O Governo promete até ao fim da legislatura dispensar o contribuinte da trapalhada de papéis, do recurso a contabilistas ou a cursos de fiscalidade, para além de o livrar filas, tempo perdido e multas por atrasos.
Para quem não queira fazer a declaração do IRS ela passa a ser feita pela administração. Já é assim, se não estou enganado, na Suécia e arredores. Esperemos que a administração, depois do choque tecnológico, não se engane e não nos cobre IRS a mais.

 

Revolução ou aspirina?

Sócrates anunciou hoje, no Parlamento durante o debate mensal, 10 medidas para combater a burocracia na vida das empresas.
São, com as medidas anteriormente anunciadas e já aqui comentadas por João Abel, nas relações das empresas com o Estado, uma verdadeira revolução e que colocará, infelizmente só neste aspecto, Portugal na vanguarda da Europa.
O programa de simplificação burocrática será apresentado em Março, e conduzido pela Unidade de Coordenação para a Modernização da Administração Pública.
Medidas:
**Fusão/cisão de sociedades - 10 actos burocráticos passa a 1. E pela internet.
** Extinção- dissolução de empresas «na hora», com opção pela internet.
** De variados e caros livros de escrituração, livro de inventário, de correspondência, etc, fica apenas o livro de actas e sem necessidade de registo nas conservatórias.
** Certidões da situação contributiva (Finanças e Segurança Social), bem caras, e nem sempre rápidas agora por 6 meses, passam a acto único anual e no mesmo suporte.
** Autenticação de documentos e reconhecimento presencial de assinaturas passa a ser possível nos advogados, solicitadores e câmaras de comércio.
** criação de «marca na hora», e a eliminação dos procedimentos com o registo/cadastro industrial.
Francisco Vanzeller da CIP, à TSF, diz que estas medidas constituem uma verdadeira revolução na desburocratização empresarial mas Marques Mendes no parlamento disse ao 1º M que isto sendo bom não passava de aspirinas. [link]

 

Hamas ganha maioria absoluta

Hamas - 76 ; Fatah - 43 num parlamento com 132 lugares.
A situação complica-se para a causa Palestina e facilita-se para os extremistas de Israel. Como a Autoridade Palestina vive de dinheiros ocidentais talvez o Hamas encolha as garras.
Antes ainda de ter a certeza de tão retumbante vitória o Hamas já tinha adiantado a hipótese de uma trégua com Israel. O primeiro ministro israelita Ehud Olmert diz que não aceita o Hamas no governo palestino e W. Bush já avisou que com tanta democracia os palestinos não terão mais apoio (??) do tio Sam. Pelo seu lado o primeiro ministro palestino em funções, Ahmed Qurei, tinha dito que democracia é democracia e que há que respeitar os resultados.

O Hamas - organização islâmica fundamentalista considerada organização terrorista pelos EUA e a UE que tem no ideário a destruição de Israel e como método de luta o terrorismo, nomeadamente os «homens (e até crianças) bomba» tinha como principal símbolo espiritual o fanático Sheikh Ahmed Yassin, em cadeira de rodas, morto em Março de 2002, com um míssil, por Israel .

O Hamas começou por ser uma organização religiosa muçulmana, dedicada à caridade e a obras sociais entre os palestinianos nas zonas ocupadas por Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, a seguir à guerra dos Seis Dias, em 1967.
O Hamas foi apoiado por Israel e pelos Estados Unidos para minar a força e o poder da Fatah organização laica chefiada então por Arafat. A CIA é especialista nesta coisas. Também ajudaram a criar a Al Qaeda para combater o poder dos soviéticos no Afeganistão!
Fanatismo religioso, acção social, "mártires", Fatah corrupta, "morte a Israel" constitui um conjunto de ingredientes que já tinha ganho os corações e agora ganhou os votos dos palestinianos submetidos ao terrorismo de Estado de Israel.

2006-01-26

 

Simplificação Administrativa ... e a reacção dos Notários

O governo de José Sócrates anunciou e amanhã leva a debate na AR, para entrar em vigor imediato, uma série de medidas de simplificação administrativa visando facilitar a vida às empresas e ao cidadão.

Medidas que avançam com a redução significativa da burocracia em alguns domínios como a dispensa de escritura em muitas situações. É preciso avançar sem hesitação.

Os cartórios notariais dão sinais de desconforto. Aderiram à privatização (eles lá conheciam bem o métier) pensando que nada tinha que mudar. Terreno cativo. É a (des) concorrência. Este termo não existe, mas traduz aquilo que os notários pretendem com esta sua postura. Que tudo mude menos o "meu" negócio.

A questão é que não são apenas os notários. A ideia de contestação chegou também aos empregados e daqui a dias há aí um "movimento" contra a simplificação admnistrativa.

Será que também aqui se coloca o problema dos direitos adquiridos?
Certamente o que está em causa são os 6 ou 7 mil euros de reforma/mês de alguns notários.

 

Evo Morales quer acabar com a corrupção na Polícia

Evo Morales na posse como PR em 2006-01-22
Evo Morales deu posse ontem ao novo comandante da Polícia, general Isaac Pimentel.
O presidente, no discurso, apelou à luta contra a corrupção a uma Policía que disse ser vista pelo povo como uma instituição corrupta.

"El pueblo ve en la Policía Nacional a un centro de corrupción, eso tiene que terminar en este gobierno, y junto con ustedes estimados generales de la Policía Nacional, con los mandos medios de la Policía, acabaremos con ese tema de la corrupción", sentenció el nuevo Jefe de Estado en el Palacio de Gobierno.

E acrescentou:
"si Evo está acá como presidente, ustedes saben, es gracias a la honestidad. El mejor capital que tuve hasta este momento es la honestidad, y quisiéramos, juntos a ustedes, del Alto Mando Militar, de la Policía Nacional, erradicar la corrupción".

Estas palavras foram secundadas mais tarde pela "flamante primera ministra de Gobierno, Alicia Muñoz", que com o novo comandante visitaram a Academia Nacional de Policías, [La Razón]

 

Estará a haver uma revolução democrática na América Latina?

Os novos comandos militares da Bolívia
Ontem, um dia depois de dar posse ao seu governo onde, para escândalo da elite branca (15% da população), se destacam sindicalistas e indígenas Evo Morales, o presidente indígena, substituiu a cúpula das forças armadas e da polícia tendo no acto passado à reserva 30 generais, alguns dos quais sob investigação, por uma insólita e ilegal entrega de mísseis aos EUA para serem destruídos (na perspectiva de vitória de Evo?).
A nomeação dos altos comandos (nenhum é indígena!) foi perturbada pela manifestação de alguns generais e respectivas mulheres. Por enquanto desarmados! - segundo noticia o jornal La Razón.
A vitória histórica na Bolívia de Evo Morales com 54% dos votos é a última de sete eleições de chefes de Estado de esquerda na América Latina desde 2000. Chile, Brazil, Argentina, Uruguay, Equador e Venezuela. E para aumentar as preocupações da administração Bush são grandes as perspectivas de vitória dos candidatos de esquerda no Peru e no México, nas eleições deste ano.

 

Hoje fui convidado

para alinhar no trabalho de estruturação do movimento de Manuel Alegre. Zanguei-me. Não pelo convite mas porque o apanhei...
- Então dizes-me que lês o Puxapalavra e agora com esse convite vejo que não lês. Meu safado!
- Mas não é para criar nenhum partido. É para pressionar o Sócrates a fazer uma política de esquerda.
Aaaaahhhhh! Disse eu.

2006-01-25

 

Tirar lições da derrota

O PS poderá muito bem assobiar para o lado e tentar sacudir a água do capote, no entanto, vá por mim (conhecimentos obtidos por benchmarking!). Escamotear a realidade não costuma ajudar.
Naturalmente a primeira lição a tirar é que mal Sócrates chegou a secretário-geral em 25 de Setembro de 2004 ficou com uma responsabilidade sobre os ombros: encontrar rapidamente um candidato a PR. E rapidamente porque o PSD e a direita em geral já tinha um, Cavaco Silva, que há vários anos vinha fazendo caminho e campanha. Uma parte dos analistas, nomeadamente aqui no Puxapalavra, considera que o protelamento de uma escolha se deve à conformação de Sócrates com o candidato do PSD. A minha explicação, mas com fundamentos tão especulativos como aquela, é a de que se foi fiando na hipótese vaga do seu amigo Guterres acabar por aceitar candidatar-se.
Sem candidato era necessário criar um com capacidade de ganhar. Isso era possível em 2004 e mesmo nos primeiros meses de 2005. Mas em Agosto ou Setembro de 2005 não era possível.
Aliás manifestei a minha apreensão [aqui ] a sete meses das eleições para a PR, num post com a propiciatória data de 13 de Maio.
À escolha de Mário Soares, que aliás também sugeri, como recurso, no mês seguinte juntou-se a trapalhada com o convite-não convite a Manuel Alegre.
Mantenho a convicção de que Alegre não seria nunca um candidato capaz de ganhar a Cavaco Silva porque ambos iriam disputar o centro e este não votaria em Manuel Alegre.
Mas o mais importante é saber ler a surpreendente votação de Alegre.
Há seguramente muitos factores mas não será fácil quantificá-los.
* Há a vitimização. Prometeram! Soares ou o PS ou os dois que o apoiavam e depois "traíram-no". Não interessa saber se é assim ou não. Esta foi uma "realidade" que fez o seu caminho.
* Há os que não gostam de Soares, do soarismo, do clã Soares. Por múltiplas razões. Razões aceitáveis e também falsas razões bebidas durante anos no PCP e outras áreas da esquerda.
* Há o desagrado de alguns eleitores socialistas com a política do Governo, nomeadamente funcionários públicos por perda de regalias.
* Há os que estão contra a numenclatura do PS, porque os "tachos" e "tachinhos"vão sempre para os mesmos e não os contemplam.
* Há os que estão contra as práticas aparelhistas. Contra o "aparelho" do PS, contra a corrupção, contra o favoritismo, contra acordos tácitos dos "jobs for the boys" do bloco central.
* Há os que acham que Sócrates é da ala direita do PS e eles são da ala esquerda, mesmo sem terem programa político alternativo viável na actual conjuntura.
* Há os que estão contra os partidos, ou contra os "aparelhos" em geral e estão sempre disponíveis para a primeira quimera que apareça, mesmo sem a menor consistência, sem avaliar nem querer saber das alternativas (piores) e contentando-se com o seu quixotismo.
Manuel Alegre teve um mérito. Não tendo conseguido um aparelho apresentou-se como um candidato contra os aparelhos. E julgo que não forçou em momento nenhum a sua consciência. Porque ele, um verdadeiro produto e vitalício usufrutuário de aparelho, nutriu sinceramente sempre, ao que consta no PS, um real desprezo pelos aparelhos. Teve o mérito de pôr a descoberto uma realidade. Uma realidade mensurável pela sua votação. E que hoje é uma realidade para além dele. Muito etérea é certo, mas com dinâmica própria.

2006-01-24

 

Eleições presidenciais: 95% de abstenção em França.

Há alguns dias escrevi um pequeno texto sobre a falta de publicidade (nomeadamente na web) às eleições presidênciais organizadas nos consulados.

Como sabem este é o único acto eleitoral onde os residentes no estrangeiro votam presencialmente, o facto da rede consular não ser muito densa é desde logo um obstáculo á mobilização. Se juntarmos a isto a pouca divulgação é fácil compreender os 95% de abstenção.

Deixo-vos aqui os resultados de França (sujeitos a caução):

Cavaco Silva2 19647.91%
Mário Soares97421.25%
Manuel Alegre95420.81%
Jerónimo de Sousa2756.00%
Francisco Louçã1543.36%
Garcia Pereira310.68%

2006-01-23

 

Que vai Alegre fazer com tantos votos?

Eis a interrogação que corre por aí.
Roseta concluiu que Manuel Alegre vale mais que o PS. Pensará na fundação de um novo partido? Não acredito. Em primeiro lugar porque isso obrigava a criar um aparelho partidário! E isso não é a última coisa que ela, Manuel Alegre e tantos outros da sua candidatura quereriam?
Mas que ambições terão os apoiantes de Manuel Alegre? Creio que uma parte, a avaliar por muitas pessoas que conheço a seu lado, querem e legitimamente, um mundo melhor. Um país melhor. Uma governação melhor. Ou seja mais justiça social, mais igualdade, menos corrupção, mais seriedade na política. Que a política, a governação, os "aparelhos partidários" não estejam ao serviço dos interesses ilegítimos dos políticos, dos governantes, dos videirinhos dos "aparelhos", das clientelas.
Apesar de sensível a todos esses arrebatadores objectivos. A toda a utopia, como limite. Mas sou cada vez mais avesso ao abandono da realidade e à miragem.

Não conheço (e há muitos exemplos na vida política nacional e internacional) nenhum partido ou organização ou movimento que tenha surgido em nome da ética e da regeneração dos costumes para reformar os partidos que não se tenha transformado rapidamente na negação do que anunciava. Boca cheia de ética, moral, virgindade? É mau sinal. É um carrocel com espertalhões à frente e ingénuos atrás para convencer o parolo.

Seguramente muitos outros compagnons, na onda de Manuel Alegre, só estão contra os aparelhos partidários porque se sentem injustiçadamente à margem de algum "aparelho". E a sua grande ambição será arranjar um aparelho partidário, mesmo com o nome de "anti-aparelho" que lhes dê também a eles, que não são menos que os outros! um lugarzinho ao Sol.

Não há partidos sem aparelho. Não há organizações que durem e sirvam para alguma coisa, mesmo com o atraente nome de movimento de cidadania, sem aparelho. Sem organização. Sem estrutura, hierarquias, sem pessoas ao leme. A todos os lemes, de alto a baixo, do "movimento" ou do partido!

A "lógica aparelhística" não está no aparelho. Está no Homem. E na Mulher. A justa, e urgente luta contra ela passa pela cultura, pelo grau de desenvolvimento dos povos, pela legislação, por mecanismos de controlo, por "movimentos de cidadania" ou "opinião pública" organizada (hoje com uma arma cada vez mais importante, a comunicação social livre proporcionada pela internet) para a vigiar, a denunciar e a minorar. Para combater a corrupção no seu lato sentido.

Estar contra os partidos, enquanto não se inventar nada de melhor, é um embuste. Mas, como se sabe, dá resultado. E a prova disso foi a campanha demagógica anti-partidos de Cavaco Silva. E a de Manuel Alegre que transformou, e com êxito, em bandeira, a ausência de apoio partidário quando não conseguiu ter o desejado apoio do PS.

Seria mau escamotear, no entanto, o mérito da grande votação de Manuel Alegre. Ela revela a crescente repulsa pela corrupção e nepotismo associados aos poderes e aos partidos e a vontade crescente de os combater. Revela o mal-estar no país em consequência do empobrecimento, do desemprego e das fracas perspectivas. Que Manuel Alegre dê bom uso a essa arma! É seguramente esse o seu propósito.

 

0,6% faz toda a diferença

Dentro do pior cenário, o da vitória da direita à primeira volta, este foi o melhor resultado.
Não vai ser fácil a Cavaco Silva realizar o seu sonho. Estar em Belém como quem está em S. Bento.
E, é claro, foi melhor assim do que haver uma segunda volta. Cavaco ganharia por mais.

 

Finalmente a direita em Belém

A direita passa a ter em Belém uma forte alavanca para recuperar o poder. Recuperar o Governo! Porque o que interessa é o Governo.
Parece que há por aí muita gente convencida que a diferença entre o Governo de Sócrates e o governo que a direita faria se o conseguisse substituir é pequena ou nenhuma. A mim, tal cegueira, nem me surpreende nem me choca. Passei anos e anos a ouvir essa cega (ou interessada?) mistificação.

 

Afinal não foi boa ideia!

Mas haveria então, a meio do verão de 2005, ainda alguma solução?
Quando o PS chegou a Junho de 2005 sem candidato à presidência, sem Guterres, sem Vitorino e sem tempo para dar suficiente projecção pública a alguém pouco conhecido defendi [aqui] a candidatura de Mário Soares como a melhor solução de recurso.
Os resultados eleitorais de ontem mostraram como eu e muitos outros se enganaram rotundamente. Apesar de Soares ter superado em energia e combatividade o que eu esperaria de um homem de oitenta anos. Há fenómenos novos. Há que estudá-los sem preconceitos. É um desafio interessante para quem não se contente com as suas certezas.

 

As duas coabitações de Sócrates

Não vou chorar sobre leite derramado. Deu mais ou menos o que diziam as sondagens, numa vitória bem à justa de Cavaco Silva. A menor desde sempre, desde que a disputa presidencial travada era renhida como esta.

Fica muita coisa para discutir acerca de todo este processo, designadamente sobre a escolha e arranque tardios dos candidatos melhor colocados à esquerda para, numa segunda volta, poder defrontar Cavaco, a divisão nas fileiras do PS e, sobretudo, a leitura sociológica dos fluxos de voto e, talvez, não seja uma questão menor tentar perceber o sentido de voto de certas actividades que funcionam em espírito muito próximo do corporativo. Não tenho dúvidas, embora não tenha elementos de medida de que houve uma percentagem significativa de pessoas que aprovam várias das medidas deste governo que foram votar Cavaco e não Soares e que houve outras afectadas por algumas medidas que não votaram ou não votaram Soares.

Mas as minhas expectativas estão centradas mais nas coabitações. Sócrates vai ter que coabitar com Alegre a curto prazo. Com Cavaco os problemas de coabitação pôr-se-ão a mais longo prazo. Cavaco precisa de criar lastro.

Esta derrota do PS, deixando o políticamente correcto de lado, pode acelerar a instabilidade político social. De imediato dentro do PS e depois com efeitos na governação. Há vários cenários possíveis, alguns dramáticos podendo chegar à própria AR. Esperemos como admitem alguns dirigentes que esses cenários não passem de algumas cenas apenas e tudo corra pelo melhor porque este país precisa de ser governado.

A qualidade da segunda cohabitação vai depender muito do que se passar no PS. De qualquer forma, será sempre a prazo, por razões também internas dos partidos apoiantes. Há "casas" para arrumar dentro do novo contexto.

 

Depois de dia 22 (4)




O pior cenário

Aníbal Cavaco Silva passou, à primeira, por uma unha negra, abaixo da percentagem que os estudos de opinião acerca das intenções de voto lhe davam na véspera. Os candidatos oficiais dos diferentes partidos políticos deram contribuições modestas para o bolo dos que se opunham a Cavaco: Soares ficou pelos 14% (em 1991 tinha tido 70%!), Jerónimo pelos 7% (Carvalhas teve 12% em 1991...) e Louçã 5 vírgula tal, menos do que nas legislativas anteriores.

Alegre, pelo contrário, teve um resultado que se cifrou no apoio de 1/5 do eleitorado, mais ou menos o que Salgado Zenha arrecadou em 1986.

Trata-se de um défice de afirmação das esquerdas. Conservam uma influência proporcional a metade dos votos expressos, mas em perda relativa

Duas questões (entre outras, é claro) ficam a merecer discussão: 1) Que factores explicam a incapacidade de Soares alcançar, pelo menos, a votação da primeira volta de 1986 (25, 4%)? e 2) O que fica a representar a votação de Manuel Alegre?

Assim puxo a palavra.

Entretanto, como se confirmou o pior cenário, monto o cavalo ao contrário.


2006-01-21

 

Michelle Bachelet, Presidente do CHILE..

...Já não é novidade. Já aqui foi dito e comentado.

O que é novidade é que ela foi eleita na base de uma coligação de partidos que se prestavam a repartir lugares.

E a sua reacção foi a de quem manda "sou eu". Parece que, assim, o CHILE vai mesmo ter Presidente a sério.
 

Mais e melhor informação precisa-se

Li hoje que estão à venda em Portugal dois cremes potencialmente cancerígenos.

Que eu ouvisse em nenhum telejornal esta notícia foi dada.

Não sou defensor de alarmismos, mas em Portugal parece-me haver alguma displicência na informação sobre a saúde. Não se trata de grandes teorias, mas de informação objectiva e clara. Não competirá ao INFARMED um melhor desempenho e um papel mais activo nesta matéria?

As televisões já tiveram melhores dias neste domínio. Segundo o DN esses cremes são o ELIDEL e PROTOPIC.


2006-01-20

 

Portugal no Monde de hoje

As eleições presidenciais têm hoje direito à primeira página do Monde, na edição impressa podemos ler:

"Portugal o último combate presidencial de Mário Soares"

«Aos 81 anos, Mário Soares, dirigente histórico do Partido Socialista vai tentar obter no próximo domingo um terceiro mandato presidencial, após os que exerceu de 1986 a 1996. No entanto, o seu adversário, Anibal Cavaco Silva, ex-primeiro mínistro, tem mais de 20% de avanço nas intenções de voto segundo as últimas sondagens. O governo dirigido pelo socialista José Sócrates herdou uma situação de estagnação económica. Em situação de infracção ao pacto de estabilidade europeu, Portugal tenta reduzir drásticamente o seu déficit das contas públicas.»

Na edição internet podem ler um artigo mais completo aqui.
 

Duas semanas de novo DN

Sou daqueles que lia 7 vezes na semana o DN e o Público.

De momento está 7:4 com perda para o Público, sendo que este leio de sexta a segunda por razões várias, entre elas o inimigo público e a revista da economia.

O DN nesta sua versão está a ganhar, designadamente porque, nestas duas semanas tem produzido um excelente suplemento de economia. Está de parabéns o jornal, mas penso que o dedinho de Helena Garrido deverá ter uma quota significativa. Estou à vontade, pois nem a conheço pessoalmente, embora conheça o seu trabalho e a sua qualidade

O DN saiu revigorado, com este suplemento e certamente veio dinamizar a concorrência na área da economia.

Quanto ao DN em si não serei tão elogioso. Em termos de grafismo reconheço uma grande melhoria. Em termos de conteúdo, apesar de algum upgrading continua a abusar de excesso diário de colunistas que nem polémicos são. Se, ao menos, tivessem essa característica !!!.

 

Ainda o acordo com o MIT

Afinal tudo leva a crer que o ex-coordenador do Plano Tecnológico, José Tavares, professor na U. NOVA, muito ressabiado com este governo, não só agiu de forma deselegante e, eventualmente, ferindo princípios de ética deontológica, como estava também mal informado (?), pois o MIT, ao contrário do que disse ele na sua pergunta a José Sócrates, ainda não decidiu sobre o projecto em Portugal.

Quem o diz é Mariano Gago que, de passagem, caracteriza de "triste" a intervenção de José Tavares. Mas o próprio MIT confirma que ainda está em fase de negociação com o governo português.
Mariano Gago nega acordo com MIT

No entanto, esta intervenção já passou para a política de forma também bizarra com o deputado Nuno Melo do CDS a exigir ao governo que o governo publicite o nome do Ministro.

Mas face a tudo isto, será que há mesmo ministro a opôr-se, a mentira sobre o caso já é tanta!!!.


 

Com ajudas destas...

Depois daquela performance , n' Os Prós e os Contras, em que o Ministro das Finanças tentou assustar o país com o anúncio de que daqui a 10 anos não há dinheiro para pagar as reformas e de hoje, o Governo vir reconfortar o cidadão com o aumento dos combustíveis, eu sugeria que amanhã, para ajudar à eleição de Mário Soares o Governo anunciasse, por exemplo, o aumento do IVA para 25%. Mesmo que na segunda-feira desmentisse.
Que o Governo sempre disse que não governava de acordo com o calendário eleitoral!... De acordo. Mas é necessário exagerar?

2006-01-19

 

Um punhado de reformas

A simplificação administrativa do país está em marcha. Boa notícia para este princípio de ano.

Uma série de actos relativos à vida da empresa vão exigir menos dinheiro e sobretudo muito menos tempo.

Ainda bem que a burocracia começa a ser atinginda. Criar uma empresa, mudar os estatutos, aumentar o capital social, mudar administradores,vai dispensar a ida ao notário, a partir do fim do mês. Começam alguns interesses a reagir. os cartórios notariais começam a não gostar.

A reforma está a mexer e há bons indícios de que vai continuar.


 

Projecto do MIT no Plano Tecnológico

Ontem e hoje foi notícia, na comunicação social, a pergunta posta ao primeiro Ministro, José Sócrates, pelo ex-coordenador do Plano Tecnológico, José Tavares, na conferência do The Economist, que ontem e hoje teve lugar em Lisboa.

Assisti ao acontecimento. E o comentário que faço é que a forma e o vigor postos na pergunta foram no mínimo deselegantes.

E então qual foi a pergunta. José Tavares intima, é o termo adequado, o Primeiro Ministro a responder ali, se vai ou não acordar com MIT o projecto do MIT- criação de um pólo de investigação e formação pós graduação - afirmando que a assinatura está apenas dependente de um ministro ser contra o projecto.

Não tenho procuração dos presentes. Mas tive a sensação de que a grande maioria não simpatizou com a forma de Tavares e, pelo contrário, aceitaram bem a resposta de José Sócrates que, ao contrário do que alguns órgãos de comunicação veicularam, deu uma resposta dizendo que "a decisão será tomada pelo governo, quando achar que a deve tomar e, não por um funcionário público".P>

Esta situação tornou-se deselegante e grave por duas razões. Primeiro, a forma continha demasiado ressabiamento e provocação e, segundo, inerrogo-me, até que ponto esta atitude não fere compromissos deontológicos?

Uma pessoa por deixar uma função não fica desonerada de observar alguns princípios que são observados no exercício dessa função.


2006-01-18

 

Depois de dia 22 (3)




Ah!...


Plano de contingência: para o caso de as coisas não correrem bem...


 

Depois de dia 22 (2)




Ah!...



Monumento aos candidatos que vinham para ganhar, mas...


 

Depois de dia 22 (1)




Ah!...


Às vezes, quem está no chão também joga!

2006-01-17

 

PODER NÃO PARTILHADO - O projecto de Cavaco

José Manuel Correia Pinto, jurista e docente universitário, é um especialista em relações internacionais. A sua vasta cultura nos domínios da História e da Filosofia vai a par da sua argúcia política. Disso é exemplo este importante e oportuno comentário que aqui deixo à vossa apreciação.



"As declarações de Cavaco sobre como o Governo se deveria organizar e as ameaças veladas de que nada acontecerá ao Governo se governar “bem”, para além das constantes afirmações, contidas, de que não vai ser eleito para assistir passivamente à governação, já que o “povo” chama por ele – o “povo” a que ele se orgulha de pertencer – prefiguram um dos mais graves ataques ao equilíbrio institucional consagrado na Constituição Portuguesa, representativo de um amplo consenso das forças democráticas que deram corpo e vida ao regime político saído do 25 de Abril.

Com efeito, ao opinar com o ar imperativo que sempre caracteriza as suas intervenções (é bom não esquecer que as nossas dúvidas variam na razão directa da nossa sabedoria) sobre o modo de constituição e de funcionamento do Governo numa área específica, Cavaco ameaçou violar um dos preceitos fundamentais do equilíbrio institucional consagrado na Constituição – a competência exclusiva do Governo quanto à sua organização e funcionamento.

Aquela declaração é a ponta do iceberg que se pretende esconder por detrás de falas aparentemente mansas e comedidas, drasticamente impostas pelos marqueteiros da candidatura, mas é também suficientemente elucidativa para evidenciar o que desde a primeira hora verdadeiramente anima o candidato e a sua mais próxima entourage: um projecto de concentração de poder como meio indispensável à “salvação da Pátria”. Já assim foi antes, assim será novamente se Cavaco ganhar, com as diferenças e os matizes impostos agora pelo contexto político internacional e regional em que vivemos e convivemos.

A direita portuguesa, pelo seu atraso, também pela sua incultura, pela sua incapacidade de compreender o mundo moderno, é, sempre foi, uma direita que rejeita o diálogo, o controlo do poder, em suma, a democracia na sua essência. Por detrás da direita portuguesa, de toda a direita portuguesa, esconde-se, com mais ou menos visibilidade consoante a conjuntura, um pensamento antidemocrático, de concentração de poder, ciente de que somente num ambiente político sem controlos poderá alcançar os seus verdadeiros objectivos.

Os dez anos de Cavaco como Primeiro – Ministro são disso a prova evidente. Impossibilitado pela correlação de forças então existente de concretizar o velho sonho de poder não partilhado, nem por isso deixou, nos momentos de maior aperto, de o expressar quer sob a exclamação demagógica do “Deixem-me trabalhar! Deixem-me trabalhar!”, quer sob a invectiva grosseira contra as “Forças de bloqueio” – expressão onde a ausência de pudor do seu autor apenas concorre com a sua ignorância sobre tudo o que seja a história do pensamento político ocidental, a filosofia política, enfim, todas estas “banalidades” de que se não ocupa a “ciência” dos economistas portugueses do stablishment a que Cavaco pertence.

Interessa, no entanto, sublinhar que aquela atitude de Cavaco, aliás em consonância com os grupos de interesses e sociais que o apoiam, não revela, como alguns ingenuamente supõem, “uma deriva presidencialista” do regime. Nada disso. O regime pode ser presidencialista sem no essencial deixar de respeitar o equilíbrio dos poderes. São disso exemplo dois dos mais conhecidos e importantes regimes presidencialistas do nosso tempo: os EUA e o Brasil. O que está em causa não é a transformação do nosso regime num regime presidencialista. O que está em causa, repito, é um projecto de concentração de poder, apoiado pelas forças mais reaccionárias e obscurantistas da sociedade portuguesa, representadas no presente momento histórico pelos grandes interesses económicos, por um núcleo de economistas e gestores incompetentes, portadores de um pensamento anticientífico, de que é exemplo mais frisante o “Compromisso Portugal” e por sectores ignorantes da pequena burguesia maltratada que sempre foram um apoio seguro para exercícios de poder não partilhado, fundamentalmente por acreditarem estar nessa forma de exercício do poder o meio mais adequado à “salvação da Pátria”.

De facto, um regime presidencialista supõe uma... " (continua [aqui] )


 

Investimentos importantes

Ontem por razões múltiplas estive no acto de lançamento de dois grandes projectos turísticos na zona de Melides.

Ontem e hoje estive atento à contestação dos mesmos pelas associações ambientalistas, entre as quais a Quercus. Respeito a posição dessas associações e abstenho-me de entrar em domínios que não domino.

Entro, contudo, na área da economia e na sua qualificação de projectos de interesse público, para refutar uma intervenção do representante da Quercus do concelho que ouvi na TSF. A questão que colocou resumia-se a: como pode um investimento privado ser qualificado de interesse público?

O simples colocar da questão foi pergunta e resposta, pois o representante da Quercus não avançou mais argumentos em defesa da sua tese implícita: privado não tem à partida interesse público.

É uma visão pobre em demasia. O interesse público de um projecto não decorre da natureza da propriedade do projecto. Esta não constitui o elemento diferenciador para que um projecto assuma a condição de interesse público.

Outros critérios, entre eles, a qualidade e o contributo para o desenvolvimento económico e social sustentados é que devem ser o factor decisivo na atribuição desta qualificação.

A aceitar esta visão de que só o público é bom corresponde a uma perspectiva limitadora do papel dos diferentes actores económicos no processo de desenvolvimento de um país.

Hoje foi anunciado também um investimento significativo da IKEA em Ponte de Lima.

Parece que começamos a ter investimentos, o que pode significar o regresso de alguma confiança na economia portuguesa. Ninguém arrisca em investimentos de dimensão sem ter confiança de que estão em curso melhorias a vários níveis.

2006-01-16

 

"O Poder da Arte" ou a arte ao poder?


Enquanto não há TGV para irmos rapidamente a Serralves aproveitemos:
João Fernandes traz Serralves a S. Bento e oferece-nos de 12 de Janeiro a 16 de Abril, cerca de 80 obras de 50 artistas, nomeadamente, Paula Rêgo, Thomas Scutte, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Claes Oldenburg, Júlio Pomar, Helena Almeida e Juan Muñoz, para nos mostrar o "Poder da Arte "

LOCAL DA EXPOSIÇÃO - Assembleia da República, Palácio de S. Bento 1249 - 068 Lisboa
HORÁRIO DE VISITAS - 10h00 - 17h00 Terça a Sexta: visitas de hora em hora Sábados e Domingos: visitas de 30 em 30 minutos
Todas as visitas são guiadas
Lotação: máximo 25 pessoas
INFORMAÇÕESTel: 213 919 057 Fax: 213 917 458 E-mail: mailto:cic.rp@ar.parlamento.ptt
 

Eleições presidenciais, emigrantes e web

Estamos a menos de uma semana da primeira volta da eleição presidencial e uma pequena consulta às páginas do Consulado Geral em Paris e da Secretaria de Estado das Comunidades mostra uma total ausência de informações sobre a organização das eleições.

Não se entende esta total ausência de informação. Depois vão indignar-se com a taxa de abstenção!
 

Afinal Bachelet não foi a 1ª

Michelle Bachelet não é, como erradamente disse em post aí em baixo , a primeira mulher a chegar à presidência de um país da América Latina. Bastava ter meditado um pouco para me lembrar de pelo menos três casos que desmentiam a notícia. Violeta Chamorro na Nicarágua, Myreia Moscoso no Panamá e Estela Perón na Argentina, mas esta por sucessão após morte do marido.
Larry Rother no NYT acresenta ainda Lidia Gueiler na Bolívia em resultado de um golpe de Estado.
O artigo de Larry Rother é revelador da excelência de boa parte da imprensa norte-americana e através da muito interessante biografia de Michelle Bachelet dá uma viva imagem da história recente, em particular do Chile , cuja revolução democrática de Allende, afogada em sangue pelo golpe de Estado de Pinochet (apoiado e dirigido pela embaixada norte-americana em Santiago do Chile) precedeu a revolução do 25 de Abril e ofereceu-nos entre muitas outras referências o título da canção revolucionária chilena "El pueblo unido jamas será vencido" gritado nas manifestações, lá em Castelhano, cá em Português.

 

Vou mudar de opinião sobre os jogadores de futebol

Noutros tempos diria que faço a minha autocrítica, em termos mais católicos seria uma confissão, e para os seguidores de Sigmund Freud o meu subconsciente está a enviar sinais. Seja como for, sempre desconfiei da capacidade dos jogadores de futebol para reflectir sobre problemas não ligados ao desporto, e mesmo aí às vezes houve-se cada coisa...

Esta manhã as declarações de Lilian Thuram (jogador francês de Juventus) a propósito do ministro Nicolas Sarkozi vão-me fazer mudar de ideias:

« Un représentant de l’Etat doit avoir une analyse juste, une vraie hauteur de vue. Lui a poussé à la fracture sociale. Et son discours a réveillé le racisme latent chez les gens. »

«Um representante de Estado deve fazer uma análise justa, deve ter um ponto de vista elevado. Ele (Sarkozi) fez avançar a fractura social. O seu discurso despertou o racismo latente nas pessoas.»
 

As desigualdades sociais

Segundo o Público de Domingo que cita o Eurostat, Portugal era em 1995 e voltou a ser em 2003 o membro da União Europeia onde a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres é maior. (O gráfico apresentado pelo jornal revela, no entanto, que em 2003 a Itália nos ultrapassou)
Em 1995 os 20% mais ricos da UE tinham rendimentos 5,1 vezes maiores do que os 20% mais pobres. Em 2000 esta relação melhorou para 4,4 e em 2003 piorou ligeiramente para 4,5.
Portugal, o mais pobre do club, tinha em 1995, ao fim de dez anos de Cavaco Silva, os 20% de portugueses mais ricos com 7,4 vezes mais rendimentos do que os 20% mais pobres.
A situação em 2000, ao fim de 5 anos de Guterres, melhorou um pouco para 6,4 mas em 2003, com 2 anos de governo do PSD/CDS voltou a piorar para os 7,4 de 2000.
Aqueles índices não terão uma ligação absoluta aos governos mas devem ter alguma.

 

Michelle Bachelet ganhou as eleições no Chile

Socialista, 54 anos, pediatra, Michelle Bachelet, acaba de vencer as eleições presidenciais no Chile, com 53,5 % dos votos (faltam escrutinar 3% dos votos) derrotando o candidato da direita, o empresário Sebastián Piñera.
Com esta vitória, que se segue à de Evo Morales, há poucas semanas, na Bolívia, a esquerda confirma, na América Latina, a maré favorável aos interesses nacionais e anti-imperialistas.
Bachellet concorreu pela Concentração Democrática, coligação de democrata-cristãos e socialistas, no poder há 16 anos e à qual pertence o actual presidente, Richard Lagos que a apoiou.
É, na opinião do Guardian, a política mais popular do Chile com um estilo que foge ao padrão habitual como quando interrogada sobre o que desejava na vida respondeu: «O meu sonho? É muito simples. Caminhar numa praia de mão dada com o meu amor»
Vítima de Pinochet que prendeu e torturou o pai, general fiel à constituição e ao presidente Allende e que morreu pouco tempo depois de libertado. Ela própria foi presa assim como a mãe. Depois de libertada seguiu para o exílio na Austrália e depois na RDA. No regresso ao Chile foi impedida de exercer cirurgia no sistema de saúde público pela ditadura. Especializou-se então em pediatria e dedicou-se ao apoio a crianças vítimas de Pinochet.

2006-01-15

 

As três mulheres de esquerda

Michelle Bachelet (post abaixo) acaba de vencer à primeira volta as presidenciais do Chile. Um caso histórico e uma rotura com a tradição. É a primeira mulher eleita por sufrágio universal a chegar a presidente em todo o continente americano.
A rotura ainda é maior se se tiver em conta o corte com a cultura vigente e os preconceitos ainda muito vivos na sociedade chilena pois, como admitiu na campanha, cometeu todos os "pecados", socialista, mãe solteira e agnóstica.

Tarja Halonen, 62 anos, social democrata, presidente cessante, obteve ontem 46,4 % dos votos na primeira volta das eleições presidenciais da Finlândia deixando em segundo lugar o conservador Sauli Niinisto com 24%.
"Após seis anos no poder, a candidata social-democrata, de 62 anos, que foi a primeira mulher presidente no seu país, atingiu o estatuto de “mãe da Pátria” finlandesa, gozando de uma popularidade pouco comum entre os políticos desta próspera economia europeia.
A sua eleição marcou também uma ruptura no estilo e nos costumes da política nacional: agnóstica num país onde a Igreja Luterana ainda é a confissão do Estado, Halonen foi mãe solteira, só tendo casado com o companheiro de longa data alguns meses depois de ser eleita".

Ségolène Royal socialista, 52 anos, companheira de François Holande secretário-geral do PSF e ex-ministra "bate todos os recordes de popularidade nas sondagens desde que anunciou em 22 de Setembro encarar a sério a possibiliade de entrar na corrida ao Eliseu em Maio de 2007" (Público, 2006-01-15). terá de vencer em Novembro próximo as primárias no PSF para saber se é a favorita do Partido. Não lhe faltam potenciais e poderosos concorrentes, o ex-primeiro ministro e ex- secretário-geral do PSF, Leonel Jospin, Laurent Fabius que liderou o não à constituição europeia ou Dominique Straus Kahn ex-ministro da economia que não gostou que ela fosse ao Chile apoiar Bachelet.


 

UMA CAMPANHA ALEGRE

Todo este post é um riso que peleja. Uma colecção de pilhérias actuais, um riso imenso, troando, como as tubas de Josué, em torno a candidatos que não perdem pitada para mostrar as suas habilidades.
(Se alguém achar que isto está muito parecido com algo que já leram noutro lado garanto que não é plágio. O máximo que poderei aceitar é que se trata de inspiração. )



Cavaco Silva.

Depois de leitura minuciosa de diários e semanários concluí que a célebre e aterradora expressão de Cavaco na Covilhã, única habilidade que poderá explicar uma vitória à primeira volta, não resultou da surpresa, como eu e todos os portugueses pensaram. Quando Cavaco foi interpelado pelos jornalistas já tinham passado 13 horas sobre a transmissão do inocente palpite de Santana Lopes. Se o nosso homem de Bouliqueime não tivesse visto em directo o seu ex-secretário de Estado da Cultura já os seus assessores o tinham informado. De modo que a imprensa de hoje inclina-se para a leitura de que a reacção de Cavaco, foi uma reacção bem meditada e melhor treinada ao espelho. Se depois não resultou tão bem como o director de imagem da campanha esperava foi só porque, já se sabe, o nosso economista só tem jeito para representar cenas de aula com ele a professor.



Mário Soares

Aquelas sondagens da marktest para o DN e a TSF dão, hoje outra vez, Mário Soares a descer e Manuel Alegre a subir. O meu amigo Antunes disse-me à hora da bica que só se pode explicar tal infelicidade porque a campanha apanhou o Sócrates de muletas. Olhe que não! Olhe que não! - respondi eu. É que esta sondagem no terreno foi anterior ao aparecimento de Sócrates no Coliseu do Porto. Vai ver nos próximos dias!! Oxalá não me engane. (Até me benzi à surrelfa. Claro que continuo ateu - ou agnóstico, para não ofender os mais sensíveis - mas nesta altura da campanha já tento tudo. E afinal, se benzer não fizer bem também mal não deverá fazer. Digo eu... Além disso Maria Barroso é católica portanto...)


Manuel Alegre

Por mais que me esforce - a verdade é que me esforço pouco - não consigo levar a sério a candidatura do Manel. Ele até confessou, nesta campanha, que quando se candidatou a secretério-geral do PS não era para ganhar porque não tinha nenhuma intenção nem estava para isso. É claro que disse logo a seguir que agora não, agora era mesmo a valer, queria mesmo ser Presidente da República. Hum. Fica a dúvida pois se até Louçã percebe que "uma campanha não é feita para ter saudade de si próprio, beijando estátuas e visitando cemitérios".


Francisco Louçã

Pode ser que seja o mais inteligente e o que faz uma campanha mais substantiva como garante o seu amigo e mandatário de Beja, Cláudio Torres mas Manuel Alegre, que não achou graça à boca de Louçã de que ele andava em campanha a beijar estátuas, é que não está pelos ajustes e diz dele o que Maomé não diz do toucinho. Que "Louçã é um Cavaco virado do avesso" e que "anda aqui para ganhar uns tostões e uns votozinhos" para o BE disputar outras eleições. E assim... zamgam-se as comadres sabem-se as verdades. Ou não!


Jerónimo de Sousa

"Tanto comunista como nunca se viu" gritava ontem, Jerónimo, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, cheio à cunha e mais uns milhares cá fora. Em multidões ganhou claramente! O único problema é que já nenhUm fanfasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo. E por isso não só os comunistas gostam dele. Quase toda a gente gosta e com razão de Jerónimo o candidato mais simpático e operário genuino.


 

E se Cavaco GANHAR?...

Um acontecimento de grande probabilidade.

Muitos de nós já se interrogam sobre isso . E muitas análises irão aparecer, no caso de se realizar.

Nuno Brederote Santos, regressado à comunicação social, fala-nos de um embaraço e de um contratempo.

Leia NBS, no seu estilo muito peculiar, Ao toque das vésperas
 

O Procurador Geral da República (das bananas?)

Neste Procurador Geral da República já nada surpreende. Apertado pelo PR a explicar-se e depressa, Souto Moura emite um comunicado a dizer que é falso o que está mais do que provado!
Ou será que também o comunicado da PGR não é do seu conhecimento como acontece, ao que parece, com tudo o que se passa na PGR?

José Manuel Fernandes é taxativo, no editorial do Público, de ontem, Sábado.

"Primeiro que tudo: os documentos que serviram de base à notícia do 24 Horas existem e constam do processo da Casa Pia. O PÚBLICO também acedeu ontem aos ficheiros informáticos onde, para além das chamadas realizadas a partir do telefone de Paulo Pedroso, constam as chamadas feitas a partir de dezenas de outros telefones. Eu próprio tenho, no meu computador, uma cópia desses ficheiros. Consultando-os, verifico ser objectivamente falso o conteúdo do ponto 3 do comunicado da Procuradoria-Geral da República:

"o envelope n.º 9 (...) contém cinco disquetes onde se encontra registada a facturação detalhada de um único telefone fixo atribuído a um dos indivíduos constituídos arguidos no processo, o dr. Paulo Pedroso".

Não é verdade: está lá também a facturação detalhada dos números de telefone utilizados por figuras cimeiras do Estado português. De resto, o comunicado da PT, nos seus pontos 4 e 5, dá a entender que a informação que enviou era mais "sumarenta" do que a referida pela Procuradoria."

Só a véspera de eleições para PR pode salvar a cabeça de tal PGR.


 

Carga fiscal a subir (2)



De acordo com a última actualização do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) - dados disponibilizados pelo DNEconomia, de 2005-01-13 - Portugal vai aumentar a carga fiscal (impostos mais contribuições para a segurança social) nos próximos 3 anos, fixando-se em 36,7% do valor do PIB. Portugal subirá 3 lugares ficando a meio da tabela acima. Ultrapassará a Espanha e dois países do alargamento, nossos concorrentes. Com uma maior carga fiscal, cidadãos e empresas, Portugal tornar-se-á menos atractivo para o investimento estrangeiro


 

Carga FIscal a subir


O PEC português, agora actualizado e já entregue a Bruxelas, prevê para os próximos 3 anos (DNEconomia 2005-01-13) uma aumento da carga fiscal (impostos + segurança social) equivalente a 1,5% do PIB. Tal aumento coloca-nos (ver tabela) no 2º lugar dos países que mais aumenta a carga fiscal. Desfavorável para a atracção de investimento directo estrangeiro e para a competitividade é, no entanto, indispensável nesta conjuntura em que Portugal tem de reduzir o défice orçamental excessivo.

Enquanto Portugal aumentará a fiscalidade de 1,5% do PIB a Espanha diminui-la-á, no mesmo intervalo de 3 anos, em 0,3% o que a colocará, como se vê na tabela do post acima, numa posição mais favorável no conjunto dos países indicados.

Para diminuir o défice orçamental o Governo aumenta a carga fiscal. Mas para vencer a crise económica tem de aumentar a competitividade para aumentar as exportaçãos o que exige entre outros factores diminuir a carga fiscal das empresas. Assim mais impostos dá menos economia e menos economia dá menos receita fiscal. Conclusão, o remédio agrava a doença. Restam os outros remédios. O invisível plano tecnológico, a prometida reforma da Administração Pública e a graça do Senhor que se poderia manifestar no milagre da diminuição do preço do petróleo.


 

As cores do universo


 

...e as cores da natureza


 

Que cinzenta seria a vida...


...sem a tua cor!


2006-01-14

 

Afinal, a Europa sabia das PRISÕES

A Europa sabia das prisões secretas da CIA e das actividades dos EUA na Europa. Quem o afirma é Dick Martin, relator do Conselho da Europa, investigador deste caso. E sabia-o, pelo menos, desde há dois anos.

Dick Martin, numa televisão helvénica, distinguiu duas situações ao garantir que havia "países que colaboraram activamente e outros que toleraram" a situação.

Afinal, toda a gente na UE sabia e consentia...Tanta mentira e hipocrisia.

2006-01-13

 

O sarilho de não ter NET

Estive privado de aceder à NET por avaria, no servidor da NETCABO, durante 3 dias. Pelo menos foi assim que me explicaram, dizendo-me que tinha havido uma avaria geral no servidor para a cidade de Lisboa.

Só mesmo há bem poucochinho, ficou resolvida a situação.

Um grande sarilho lidar com a NETCABO, em situações destas. As explicações escasseiam, são contraditórias. Dizem que é logo, ... amanhã.... que vão enviar equipas técnicas pois o seu caso parece complexo... os modem não reconhecem... etc.

Os períodos para a visita das equipas técnicas são de cinco horas - o que, como se está a ver, exige uma grande "prisão" das pessoas.

Quando se pergunta se não se pode contactar com a equipa técnica designada, a resposta é não... é um procedimento interno. Aliás, esta do procedimento interno é da "cassete".

Esta cena passou-se comigo durante três dias com 3 ou 4 telefonemas/dia, por minha iniciativa e 2/3 no total por parte da Netcabo.

São de uma maneira geral delicados, os atendedores e as atendedoras, para mim em excesso. Pedem desculpa pelo tempo de espera, tipo cassete, de forma mais sofisticada ou menos sofisticada. Certamente ensinaram-lhes na empresa. A empresa é que não se preparou para ser eficiente.

E afinal ficou tudo resolvido, sem a necessidade da equipa se deslocar.

Semelhante a esta cena só mesmo a da mudança para o gás natural. Também foram dias de espera, períodos alargados para a visita, etc.

A questão central de tudo isto é que o que aconteceu é uma norma. Falo com muita gente que me confirma estes procedimentos.

Mas raramente as pessoas defendem os seus direitos. Se indignam. Porque há aqui uma certa prepotência de quem domina o mercado.

Certamente não vou ganhar nada com isso. Com a minha não persistência terei ganho uns dias, umas horas, a outras pessoas ainda privadas de NET.

E vou continuar, não pelos 6 euros de que tenho o direito de ser indemnizado, no mínimo, pois durante três dias não usei a NET e é isso que pago, em média por dia. Mas porque acho que é um direito .

Mas mais do que isso. Não deveria ser preciso nada disto. Deveria ser a própria empresa, no seu código de conduta, a prever esta situação.

Tudo isto é possível até um dia. Porque são poucas as empresas no mercado.

 

Presidenciais





No conjunto das sondagens Cavaco vem baixando paulatinamente ao longo da pré-campanha e da campanha mas mantendo ainda (ainda!) uma larga folga para ser eleito à primeira volta.
Mário Soares e Manuel Alegre assim como Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã têm vindo a subir e a descer e a trocar de posição numa dança de resultados incertos.
Que razões para estes resultados? As minhas razões!
Cavaco prepara meticulosamente a campanha há anos e há anos que habilidosamente tem vindo a dizer sem dizer que é candidato. Enquanto que Soares e Alegre aparecem tarde e em conflito dividindo o PS.
Mais importante do que isto é a conjuntura política. O país está numa situação depressiva, económica e psicológica há demasiado tempo. O Governo de Sócrates é em minha opinião o melhor governo possível nestas condições. Suficientemente enérgico para tomar medidas de contenção financeira, com aposta no desenvolvimento sustentável (está por ver ainda) e de reforma da administração pública (que só começou) inadiável fazendo sangue mas o menos sangue possível. Não é em abstracto o melhor governo possível. É na situação em que o país estás com os partidos e os portugueses que existem, a alternativa mais benigna do ponto de vista social.
Apesar de ser esta a realidade, os funcionários do Estado por terem sido atingidos estarão em grande parte contra o governo (contra os interesses da maioria do país!).
Cavaco apresenta-se como o futuro presidente que vai ajudar a resolver a situação. Que vai ajudar a resolver a crise.
O seu núcleo duro de apoio tem como objectivo central usá-lo como alavanca para a mudança de governo antes do fim da legislatura se possível. Os funcionários públicos descontentes com o Governo esperam (equivocadamente) que um governo do PSD, lhes reponha as benesses. Talvez sim aos que ganham acima dos 5 mil euros. Uma tal maioria na AR, no Governo e na PR reformaria a AP sem as cautelas sociais do governo de Sócrates.
O bom povo aflito quer um salvador. Mesmo que seja um pequeno salvador. Ora Cavaco já mostrou ser um governante competente ainda que muito eleitor esteja esquecido que o foi apenas para os grandes interesses. E dá outras garantias! Não é político. E isso é muitíssimo importante, não é político! Logo é também um homem sério ou melhor os outros são uns aldrabões.
O bom povo não conhece bem a Constituição e os perigos de conflito e desestabilização política e em consequência desestabilização social e económica.
Os outros candidatos não prometem resolver a crise parece até que não servirão para nada. É a Constituição? Que a Constituição se lixe.
Cavaco promete e tem aspecto de quem vai resolver.

A surpreendente performance de Alegre resulta de socialistas descontentes com a política do Governo, da sua vitimizaçãpo relativamente à escolha do candidato pelo PS e da atitude de Alegre que não podendo ter o desejado apoio do aparelho do PS passou a ser um paladino da luta contra os aparelhos partidários. De cujo aparelho, com toda a legitimidade aliás, ele foi toda a vida um lídimo representante e usufrutuário.
Mas ser contra os aparelhos é uma coisa que está a dar. Por má compreensão do que são os aparelhos. Mas o coração e a emoção falam mais alto. E dão votos.

Na minha terra, terra de vinho e de vinhas diz-se que até ao lavar dos cestos é vindima. Por tanto aguardemos.

 

O entusiasmo de PP e o enfado de outros

Pacheco Pereira no Abrupto:

"Cresce nos blogues e nos jornais, o enfado enorme que atravessa os comentários sobre estas eleições. Resta saber se haveria o mesmo enfado se não fosse esperado que Cavaco as ganhasse. Mas este enfado gigantesco é mais uma vez a medida da superficialidade com que as eleições presidenciais são observadas... E no entanto... estas eleições são muito mais interessantes do que parecem, muito mais importantes do que se imagina.
...
"Tanta coisa por definir depois de 22 de Janeiro, que só os desatentos podem estar enfadados. Ou aqueles para quem a política tem interesse quando ganham e perde-o quando perdem." [link]

Tem Pacheco Pereira toda a razão quando enuncia a "superficialidade" dos que se enfadam com estas eleições e as desvalorizam.
O entusiamo do interessante post revela não apenas o espírito do analista sagaz como o entusiasmo do político. Entusiasmo que, "resta saber" se existiria se o que estivesse na calha fosse a derrota de Cavaco.
Uma coisa é certa. Cavaco e os novos cavaquistas esperam muito destas eleições. Bastante mais do que uma leitura não subvertora da Constituição consente.

2006-01-12

 

Sarilho na campanha

Cavaco Silva, se for eleito, "vai provocar um grande sarilho institucional"



A cara que Cavaco Silva fez na Covilhã quando os jornalistas o surpreenderam com o que Santana Lopes disse dele.



Eu não vos estava a avisar


O que Mário Soares se não disse pelo menos terá pensado:
Até o Santana Lopes, que não é nenhum cérebro por aí além, percebe!
Não votem no tipo que ele se se apanha lá o que vai fazer é criar sarilho!
Ao contrário do Manel eu não dormia descansado!



Alegre reforça campanha junto de mortos

Manuel Alegre abandonado pelo PS procura substituir o aparelho partidário pela evocação de alguns mortos visitando cemitérios e estátuas. O que já ocasionou um desaguisado com Jerónimo de Sousa na disputa de Álvaro Cunhal.



Jerónimo um candidato feliz


Está descansado camarada que na segunda volta engulo o sapo e voto no Soares - segreda-lhe ao ouvido, ao que se suspeita, ser uma antiga namorada.




A Inteligência ao Poder


Exige, no Público, Cláudio Torres, o mandatário em Beja de Louçã.



Nota: numa tentativa de arranjo gráfico o post inicial desapareceu. Salvaram-se as imagens em arquivo.


2006-01-11

 

Havemos de resolver isso

Mal me viu entrar então como é que vai a campanha do Alegre? Não sei porquê acha que o meu candidato é o Manuel. O Soares vai em grande forma excepto nas sondagens respondi eu a marcar o terreno e o Antunes?
Olhe eu não sou nada do Cavaco (mau, quando começam assim já sei...) não
sou nada do Cavaco, desculpava-se ele, sabe mas ele é o único que pode resolver a crise. Como assim? Então não ouviu o ministro das Finanças nos Prós e Contras a dizer que daqui a 10 anos já não há dinheiro para as reformas? Não é bem assim. Pois talvez não seja mas o único que disse que "havemos de resolver isso" foi o Cavaco!

 

Calvin & Hobbes

Quem como Bill Watterson, com Calvin & Hobbes, nos faz rir, enternecer, olharmo-nos, filosofar?

Pensei dizer qualquer coisa aqui, para os mais distraídos, sobre estes nossos amigos, mas a net, traz tudo melhor do que eu possa dizer. Por exemplo no excelente site de André Oliveira [aqui]

2006-01-10

 

"Pinho não é remodelável"

Vai ficar hoje a saber-se pela boca do próprio, em entrevista à Sic notícias - noticia o DE - que Manuel Pinho não é um Ministro "remodelável".

Mas vai ainda saber-se mais que Manuel Pinho tem ainda "muito para dar" ao governo de José Sócrates.

Se fôr como até agora, estamos entendidos!!!!

 

Ainda o Pe. Melícias

Afinal não estou sózinho na "curiosidade!!!" quanto à entrada do Pe. Melícias no campo da publicidade.
Vejamos a opinião de Eduardo Oliveira e Silva no DE de hoje, ainda não disponível on -line, sob um sub-título Deus meu!. A dado passo lê-se. Em Portugal e passo a citar " há filhos e enteados. Uns podem fazer tudo e outros, à mínima argolada, levam nas orelhas. Vem isto a propósito da "Bíblia dos padres paulistas."....colecção recomendada pelo Pe Melícias... "trata-se de dar a cara por anúncio publicitário, que promove uma obra e um jornal em concreto. E isto de uma forma equívoca que não foi encontrada por acaso. Mesmo dando de barato que Melícias dará o seu "cachet" a uma obra de caridade franciscana, não deixa de ser estranho que a ética não seja questionável neste caso."

 

Jordânia de cócoras

A Jordânia tinha sido o único país árabe a reconhecer o Tribunal Penal Internacional. Ontem vergou-se às ameaças que, especialmente desde a invasão do Iraque, os Estados Unidos lhe fazem.
O Parlamento da Jordânia aprovou ontem um acordo que dá aos cidadãos dos Estados Unidos no país imunidade contra qualquer acusação por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional. "O acordo bilateral diz que qualquer pessoa de nacionalidade norte-americana ou que trabalhe para o Governo dos EUA e seja acusada pelo TPI será entregue por Amã a Washington, e não ao tribunal internacional de Haia.
Este acordo que deixa o reino Hachemita de cócoras garante-lhe, no entanto, a continuação da "ajuda" militar e económica dos EUA (206 milhões de eurosem 2005). Pau e cenoura. (Público link para assinantes)
Já Timor Leste se submeteu, que remédio, às mesmas exigências.

2006-01-09

 

Parabéns Inês Fontinha

"Não conheço nenhuma mulher que goste ou queira ser prostituta".
É Inês Fontinha, directora de O NINHO, que o diz, no programa da Renascença Diga lá Excelência e reproduzido no Público de hoje [link]. E ela que já dedicou, com paixão, trinta anos da sua vida à reinserção social de mulheres que se prostituem, sabe do que fala!

"Madeirense, 62 anos, formada em Sociologia, nomeada para o prémio Nobel da Paz, condecorada por Jorge Sampaio e homenageada pela Assembleia da República com o prémio de direitos humanos" (Público) Inês Fontinha responde à pergunta do jornalista que quer saber de que vive O Ninho, instituição que já lidou com sete mil mulheres: "tem atravessado dificuldades imensas. Vive de um subsídio mensal dado pela Segurança Social, que não é actualizado desde 1987". Vive da dedicação de Inês Fontinha e de quem com ela trabalha. Garanto eu.

 

Mais claro é difícil

Cavaco veio hoje dizer que "o país está sem rumo". Afoito pelas sondagens o lobo vai mostrando os dentes por baixo do capuchinho vermelho. Se for eleito presidente tratará de lhe dar um rumo. Mas como? Com um golpe constitucional?
Os que estão descontentes com as inevitáveis medidas de contenção orçamental tomadas pelo governo que se cuidem com o rumo de Cavaco.

 

O Estado torcionário

Esse mesmo. O Estado norte-americano, sob a presidência de W. Bush. Que para evitar as leis e a reprovação dos seus cidadãos trafica presos sem culpa formada, sem protecção jurídica, à margem e contra as leis internacionais, para países onde a dignidade humana e os direitos do homem não contam mas conta a cumplicidade dos governos, onde possam secretamente e sob a sua supervisão serem torturados ou dar-lhes sumiço.
Agora foi o jornal suíço Sonttagsblick (ver Público de hoje) a denunciar um relatório secreto do ministério da Defesa que dá conta de que 23 cidadãos iraquianos e afegãos foram interrogados numa base em Constanza na Roménia e que existem centros de interrogatórios semelhantes na Ucrânia, no Kosovo, na Macedónia e na Bulgária.
A cumplicidade, activa ou através da "vista grossa" dos governos dos países da União Europeia, incluindo o português, acerca dos voos da CIA para tal tráfico, também é sintomático da vassalagem que ainda vai prevalecendo nas relações com o "grande irmão".

 

Cavaco "capitão de Abril"

Carlos Beato, capitão do Movimento das Forças Armadas, actual presidente da câmara de Grândola pelo PS, levou Cavaco a Grândola onde o candidato se prestou à cerimónia de, com a sisudez que se lhe conhece, cantar a "Grândola Vila Morena".
Por isso é oportuno não esquecer que foi exactamente o governo de Cavaco SIlva que, enquanto garantiu pensão a pides por "relevante serviços à Pátria", a recusou ao companheiro de armas e amigo de Carlos Beato, o capitão Salgueiro Maia.

 

Cavaco o demagogo

Cavaco Silva, na sua campanha ontem pelo Oeste, prometia com ar sério, que se chegar a Presidente, contrariará a ocupação de lugares da Administração Pública por clientelas partidárias ou por amigos pessoais dos governantes. Mas o seu consulado de 10 anos como 1º Ministro foi o período em que o país assistiu atónito à mais extensa, sistemática e despudorada ocupação do aparelho de Estado pelos "boys" do PSD ou de seus "amigos pessoais". A tal ponto que sem o cartão laranja no bolso não havia esperança de acesso a emprego do Estado por medíocre que fosse.
Foi tão impressiva esta partidarização do Estado pelo cavaquismo que esteve na origem da célebre (e afinal vã) expressão de Guterres, ao chegar ao Governo, de que não haveria "jobs for the boys".

 

A esquerda nestas presidenciais (2)

A situação começa a ficar complexa no campo da esquerda. A esquerda no seu conjunto tarda a recuperar.

A sondagem de hoje do DN, desfavorável à esquerda, deve servir de tonificante para que algo de novo e profundo possa acontecer na campanha de forma a assegurar uma segunda volta.

Há muitos indecisos, mas sobretudo há uma grande massa de potencial transferência de votos para Cavaco Silva de toda a esquerda e designadamente de votantes PS.

Há que rapidamente mudar o curso desta potencial dinâmica e atrair os indecisos, pois segundo estudos recentes, é no mês das eleições que grande parte das decisõs de voto se tomam. Há pois tempo ainda para mudar, com propostas acertadas.


2006-01-08

 

A esquerda nestas Presidenciais

O PS acordou tarde para as presidenciais. Acordou tarde e dividido. Eventualmente, o tarde decorre do dividido ... e de muitas fragilidades em diversas frentes.

Sócrates ganha no PS, ganha as legislativas cedo demais, mas faltou-lhe o tempo para ganhar o PS e, deste modo, consolidar uma candidatura presidencial de outras características.

Como se sabe uma candidatura leva o seu tempo a singrar. Vejamos Sampaio há 10 anos.

Vejamos Cavaco agora. Quanto tempo esteve ele a preparar a actual candidatura? A mais longa preparação de sempre.

Neste contexto, a esquerda que poderia polarizar uma candidatura forte apresenta-se bem frágil e sem estratégia determinada, sem uma alternativa clara.

Com isto não quero dizer que a segunda volta não seja possível e que esse frente a frente entre Cavaco e Soares esteja fora do Horizonte, apesar de alguns erros estratégicos de Soares e de uma tardia mobilização.


 

A promoção à venda da BÍBLIA

Todos os dias quem vê Tv, ouve rádio ou lê alguns jornais é bombardeado pela voz, pela figura ou pela foto do Pe. Melícias a vender a "melhor" bíblia do mundo - aquela que o JN distribui contra um X do cliente do dito Jornal.

Nada tenho a ver com que a igreja ou os seus pastores entrem no mundo dos publicidade.

Apenas me surgiu uma curiosidade: com que cachet se fez pagar o Pe. Melícias neste "acto litúrgico"? - sermão não falta. Ou será que é gratuita esta promoção comercial desta bíblia? A sê-lo, caso pouco provável, não entraria no campo da concorrência desleal?

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