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2006-10-31

 

Fidel Castro e o filme prova de vida

As televisões mostraram um filme em que Fidel Castro faz prova de vida. Cambaleia pelo quarto, afirma que está vivo, ameaça a América e sem dúvida que a sua fantasmagórica aparição é quanto basta para fulminar qualquer inimigo que desprevenido o contemple.

O filme - dizem as televisões - foi feito e distribuído pelas autoridades de Havana para provar que Fidel está vivo, a recuperar bem e em breve voltará ao seu posto de "comandante em chefe".

Mas... mas ninguém me tira da cabeça que aquele filme é uma maldadezinha feita pelos emigrados de Miami.


 

Um dia de energia e da Energia

A Europa precisa de concertar, entre os seus Estados membros, uma política energética.

Barroso veio à conferência DN energia apresentar os traços que vão enformar essa estratégia. A jornalista e directora adjunta, Helena Garrido, no dn.editorial equipara a possível estratégia europeia da energia a um novo euro.

Estou em quase total acordo com o texto de Helena Garrido. Apenas me distancio da sua visão nas relações Europa/Rússia, onde a energia é determinante.

Penso que se continua a ver a Rússia sob um preconceito antigo, do tempo da guerra fria, com uma Europa receosa de desagradar aos EUA, mesmo quando estão em causa interesses fundamentais seus como este da energia.

É evidente existindo uma Europa da energia e não 25 minimercados, as condições de negociação são outras. Mas será a Rússia a culpada de tanto desentendimento e atraso nesta matéria na Europa?! Ou será aquele sentimento e actuação dos países europeus que Freitas do Amaral ontem mencionava no lançamento do livro Soares/Frederico Mayor de que, nas suas reuniões europeias, enquanto MNE, nunca viu "soprar o espírito europeu"?!

Porque dá a Europa tanto relevo à eventual entrada da Turquia na União e não minimamente equaciona cenários de uma possível entrada da Rússia? A Turquia mais Europa ou um dedinho americano?




 

Orçamento do MOPTC em discussão na AR

Fim da manhã. Plenário da Assembleia da República. De um lado o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, os dois secretários de Estado e o presidente da comissão de Economia. Na sua frente os diferentes grupos parlamentares da comissão.
A retórica do costume. O Governo (este como todos os Governos em geral) traz a lição bem estudada. Do lado dos deputados há algumas boas intervenções mas abundam análises pouco profundas, trabalho de casa insuficiente, proposta de OE mal estudada e chacota para a televisão mostrar.
O deputado Hélder Amaral do CDS reprovava ao Governo o gasto de 171.470 euros com os 3 estudos sobre as SCUTS. E exigia tento no gasto dos dinheiros do contribuinte. O pior foi que o secretário de Estado, Paulo Campos, lembrou-lhe que "o seu Governo" (PSD-CDS) também encomendou sobre as SCUTS três estudos que custaram 1.700.000 euros, "dez vezes mais" e que isso não tinha impressionado o "Sr. deputado". Este respondeu depois que eram estudos diferentes e de maior âmbito. Mas... eis o resultado da busca do efeito fácil.

 

Como retirar 60 mil camiões da estrada?"

Álvaro Teixeira, presidente da ANTRAM, em entrevista recente diz que apresentou ao governo o "programa de abate de veículos pesados de tecnologia agressiva (PIAMB)" que, a ser aplicado, permitia reduzir em cerca de 61 mil camiões a frota total em Portugal, boa parte deles com mais de 11 anos de idade.

O que ganhava o País com isso?

A estarem correctos os cálculos do programa da ANTRAM o país ganharia: emissão de CO2 reduzida em 40%, equivalente a uma poupança de 49 milhões de euros na compra de licenças de emissão da carbono até 2010.

Álvaro Teixeira afirma na entrevista que Portugal é a sucata da Europa, pois há empresas a importar camiões com dezoito, dezanove e vinte anos.

Não conheço o programa, nem tinha ouvido falar dele. Mas o governo, através de vários dos seus ministérios, como o do Equipamento e Obras Públicas, Economia e Ambiente, não pode deixar de analisar este contributo que certamente quererá algumas contrapartidas (não há almoços grátis), até porque se trata de um sector onde marcamos pontos, em posição cimeira na Europa no transporte internacional de longa distância.

Também todos sabemos que internamente o sector é o caos. Mau transporte e serviço qualidade/preço, desorganização empresarial, etc. O acesso à actividade é um atraso de vida. Sector fundamental em termos de ambiente e de consumo energético que precisa de mudar.


2006-10-30

 

Ás vezes a economia tem cheiro

Mesmo no meio de uma mudança de casa que me tem impedido de participar no blog não posso deixar de reagir ao anúncio de um fórum novas fronteiras a realizar em 2 de Novembro próximo. Uma das conferências intitulada "Os novos clusters Petroquímicos em Portugal" conta com a participação de um representante de Dow Chemical.

Para quem não se lembra a Dow Chemical é proprietária da Union Carbide é a responsável pelo acidente de Bhopal (Índia) que em 3 de Dezembro de 1984 causou a morte de, pelo menos, 15 000 pessoas. As famílias das vítimas receberam entre 300 e 500 dólares de indemnização e a Dow Chemical nunca assumiu as responsabilidades do acidente nem despoluiu a fábrica que continua a causar danos ambientais. Sobre este assunto podem ver a história do interessante hoax dos yes man.

Será que os organizadores deste fórum ignoram a história da Dow Chemical? Ou será que a economia justifica tudo?
 

O quadro edílico do Governo com a banca

Enquanto em 2005 a maioria dos portugueses viu diminuir as suas receitas e a economia cresceu uns míseros 0,2 ou 0,3 % “os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal registaram um crescimento médio dos lucros de 37%" somando 1.600 milhões de euros.

Quando a austeridade imposta pelo défice ameaça as emagrecidas bolsas dos Portugueses e o fisco se esmera na busca do último cêntimo taxável é quase comovente ver como o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, protege a banca cobrando-lhe apenas 18% de IRC em vez dos 25% cobrado às outras empresas.

Não menos enternecedor é "um despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, João Amaral Tomás, a confirmar que a banca não vai pagar o IRS e IRC que deveria ter retido sobre juros pagos a investidores em obrigações emitidas através de sucursais exteriores. O Governo alega a "boa fé" do sistema bancário na interpretação da lei" e dá-lhe ainda mais um tempo para promoverem a fuga aos impostos desses seus clientes das ilhas Caimão e outros templos do branqueamento de capitais, até Dezembro de 2006."

Com os bancos o fisco amolece. Derrete-se mesmo. Porque será?


2006-10-29

 

97,2 %




Sócrates manifestou, nas televisões, o seu orgulho pela votação que obteve na reeleição como secretário-geral do PS. E tem toda a razão. Com 97% dos votos conseguiu uma votação verdadeiramente bolchevique.

 

"O Congresso do Governo"

"Na eleição de delegados [para o congresso do PS], as listas afectas à moção de José Sócrates elegeram 1384 delegados, cerca de 99 %, contra nove da moção encabeçada por Helena Roseta (0,6 %) e seis de Fonseca Ferreira (0,4 %), tendo-se registado 714 votos brancos e nulos (2,7%).
Em 2004, quando disputou a corrida à liderança com Manuel Alegre e João Soares, o actual secretário-geral obteve mais de 28 mil votos, sendo eleito com uma percentagem de 81%.



Esta situação unanimista pode empanturrar de safisfação o PS mas é bem paradigmática da insuficiente vitalidade dos partidos de poder.

Uma vez no Governo as clientelas partidárias sossegam refasteladas com os "jobs for the boys" e esquecem divergências que na disputa do poder interno aquecem ao rubro mais pela ambição de alcançar o job (para muitos que não para todos) do que por apego a consistente projecto alternativo ou a contrastantes valores de cidadania.
Não se pede, obviamente, a Sócrates e aos seus fiéis que promovam a oposição interna mas já se lhes devia reprovar as atitudes ríspidas que inibem o contraditório naquilo que mais importa, a crítica à governação.
Bem caracterizou, Ana Sá Lopes, no DN de Sábado, o congresso do partido, chamando-lhe o congresso do Governo.
Há a percepção da parte de muitos militantes que essa sua qualidade os deve inibir de "criar dificuldades" ao partido e ao Governo que seriam habilmernte aproveitadas e potenciadas pelas oposições. Não tenho essa opinião. Apesar da nota positiva que dou ao Governo, ainda que com algumas reservas nomeadamente na má distribuição dos sacrifícios para a resolução do problema do défice, acho que um vigoroso debate sobre as políticas do Governo seria um prova de vitalidade, que não deixaria de ser tão apreciada e indutora de apoios externos como o foi a bem disputada luta interna pelo lugar de secretário-geral.
Será (seria!) oportuníssimo a meio do mandato governamental e parlamentar o contraditório desinibido, sério e sem tibiesas, da governação. Seria uma verdadeira lufada de ar fresco, antídoto para o autismo e auto-satisfação para que inelutavelmente tende qualquer poder e oportunidade para a correcção do que se concluisse não ir bem.
Há muito a fazer para a necessária reforma dos partidos. A começar pela apresentação de contas certas. É por aí que tem de passar em primeira mão as mudanças de que o sistema político carece.
Reforma dos partidos. Uma reforma paulatina, de pequenos passos se não puder, como parece não poder, ser de passos grandes mas que, mesmo assim, exigem determinação, persistência, um braço de ferro permanente. Contra os interesses instalados e os que se querem instalar. Por uma ética de serviço público.

2006-10-28

 

Manholas (5)



Ai a popularidade!

A leitura da sondagem da Marktest, publicada no DN de ontem, deixou-me particularmente apreensivo.

Parece ter chegado a hora em que o povo começou a perder popularidade junto dos governantes.


 

Manholas (4)


Branco no Vermelho

Não há nada mais inocente do que um concurso nacional para deslindar o melhor português de sempre. Anima o mercado mediático, polariza a atenção dos portugueses “em torno de valores positivos”, mesmo na altura em que as queixas e os protestos sobem de tom e a popularidade de metade dos ministros já vai abaixo da linha de água.

Contava-se, entre os curiosos do marketing e da publicidade de outros tempos, uma piada exemplar. Depois de uma expedição espacial soviética ter iniciado a ciclópica tarefa de pintar a lua de vermelho, a Casa Branca demorou a reagir. O Presidente Norte Americano estava enclausurado na Sala Oval em aceso aconselhamento. Por fim, graças a uma fuga “orientada”, o plano Norte Americano transpirou. Não havia nada a temer quanto aos valores ocidentais. A próxima missão da NASA já estava selada. Transportaria as toneladas de tinta branca necessárias para, em cima do vermelho, desenhar o logo da Coca Cola.

Edificante, - não é?

Quem poderia, então, resistir à tentação de aproveitar este “ingénuo” concurso em demanda do melhor português de sempre, sem lhe tentar colar em cima o seu logo?

Brincamos, ou quê?!

 

Manholas (3)



Pedro Nunes

A Sociedade Portuguesa de Matemática apela ao voto em Pedro Nunes. Está no seu direito. Quem, melhor do que um matemático, poderia preencher os quesitos de melhor português de sempre? Alentejano, cosmógrafo, inventor do Nónio, professor da Universidade de Coimbra…
Querem melhor?
Vou ali e já venho!

Miguel Gaspar, crítico de televisão do DN, acha que não nos devemos inquietar demasiado. Desvaloriza o “concurso” [
ver aqui] e alinha naquela lenga-lenga de não devermos levar-nos demasiado a sério…
Pois, pois…

A Sociedade Portuguesa de Matemática está de parabéns. Compreendeu o falso carácter lúdico da iniciativa da RTP1. Evita assim quaisquer incómodos com o século XX, em cujo intervalo temporal o Manholas fez a vida negra, perseguiu, expulsou, prendeu, torturou, exilou centenas de portugueses e portuguesas, matemáticos e não matemáticos. Deslocando-se para o século XVI (que é claro também não foi há tanto tempo como isso…) fica de bem com toda a gente. Afirma a gesta matemática, fazendo render o seu capital simbólico, e esquiva-se a discussões estéreis.

Entre a pretensa ludicidade da linha desdramatizadora, e a feroz militância da seita estado-novista, os matemáticos continuam, felizmente, a saber fazer contas.


Do mal, o menos.


2006-10-27

 

EMEL "braço armado" da vereadora

Os fiscais da EMEL já adquiriram o estatuto de poder multar em Lisboa o automobilista estacionado, em qualquer sítio, em contravenção. Lisboa passou a património dos fiscais da EMEL, ou seja, a senhora vereadora da mobilidade montou o seu braço armado. Tanto porfiou que a AM lá o aprovou.

Teremos agora os polícias municipais nos excedentes?

Hoje logo de manhã cruzei-me com um PM a fazer o mesmo que eu, a parar em sítio EMEL, para tomar café. Estacionamos ao lado um do outro. Percebi que o meu vizinho de estacionamento era da PM porque o carro não enganava.

Então gracejei. Temos agora também a polícia em terrenos EMEL. O Homem sorriu e replicou, é verdade .


 

O ambiente aquece

Não é do meio ambiente que vou falar, o que também dava, porque este está na realidade a aquecer. É do "meio ambiente" político.

Este mês de Outubro não tem corrido de forma nada simpática para o governo que muito tem feito por o merecer.

Ontem, o Ministro das Finanças Teixeira dos Santos, um dos ministros mais equilibrados na sua actuação política, apesar de ter a pasta mais odiada, certamente com a clara noção de que "a coisa está a ficar preta", vem dar resposta a algumas vozes críticas de dentro do seu partido que dizem e com razão que os custos dos desequílbrios e má gestão do país estão a ser mal repartidos.

E assim anuncia medidas, embora vagas, para levar a banca a pagar maior taxa efectiva de IRC. As reacções não se fizeram esperar. Os partidos de esquerda lamam por pouco e duvidam da promessa do Ministro, a associação de bancos vem dizer que o sector é dos mais regulados, etc, etc.

Também estou um pouco como São Tomé, mas aguardo com alguma expectativa.

Na realidade, como ainda hoje é anunciado, os 4 maiores bancos privados obtiveram de lucros de Janeiro a Setembro 1,4 mil milhões de euros de lucros, equivalente a uma subida de lucros de 20% face a igual período do ano passado. Se sobre isto apenas incidir IRC à taxa de 17,3% sabe pouco face ao esforço exigido ao país no equilíbrio das contas públicas. Mas não vou na demagogia de que a mercearia do meu bairro paga 25%de IRC. É falso porque pouco ou nada paga. A seriedade é uma coisa que não abunda.


2006-10-26

 

Manholas (2)




Isto de escolher alguém (a ideia, a imagem de alguma coisa que parece ter a ver com alguém) para representar seja o que for, não passa, afinal, de uma banalidade quotidiana. Andamos o tempo todo nisso. É disso que falamos a maior parte do tempo; é assim que pensamos, sentimos, nos alegramos e sofremos, representando coisas, pessoas, desejos e decepções.

Por isso, não deixa de ter uma certa graça que a minha vizinha do rés do chão sonhe esta noite com a Deuladeu Martins e um dos meus amigos de infância se procure convencer de que também há (haverá?) um astronauta português, misterioso e incógnito.

A coisa ganhou um novo semblante quando a bambochata mimetizadora dos “concursos lá de fora” se transformou num braço-de-ferro com a nostalgia estado-novista.

Não foi por omissão nem por remissão do maior ditador do nosso século XX que a coisa deu no que deu.

Estou convencido que não.

A explicação mais profunda para este revivalismo em torno do Manholas encontra-se no facto de, entre nós, haver, por demais, quem sossegue refasteladamente nas teorias da inevitabilidade disto e daquilo, da irreversibilidade das “conquistas de Abril”, pensando, suponho, que a história é uma coisa do passado.

Os fãs do Botas não esperavam outra coisa!

 

Manholas (1)



António Oliveira Salazar

O programa de 4ª à noite, na RTP1, ainda à procura do “grande português de todos os tempos”, continuou encalhado em Oliveira Salazar. Maria Elisa bem se esforçou, justificando a não inclusão do nome do ditador de Santa Comba na primeira lista de “sugestões”, tal como a sua inclusão na(s) nova(s) lista(s) gentilmente disponibilizadas pelo Canal Um. A emenda foi pior do que o soneto. Os salazaristas presentes e ausentes rejubilaram.

Não se falou de outra coisa.

Por outro lado, os que costumam ser claros e fluentes, meteram os pés pelas mãos, numa atrapalhação inusitada. Joana Amaral Dias empertigou-se com Ricardo Araújo Pereira -- a despropósito, penso; Luis Reis Torgal, foi na jogada de Maria Elisa, e meteu a agulha para a abundância historiográfica acerca do Estado Novo; Eduardo Lourenço parecia acabado de sair da cama, entre o estremunhado e o distraído, enfim…

Pelo contrário, as coisas pareciam correr bem a José Hermano Saraiva, que protestou contra tantas críticas injustas ao Botas, afinal um pobre de pedir, ditador, sim, mas praticamente sem fortuna pessoal, enfim, um santo homem.

Lídia Jorge, perto do fim, ainda caracterizou esta busca insana de um grande lusitano como algo que releva do mito, não da história. Luis Reis Torgal deve ter sorrido interiormente.

De que modo poderiam os mitos fugir da história?

 

BREVES lá de fora

ISRAEL

Fragilizado com a invasão do Líbano e a semi-derrota por lá sofrida o Governo de Ehud Olmert foi recauchutado com a entrda do partido de extrema direita de Avigdor Lieberman o Yisrael Beiteinu.


Iraque: o bom governo

Ali Allawi, ministro das Finanças no Governo interino do Iraque chefiado pelo seu primo Ayad Allawi (Junho de 2004 a Abril de 2005) disse no programa 60 minutos da CBS que dos 1.200 milhões de dólares destinados a armamento para o Iraque, 800 milhões foram roubados por membros do Governo interino através de negócios fraudulentos.
Não estou preocupado, devem estar em boas mãos. Talvez aí uns 600 milhões em mãos americanas e uns 200 em mãos iraquianas.



Coitado. Teve de dar o dito por não dito.

Alberto Fernandez, director do gabinete de diplomacia para o Médio Oriente (EUA) teve de se retractar por ter dito duas verdades: que a política para o Iraque do seu país (pela foto e o nome percebe-se que é latino-americano) era "arrogante" e "estúpida".

"Num email enviado aos jornalistas explicou: «Não representa a minha opinião nem a do Departamento de Estado, pelo que peço desculpas»" (Público de 2006-10-24, pág 16)

Poderia dizer que estava bêbado ou algo assim para tudo se tornar menos comprometedor. Quer para ele quer para os patrões.


 

Estultícia e bom senso

Pedro Nunes, não o que inventou o Nónio, mas o presidente da ordem dos médicos e guardião da Ética, garantiu (entrevista Público/Renascensa, 2006-10-23) - contrafeito se bem interpretei - que "nenhum médico será alvo de processo disciplinar por fazer um aborto ao abrigo da lei". Valha-nos ao menos isso. Não se lembrar de os mandar prender!
Já o ensaísta Eduardo Lourenço tem sobre a IVG outra opinião. Hoje na Gulbenkian:
«Eu considero o aborto uma tragédia absoluta, mas a sua criminalização é um absurdo. Não há nenhuma razão, nem sequer de ordem religiosa, que justifique que o aborto seja criminalizado».

2006-10-25

 

Aberrante

Anda o Carvalho da Silva com a CGTP, mais o Paulo Sucena com os Professores, com um sucesso do caraças... para quê afinal? Vai o Jerónimo de Sousa e o Avante desatam a apoiar as FARC e o "camarada" Kim Jong-Il !...

As pessoas, parecendo que não interrogam-se. Vão nas manifs e pensam com os seus botões: para além da luta pelo tostão que também queremos o que eles querem mesmo é a Coreia do Norte?


 

Que Ministro naïf !!!...

Seria interessante que os ministros não afinassem todos pelo mesmo diapasão, à colégio militar. O mesmo sotaque, os mesmos tiques, a mesma postura sisuda, quando não agresssiva, porque a questão do jornalista mexeu lá por dentro, é negativo, pouco criativo e nada simpático. Faz lembrar o ditado: todos ao mesmo e fé em Deus. Há que vencer!

Um deus tem comandado este e os governos anteriores: o deus do défice orçamental. Deixem essa tarefa para o ministro Teixeira dos Santos que a faz muito bem e não precisa de ajudantes. É o seu papel.

Era bom uns tantos ministros "naïfs", desinibidos, com propostas inovadoras, fundamentadas, para as questões difíceis que ensombram o futuro económico deste país. Fazer as pessoas pensar. Porque atenção, há gente preocupada, independentemente dos quadrantes políticos, com as saídas para este país.

Agora, vir afirmar que a electricidade terá menor subida em 2008 e 2009 é ser naïf pela negativa. Quais as bases internas e internacionais? É pensar pouco. Saber fazer marketing é uma arte. Depois da baralhada do défice das tarifas, não cai bem esta forma pouco credível de falar sobre as tarifas eléctricas futuras. Há quem fade demais.


2006-10-24

 

Exigência despropositada e o caos nas escolas

A 20 deste mês o Secretário de Estado Adjunto e da Educação Jorge Pedreira, apresentou aos sindicatos dos professores mais uma proposta de alterações ao Estatuto da Carreira Docente mas punha uma condição: os sindicatos pararem com a conflitualidade e restabelecerem a serenidade nas escolas.
A Plataforma de Sindicatos de Professores, com Paulo Sucena à frente, respondeu de imediato: Conferência de imprensa:
"Os Sindicatos não se vendem"
"A dignidade dos docentes não se abate"
abaixo assinado a pôr a correr pelas escolas de todo o país:
"Não à chantagem, sim à negociação"
E eu não sei que mais admirar se o topete do Secretário de Estado a exigir para negociar o fim da conflitualidade ainda por cima a quem vive do conflito, se a "serenidade" de Paulo Sucena e dos sindicatos dos professores.

 

O aborto em Portugal visto de lá (2)

Aqui em baixo, coloquei um post com o título "Os Portugueses vistos de lá" e um link que por erro não levava a lado nenhum. O SAM do Fênix ad Eternum chamou a atenção para o facto e mostrou interesse em saber que prosa era aquela?
Para ele e os leitores do Puxapalavra aqui fica agora o link do que afinal era o
editorial do El País de 2006-10-21 cujo texto completo vale a pena ler e de que aqui fica mais um extracto.

"LA FRONTERA DEL ABORTO"

"... Aquel resultado [do 1º referendo] fue la consecuencia lógica del deseo de los líderes de los dos grandes partidos (el socialista Guterres y el socialdemócrata Rebelo de Sousa, ambos profundamente católicos), que prefirieron dejar la consulta en manos de los radicales: por un lado los partidarios del sí ("la mujer es dueña de su vientre"), por otro los del no ("el aborto es pecado mortal").

"... cuando apenas 1.000 de las 20.000 portuguesas que abortan cada año lo hacen de manera legal y segura. El resto recurre bien a clínicas privadas ilegales, bien a clínicas legales españolas, en el mejor de los casos; y en el peor, a métodos caseros, llenos de riesgos: 11.000 mujeres ingresan cada año en urgencias declarando haber sufrido abortos espontáneos para evitar ser perseguidas judicialmente. Desde 2002, 40 mujeres y profesionales de la salud han sido procesados por abortos ilegales.

El primer ministro, el socialista José Sócrates, decidido a poner fin a esta situación anacrónica, ha abierto esta semana la campaña por el sí con un discurso prudente pero firme, más pragmático que ideológico, orientado a favorecer el consenso. La oposición del PSD ha votado a favor del referéndum, lo que también habla a favor de la sensatez de su líder, Marques Mendes. ..."


 

A EMEL polícia

Temos a cidade de Lisboa com uma Câmara muito criativa, em várias frentes.

Um presidente a endividar a Câmara, a mandar avançar obras sem as devidas licenças... uma vereadora a querer transformar os fiscais dos parquímetros da EMEL em polícias, etc. Apenas não expliccitou se quer os fiscais/polícias de arma ou sem arma. Já agora se a senhora vereadora pretende com arma, dê-lhes pelo menos um treinozito e não se engane na compra de armas. Parece que isso está a acontecer em outras "armas".

Não será isto tudo criatividade?

Claro, a EMEL polícia vai passar a desempenhar funções da Polícia Municipal, isto é, vai multar os cidadãos estacionados em domínios que não são da EMEL. Não se ficou a saber se os polícias municipais, sim aqueles de farda, entram agora em férias permanentes. E já agora para quando os vereadores/as polícias municipais?


2006-10-23

 

Por este andar...

James Baker, ex-Secretário de Estado de Bush pai ajuda Bush filho liderando uma comissão de estudo para saber o que se há-de fazer com o Iraque. A situação está sob pouco ou nenhum controlo e a democracia que era suposto ser tão desejada parece que ninguém a quer.

Duas ideias centrais da comissão Baker: retirada por fases das tropas americana e convite ao Irão e à Síria (onde se diz que já há contactos entre norte-americanos e sunitas iaquianos da rebelião) para participarem no combate à violência.

Por este andar ainda vão pedir a Sadam Hussein para ajudar a restabelecer a ordem.


 

O espectro da derrota no Iraque

As eleições para o Congresso dos EUA a 7 de Novembro próximo puseram o Iraque no centro da agenda política e o partido Republicano na expectativa da derrota.
A eventual perda da maioria no Congresso lançou o alerta vermelho na Casa Branca. Muitos dos candidatos republicanos, empertigados falcões demarcam-se do Iraque, de Bush e voam baixinho na campanha eleitoral a emitar pombas.
As 600 mil mortes violentas no Iraque, desde a invasão em 20 de Março de 2003 (Estudo da Universidade dos EUA Johns Hopkins publicado na conceituada revista médica britânica The Lancet. 4 vezes as mortes de Hiroshima) o aumento crescente dos atentados, os 70 mortos de militares norte-americanos nos primeiros 19 dias de Outubro, obrigam W.Bush à rever a estratégia da Guerra, ainda que diga às televisões que é só para mudar a táctica.
"O general William Caldwell porta-voz do Exército no Iraque reconheceu a incapacidade do exército norte-americano travar a escalada da violência" (Público 2006-10-21) Alberto Fernandez, o representante diplomático do Departamento de Estado para o Médio Oriente, numa entrevista à televisão do Qatar, Al-Jazira, disse que " o mundo está a "testemunhar o falhanço do Iraque". "Não é um falhanço apenas para os EUA mas um desastre para toda a região" "Há lugar para fortes críticas, porque sem dúvida houve arrogância e estupidez dos EUA no Iraque". A Casa Branca tentou emendar dizendo tratar-se de uma tradução mal feita mas o discurso, em árabe, foi testado por vários serviços de tradução" (Público 2006-10-23). Bush para ajudar à festa cometeu uma gafe ainda mais alarmante pois considerou pertinente a comparação deste "Ramadão sangrento" com a ofensiva do Tet do Vietnam (o princípio do fim da guerra do Vietanm).
Entretanto o amigo Blair vai falando na retirada britânica do Iraque. Mas só daqui por uns 12 ou 18 meses.

 

A guerra nas Telecomunicações

... Ou melhor dizendo, há uma guerra latente entre o regulador das telecomunicações - Anacom e a Autoridade da Concorrência - AdC.

Desconheço as razões de tal causa. O parecer da Anacom sobre o projecto de decisão no tocante à OPA da Sonae sobre a PT foi enviado na última sexta feira. Segundo a imprensa, esse parecer é "mais rígido" que as condições da AdC.

Vamos esperar para ver. Mas não seria nada mau que a Anacom, no mínimo, se pronunciasse contra a fusão TMN/Optimus, pois não vemos como se cria concorrência aumentando o domínio de mercado pelo menos nesta área.

Os nossos olhos não são os da AdC.


 

Incompetência, Indiferença ou Compadrio?

A banca portuguesa, ou melhor a banca sediada em Portugal, tem andado a cobrar juros pelos empréstimos acima do devido e a pagar abaixo do devido pelos depósitos.

De formas variadas, consoante cada banco, seja por arredondamento, seja pela quantificação dos dias que usa por referência, segundo a Sefin, associação dos consumidores de serviços financeiros. Esta forma diferente de cálculo dos juros "dá" milhões de euros à banca.

Há quase sempre um "buraco" na lei ou na tradição ou no "não tabelamento" de preços, que permite esta actuação, ou utilizando a expressão do presidente da Sefin que permite à banca uma "actuação de má fé".

Agora que esta situação veio a público e a Sefin está a mexer-se há um certo incómodo nos meios financeiros e até já se fala que o governo até pode actuar.

Não é essa a minha questão mas a de me questionar sobre o que fez/faz o Banco de Portugal e a Autoridade da Concorrência. O que tem feito o Banco de Portugal? Desconhecia? É incompetente ou conivente? E a Autoridade de Concorrência? Também desconhecia a situação? Acho que há indícios claros pelo lado da banca de concertação de interesses. Afinal reguladores e concorrência fazem o quê? Que a APB não actue está no seu direito como associação do sector. Mas o BP e oa AdC?

Atenção, segundo os cálculos da Sefin trata-se de milhões....


 

Os Portugueses vistos de lá

"Convocado após um pacto vergonhoso para aplacar a ira da Igreja Católica e do ultraconservador lóbby médico após uma reforma progressistra da lei que tinha já sido aprovada pelo Parlamento, o referendo só serviu para dividir o país e perpectuar uma situação humilhante para as mulheres que se mantém hoje(...) Portugal não devia permitir-se presidir à UE no segundo semestre de 2007 sem resolver esta injustiça."

[Nota: agora com link activo. El País. Editorial de 2006-10-21 Link ]


2006-10-22

 

O aborto e a discriminalização

Se o referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG) até às dez semanas se realizasse hoje, o "sim" ganharia com 72 por cento dos votos válidos, contra 28 por cento para o "não". Estes seriam os resultados finais da consulta popular, extrapolados a partir da sondagem feita pela Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1.”

Quando começa a vida humana?

(Sondagem referida. Valores da tabela em %)

A partir do momento da concepção

48
A partir do momento em que há actividade cerebral 15
A partir do mom. em q há possibilidade de sobreviver fora da barriga da mãe8
A parttir do momento do nascimento8
Sem convicção formada sobre o assunto14
Não responde8

A questão central que para muitas pessoas determina a sua posição contra a despenalização da IVG é a ideia de que a vida humana começa com a fecundação do óvulo e que desde esse momento temos uma criança, quiçá um cidadão. Curiosamente uma parte dos mais radicais "pró vida", são muito sensíveis à vida do embrião indiferenciado até aos 10 ou 12 meses mas muito pouco sensíveis à vida dos milhares de homens e mulheres sacrificados em guerras injustas como a do Iraque, ou às injustiças sociais que matam milhões de pessoas à fome ou por falta de cuidados de saúde. O que a torna uma espécie de "talibãs à portuguesa".


2006-10-20

 

Ainda a trapalhada das tarifas

Certamente vai ser preciso encontrar uns "culpados" para tanta trapalhada. E alguns puseram-se bem a jeito, pois já tinham feito tantas que bem o merecem.

Nenhum cidadão consegue perceber o que esteve para acontecer com aquela enorme subida de preços, nem percebe o porquê da intervenção do governo nesta subida de 6%, até porque se associam os altos resultados da EDP à subida de preços e daí facilmente se infere da não necessidade. A situação não é mesmo nada o que parece.

Só que devia haver uma explicação por quem de direito, ou seja, o governo e em especial do Ministro Manuel Pinho (tão bem apanhado hoje no IP).

Os cidadãos não podem adivinhar que a este país tem faltado uma política energética, que as medidas são tomadas de forma aleatória e avulso e que, por tudo isto, temos um sector energético em situação complexa, mas, apesar disso, com elevados lucros.

O dn.editorial da jornalista Helena Garrido traz umas achegas interessantes sobre esta temática.

 

O Cardeal Patriarca e o aborto

D. Policarpo mostrou durante algum tempo uma postura sobre o processo referendário que me parecia de uma igreja moderna, onde o valor humano era tido como um pilar importantíssimo.

Por duas vezes, pelo menos, referindo-se ao referendo sobre o aborto, disse que a igreja católica não iria envolver-se na campanha, afirmando que o aborto era uma questão de direitos humanos fundamentais e não uma questão religiosa. De outra vez, no Parlamento, a quando do lançamento de um livro, referiu que a melhor opção para os indecisos era a abstenção.

O cardeal patriarca de Lisboa mudou muito recentemente de opinião pois vem agora preconizar que os membros da igreja devem participar na campanha e implicitamente dá-lhes orientação de voto.

Interrogo-me sobre o que terá levado a esta mudança de postura. Será que os restantes membros da conferência episcopal o terão pressionado? Na realidade, após estas declarações, o porta voz da conferência veio dizer que o aborto era uma questão não só humana mas também religiosa.

Mas o patriarca muda assim tão facilmente de opinião?

 

Cardeal em minoria na Conferência Episcopal?

D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa veio ontem explicar (Sic Notícias) qual é a verdadeira política da Igreja relativamente ao referendo sobre a IVG.

Os católicos devem votar claramente no não. O aborto não é uma questão da mulher [será uma questão dos padres?] e não é uma questão da política" [é uma coisa da religião, ao contrário do que disse, mal informado, o Cardeal Patriarca?] e deixou excessivamente claro que na campanha que se aproxima sobre o referendo relativo ao "aborto" a Igreja, o púlpito e as homilias não deixarão de estar muito activas.

O Cardeal Patriarca, entretanto, fez questão de emitir novo comunicado em que pede ao clero que não entre directamente na campanha e que deixe essa tarefa para os leigos.

A situação na Igreja portuguesa faz lembrar a de um Governo que não tem maioria no Parlamento. Aquele quer aprovar uma coisa mas esta aprova outra. Divergências. Tal como previ aqui.



Nota: o mau funcionamento momentâneo do Blogger impediu-me de perceber que tinha sido editado o mesmo post duas vezes. E não me permitiu fazer de imediato pequenas emendas que agora fiz.


2006-10-19

 

A pseudo guerra de civilizações

Dubai. Emiratos Árabes Unidos.....................................A burka. Afeganistão

Apesar de tudo o que para aí vai na "Rua Árabe" de Maomés para cá e Maomés para lá, (muito mais política que religião) estou convencido que, ali em cima, a esquerda vence a direita.
Mas temos que dar uma ajudinha. Não pode ser assim como fazemos no Iraque ou no Líbano.

 

Estilos de comunicação governamental

Acho imensa graça aos ministros. E em especial ao primeiro deles. Como se sabe a vaca sagrada da governação não fosse baixar o défice.
Cada acção do Governo - as reformas na Saúde: urgências, maternidades, na Educação: estatuto da carreira docente, nos Transportes: redução das SCTUS - além de prosseguir objectivos próprios tem sempre o olho no défice, como é compreensível e louvável. Era lógico então que à observação da oposição ou dos jornalistas de que o que querem é baixar a despesa confirmassem muito satisfeitos que assim é ainda que acrescentassem as restantes razões. Mas não. Negam a pés juntos como se a diminuição do défice nem lhes tivesse ocorrido.

 

A GNR com um pé na "Idade Média"

A GNR tem 25.325 efectivos, 485 postos que cobrem todo o país, grandes estruturas como o Comando central, a Brigada Fiscal, a Brigada de Trânsito, o regimento de cavalaria, o regimento de infantaria cada uma delas com muitas centenas de quadros e serviços. Pois bem como é que estes milhares de locais de trabalho comunicam entre si? De estafeta como na "Idade Média". A GNR satisfaz-se com o número ridículo de 300 endereços de email. E aposto que a maioria tem uma utilização residual.
"O Grupo territorial de Santarém faz deslocar de 2 em 2 dias uma unidade à sede da Brigada Territorial 2 em Lisboa para obter expediente diverso entre o qual as ordens de serviço". E noutras regiões do país percorrem-se centenas de quilómetros para fins idênticos. Combustível e viaturas para milhares de km, milhares de horas de trabalho, atrasos no serviço ao alcance de um clic.
Consta isto, além de muitos outros dados elucidativos, da "radiografia" encomendada pelo MAI a uma empresa de consultoria.

 

Surrealismo na Economia

A ERSE aumenta brutalmente o preço da electricidade para 2007 em 16 % . Não satisfeito com este rombo à depauperada bolsa dos Portugueses o Secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação diz-nos que a culpa é nossa. Estamos neste despautério quando, interrogado, o ministro da Economia diz que para ele foi uma surpresa. Pois a mim no ministério da Economia já nada me surpreende.

2006-10-18

 

Vitória dos operários da Johnson de Portalegre

Vitória parcelar mas mas mesmo assim vitória. Os trabalhadores da Johnson Controls que tinham iniciado uma greve de 4 dias, ontem, no turno das 6, regressaram ao trabalho no turno das 22 horas depois da administração ter alterado a proposta de 1,5 para 2 meses de indemnização por cada ano de trabalho após o encerramento da fábrica em Agosto/Setembro de 2007.
Vitória seria a fábrica não encerrar e não lançar no desemprego os 225 trabalhadores. Mas isso não está nas suas mãos evitar. Os representantes dos trabalhadores pediam 5 meses por cada ano, a lei, no entanto, apenas obriga a 1 mês.
A "machadinha" do drama do desemprego paira também sobre a cabeça dos 650 trabalhadores da fábrica de Nelas, da mesma multinacional norte-americana, e ameaça cair mais cedo. A Johnson quer encerrá-la em Maio do próximo ano.

2006-10-17

 

Em defesa da vida Pela IVG

"Sendo os homens responsáveis pela maioria das gravidezes não desejadas, como é possível a sociedade esquecer-se deles e penalizar as mulheres?"

Albino Aroso, médico, ex-secretário de Estado do PSD, este ano galardoado com o Prémio Nacional de Saúde [Link DN]


2006-10-16

 

Marçalo Grilo e a escola

Diga lá Excelência (ontem na RTP 2 e hoje no Público) entrevistou Marçalo Grilo. Não o administrador da Gulbenkian que hoje é mas o ministro da Educação que foi com Guterres.
Prato forte: a escola, os professores, o estatuto da carreira docente.
Marçalo Grilo elogiou a ministra mas disse, e bem, a certa altura, que os professores têm de fazer parte da solução.

Para que a guerra aberta entre Ministério da Educação e sindicatos dos professores (o que quer dizer uma grande parte destes) se perceba e sobre ela se possa ajuizar é necessário que ao menos uma vez se diga o que sempre deliberadamente se oculta - quer pela ministra quer pelos sindicatos - e torna toda esta confrontação ininteligível:

90% das razões da radicalizada luta dos sindicatos tem a ver estritamente com a diminuição, e significativa, dos vencimentos dos professores ainda que no futuro e de forma faseada.

Ou com o estatuto da carreira docente, o que conduz ao mesmo. Parece-me estúpido que de um e outro lado se procure iludir isto. Os sindicatos a dizer que a ministra move-se pelo ódio aos professores e prefere destruir o ensino a dialogar com eles. A ministra a negar a evidência da falta de dinheiro no orçamento e a deixar crer que tudo se passaria de igual modo se o dinheiro lhe abundasse.

A rebaldaria da avaliação dos professores para inglês ver e que permitia que todos, bons e maus, com o correr do tempo, chegassem a "general" tinha de acabar. Mesmo que 50 ou 60% tenham condições para chegar ao topo da carreira faz sentido que haja um quadro limitado (30% ou o que for) de acordo com as funções e cargos necessários à escola e não mais, ainda que haja lugar a algum reconhecimento suplementar do mérito desses excedentários.

A ministra tem dialogado e tem tido a cooperação dos professores sobre quase tudo o que está em causa. Excepto numa coisa: dinheiro. E os sindicatos dos professores - esses sim parece que estão dispostos a sacrificar o ensino - acham que o critério único de diálogo é o que conduza à defesa do salário. Estão, ao defender o vencimento, no seu legal e genuíno papel, não devem é dizer que se trata de alhos quando afinal é de bugalhos.


2006-10-15

 

Condoleza Rice

Cheguei ao mesmo tempo que Condoleza Rice. A entrevista, é claro, era para ela. Ela própria e não para a Secretária de Estado. Mas, já se sabe, mesmo quando olhamos para uma não deixamos de ver a outra.Foi ontem na SIC Notícias, no 60 Minutos da CBS que Crespo - e com razão - não se cansa de sublinhar ser um programa de excelência.

Concentrei-me no firme propósito de avaliar sem preconceitos a mulher que ali se apresentava. Como se eu tivesse acabado de percorrer os 13 biliões de anos de luz desde a IOK-1, uma galáxia para lá de todas as galáxias, ignorasse o Iraque, Abu Grahib, Guantânamo, o roubo da 1ª eleição de W. Bush.

Uma mulher enérgica, esbelta, agradável, 51 anos, solteira. Como se convida uma Secretária de Estado para sair? Ri-se e diz que tem muitos amigos. Gostava de casar? "Claro quem não gosta de encontrar alguém com quem se queira viver o resto da vida". Gostei da resposta. Inteligente no mínimo.

Natural do Sul viveu os anos negros do racismo, do opróbrio do apartheid norte-americano em Birmingham. Se no caminho tinha sede os pais, "como todos os pais para preservarem os filhos da humilhação" - explicava Condoleza - diziam-lhe que bebia quando chegasse a casa para não ter de ir beber à torneira reservada aos pretos. Condoleza Rice descendente de escravos, era amiga das 4 meninas assassinadas na Igreja Baptista que os racistas fizeram explodir para travar as suas corajosas lutas pela liberdade, para pôr os pretos no seu lugar.

Condoleza - os pais não seriam propriamente pobres - terminou com brilho a sua licenciatura [curta, acho eu] na universidade de Standford aos 19 anos.
Reúne em sua casa amigos que interpretam, com ela ao piano, música erudita.

Depois a entrevistadora confrontou-a com o Iraque e o resto. E pronto, assisti, cada vez mais triste mas sem surpresa à defesa de todas as mentiras. Que sim sabendo o que sabe hoje faria o mesmo. Mas da mesma maneira? "Bom não podemos reinventar o passado" etc.

Que caminhos percorreu aquela mulher para acabar como uma dirigente política das forças retrógradas herdeiras das que tudo fizeram para não se libertar da condição de "escrava"? Que a aterrorizaram em menina, a segregaram na juventude.

É pena que Condoleza Rice não tenha escolhido o campo da luta que libertou os seus pais e avós e a si própria e se tenha integrado no campo ideológico dos herdeiros da Ku Klux Klan.


 

OÁSIS POR UM DIA

Não concordo nada com as críticas que os media têm feito ao ministro da Economia, Manuel Pinho por, num momento de inspiração, ter garantido que a crise já lá ia.

A crise, como bem sabemos, por tão longa e tão escura (excepto para os que sempre enriquecem com as crises) onde nem ao fim do túnel se tem enxergado a mais tímida luzinha, atirou os Portugueses para um estado de amortalhada inanição.

O ministro não conseguindo salvar a Economia tentou, e bem, salvar os Portugueses. Deu-lhes um fôlego. Alto aí! Não desfaleçam!! A crise acabou!!!

Mostrando dominar bem a teoria dos oásis de um consagrado mestre em Economia, ofereceu grátis, no meio do deserto, um dia de oásis.

Era a brincar, uma "brincadeira de crianças" explicou, didático, no dia seguinte. Não importa, tivemos um dia de felicidade. E isso ajuda. Perguntem aos médicos.

2006-10-14

 

Islândia


 

Decisão errada

A Assembleia Nacional francesa aprovou esta 5ª feira a criminalização da negação do genocídio dos arménios pela Turquia durante os anos da 1ª Guerra Mundial.

É uma decisão errada que parece querer colocar a liberdade de expressão da França ao nível da falta de liberdade da Turquia que criminaliza quem afirme o genocídio dos arménios. É pôr a França a caminhar para a Turquia em vez de pôr a Turquia a caminhar para a França.

É uma medida oportunista para captar os votos da comunidade arménia residente em França e que não ajuda em nada a resolver o problema que é "convencer" a Turquia de que assim não tem entrada na UE.


2006-10-12

 

Correia de Campos na Grande Entrevista

Judite de Sousa quando quer sabe ser uma péssima profissional. Foi assim hoje na entrevista com o Ministro da Saúde. Para maior transparência ela deveria colocar ao seu lado a bandeira do seu partido e explicar que não estava ali como jornalista mas como uma profissional da política com agenda própria.
É que ela não deixava que o ministro explicasse nada até ao fim e especialmente não explicasse nada do que verdadeiramente interessa ao país sobre a revolução que por aí vai com taxas moderadoras, urgências, cuidados primários de saúde. Achava mais importante que o ministro explicasse as divergências com Manuel Alegre ou Jorge Coelho.
O ministro jogou no terreno de Judite de Sousa e ganhou a partida. E eu que estava a pensar pôr o nome no abaixo assinado contra as taxas "moderadoras" das cirurgias depois da actuação de Judite de Sousa até fiquei com dúvidas.

 

A grande manifestação

80 ou 100 mil manifestantes hoje em Lisboa, mesmo que mobilizados em todo o país, é muita gente e já não se via uma manifestação com tal amplitude há muitos, mesmo muitos anos.
Carvalho da Silva está portanto de parabéns e Sócrates mesmo que continuando em alta nas sondagens tem de pensar bem em como levar por diante as reformas indispensáveis ao país sem ruptura social.
Tem pela frente o Governo um desafio. Verdadeira quadratura do círculo: diminuir o défice orçamental, reformar a Administração Pública, sustentar a Segurança Social, credibilizar o ensino, preservar o Serviço Nacional de Saúde sem ruptura da sua base eleitoral de apoio.
Já nem falo no crescimento da Economia que é a chave para quase tudo isto, a começar pelo mais dramático problema social do momento o desemprego.
Mas como se sabe a economia, aberta e global, não está às ordens dos Governos. Menos ainda do Governo de um pequeno país como Portugal, apesar de membro da UE. Ela depende mais da China, da India, dos EUA, da UE. E também dos empresários portugueses a quem ninguém pede nem tem forma de pedir contas pelo seu fraco desempenho.
Enquanto a Economia não cresce, e não vai crescer muito nem rapidamente, é bom que o Governo pense, a bem dos Portugueses e também do seu próprio futuro, em como distribuir melhor os sacrifícios. "Os ricos que paguem a crise". Não como palavra de ordem mas como cábula metodológica.

2006-10-11

 

"59 segundos"

Esta miúda, chama-se Ana Pastor, é jornalista, é bonita, tem 28 anos, e é uma estrela em rápida ascensão no firmamento comunicacional de Espanha. Ela vai hoje às 22 h e 45 m (hora de Lisboa) moderar o mais famoso programa de informação semanal (às 4ª feiras) do canal estatal "primera TVE" de Madrid que se apanha bem na rede por cabo.
Vi o último programa e achei-o de alto nível. Jornalistas, políticos, uma figura de destaque convidada.
Ana Pastor substituiu recentemente Mamen Mendizábal uma consagrada e muito admirada jornalista e havia a convicção de que sem ela o programa cairia. No entanto Ana Pastor mostrou-se à altura da antecessora.
Quem tem alguma coisa para dizer tem 59 segundos, de cada vez, antes de passar a palavra a outro. E não há "apelo nem agravo" aos 59 segundos o microfone começa a esgueirar-se pela mesa abaixo donde emerge. O conferencista pode continuara a falar mas só nos oferece os gestos e o desespero.
[Link], [link].

 

A informação num Estado de direito democrático

O direito à informação é um dos pilares estruturantes de um Estado de direito democrático.

Muita gente não pensa assim, de facto, e age ou diz que age exactamente ao contrário, porque lá no intimo não assume viver num estado democrático.

Um cidadão que pretenda só ou em grupo afirmar o seu direito de cidadania, isto é, opinar ou interrogar-se é logo ameaçado de levar com um processo. Entre o bluff e a realidade, há um distanciamento enorme, contudo. E muito do social reduz-se e só ao social de circunstância.
O fogo de artifício tão característico do fim de ano na Madeira tem sido a característica destes últimos dias.
Vicente Jorge Silva numa ruptura com toda a "artificialidade" da região (pois há quem defenda o PIB regional como uma "artificialidade" e daí infere um ataque à Lei das Finanças Regionais, em vez de apontar baterias na direcção exacta) vem interrogar-se sobre o enriquecimento de muita gente, segundo ele "do dia para a noite". Uma boa questão.
Para não ser acusado, como o foi, por me ter metido na discussão da LFR, em comment no poste antes, deixo aqui o link ao artigo, A Madeira está fora da lei? . Mais um "mal informado" sobre a região Madeira.

2006-10-10

 

O discurso do Presidente

Anibal Cavaco Silva sempre foi um tipo que adora "meter manteiga a mais no pão!". Um comentário de Quintanilha num "poste" anterior - Senhor Presidente não complique - sobre este mesmo assunto que se ajusta com a maior perfeição às circunstâncias.

Continuo a pensar, como então disse, que Cavaco Silva não deveria ter discursado na tomada de posse de Pinto Monteiro. Mas Cavaco Silva adora "meter manteiga a mais no pão" e não perdeu a oportunidade.

Não é o conteúdo do discurso que está em causa. Este até teve o mérito de ter sido curto.

A questão que se coloca é o da oportunidade política de falar em tal acto. Ao Presidente compete apenas dar posse; a escolha de nomes não é da sua autoria mas do governo. E sendo assim não está a extravasar os limites das suas funções?

Será mesmo que compete ao Presidente definir a agenda do Procurador?! E a haver agenda não seria antes do âmbito da AR e do Governo? Neste contexto, é positiva a predisposição de Pinto Monteiro ter aceite ir à AR no início de mandato

2006-10-09

 

Finalmente Alguém diz "Basta"

José Sócrates esteve ontem no Funchal, na sua qualidade de Secretário Geral do PS, em trabalhos de preparação do Congresso.

Toda a imprensa, rádio e TV, tem vindo a realçar que José Sócrates, sem nunca falar da personalidade de todos nós conhecida, "pelas suas boas maneiras", alguém a quem o actual Presidente da AR, há anos atrás, chamou de Bokassa, aquele que chamou de "senhor Silva" ao actual PR, afinal é um fora de lei explicando porquê. E percebeu-se e a razão é mui simples. Há regras de endividamento no OE que não foram cumpridas e como há penalizações para tais situações Teixeira dos Santos aplicou-as. Muito simples. Só não se percebe porque razão o fora de lei é chamado à pedra só agora.

E, por esse facto, Teixeira dos Santos merece o nosso elogio. Os "tubarões" também se abatem.

 

Coincidências...

Hoje chamaram-me à atenção, deve ter sido do visual da tomada de posse do PGR, que começa a haver uma coincidência de "penteado" de algumas personalidades importantes da República Portuguesa.

Então não é que Cavaco Silva tem o mesmo tipo de penteado que Sócrates e agora Pinto Monteiro vem reforçar o grupo? Será que a moda vai pegar?


 

Um crime repugnante

Putin tem de se esforçar muito para convencer que não foi o comprido braço do Kremlin ou algum dos seus satélites tchetchenos o assassino de Anna Politkovskaya. Este crime repugnante contra uma jornalista sem medo, contra a liberdade de expressão e os direitos humanos, mostra como a Rússia tem muito que andar para trazer a sua "democracia" dos padrões asiáticos aos padrões europeus. [DN]

 

Desavenças entre Escolas de Gestão de Lisboa atrasaram acordo com MIT

Segundo relata o Jornal "Público" de hoje, a Disputa de protagonismo no MBA atrasou acordo com MIT que será assinado na próxima quarta-feira.
Não é um bom indicador para os trabalhos a empreender este ambiente de partida, até porque como refere o MIT o factor crítico do sucesso está na capacidade de trabalho conjunto entre as entidades envolvidas no contrato.

2006-10-08

 

Más Notícias ...

Os utilizadores da A1 (Lisboa - Porto) vão ter de suportar obras durante cerca de dois anos, se tudo se fizer dentro do programado, o que, infelizmente, tarda a ser uma característica deste nosso país.

Todos reconhecemos que são precisas obras de manutenção, em qualquer obra, para se preservar aquele patamar de qualidade universal de que gostamos e temos direito.

O utente tem, por isso, direito a um serviço prestado em qualidade, mas com obras e todos os constrangimentos daí resultante, a qualidade do serviço prestado é temporariamente suspensa.

E então, com sempre sucede, porque razão durante o período de obras teremos de pagar, nos troços respectivos, a portagem?

Será que temos sempre que pagar? Nem há um respeitinho mínimo?

Mas se até vamos pagar portagem para os blocos operatórios!!!. Apenas nos resta o consolo à partida de uma réstea de esperança num serviço em qualidade.


2006-10-07

 

Mulheres vencem machismo

'The Washington Post' - segundo El País - proclama a "vitória das mulheres" na Espanha machista. E dedica um artigo sobre a política de paridade entre sexos praticada pelo Governo de Zapatero a começar pela composição deste.
Destaca a figura da 1ª vice-presidente do Governo espanhol Maria Teresa Fernández de la Vega cuja trajectória é bem o paradigma dessa 'vitória'. "Licenciada em Direito numa época em que as mulheres não podiam ser juiz, serem testemunhas ou abrir uma conta bancária. "
Lá como cá. As ditaduras de Franco e Salazar tinham sobre a mulher a mesma santa visão católica cujas raízes mergulham afinal no mesmo humos do Islão.

 

LA SANGRE DERRAMADA

¡Que no quiero verla!

Dile a la luna que venga,
que no quiero ver la sangre
de Ignacio sobre la arena.

¡Que no quiero verla!

La luna de par en par,
caballo de nubes quietas,
y la plaza gris del sueño
con sauces en las barreras

¡Que no quiero verla¡

Que mi recuerdo se quema.
¡Avisad a los jazmines
con su blancura pequeña!
¡Que no quiero verla!
La vaca del viejo mundo
pasaba su triste lengua
sobre un hocico de sangres
derramadas en la arena,
y los toros de Guisando,
casi muerte y casi piedra,
mugieron como dos siglos
hartos de pisar la tierra.
No.
¡Que no quiero verla!

Por las gradas sube Ignacio
con toda su muerte a cuestas.
Buscaba el amanecer,
y el amanecer no era.
Busca su perfil seguro,
y el sueño lo desorienta.
Buscaba su hermoso cuerpo
y encontró su sangre abierta.
¡No me digáis que la vea!
No quiero sentir el chorro
cada vez con menos fuerza;
ese chorro que ilumina
los tendidos y se vuelca
sobre la pana y el cuero
de muchedumbre sedienta.
¡Quién me grita que me asome!
¡No me digáis que la vea!
No se cerraron sus ojos
cuando vio los cuernos cerca,
pero las madres terriblesl
evantaron la cabeza.
Y a través de las ganaderías,
hubo un aire de voces secretas
que gritaban a toros celestes,
mayorales de pálida niebla.
No hubo príncipe en Sevilla
que comparársele pueda,
ni espada como su espada,
ni corazón tan de veras.
Como un rio de leones
su maravillosa fuerza,
y como un torso de mármol
su dibujada prudencia.
Aire de Roma andaluza
le doraba la cabeza
donde su risa era un nardo
de sal y de inteligencia.
¡Qué gran torero en la plaza!
¡Qué gran serrano en la sierra!
¡Qué blando con las espigas!
¡Qué duro con las espuelas!
¡Qué tierno con el rocío!
¡Qué deslumbrante en la feria!
¡Qué tremendo con las últimas
banderillas de tiniebla!
Pero ya duerme sin fin.
Ya los musgos y la hierba
abren con dedos seguros
la flor de su calavera.
Y su sangre ya viene cantando:
cantando por marismas y praderas,
resbalando por cuernos ateridos
vacilando sin alma por la niebla,
tropezando con miles de pezuñas
como una larga, oscura, triste lengua,
para formar un charco de agonía
junto al Guadalquivir de las estrellas.
¡Oh blanco muro de España!
¡Oh negro toro de pena!
¡Oh sangre dura de Ignacio!
¡Oh ruiseñor de sus venas!
No.
¡Que no quiero verla!
Que no hay cáliz que la contenga,
que no hay golondrinas que se la beban,
no hay escarcha de luz que la enfríe,
no hay canto ni diluvio de azucenas,
no hay cristal que la cubra de plata.
No.

¡¡Yo no quiero verla!!

(In

Llanto per Ignacio Sanchez Mejias 1935)



Federico García Lorca. Poeta. Um dos maiores de Espanha. Foi assassinado, no início da guerra civil, por estupidez. Por estupidez fascista.

Ao grito de "Muera la inteligencia! Viva la muerte!" os franquistas perseguiam os intelectuais que não fossem fascistas e estes eram quase nenhuns. Federico não lutava de armas na mão. Apenas fazia poesia e teatro de vanguarda. Para os fascistas isso era "arte degenerada". Era demais. Em 19 de Agosto de 1936 milícias franquistas assaltaram a sua casa em Granada assassinaram-no e atiraram o seu corpo a uma ravina na Serra Nevada.


 

Um reinventor do teatro?


Fotografia: Anders Thormann/ms-Nepal, Aarohan

Já ouviu falar em Augusto Boal? Se não, pode ver [aqui] e [aqui].


2006-10-06

 

Augusto Boal vota Lula

E explica porquê:

"...quero mostrar as razões do voto. Sou contra toda forma de desonestidade, em política e fora dela. Sou contra essa estúpida compra do dossier, - escândalo recente! - mas sou também contrário a que esse dossier, tão valioso (um milhão e setecentos mil reais), não seja aberto à cidadania e permaneça na sombra. Se, com justiça, os compradores são condenados, por que não abrir o dossier?

"... Devemos dizer bem claramente que a ética não é uma palavra vazia, a ética é baseada na própria prática, nas realizações. Ética é bolsa-família (programa de ajuda aos muito pobres - alimentação, saúde, escola para os filhos) para 44 milhoes de brasileiros, ética é ProUni (programa de bolsas para a universidade) com vaga nas universidades para 250 mil estudantes negros e pobres, ética é levar luz para três milhões de brasileiros, ética é a proposta de cotas, ética é a criação da rede de pontos de cultura... "

Nota: extractos de email que recebi fonte conhecida.


 

Lula e FHC ou PT versus PMDB

No quadro que se segue encontram-se dados coligidos (segundo boa fonte) por Augusto Boal (dramaturgo, escritor) apoiante de Lula da Silva.

Procura-se comparar o último mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2003) com o mandato de Lula da Silva (2003-2006) para tirar conclusões sobre a eventual política de Geraldo Alckmin com quem disputará a 2ª volta das presidenciais do Brasil e que pertence ao mesmo partido de FHC o PMDB.

Balanço dos mandatos dos presidentesLulaFHC
Operações contra corrupção, crime organizado 18320
Prisões pela Polícia Federal nestas operações2.971 54
Criação de emprego (postos de trabalho efectivos)6.000.000700.000
Empréstimos para habitação (em reais) 4,5 biliões 1,7 bilões
Salário mínimo (sm) em dólares norte americanos152 55
Aumento real do poder de compra do sm em 3 anos 25,7%
Nº de família com "bolsa de família" (alimentação e escola)11,2 milhões 0
Apoio à agricultura familiar Lula 2005/6 FHC- último ano 7,5 biliões 2,5 biliões
Investimento em micro e pequenas empresas (reais)14,9 biliões 8,3 bilões
Investimento anual em saúde básica (reais) 1,5 biliões150 milhões
Acesso a água Nordeste:(pessoas-cisternas em milhares) 762-1520
Distribuição de leite no semi-árido (milhões de pessoas)3,30
Electrificação rural (pessoas beneficiadas)3 milhões2.700
Livros grátis para o ensino médio7 milhões0
Dívida externa (biliões de dólares)165210


Fontes: IBGE, IBGE/Pnad ; ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; etc.
 

O Dr. Jardim entrou em desnorte ...

.... Há um bom par de anos, como se costuma dizer.

Não deverá ser por acaso que o Dr. Marques Mendes ainda não falou da lei das Finanças Regionais. Nem é, de certeza, por acaso que os deputados à AR pelo PSD/Madeira emudeceram, tão solícitos eram na defesa pública do Dr.Jardim.

O Dr. Jardim já é passado para muitos. Apenas ainda não encontraram a forma de o rifar. Aguardam pela receita. o Dr. Jardim é/tornou-se um grande empecilho. Mas quem fica a perder com esta situação é a Madeira.

Porque razão o Dr. Jardim encomendou um trabalho ao Prof. Augusto Mateus, cujo conteúdo não conheço a não ser o resumo saido ontem no DNMadeira, e o deixou na gaveta?

A crer no que publicou o DN regional o estudo até conteria sugestões interessantes que, se bem negociadas, poderiam ter conduzido a uma situação menos penosa da Madeira face à UE. "A soberba" diz a doutrina da igreja da igreja é pecado mortal. O dr. jardim não negoceia e por isso as sugestões certamente não lhe interessavam.

Há um momento de descrença geral e de apreensão. Indo um pouco mais longe, parece ter chegado o momento de ajuste de contas entre Jardim e o próprio PSD/nacional. Até Cavaco, como dirigente do PSD que foi, deve sentir-se aliviado porque ofendido e vilipendiado por Jardim. Ninguém se esquece do "Sr. Silva" do Dr. Jardim, um elemento a expulsar do PSD?


2006-10-05

 

E, agora, Dr. Jardim?

Pela primeira vez, o Dr. Jardim perde a guerra em todas as frentes.

Dois tiros apenas e o homem KO. Se encontrasse uma porta. ... . O problema é para a população que, durante 28 anos, foi enganada por quem andou a gerir a Madeira, sem projecto de desenvolvimento e a prometer um futuro muito risonho. Criou uma economia movediça, sustentada em pés de areia, uma economia de consumismo, mas com um PIB elevado.

Primeiro tiro - Cortes brutais nos dinheiros vindos de Bruxelas, sustentados na subida do PIB per capita, uma das "coroas de glória"do Dr. Jardim, situação quase nunca abordada. Não tem de que se queixar. O Dr. Jardim nem se apercebeu que não estava a lidar com instituições nacionais, permissivas. A Comissão Europeia não brinca em serviço. Há regras, boas ou más, que são quase sempre para cumprir. E não é ao nível do Dr. Jardim que pode haver o piscar de olhos do não cumprimento. O PIB per capita excedeu a meta dos 75% e aí está o montante encurtado, entre 2007 e 2013, em cerca de 70%.

Segundo tiro - Aprovação da Lei das Finanças Regionais ontem em Conselho de Governo. Não será tanto a redução dos montantes a transferir do OE para o orçamento regional que preocupa o Dr. Jardim. Mas sim outros factos que esta lei contempla: o Governo da República deixa de ser "o avalista" do endividamento dos governos regionais e ainda a penalização no incumprimento da lei traduzido na redução imediata das transferências. Duas armas retiradas ao Dr. Jardim, que lhe foram essenciais, nestes 28 anos, da sua perdulária gestão da RAM.

Não são boas notícias no ano da comemoração dos 30 anos de autonomia, mas é o próprio Dr. Jardim, ainda no poder, a assistir ao desmoronamento da sua tão apregoada "Madeira Nova". O "povo superior" não lhe vai perdoar, dentro de algum tempo vao perceber a tramóia que lhe foi montada. E rapidamente vai aperceber-se do castelo de cartas que é a economia.

E agora Dr. Jardim? Espera-o o caminho dos cortes dolorosos.

Em todo este processo esqueceu-se de que este momento ia chegar. Esqueceu-se entre coisas que a solidariedade é um princípio com reciprocidade.

A sua posição de arrogância e inconveniência prejudicou muito a sociedade madeirense.

Com alguma dignidade abandone o barco. Faça-se substituir por alguém com uma língua afinada pelos tempos da civilidade social e humana. Faça um singelo acto de alguma nobreza. Demita-se por incompetência.

 

Enquanto o Cisne viaja, a globalização bate à porta da Costa do Marfim



Quando a globalização bate à porta dos pobres.

A incompatibilidade entre os valores associados à “precaução ambiental”, o “desenvolvimento sustentável”, e as variantes do capitalismo conhecidas até hoje, exprime-se com particular acuidade no relativamente recente caso de Abidjan.

[Discussão aberta pela BBC-News, aqui, e peças do NYT, ali e acolá]

Em linhas gerais, um navio de carga, transportando efluentes tóxicos, aporta a Amsterdão, em Julho passado. Destino: estação de tratamento de resíduos perigosos, resultantes da lavagem dos porões de petroleiros, - uma combinação de resíduos petroquímicos e de soda cáustica, donde se evaporam gases nauseabundos, agressores do sistema respiratório, da pele e mucosas, nariz, boca e olhos.

Ao tomar conhecimento do grau de toxicidade do material, o sindicato dos trabalhadores portuários e as autoridades de Amsterdão, depois da Trafigura -- companhia suíça proprietária do navio-tanque obtido de um armador grego num contrato de leasing, sob pavilhão canadiano -- ter recusado o preço reavaliado do tratamento daqueles resíduos, dado o seu conteúdo letal, interditaram a “mercadoria” e impuseram a suspensão da descarga.

Face ao aumento dos custos com o tratamento e queima dos efluentes, (de 15.000 para cerca de 300.000 dólares, mais taxas portuárias), o navio zarpa com a sua funesta “mercadoria”.

Após várias tentativas, noutros países africanos, aporta a Abidjan, na Costa do Marfim. Uma série de camiões cisterna, carregados com os resíduos, transportam os efluentes e começam a despejá-los em várias zonas, às portas da cidade.

Uma dezena de mortos, e 85.000 feridos, com equimoses na pele e inchaços na boca, olhos e nariz; hospitalizados, procurando urgente tratamento. Ao se aperceberem da mistura agressiva que estava a ser despejada às portas da cidade, os residentes organizaram-se, localizaram os camiões que continuavam a chegar e impediram-nos de continuar. Os motoristas de ocasião, debandaram, abandonando os camiões.

Lá em cima, regressando do seu periélio, o cometa “Cisne” atraía as atenções da NASA e de milhares de astrónomos no mundo inteiro.

Entendendo muito à sua maneira a “luta contra a pobreza”, as multinacionais consagram-se, por vocação, à luta contra os pobres.

É deste modo que a Globalização envolve a Costa do Marfim nas suas promissoras malhas, e bate às portas dos habitantes de Abidjan.

Oiçam-na bater!


2006-10-04

 

Quem trata da nossa saúde?

Hoje li na comunicação social que o BE apresentou na AR um projecto que obriga os serviços de saúde a afixar tempos clinicamente aceitáveis para sermos atendidos. Li ainda que este projecto vai ser apoiado pelo PS e, sendo assim, vai passar.

Uma boa intenção, uma boa iniciativa. Daí a que algo venha a acontecer!!! ... a vida já nos ensinou muito.

Não vamos ficar apenas pelo descrédito. Vale a pena questioná-lo.

Se o PS o apoia, certamente, não o fez nas costas do actual Ministro da Saúde. E até acredito que, dentro de algum tempo, uns meses, comecemos a ver em placards de hospitais e centros de saúde uns "mapinhas" com alguma informação sobre os prazos de atendimento.

Primeiro de uma forma vaga. Consultas e exames desta e daquela especialidade decorrerão dentro de tantas semanas, meses, etc, etc, .

A comunicacão social vai questionar, fazer umas reportagens, dizendo que afinal o cumprimento da lei aprovada na AR não está a fazer-se e não está porque cada paciente o que quer e a isso tem direito é o dia e hora de ser atendido, nem que tenha de perder o dia todo no hospital ou centro de saúde.

Este é o panorama expectável. Porquê "sempre" isto, apesar de agora terem-se descoberto uns quantos centros de excelência em que somos muito bons e organizadinhos? (Normalmente, estes centros, que os há, surgiram fora das regras convencionais com pessoas com outra forma de encarar a vida e o trabalho e, sobretudo, com responsabilização e profisionalismo).

Está encontrada a resposta. Só quebrando a rotina, responsabilizando as pessoas é que a cultura se muda e o social vem ao de cima.

Os serviços de saúde existem porque há doentes e estes deveriam ser o objecto, ou centro de tudo, mesmo encarando a saúde como um negócio, que o é para muita gente.

Mas infelizmente não é o doente o centro de tudo.


 

Aznar e o PP querem à força a ETA nos atentados de 11 de Março

Aznar esteve na RTP no programa Os Prós e os Contras em 25 de Setembro. Quem não conhecesse o seu passado concluiria mesmo assim que se tratava de político muito arguto e com pleno domínio da arte comunicacional.

Acompanhando à distância o que se passa em Espanha foi com incredulidade que assisti a Aznar a explicar com ar sério que não está claro que os atentados de Madrid de 11 de Março não tenham tido pelo menos a colaboração da ETA. Apertado pela apresentadora Fátima Campos Ferreira sobressaiu que o único fundamento era não ter gostado de ter sido desmentido.

Na política do vale tudo a mentira é uma arma que não surpreende num político como Aznar mas insistir para além de todo o verosímil já me parece patético. A mentira se não foi a total responsável pela derrota do PP e vitória de Zapatero teve seguramente uma parte da responsabilidade no feliz desfecho mas Aznar e a direita estão muito arrogantes e não aceitam terem sido desmascarados. Talvez com a estulta esperança de que o eleitorado que não aceitou a mentira lhe devolva, no futuro, os votos.

Se relembro Aznar na RTP é porque o PP e a direita em Espanha - fazendo fé nas notícias de alguns jornais espanhóis - está a desencadear uma acirrada campanha, usando a sua influência nos media e a sua forte implantação entre os juizes contra o juiz Garzon que interrogou os polícias que foram utilizados para sustentar a versão da ETA para o 11 de Março e constatou o que já não era segredo, sob a pressão do Governo de Aznar eles mentiram a seu contento.

Segundo El País um dos vogais (eleito pelo PP) do Consejo General del Poder Judicial (CGPJ) fez queixa do Juiz Garzon ao Órgão de Inspecção para descredibilizar as suas conclusões e o GGPJ (maioria escolhida pelo PP) preferiu fazer o frete ao PP a defender a Justiça e recusou-se a defender o juiz Garzon apesar dos membros do órgão de inspecção presentes nos interrogatórios terem garantido ao CGPJ a correcção da investigação.

"El PP y todo su entorno se lanzó este fin de semana contra Garzón al conocer que había imputado a los tres peritos por falsedad tras un interrogatorio de varias horas en el que los policías admitieron que habían vinculado a ETA con el 11-M tomando como base una sustancia que nunca se había utilizado en España para un atentado terrorista ni para nada que tuviera relación con los explosivos.

"Los peritos también admitieron que ese borrador de informe, que nunca llegó a ser oficial, lo volvieron a firmar 14 meses después de redactarlo para hacerlo pasar como oficial cuando su jefe preguntó por informes donde se relacionara a ETA y el 11-M. El PP y sus medios afines mantienen sin evidencia alguna que lo respalde la teoría de que ETA pudo participar en el atentado más grave de la historia de España." [link]


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