2006-12-30
Bom Ano Novo com as Cores da Terra
Isabel Magalhães, As Cores da Terra, 1998
As Cores da Terra são todas as cores que é possível ver na terra, doseadas pelo olhar criador. Homenageando a ideia e agradecendo uma visita recente da autora ao PUXA, aqui fica o agradecimento e votos de um melhor ano, para todos.
PS
Isabel Magalhães, escreve e "expõe" em dois blogues: À Rédea Solta, e Universo dos Sentidos. Em qualquer dos casos, ficamos a ganhar com a visita.
De regresso à BARBÁRIE
Os enforcamentos do Iraque, com Saddam Hussein à cabeça, pretendem demonstrar o quê no Mundo?
Força, prepotência, castigo do ditador e dos restantes enforcados?
Acima disto está a Barbárie, a Vingança, a Crueldade, a Traição, ... E o governo de Bush com as mãos enlameadas em sangue, por mais uma vez.
2006-12-29
A comunicação social "de referência"
Independentemente da nebulosa que é esta definição, há jornais e outros meios de comunicação social que têm esta designação com aceitação muito alargada.
A TSF penso que se insere nesta designação.
Será que um órgão de comunicação e por maioria de razão, quando se intitula "de referência", não deveria ter algo a dizer sobre a qualidade e a ctualização da publicidade que faz?
Em minha opinião, deve. Mas, se assim fosse, como se compreende que a TSF, ainda hoje, continui a fazer publicidade de um bacalhau qualquer para a ceia de Natal?!.
2006-12-28
A "crise" no CDS/PP
Não sei se a palavra crise qualifica o que está a dar-se no CDS/PP. Algo de muito mais fundo parece estar a acontecer. Não será que o grupo Paulo Portas (PP) quer mesmo extingui-lo e partir para uma coisa nova?
O comportamento do grupo PP é de uma imoralidade!!! Porque não rompem com Ribeiro e Castro? Porque não formam um grupo de independentes no Parlamento, ou então porque não saem mesmo do CDS de Ribeiro e Castro? Tanto achincalho leva-nos mais à América latina.
Mas a razão que me trouxe a este tema não é analisar a crise ou o que seja que flui, mas a de registar a expressão feliz de Pacheco Pereira ao dizer que há um "CDS e um PP agrafados um ao outro" como ontem referiu no programa Quadratura do Círculo.
Jorge Coelho discorda da tolerância de ponto
Na quadratura do círculo, emitida ontem às 23 horas na SIC notícias, Jorge Coelho mostrou-se discordante da posição do governo quanto à tolerância de ponto do dia 26, com o argumento de que " entramos, nos últimos anos e bem, numa dinâmica que conduz a normas iguais para todos, público e privado, portanto, quando se fala de tolerância de ponto, não faz sentido que haja qualquer diferenciação".
Aliás, registe-se que os seus parceiros de programa tambem avalizaram esta postura de Jorge Coelho.
2006-12-27
Títulos Generosos (2)
"Ó pá, vá lá, somos todos humanos!"
A publicação do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (ONU), que confirma, em grande parte, as piores alterações previstas para os próximos 100 anos, despertou uma divertida onda de culpabilização. A mais hilariante foi sem dúvida aquela generalização compungida segundo a qual “somos todos culpados”.
Quando chega a hora de acertar contas, o “homem”, na sua nudez primitiva e pureza sócio-cultural, é quem fica na berlinda.
Não deixa de ser curioso notar que, quando toca a sineta para a recolha de dividendos, os magnatas das grandes indústrias poluentes tenham nome, biografia extensa, contas bancárias, impérios financeiros e lucros chorudos. Depois, quando a brutalidade com que resistiram a assinar, anos a fio, os compromissos que visavam (e visam) debelar a emissão de poluentes, se revela em toda a sua estúpida e catastrófica dimensão, há sempre uma série de cronistas manhosos que distribuem as culpas por “todos nós”.
Porque razão, na ocorrência, não se estampam os nomes dos responsáveis políticos e empresariais que têm recusado assumir compromissos.
Afinal, nem são assim tantos…
Títulos Generosos (1)
“Cornucópia”, de Gabrielle Sloan“
Portugueses gastaram quase mil euros por segundo no Natal”(DN de hoje,
tb aqui)
Ora aí está um “bom” título para uma notícia que afinal não chega a ser tão “boa” como aparenta. Indo para além da “factualidade” generosa que lhe foi emprestada, apercebemo-nos que os valores recenseados implicam, vejam lá, um abrandamento no ritmo do consumo.
A novidade -- a "notícia", no sentido mais "nobre" -- não é os portugueses gastarem muito dinheiro com as compras de Natal, mas, antes, o facto de o aumento do consumo ter sido inferior ao que se verificou no ano passado comparativamente ao ano anterior.
Assim se vê até que ponto a “arte de titular” se presta às empatias ideológicas, sacrificando o rigor factual. A margem de ambiguidade que rege a titulação chega para criar um ambiente de retoma “gradual”.
Oxalá a coisa não venha a ficar "apenas" pelos títulos…
2006-12-26
94% das notas com resíduos de coca
Análises às notas que circulam no país vizinho, solicitadas pelo EL Mundo, mostram que 94% delas contêm resíduos de cocaína, noticia a nossa comunicação social de hoje.
As notas foram recolhidas em cidades diversas e em locais diversos incluindo farmácias.
Significa isto que quem inala cocaína costuma enrolá- la em notas.
Este mesmo tipo de estudos tem sido feito em outros países. Não se percebe porque razão em Portugal não se praticam tais regras, porque os seus resultados funcionam de indicadores indirectos do consumo, independentemente da margem de erro que tem. Por exemplo, muitas notas contaminan-se nas máquinas de contar notas.
Mas bem analisado e é o que acontece em outros países, tais estudos dão indicações de interesse.
"Não há alternativa ao trabalho árduo" ...
... Disse ao País o primeiro ministro na sua mensagem de dia de natal.
Não é o trabalho árduo a fazer o que impressiona. A principal questão reside nas expectativas. Trabalho árduo para quê e para quem? Será que com o trabalho árduo requerido se tira o país do fosso em que se atolou?
Na realidade, a economia do País afundou-se e os seus efeitos são muito gravosos na vida da grande maioria das pessoas. E, não é líquido que, apesar de sinais ténuos, de alguma melhoria, a crise esteja vencida.
As reformas de sustentação de um novo modelo ainda estão por fazer ou quando muito, estarão esboçadas de forma algo ambígua. No tempo dos governos de Cavaco Silva foram feitas as reformas "a nível do betão", em benefício de certas actividades como a banca e outras privatizações que vieram relançar o sector privado, tendo-se avançado pouco, falhado mesmo ou até recuado em domínios que são fundamentais a uma economia desenvolvida como a necessária transformação do aparelho de Estado e ao nível empresarial.
Há receio em falar dos empresários que temos e da sua qualidade. Mas não resta a mínima dúvida de que o maior estrangulamento do desenvolvimento económico do País está de facto, neles. Portugal tem poucos empresários capazes para enfrentar a dinâmica da economia dos dias de hoje. E quando se fala de qualificação educativa e profissional, há um certo pudor em dizer que se precisa de empresários qualificados, que saibam e entendam as actividades que desenvolvem e as saibam enquadar estrategicamente nas dinâmicas de mercado e que entendam a cooperação entre si como uma mais valia. Toda a sociedade precisa de qualificação, mas os empresários são à distância os mais necessitados porque os menos qualificados.
E sobre os empresários os governos têm um papel diminuto e, em meu entender, certos instrumentos como os fundos comunitários foram geridos de forma perversa, em contra ciclo a um sector empresarial que se desejava renovado e mais competitivo, não se privilegiando a competência
.
A tragédia do soldado Darby que denunciou Abu Ghraib
O Programa 60 minutos da televisão norte-americana CBS, passado na Sic Notícias este Sábado, tratou duas questões de importânia. As estreitas ligações de Berlusconi à Mafia e a história dramática do soldado (reservista) Joseph Darby, da Polícia Militar do Exército dos Estados Unidos, em serviço no Iraque, que informou o comando sobre as torturas a presos em Abu Ghraib, assunto deste post.
Darby era próximo de Charles Graner o soldado (reservista) líder do grupo das torturas em Abu Ghraib e "conhecia o seu lado negro e mórbido". Um dia este emprestou-lhe dois CD com fotografias, futuras recordações do Iraque. Darby quando viu entre as muitas fotografias de Bagdad as imagens das torturas aos presos achou que não podia permitir que na sua unidade militar pudesse continuar impunemente a ocorrer o que ali via. Tirou uma cópia dos discos e entregou-os ao comando dizendo que alguém lhas deixara na sua secretária. O Departamento de Investigação Criminal não acreditou no expediente e a troco de garantir o seu anonimato convenceu o soldado Darby a contar como obtivera as fotos. O interrogatório aos soldados guardas da prisão implicados nas torturas durou quase um mês durante o qual mantiveram funções e armas. E durante um mês o soldado Darby que ficava sozinho num quarto de porta aberta nas instalações militares comuns dormia com a mão na pistola carregada e pronta a disparar receando ser morto, como represália, no caso de fuga de informação da sua denúncia.
Só que tempos depois a televisão do quartel no Iraque mostrou o ministro da Defesa Donald Rumsfeld (um defensor da tortura a presos) a ser interrogado no Congresso sobre Abu Ghraib e a afirmar que merecia ser mencionado o soldado Joseph Darby por ter feito a denúncia dos crimes. A reacção na unidade à denúncia não foi apesar de tudo tão negativa como Darby receava. Houve uma parte dos militares que ficaram do seu lado mas uns tempos depois o comandante chamou-o e disse-lhe que para sua segurança partiria imediatamente para os Estados Unidos. À chegada esperava-o a mulher e pensava, ansioso, regressar de seguida à sua pequena cidade natal, Cumberland. Mas a Polícia Militar informou-o que lá tinha praticamente a cabeça a prémio e a sua mulher recebia regularmente ameaças de morte ao marido. Parte da família dele e dela consideravam-no um traidor e cortaram relações.
Durante seis meses o Exército assegurou-lhe guarda-costas armados que o defendiam dia e noite e agora vive incógnito noutro Estado sem ter podido voltar à terra onde o conheciam e estimavam a ele, aos pais e avós e onde talvez não possa mais voltar. Teve depois um prémio de consolação, a fundação do senador Joseph Kenedy atribuiu-lhe o prémio Profile Courage Award "por ter falado quando os outros desviavam o olhar".
Graner foi condenado a 10 anos de prisão militar, em Janeiro de 2005, no Texas. No julgamento ele e outros soldados condenados alegaram que recebiam ordens do serviço secreto militar para "amaciarem" os presos o que foi secundado por outros testemunhos. Mas isso não foi provado. Também se confirmou que denúncias verbais tinham sido feitas por vários militares aos comandantes mas tudo caíra em saco roto. Darby afirma que "pretendia que terminassem as torturas ilegais e fossem punidos os criminosos mas não queria que o seu conhecimento viesse a público". Agora quer defender a honra da sua unidade manchada para sempre por causa de 7 criminosos entre duzentos "dos melhores soldados que conhecera".
Moral da história:
parte da população e dos colegas de Darby, talvez a maioria, condenaram a denúncia dos crimes e não os crimes. Rumsfeld mencionando publicamente a coragem do soldado Darby condenou-o ao ostracismo e ao medo permanente.
2006-12-24
Oito perguntas sobre o dia de natal
Certamente nem todos vão ler o Dn de hoje, pelo que achei culturalmente interessante deixar esta ligação ao
dn.tema. É extenso mas tem piada.
2006-12-23
O IP "não soube explorar" esta quadra de festejos
O IP, com um estudo de mercado "sério", chegaria facilmente à conclusão que era um caso se sucesso. Que poderia ter-se tornado num "caso sério" de monopólio jornalístico. Até a AdC iria colaborar e colaborando faria muito melhor papel que com a OPA da SONAE.
Nesta quadra, em que muitos de nós passam o dia a abrir a boca, um pouco cansados de tanta "festa de família", a sua veia humorística ajudava a aliviar, por vezes, um certo cinzentismo familiar (esta expressão não é minha, juro!). No meio de tantos bolos e outras tantas iguarias, o IP cairia bem e matéria é o que mais há!!
Dos 6 postais de boas festas que o IP publica, transcrevo apenas 3 por comodidade. Acho que todos mereciam ser reproduzidos.
Na ordem do dia, o postal de Granadeiro para Belmiro:
Caro Belmiro de Azevedo
Espero que se engasgue com uma espinha de bacalhau
Henrique Granadeiro.
É um pouco primário mas vem melhor a seguir . Este é do futebol.
Caro Major
Espero que passe um feliz natal, junto da sua família. É nestes momentos que o valor da família mais nos emociona. Eu, como sabe, não tenho tido sorte. Espero sinceramente que daqui a um ano não estejamos juntamente com o Pinto de Sousa e o Lourenço Pinto, a passar a consoada juntos. Um grande abraço
Jorge Nuno Pinto da Costa
Este último postal é de política superior:
Caro José Sócrates
Espero que passe um feliz natal, na companhia dos seus. Apenas tenho pena que não o possamos passar juntos, preparando o perú de Natal, numa perfeita sinergia de interesses, pois creio que partilhamos a mesma receita para o recheio, tal como partilhamos a mesma receita para o País. (um à parte, espero que aqui caiba a LFR)
Um grande abraço fraterno
Aníbal Cavaco Silva (ficava melhor só Aníbal)
o "estado" da cultura no Porto
Segundo o IP, Rui Rio (para quem não saiba, é o ilustre presidente da CMP), concluiu o seu plano de acabar com a cultura no Porto, entenda-se cidade do Porto e, segundo o mesmo IP, no novo modelo de gestão Rui Rio "Rivoli reabre com musical sobre Carolina",.
Prof. Abel Mateus e a sua OPA "histórica"
Tanto tempo e "a montanha pariu um rato". Provérbio popular que significa "coisa sem valor" "coisa sem apreço", "algo decepcionante".
Seria enaltecedor para a AdC dizer isso da sua decisão de ontem. Fiquemo-nos no "morganho".
Na realidade, a AdC ontem não nos disse coisa nenhuma, ou seja, onze meses depois vem dizer-nos aquilo que já se sabia que ia dizer: autorizar a OPA da Sonaecom sobre a PT, embrulhada nuns quantos paliativos de qualidade duvidosa, onde o essencial falhou, pois entrega de mão beijada um mercado de mais de 60% no móvel.
Será isto contraditório com o que a seguir vou afirmar, ou ainda com o que aqui já afirmei?
O simples lançamento da OPA já trouxe benefícios "teóricos e práticos". Fez mexer na organização da indústria de telecomunicações e, em termos reais, já fez descer para os utilizadores os preços no fixo, ou dito de outra forma, fez a PT andar a propôr Planos de Preços mais em conta que vieram benficiar o utente. O que não era sem tempo. A separação das redes é outro domínio positivo que penso virá a acontecer.
Mas tudo isto aconteceria sem que a AdC se mexesse. Bastou o simples anunciado da OPA e as empresas começaram a mexer. O que fez então a AdC neste contexto? Demorou 11 meses a dizer o que toda a gente já sabia e que uns meses antes tinha dito. Mas sobretudo a AdC não cumpriu as funções de Autoridade da Concorrência que é o estabelecer regras reais de concorrência em favor do utente e além disso veio conflituar com o regulador sectorial e parece que com todos os interessados excepto um.
O País não precisa de "Autoridades" destas.
Resta-nos, pois, aguardar a Assembleia Geral dos accionistas da PT e, sobretudo, a minha curiosidade transfere-se para a posição do governo em devido tempo.
Politicamente Incorrecto
Estou aqui a invejar o João Abel por ter conseguido tantos comentários com aquela astuciosa ideia de dizer mal da Senhora Deputada e nossa colega da blogosfera, Ana Gomes. Tenho matutado se eu, que sou um fã de alguns dos seus enfáticos atrevimentos políticos tão pouco "correctos" quão pouco diplomáticos, mesmo para quem não é diplomata, se eu - dizia - não faria bem em postar aqui, a dizer bem dela, só para ver quantos comentários conseguiria.
Padrinhos
Como o Natal rondava e definitivamente instalava-se a orgia da compra de prendas teimei em ficar em casa e pus-me a trasfegar uns filmes do vídeo para o dvd. E foi talvez por já estar com a mão na massa que fiquei ali, já a noite a adentrar-se, a olhar de novo "O Padrinho". O menos que se poderá dizer é que Coppola é fabuloso mas o que me apetece dizer mesmo é quanto aquele mundo - o da mafia - está afinal tão perto do outro nosso mundo mais vasto governado pela Política. Os códigos morais não coincidem é bem verdade. Mas só em parte. Distingue-os também a escala das mortes. Naquele mais restrito universo talvez não matem tantas pessoas. Mesmo à proporção. Na 2ª Guerra Mundial conseguimos matar - nós que não somos gangsters - uns 50 milhões de almas. Se é que as almas também morrem. Incluindo os seis milhões de Judeus, no holocausto, que o porta-voz dos ayatolas, Mahmoud Ahmadinejad, não sabe se existiu e Nuno Rogeiro foi lá explicar. Perdem, também, os Coroleones, no requinte. Estou-me a lembrar de Abu Ghraib ou, imaginando, Guantânamo. E mais não digo que é Natal.
2006-12-21
Para onde corre a deputada Ana Gomes?
Não percebo mesmo aonde pretende chegar a deputada Ana Gomes, com esta sua pressão sobre o governo com os voos da CIA, ou talvez perceba: pretende aparecer nas primeiras páginas. Não vejo francamente outro intuito ou então vagueia por um mundo muito virtual.
Se a sua ambição é assim tão grande, poderia através de um trabalho mais útil, de defesa dos interesses nacionais, de propostas para a UE ter um papel mais determinante, e não ser um nado que diria em estado algo moribundo, obter esse mesmo destaque. Todos lhe ficaríamos gratos. Aliás, mudando de bússola, só cumpriria a obrigação para que foi eleita. E assim, seria bem vinda às primeiras páginas, com uma boa mostra de trabalho. Gaste a sua enrgia por causas mais nobres.
Ou será ingénua, ao ponto de ter dúvidas de que o País é sobrevoado ou que em alguns dos seus aeroportos aterram aviões ao serviço da CIA? Eu não tenho. Vamos todos, nesta época, disfarçarmo-nos de pai natal e erguer as bandeiras da virgindade e não acreditar nisso? Sejamos sensatos. Há polícias secretas. Podemos não gostar. Mas há. Que actuam segundo princípios que respeitam a dignidade humana, também sabemos que não. E então?
2006-12-20
Medellin, Colombia
Medellin não é só "cartel". Mais imagens [aqui].
2006-12-19
Amadeu de Sousa Cardoso
A Procissão de Corpus Christi
1913, óleo sobre madeira 29 x 50,8 cm
Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
As escolhas militares do PS
Um oficial do exército reformado, capitão de Abril dos mais prestigiados, militante do PS dizia-me: para CEME os nomes mais falados são o genreal Jorge Silvério e o general Pinto Ramalho. O general Jorge Silvério [o capitão que em 25 de Abril comandou a maior força que participou no levantamento militar, as companhias da Escola Prática de Infantaria, de Mafra e que nunca teve envolvimento partidário] é um dos oficiais mais prestigiados no exército desde o 25 de Abril, pelo seu profissionalismo e pela sua postura política independente. Se fosse o Exército a escolher levaria 99% dos votos.
Então vai ser o escolhido pelo Governo? Interroguei-o eu.
Não creio - respondeu-me. O PS escolhe sempre os militares que o PSD escolheria.
Uns dias depois a escolha do novo CEME recaiu no general Pinto Ramalho.
Prenda de Natal
é a boa notícia de que nós, Portugueses, já nos matamos menos uns aos outros... nas estradas. Este ano as vítimas desta "guerra civil" foram apenas de 568 pessoas menos 24% que em 2005. "55% das vítimas mortais em Portugal provêm de acidentes em estradas municipais ou vias urbanas, contra os 30% da média da União Europeia."
Conseguimos atingir em 2006 a meta "imposta" pela União Europeia para 2010.
Moral da história: Portugal volta a ser "bom aluno". Deve ser devido à presença de Cavaco Silva em Belém.
Uma desgraça nunca vem só
Ao "apartheid" imposto por Israel junta-se agora a luta fraticida entre os palestinos. É uma constante universal: onde há fome há guerra. Onde há muita fome há muita guerra.
O Iraque acelera fim de Tony BLair
O apoio de Tony Blair a W. Bush para invadir o Iraque "foi um erro terrível" - afirma-se no Relatório da Chatam House hoje publicado em Londres - "Apesar do "sacrifício militar, político e financeiro" do Reino Unido, Blair não conseguiu ter qualquer influência junto do presidente dos Estados Unidos." O autor do "paper", Victor-Bulman-Thomas, afirma que os prejuízos para o Reino Unido no Médio Oriente perdurarão por mais de uma década e obrigaram Tony Blair a ter de deixar o Governo o que fará nos primeiros meses de 2007. Nas rondas pelo estranjeiro "ouvem-no educadamente mas sabem que já não influencia em nada a situação".
2006-12-18
Marques Mendes, Menezes e Sarmento
Compreendo o drama de Marques Mendes. Espicaçado por Luís Filipe Meneses, ameaçado por Morais Sarmento decidiu-se por un tour de force e atacou Sócrates forte e feio. Mas como? De forma desastrada. Em vez de atacar os pontos fracos do Governo ataca o que se apresenta como melhor. Que o primeiro-ministro não quer desenvolver nem mudar nada no país apenas se dedica a um projecto de poder pessoal. Ou que em vez de desburocratizar vai criar mais umas empresas públicas (as anunciadas empresas para gerir compras de bens e serviços do Estado de forma centralizada, gestão de edifícios, gestão da frota automóvel, gestão de pessoal excedentário que se espera possa poupar muito dinheiro ao Estado).
Espera-se do líder do principal partido da oposição algo mais consistente e credível. Oposição desta só dá armas a Menezes e a Sarmento e assim mais vale estar calado.
Estranho caso, a demissão do Presidente da ERSE
Não vou opinar sobre este caso. Mas não deixa de se estar perante uma situação que intriga. Algo pouco plausível, aceitável um mês antes, a quando da intervenção do governo na fixação das tarifas, segundo o próprio, deixa de o ser agora por circunstâncias desconhecidas? E, por isso, afirma-se que a regulação independente em Portugal acabou? É o que deduzi do comunicado do demissionário Presidente da ERSE, Eng. Jorge de Vasconcelos.
A sério, não percebi. Falei com algumas pessoas mais, que também não entenderam, inclusive pessoas da comunicação social. Só que estas me sugeriram como hipótese explicativa alguma frustação pessoal do demissionário, em termos do seu futuro que na ERSE acabava a 31 de janeiro. Não sei, mas sabe a falso o que aconteceu.
Na campanha pela IVG ...
Médicos receiam boicote ao aborto nos hospitais públicos O movimento dos médicos pelo "sim" à interrupção voluntária da gravidez teme pelo boicote nos hospitais, se a despenalização do aborto obtiver a maioria no referendo de Fevereiro. E defende que só uma grande vontade política pode fazer vingar o "sim", na prática, se essa vier a ser a vontade popular expressa no referendo.
Há muito a fazer para que o "sim" se transforme numa manifestação da maioria. É preciso fazer passar a mensagem do que se pretende: "a liberdade de opção" e que esta passe.
Depois virá uma outra etapa. E esta "contra" ou "de apoio" ao governo o comportamento governamental. Se "o sim" vencer pouco está ainda ganho, pois o governo tem de criar condições para que tudo se possa resolver pelo melhor e aqui muito se decide consoante a resistência dos médicos. Na realidade, se o sim ganhar alguns negócios hoje rendosos, ficam pelo caminho.
Poderá ser isto verdadeiro?
Acabo agora mesmo de receber esta "brilhante prosa", de um amigo meu, que não resisto de transpôr, tal e qual, como vem escrito. Se fôr verdade, para além de chocante, pode querer dizer muita coisa sobre o estado do nosso futebol.
Segundo a nota junta, trata-se de um extracto do relatório de um jogo arbitrado por Carlos Xistra.
Para os amantes da nossa língua e do futebol aqui fica o extracto:
"O jogador da equipa visitada, Micolli, desmandou-se em velocidade tentando desobstruir-se no intuito de desfeitear o guarda-redes visitante. Um adversário à sua ilharga procurou desisolá-lo, desacelerando-o com auxílio à utilização indevida dos membros superiores, o que conseguiu. Quando finalmente atingiu o desimpedimento desengargando-se, destemporou-se e tentou tirar desforço, amandando-lhe o membro superior direito à zona do externo, felizmente desacertando-lhe. Derivado a esta atitude, demonstrei-lhe a cartolina correspectiva."
2006-12-17
A fasquia foi colocada muito alta
Maria José Morgado disse ontem numa homenagem ao magistrado Dias Borges: "temos de apresentar resultados". Não se conhece bem a quem se estende este "temos".
Em leitura mais prosaica. ELA, Maria José Morgado e quando muito a sua equipa, tem de "apresentar" resultados. Porque expectativas elevadíssimas estão criadas!!!
Reconhece-se a sua boa intenção e fica-se à espera de resultados: mas difícil é a tarefa de "descobrir" o que muita gente sabe: que o futebol é um antro de tudo; que um número bem significativo dos seus dirigentes não são flores que se cheirem; que não há verdade nos resultados do futebol, etc.
Mas averiguar e provar tudo isso mostra-se uma tarefa muito complexa. Até que ponto os indícios de "promiscuidade" entre "certa justiça" e o pântano no futebol não pode ser um entrave ao trabalho de Maria José Morgado?
2006-12-15
O poder autárquico
Não será preciso cantar mais loas ao poder autárquico que celebrou há pouco os seus 30 anos de existência. Foi de facto um avanço mas não exageremos, porque também cimentou alguns "tentáculos" e, em certos casos, (se muitos - se poucos!!) anda de braço dado com o futebol.
A nova lei das Finanças locais tem dado muita luta e o PR entendeu enviá-la ao TC.
Veremos o que vai acontecer.
Mas, apesar das grandes potencialidades do poder local para chegar e resolver os problemas, sobretudo no tocante à solução dos de proximidade, há uma grande reforma a fazer. Há municípios sem qualquer viabilidade e competência. Não é pelas pessoas que os comandam, por vezes muito melhores e dedicados que muitos outros. É pela sua dimensão que os impedem de poder se apetrechar com pessoal técnico habilitado para os aconselhar.
Entendo que seja custoso aos seus habitantes ver um Município ser riscado do mapa, mas algum dia lá terá de acontecer. Há várias soluções possíveis. Pode não ser um riscar puro e simples. Pode ser através da criação de estruturas intermédias que não as CCDR que não servem para isto. Há que preparar o ambiente com os autarcas, porque será melhor para todos.
Quebra cabeças (3)
Orson WellesO arrepio que muitos belgas sentiram ao seguir a emissão de televisão da RTBF acerca da putativa extinção do seu país, [notícia do DN, aqui] ressuscita velhos debates. “A guerra dos mundos”, obra de H. G. Welles, publicada em 1898, convertida em folhetim radiofónico pelo “Teatro Mercúrio no Ar” em 1938, inaugurou uma série de estudos e reflexões acerca das relações entre ficção e realidade. A célebre emissão radiofónica desse 30 de Outubro na costa leste dos EUA (New York e New Jersey), marcou a história da comunicação social do século XX, com Orson Wells a sugerir a milhares de americanos de que o planeta fora invadido por marcianos. Seguiu-se uma inesperada onda de histeria alucinada.
Nesses “Dias da Rádio”, a fronteira entre géneros radiofónicos perdia o sentido para quem ligasse o rádio pouco depois da emissão ter começado. É teatro radiofónico ou são notícias? Difícil, a resposta, nesse tempo.
E hoje?
O programa “noticioso” da RTBF que abriu com a bomba de última hora “A Flandres proclamou a independência. O rei fugiu do país. A Bélgica acabou”, suscitou uma comoção generalizada. Seria verdade? Seria possível?
De vez em quando, a questão da influência massmediática, da credibilidade dos noticiários e das supostas divisões entre géneros, são repostas com maior acutilância. Apesar das promessas eleitorais, das contingências empresariais e políticas, das manipulações constantes e das perversidades mais gritantes, continuamos naturalmente a ler, a ouvir, a ver, através dos diferentes meios, o que a propósito da “realidade” ou da “ficção” nos continua a ser oferecido.
Repetem-nos constantemente que vivemos numa República Democrática, num Estado de Direito, com uma Constituição para respeitar e orientada pelo princípio da justiça, etc.
E nós rimos dos belgas que acreditaram, comovidamente lavados em lágrimas, que o país acabou e o rei fugiu…
2006-12-14
A Quadratura do Circulo
No programa que deveria mudar de nome e adoptar por exemplo a designação 2:1, 2 (Pacheco Pereira e Lobo Xavier, sempre com posições idênticas) e 1 (Jorge Coelho), Lobo Xavier admitiu que Pinto da Costa poderá demitir-se de Presidente do FCPorto, face aos fortes índicios do calcio português.
Lobo Xavier é dos órgãos directivos do FCP, é um diplomata, é advogado de negócios que tem de agradar os mais diversos campos. Deixar fugir esta ideia, certamente pensada, poderá querer dizer algo. Não sei, mas penso que ele não conheceria ainda a nomeação de Maria José Morgado, o que tem mais peso.
Excelente nomeação. Se, desta vez, não houver um verdadeiro calcio, nada mais a fazer senão fechar por uns bons anos o futebol deste país, onde já não é possível fazer uma lista sem gente a quem se não apontam indícios de alta corrupção. Não é possível descer mais na lama.
Henrique Granadeiro "esmaga" Abel Mateus
Acabo de assistir à entrevista de Henrique Granadeiro na RTP, essencialmente sobre a OPA da SONAE.
Se descontarmos uma presença demasiado sisuda, Granadeiro esteve impecável e foi claro sobre a actuação enviesada da ADC, presidida por Abel Mateus, que não se tem portado como devia, atrasando sucessivamente informações a quem devia e o acesso ao processo como o deveria ter feito e, segundo, preconizando um sim à OPA da SONAE em condições que permite um aumento do grau de monopólio no móvel e na NET.
Estou de acordo com Granadeiro nestes dois pontos e acho que esta decisão de Abel Mateus a dar-se vem pôr em causa alguns passos tímidos que a Anacom tem vindo a dar no sentido do mercado das telecomunicações vir a ganhar espaço em benefício do utente.
Efectivamente, não se percebe a actuação da Autoridade da Concorrência: porquê tanto atraso e como fundamentar a decisão do aumento monopolista, eventualmente agora mitigada pela oposição do CA da PT e da Anacom? Se promover a concorrência é isto, bem!!!
Mas venham sempre mais OPA. Têm um mérito, fazem mexer e nada fica como antes.
Nas telecomunicações nada será como antes e não tenho dúvidas, o utente já ganhou algum, nem que seja planos de pagamento no fixo bem mais razoáveis e no móvel espero virá também alguma coisa.
Será que "as leis de mercado" funcionam?
Em Portugal não, pelo menos, em certos sectores de actividade económica. Porquê? A "real" concorrência, aquela que leva à prática as leis de mercado, não se pratica. A concorrência é uma apenas uma realidade "formal", ou seja, tem existência na lei.
Seria intessante ver em que sectores a concorrência não é "fluida" e porquê. Nos de grande acumulação, a concorrência é reduzida. Veja-se o caso da Banca em que todos cometerem (acordo ou não, "boca" a "boca", etc) o arredondamento. Relaxamento da entidade reguladora, Banco de Portugal, que não pode ser juiz em casa própria. As entidades reguladoras nacionais "não são motores" do real funcionamento dos mercados.
Tudo isto a propósito do que se está a passar no mercado dos seguros de saúde, notícia hoje divulgada, em que contra o esperado de um mercado a funcionar, este mercado agora em franaca em expansão é acompanhado de uma igual carestia de preços nos seguros.
Há qualquer coisa aqui a funcionar contra a "inteligência". Certamente ninguém se preocupa com isso.
É este um dos processos da acumulação dos poderosos. Aproveitam - por consentimento - os "furos consentidos".
2006-12-13
NA AMÉRICA É ASSIM
Promiscuidade
Almeida Pereira, o "número dois" da DIAP do Porto, onde continua a investigação do caso do Apito Dourado, aceitou o convite para o cargo de vice-presidente do Conselho de Justiça da Federação de Futebol e junta-se assim a outro magistrado, João Ramos, este da DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal ) onde decorre também a investigação de vários casos de corrupção.
O Conselho Superior da Magistratura manifestou-se recentemente no sentido de legislação que invialize estas ligações juízes-futebol mas o Conselho Superior do Ministério Público mostra-se mais permissivo.
Uma promiscuidade que magistrados deveriam evitar tão pantanoso está, não o futebol-desporto, mas o futebol-negócio.
Envelope 9
As audições que decorrem no âmbito da comissão parlamentar de inquérito estão a mostrar que o caso do envelope 9 ameaça surpresas. Já estão, aliás a revelar algumas. Ver aqui ou aqui.
"Todos os dias é isto. Não aguento mais"
Duplo atentado suicida perpetrado na Praça Tayaran, em Bagdad. Morreram 70, na sua maioria xiitas, e 235 ficaram feridos. Gente pobre que todas as manhãs se reúne na praça à procura de trabalho.
"Hoje houve um massacre, do tipo a que os iraquianos estão habituados todas as manhãs" - comenta o presidente do Parlamento, Mahmoud al-Mashhadani.
A segurança nos produtos químicos
A UE aprovou hoje uma lei sobre esta poblemática que vem substituir 40 outras leis bem desactualizadas.
A UE para chegar aqui levou 3 anos.
Segundo o Presidente da CIP, Francisco Van Zeller, a indústria química europeia acordou tarde e deixou-se "levar" pela Comissão, porque esta lei é muito exigente em termos de qualidade e muitos produtos vão ter de ser sujeitos a análises para provar que estão de acordo com as normas de saúde pública.
Para o patrão dos industriais portugueses segundo disse na TSF, isto é muito negativo para a indústria, pois tem custos, segundo ele, elevados e neste processo foram as orgnizações ambientalistas que levaram a Comissão a tal decisão.
Mas a receita de não cumprimento desta lei já foi dada por Van Zeller da seguinte forma: os países nórdicos vão cumprir a lei á justa, pois está na massa do sangue cumprir. Comento, nos países nórdicos não há esses custos exorbitantes
Os países do Sul (leia-se: empresários) vão dar um jeitinho e flexibilizar o seu cumprimento.
Quando o patrão fala, assim, tudo dito.
Encerramento do INETI
O INETI foi/é um elefante branco criado pelo Prof. Veiga Simão e que, há muito tempo, deveria ter sido encerrado, ou antes, nunca deveria ter nascido assim.
A ambição de tudo dominar levou à criação de um absurdo, não existente em sítio algum naquele formato, um verdadeiro sorvedouro de dinheiros públicos
há trinta anos.
Faça-se, pelo menos, um balanço para que conste da história a existência de tal monstro.
O Ministro Mariano Gago anunciou que vai fechar o INETI, criando outras instituições mais pequenas, mais orientadas para fins específicos, esperando-se delas mais iniciativa, maior dinâmica
e flexibilidade.
Precisa-se que tragam " sangue novo" às empresas, pelo que não podem delas ficar distantes.
A ânsia de aparecer nos ecrãs
Começo por duvidar se escrevi bem "ecrã". Não sendo o tema central - escrever correcto e bem na nossa língua - não deixo de me incomodar por isso.
Mas o tema tem a ver com os primeiros 15 minutos de telejornal das 13 horas da RTP, em que o polónio 210, eventualmente, poderá ter contaminado 3 portugueses!. 15 minutos de Televisão é muito para tão pouco informar.
Às vezes, sinto-me "muito parvo" porque acredito que "a informação" informa, apesar da maioria das vezes nada informar e antes tentar impingir produtos de qualidade duvidosa.Foi o que aconteceu nestes 15 minutos do jornal da 1 hora da RTP.
Mas para dar credibilidade ao caso, levou ao Telejornal o Dr. Francisco George, o Director Geral da Saúde e o Dr. António Osório, médico especialista em oncologia.
Por mais sábios que sejam estes dois senhores/médicos, não era do seu "métier" que se tratava. Eles "deixaram-se levar que nem patos".
A questão reside em saber como é que estes 3 portugueses passaram pelas malhas do ex-agente do KGB, que morreu em Londres, eventualmente espião agora noutro campo.
Estiveram, por acaso, no mesmo hotel, no mesmo avião, nos mesmos restaurantes, etc, ?. E a ser, assim, certamente, muitos mais milhares de outras pessoas, de outros países, também por ali passaram ou tiveram qualquer relação com o ex-agente russo.
Sobre isto, a informação da RTP disse Zero. Foi preencher espaço e 15 minutos, repito, é muito tempo de TV.
Quanto às pessoas que lá foram falar do caso, o mínimo que se pede é que, na próxima vez, se informem em que contexto vão falar. Ou então fica a dúvida, gostam mesmo de dar a carinha a qualquer preço?
2006-12-12
Quebra cabeças (2)
As coisas e os nomes delas.Não sabem o que é o socialismo do Século XXI? Então leiam este texto, --
Emigrantes portugueses praticam socialismo do séc. XXI
-- elaborado pelos serviços noticiosos da “RTP Informação”. Aí se descobrirá que o título, apesar de não estar entre aspas, foi extraído de uma entrevista dada à LUSA por Desirée Santos Amaral, luso-descendente e Vice-Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela.
Diferentemente das lavagens ideológicas que percorrem a Europa (como um espectro reactivo), Desirée encontrou receitas simples, acessíveis e comezinhas.
Se és um comerciante honesto, não roubas no peso, dás esmola aos necessitados do teu bairro e aceitas vender fiado, então és um… socialista do século XXI.
No fundo, seguindo as palavras de Desirée, há que confiar em Hugo Chavez, praticar o bem e respeitar a propriedade.
Que Desirée fale assim, vá que não vá. Agora que a redacção da RTP Notícias titule “socialismo do século XXI” sem aspas sequer, torna o devaneio numa partilha doutrinária.
Que guiões de “socialismo” andarão os gentis redactores a estudar?
Desapontado com a polítca de Washington
Kofi Annan despede-se das funções de secretário-geral da ONU com uma vigorosa condenação da política unilateralista e imperial da Administração W.Bush num discurso na Biblioteca do Presidente Harry Truman em Independense. [NYT]
Houve Holocausto?
Ahmadinenejad, organiza conferência de "especialistas" (ou de ayatolas?) para tirar a limpo isso da existência do Holocausto. Surpreende? Não? Só não percebo é o que vai Nuno Rogeiro lá fazer. Ele deu uma vaga explicação ou uma desculpa, na Sic Notícias. Vai ter a companhia de "especialistas" do gabarito de Davide Duke, antigo líder do Ku Klux Klan.
Rui Bebiano
com este título: Esses não morreram na cama disse muito em poucas palavras. Não é para todos!
"Quando soube da notícia apenas lembrei aqueles a quem atiravam nas pernas, depois arrancavam os olhos à faca, de seguida os dentes com um alicate, e, ainda vivos, empurravam para dentro de helicópteros Puma para serem atirados ao Pacífico. Esses não morreram na cama."
Criar empresas para gerir várias "coisas" na Administração Pública
... entre elas o pessoal excedentário.
Esta foi a notícia da comunicação social de ontem que, sendo tipo bomba, começou logo por gerar contestação por parte de sindicatos e não só...
É natural. Trata-se de algo de novo e, como tal, as pessoas quase sempre reagem à novidade na defensiva. Agora há aquelas instituições que não querem mesmo que se mude nada. Acham que tudo é sempre para pior e veiculam essa ideia sempre.
Contudo, aparecer, a seco, uma notícia destas, também não é a melhor maneira de se anunciar um facto novo.
À partida, não sou contra o que possa mudar certas situações que atravessam a sociedade portuguesa há longos anos, que todos os governos prometeram mudar e tudo continua igual, ou melhor, a agravar-se e com repercussões muito negativas na vida e economia do País.
A reforma tão prometida da Administração Pública é um desses casos.
Este governo tem mostrado uma atitude reformista profunda neste domínio.
Avançar com uma empresa pública para a gestão de compras de bens e seviços, gestão de edifícios, gestão da frota automóvel, pode ser uma coisa boa e contribuir para reduzir os gastos públicos. As experiências anteriores da central de compras no Ministério das Finanças nunca foram uma boa prática: era a burocracia que imperava, eram preços mais elevados que os dos mercados, etc, etc,.
Aliás, seria interessante saber-se quanto gasta a Administração Pública central com a sua frota automóvel e com a falta de gestão da mesma. E era bom ter começado por aí. Não tenho dúvidas: muitos, muitos milhões. Aqui, por experiência própria, afirmo que é possível reduzir em mais de 30% os gastos.
Quanto a uma empresa para gestão do pessoal excedentário tenho algumas dúvidas da sua eficácia plena.
Sobre tudo isto tenho dúvidas e questões de fundo, que se prendem com ordenados dos futuros gestores, com o recrutamento do pessoal para os quadros e seu estatuto e com a qualidade e flexibilidade de gestão.
Será que o pessoal vai ser admitido por testes? Seria lógico. E a estes testes poderão candidatar-se os funcionários públicos que assim o desejem? E, não seria de pensar, que, pelo menos a partir de um certo nível etário, os funcionários que mostrassem aptidão e decidissem trabalhar nessas empresas, poderiam manter o seu vínculo à Função Pública?
Não sei se estas questões estão pensadas, mas era bom que não passassem ao lado deste problema tão importante da reforma. Sem grandes rupturas nunca se terá uma reforma.Mas ... há o Homem/Mulher em primeiro plano.
... e Contras
Avaliando Os Prós e os Contras decidi ir dando apenas uma olhadela de vez em quando.
Manuel Maria Carrilho até nem estava a sair-se nada mal com aquela de que a actual vereação nem sequer sabe que cidade tem, quando tem um PDM para 700 mil habitantes com Lisboa a diminuir a diminuir e já só com uns 450 mil residentes e a Câmara a continuar a construir a construir numa febre de betão em vez de cuidar da qualidade de vida dos munícipes e tal. Estava a sair-se bem e a pedir que Fátima não impedisse a discussão do que os trouxera ali e que era fazer o balanço da actividade de um ano da Câmara quando na resposta Carmona deixou cair que há cerca de um mês a Assembleia Municipal dedicara a sessão a esse balanço mas que Manuel Maria Carrilho faltara...
5 administradores para 8 funcionários
O cenário é o do post imediatamente abaixo. Lançando mais achas para a fogueira Sá Fernandes atirou a Carmona Rodrigues outro exemplo de desperdício na CMLisboa e do que para aí vai de administradores de empresas municipais por essa cidade fora: A Ambelis - Agência para a Modernização Económica de Lisboa, S.A.. 5 administradores para 8 trabalhadores. Um caso mais decente que o citado abaixo ainda que insuficiente. Para dizer a verdade não vejo onde está o desperdício de dinheiro pois se os trabalhadores por tão poucos nem sequer chegam para que cada administrador tenha uma secretária e um motorista!
3 administradores e 1 trabalhador
Ontem, no programa Os Prós e os Contras, o vereador do Bloco de Esquerda, Sá Fernandes denunciava a corrupção e o desperdício na Câmara Municipal de Lisboa e como exemplo deste último dava o caso da empresa municipal EMARLIS que tem 3 administradores e 1 trabalhador e que tem como objectivos encomendar estudos que - diz Sá Fernandes - bem poderiam ser encomendados pela Câmara. Fátima Campos Ferreira que não conseguiu dar cabo completamente do programa porque esteve calada uma parte do tempo interrogou, desta vez bem, o presidente Carmona Rodrigues. A explicação foi satisfatória. Que a EMARLIS tem estado em banho-maria porque no fim de 2001 foi criada uma empresa multimunicipal que lhe absorveu parte das tarefas.
Subentende-se que subsistiram mesmo assim alguma funções que justificam a sua existência, nomeadamente a de todos os meses processar os vencimentos. A três administradores e a uma empregada. Desde 2001.
2006-12-11
O Relatório Baker-Hamilton - (3)
No Relatório são feitas 79 recomendações. Vejamos algumas relacionadas com a "Ofensiva Diplomática" Os Estados Unidos juntamente com o Governo do Iraque desencadeiam uma grande ofensiva diplomática com início antes do fim de 2006.
A integridade territorial do Iraque não pode ser posta em questão afastando quaisquer cenários de divisão do país por xiitas, sunitas e curdos.
Organização de uma conferência internacional em Bagdad da Conferência Islâmica ou da Liga Áraba para apoiar o Governo do Iraque na reconciliação nacional e para o estabelecimento diplomático desses países no Iraque.
Criação de um Grupo de Apoio Internacional ao Iraque incluindo todos os países vizinhos, nomeadamente o Irão e a Síria, países chave da região incluindo o Egipto e os países do Golfo, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU a UE e eventualmente outros países como a Alemanha, o Japão a Coreia do Sul.
O Relatório Baker-Hamilton - (2)
Nunca é demais sublinhar o que a guerra do Iraque (sem esquecer a Palestina e Israel) representa de tragédia para tantos milhões de iraquianos. E também de perigo de guerra para todo o Médio Oriente, com as catastróficas consequências para aqueles povos e para a economia mundial. Tenhamos presente que numa grave crise económica mundial os que irão sofrer as consequências não são os responsáveis por ela mas milhões de trabalhadores e povo em geral.
O arrastar e o agravamento da crise e a perspectiva de armamento nuclear no Irão a juntar ao que existe em Israel dá-nos uma ideia do barril de pólvora (nuclear) que pode surgir à porta da Europa.
Por tudo isto me parece que o Relatório do Grupo de Estudo do Iraque, consequência da luta dos iraquianos, reflectida na opinião pública americana e nas eleições de Novembro que retiraram a maioria do Congresso ao Presidente W. Bush deva merecer a maior atenção.
O Relatório pode ser um bom ponto de partida para apagar as chamas que ameaçam incendiar todo o Médio Oriente e não só.
À espera de um ferry-boat em Sangatte
As expressões da pobreza e da privação assumem contornos inesperados, aqui e acolá, desafiando a hipocrisia reinante na nossa “Europa Social”.
(Ver desenvolvimento de Le Monde, aqui)
Na esperança de poderem embarcar a bordo de um ferry-boat para Inglaterra, dezenas de imigrantes afegãos, paquistaneses, iranianos, mais os recém chegados da Eritreia e da Somália, amontoam-se junto ao cais de embarque, em Sangatte, onde precisamente o ministro Sarkozy mandou encerrar um centro de apoio aos refugiados.
As Associações Não Governamentais e Humanitárias, tentam socorrê-los perante a indiferença das autoridades.
A “Europa Social” necessita deles mas não quer arcar com os custos mínimos que envolvem a sua vinda, trânsito e permanência.
De um lado e do outro da Mancha, as autoridades “fecham os olhos”…
É o máximo humanitarismo possível a que a nossa "Europa Social", muito instada, se permite!
Pinochet
Morreu, sem que tenha sido julgado e feita justiça, o assassino da democracia Chilena, o assassino de Victor Jara e de milhares de outros cidadãos chilenos de esquerda. Era o comandante das Forças Armadas que tinha jurado lealdade ao presidente Salvador Allende! O braço longo da ditadura de Pinochet perseguiu os democratas e legalistas pelo mundo fora. Matou Orlando Letelier, Ministro dos Negócios Estranjeiros de Salvador Allende, exilado em Washington, o general Carlos Prats, comandante do Exército, exilado em Buenos Aires, Bernardo Leighton, dirigente democrata cristão, exilado em Itália.
O ditador, herói da direita e da embaixada americana, tinha também pendente um processo por desvio de milhões de dólares... para a sua conta pessoal.
"
Michelle Bachelet - Presidente da República - dice que pensó en el bien del país al no decretar funerales de Estado para Pinochet."
Os "ditos" do Garajau
Anteontem falei do Garajau, o quinzenário madeirense, que se designa de sério e cruel.
Aqui se registam alguns dos seus ditos na edição de 1 de Dezembro, onde a corrupção aparece de mão dada com o poder da região.
[link]
Augusto PINOCHET, o ditador
Infelizmente, morreu sem prestar contas ao Chile e ao Mundo.
Muitos crimes contra a humanidade cometeu este senhor.
E, tirando uns tantos dias de alguma inquietude, quando detido em Londres, o país de uma sua grande admiradora, a Sra Tatcher, após emissão de um mandato de captura pelo juiz espanhol Baltazar Garçon, Pinochet viveu na santa paz do "senhor", como rezam as sagradas escrituras, morrendo com a extrema unção.
Até quando os grandes "maiorais" deste mundo passam impunes?!
O Relatório Baker-Hamilton - (1)
O relatório do Grupo de Estudo do Iraque faz um diagnóstico profundo do estado da guerra e apresenta uma estratégia para a saída da gravíssima crise criada no Iraque e em todo o Médio Oriente.
Muito bem fundamentado, com a colaboração dos mais capacitados peritos e autoridades norte-americanas, apoiado na deslocação ao teatro de guerra e a muitos países estrangeiros, na audição abrangente de aliados, "amigos" e "inimigos", na Europa, no Iraque e no Médio Oriente o relatório faz uma análise realista e sem contemplações da situação e faz propostas tão ousadas que já tiveram o repúdio óbvio dos pais e teóricos da guerra, dos sectores mais conservadores do partido Republicano e da opinião pública, de Israel e do Governo do Iraque.
O relatório conclui o óbvio para quem está minimamente informado e não está comprometido com a decisão da guerra ou cego pela pouco avisada colagem à Administração norte-americana. O Relatório propõe passos firmes na resolução do conflito Israelo-Árabe, no diálogo com os países e forças relevantes para a paz, incluindo a Síria e o Irão. No não desmembramento do Iraque, no reequilíbrio de poder e posições entre xiitas, sunitas e curdos, em petróleo para todos e não apenas para curdos e xiitas.
W. Bush reserva a sua decisão para mais tarde e faz bem. Mas dificilmente pode admitir o contrário de tudo o que defendeu "guiado pelo Além". No entanto o agravamento da guerra civil, a impotência dos EUA para a resolver, o perigo do seu alastramento a outros países do Médio Oriente, o Congresso agora maioritariamente democrata e a viragem da opinião pública norte-americana vão obrigar a Administração a dar passos, provavelmente não todos nem de repente, no sentido indicado pelo Grupo de Estudo Republicano/Democrata.
Palhaçadas
Zurros e pandeireta. Do lado do mar... afinal era o circo do costume. Só que com mais palhaçada.
Ameaçaram diminuir-lhe a mama. Que o Sr. Silva dissolva a Assembleia Regional e convoque novas eleições! Que vai deitar abaixo "o Governo colonialista". Até pede ajuda ao inimigo.
Inimigo amigo! O palhaço está contigo!
2006-12-10
Vamos no Humor Negro
Dois temas e uma foto cruzada das dunas a perder metros comidos pelo mar. Seria um espectáculo bem mais completo e mais dantesco, se "a fotomontagem de Jardim" do interior do jornal, frente a frente a Cavaco, aparecesse, nesta primeira página, pois sugeria o homem "mais que tudo, como ele se pensa, debruçado nas beiras das dunas, eventualmente de costas para a arriba, para não perceber que essas mesmas dunas estão a fugir-lhe debaixo dos pés.
Na Madeira, não há dunas. Há pedras roliças que também fogem e a grande velocidade.
Jardim fica-se pela fé e na declaração solene de aliança com todas as forças "de qualquer natureza" empenhadas na defesa da sua Lei das Finanças Regionais. E houve quem alinhasse, embora contra natura.
Mas esta lei, que, no essencial, só pecou pelo atraso no tempo, uma vez promulgada, vem retirar a Jardim a capacidade de "gasto à tripa forra".
Jardim tem de aprender a ser um gestor com esta lei. Até agora ele foi um gastador sem regras e mais grave sem projecto de desenvolvimento sustentado para a Madeira e Porto Santo.
Quem perdeu com esta desastrada governação? A Madeira e os madeirenses. Isto, independentemente de várias coisas bem feitas, em que também não se podia errar.
2006-12-09
Do apito dourado...ao apito salgado
A ex-companheira do Jorge Nuno chateou-se mesmo e começou a dizer umas coisas, salgando umas quantas outras. E algumas instituições, como a PJ local, leia-se Porto, para além de salgadas saem mesmo chamuscadas das declarações de Carolina Salgado.
Será que está a pôr sal a mais ou a menos? É a interrogação da ordem do dia e que urge clarificar. Mas vem aí um bestseller, sem dúvida... O Jorge Nuno certamente não deu a Carolina o esperado... e agora as contas encontram-se. Para não falar, é preciso negociar contrapartidas. Parece que o Jorge Nuno é muito agarrado nessas coisas.
Era bom que a PJ averiguasse mesmo. Mas, segundo Carolina, não poderá ser a PJ do Porto, pois essa é dominada pelo Jorge Nuno Pinto da Costa. E então como agirá o Sehor Director Nacional?
De facto foi, no mínimo, estranho que Jorge Nuno tenha escapado ao encontro com a PJ, quando homens como o seu amigo Valentim, lá teve que ser.
E agora, não tem o governo nada a dizer? As revelações da Carolina Salgado são demasiado fortes, com implicações de vária ordem, para que o governo não diga nada. E os organismos do futebol, Liga e Federação, também não se pronunciam?
Sabemos que não podem, nem certamente se sentem à vontade, para dizer muita coisa, mas que diabo... algum comentário há que fazer.
De regresso...depois
de uns dias bem prolongados (família, amigos, algum reviver e reencontros de colegas de liceu, alguns já bem longe, desconhecidos quase, mas onde a simpatia está e permanece e de quem ficou a curiosidade de tornar a conversar, ver por onde andam) pelos "domínios" de Jardim, a minha terra. Trago algumas notícias, lidas no Garajau - quinzenário que se designa a si próprio de "sério e cruel".
A Madeira é uma terra sui generis que tem gente, não Jardim, felizmente. Mas reconheça-se. A gente não Jardim é pouca, de facto, e menos ajuda ainda quando a oposição política ao "jardinismo" é débil, com atitudes dúbias e sem visão política estratégica. Viu-se, agora, na Lei das Finanças Regionais.
A
ssenta bem ao Garajau a caracterização que faz de si próprio. Trata-se de um quinzenário irrevente, cheio de humor e sério e que se afasta do politicamente correcto, qualquer que seja o quadrante político visado.
Deitei o olho à edição de 1 de Dezembro. É pena que o Garajau não tenha versão on line porque pelo menos menos para alguns madeirensese de fora, estou convencido dá um certo gozo ler.
Voltarei ao Garajau, depois de fazer algum trabalho técnico, para registar algum desse humor, sobretudo de
algumas notas como o CONTROLRAMOS, O FIASCO, PAI EXTREMOSO, TUDO QUASE IGUALZINHO.
Subitamente, um novo blogue
Em Demanda do Dragão
Um novo blogue, -- Dragon’s Quest -- imagens, poemas e outros objectos que vale a pena ver, ler e frequentar.
«(...) e eu enlouquecia a febre lenta e corria
contra rochas chão perverso e escorregava
e corria, em frente sempre só em frente, sempre sempre
sobre espinhos vidros cactos e voava.” (na íntegra, aqui)
2006-12-07
NÃO APAGUEM A MEMÓRIA
Fotografia no encontro junto da prisão do Aljube em Lisboa, em Julho 2006.
"Em nome das vítimas dos Tribunais Plenários, dos mortos e dos vivos, saúdo os juízes do Tribunal da Boa Hora que quiseram activar a memória dos tempos sombrios. As vítimas que represento foram neste local gravemente ofendidas na sua dignidade e no seu próprio corpo. Avivar, hoje e aqui, a memória constitui, pois, um acto necessário e exemplar de cidadania." [Continua aqui]
É o início da intervenção do ex-preso político, professor doutor António Borges Coelho, nas instalações do antigo Tribunal Plenário da Boa Hora, actual sede da 6ª vara criminal, ontem, na cerimónia da colocação de uma lápide para que se não esqueça a repressão fascista e os que contra ela lutaram. O plenário encheu e desta vez não foi com agentes da PIDE/DGS como no tempo dos julgamentos políticos.
Esteve presente o Ministro da Justiça, Alberto Costa, ele próprio um ex-perseguido político da ditadura, o presidente do Tribunal Constitucional, Artur Maurício, o Juiz presidente das varas criminais da Boa Hora, Raul Esteves, muitos ex-presos políticos, entre os quais Edmundo Pedro, Manuel Serra, Nuno Teotónio Pereira, Artur Pinto, Maria João Gerardo, Fernando Vicente, Carlos Domingos, Francisca Domingues, António Almeida, José Manuel Taborda, Picão de Abreu, Jorge Galamba Marques, vários militares de Abril como Vasco Lourenço, Marques Júnior, Duran Clemente, Mário Tomé. Em representação dos advogados que defenderam presos políticos falou Macaísta Malheiros.
Quebra cabeças (1)
Até aqueles que zelosa e convictamente fizeram contra-vapor à possibilidade de um “aumento significativo” do salário mínimo nacional, vêm agora juntar-se ao coro dos convertidos.
Tem cada um de poder com o seu passado, recente ou remoto.
Pode não parecer, mas é… o mesmo.
Iraque o Vietnam dos dias de hoje
Lá na América
Primeiro - como quem invoca o nome de Deus em vão - invocou-se o perigo das armas nucleares de Sadam Hussein. Depois como todos sabiam e alguns fingiam não saber "descobriu-se" que não... não havia. Mas mesmo assim a invasão e todo aquele martírio justificava-se porque o povo - xiitas, sunitas, curdos - ansiava pela democracia. Afinal parece que não... não querem.
Agora começam a perceber (alguns nunca perceberão) que o mundo, incluindo o Iraque, não se rege por umas quantas regras boas e simples como a entourage petrolífera, neocon e evangélica do bom cowboy e grande filho do Texas W. Bush explicava.
Cá por casa
Os intelectuais e políticos lusos que acorreram exibindo legítimo americanismo, a cantar loas à guerra no Iraque, a adivinhar um 25 de Abril em Bagdad, estou certo que não tardam aí a fazer exame de consciência. Ou talvez auto-crítica porque a maioria em vez de frequentar a catequese andava por aí, M-L, a recitar o livrinho vermelho.
O que tem de ser tem muita força
Na gazeta que compro habitualmente leio que W.Bush em reacção ao relatório do velho e mais experiente James Baker disse que está "farto de questiúnculas políticas de Washington" e a propósito de Democratas e Republicanos acha que "nesta importante matéria de guerra e paz, o melhor é todos trabalharmos juntos". Já calculava que a perda da maioria no Congresso lhe aguçaria a inteligência.
2006-12-06
NÃO APAGUEM A MEMÓRIA
Hoje, 4ª feira, dia 6 de Dezembro de 2006, às 17.30H No antigo Tribunal Plenário da Boa Hora (Largo da Boa Hora junto à R. Nova do Almada. Metro Baixa-Chiado)
– Descerramento da placa no átrio da Sala do Plenário pelos presos políticos activistas e decanos do nosso Movimento – Edmundo Pedro e Nuno Teotónio Pereira.17.45H
– Entrada para a Sala.17.50H – Intervenção do preso político Prof. António Borges Coelho.18.00H
– Intervenção do advogado de defesa dos presos políticos Dr. Mário Soares.18.10H
– Intervenção de uma activista do Movimento da geração pós 25 de Abril, Dra. Cláudia Castelo.18.20H
– Encerramento por um representante do Tribunal.
Entrada livre. Convidados todos os que se opuseram à ditadura, à PIDE e aos seus Tribunais Plenários e todos os que concordam com essa luta pela Liberdade.
Links: Mais Aqui e aqui
2006-12-05
Salário mínimo o acordo possível
SMN passa dos 385,90 para 403 euros em Janeiro de 2007, um aumento de 4,4% num acordo entre o Governo confederações sindicais e confederações patronais. "O acordo tripartido foi feito com base numa proposta do Governo e prevê a evolução gradual do SMN para que este atinja os 500 euros em 2011."
Um aumento de acordo com as melhores expectativas, que se aplaude, mas muito aquém das prementes necessidades dos que mais sofrem com o equilíbrio das contas do Estado, a larga maioria da população, mal remunerada.
"O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje “histórico e inédito” o acordo sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN) estabelecido em sede de concertação social."
"Para o secretário-geral da UGT, João Proença o acordo tripartido "é um sinal extremamente positivo que cria condições diferentes no domínio do diálogo social", ao que o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, acrescentou que o seu principal objectivo é dar "um indicador ao país que responsabiliza todos os portugueses numa necessidade de mudança, no combate à precariedade e à economia clandestina". Entretanto a nova estrela em ascensão no PCP, Francisco Lopes, disse: "Consideramos que, para 2007, o valor é insuficiente, mas há aqui um sinal muito forte do crescimento do SMN."
2006-12-04
Entre o rosa e o vermelho
A América Latina procura libertar-se da tutela do grande irmão rico do Norte. Num mês três eleições mostram para que lado sopra o vento. Venezuela, com Hugo Chaves (61,62% contra 38,12 de Manuel Rosales), o Equador com Rafael Correia (56,67% contra 43,33 de Alvaro Noboa), a Nicarágua com Rafael Ortega (38% contra 29 de Eduardo Montealegre).
A esquerda moderada ou o centro esquerda estão em maioria nos governos da América do Sul, como o Brasil, a Argentina, o Chile. Se lhes juntarmos os governos em posições de esquerda radical, Venezuela, Bolívia e Equador temos o sub-continente americano entre o rosa (por vezes desmaiado) e o vermelho cor desconfortável para Washington.
A recente radicalização política vai a par com uma percentagem elevada da população abaixo do limiar de pobreza. Dos 41% no Equador aos 64% na Bolívia e isso explica muita coisa.
País | Área km2 | Popul. (Milhões) | PIB/capita ($ EUA) | Popul. abaixo limiar pobreza % | Telemóveis(milhões) | Utilizad. Internet (milhões) |
---|
Bolívia | 1.019.000 | 9 | 2.900 | 64 | 2.4 | 0,48 |
---|
Nicarágua | 130.000 | 5.6 | 2.900 | 50 | 1.1 | 0,140 |
---|
Equador | 284.000 | 13,5 | 4.300 | 41 | 6,2 | 0,616 |
---|
Venezuela | 912.000 | 25,7 | 6.400 | - | 12 | 3 |
---|
Brasil | 8.457.000 | 188 | 8.300 | - | 86 | 26 |
---|
Chile | 757.000 | 16 | 11.900 | 18,2 | 10.6 | 6,7 |
---|
Argentina | 2.767.000 | 40 | 13.700 | 38.5 | 22,1 | 10 |
---|
Portugal | 92.000 | 10,6 | 19.000 | - | 11,4 | 7,78 |
---|
Fonte: CIA - The World Factbook
Ao Assalto do Céu (2)
Assim na terra como no céu.
A cabrinha que se vê a ilustrar o poste do Raimundo Narciso -- “O maior desequilíbrio de sempre” -- prepara-se, suponho, para “saltar para o céu”. O autor dá nota de leituras efectuadas em órgãos de informação de circulação internacional (The Economist) e em jornais de referência domésticos (DN), constatando que a remuneração do capital tem aumentado em detrimento da do trabalho. Novidade? Não propriamente. O que parece ter sensibilizado o autor do poste, foi a acentuação dos termos.
“a parte da riqueza criada que remunera o capital nunca foi tão alta e a que paga os salários nunca foi tão baixa (Desde 1960, 1º ano de que se conhecem dados)”
“Como alterar esta situação?” -- interroga o autor no final do texto.
Ora, tomando em consideração a sua admoestação ideológica posterior, fiquei sem perceber se a cabra se vai estatelar na ravina ou, pelo contrário, se prepara para saltar para o céu.
A pergunta de Raimundo Narciso implica o sentimento(?), a percepção(?), a consciência(?) de que a situação deverá forçosamente ser alterada. Assim o percebi eu.
Se percebi bem, então, a cabra terá mesmo de partir ao “assalto do céu”. Equilíbrio é coisa que falta por onde ela anda...
A não ser que se trate, não de uma cabra, mas de um bode... expiatório.
2006-12-03
Ao Assalto do Céu (1)
Salto para o Céu
É curioso que pessoas como o Raimundo Narciso, escolhendo bem as palavras e preocupando-se minimamente com as ideias, venham comparar a crítica de certos aspectos da deriva autoritária do Governo de Sócrates às aspirações que Marx atribuiu aos comunardos de 1871 (ver aqui).
É uma técnica um tanto escangalhada.
Primeiro, porque insinua existir no contraditor um maximalismo reivindicativo que, no caso vertente, se resume a uma apreciação das políticas governamentais e não do sistema capitalista.
Segundo, porque não diz frontalmente o que insinua subliminarmente. O contraditor aproxima-se de Marx, Comuna de Paris, etc. E eu a pensar que a Margarida e o Vítor Dias é que achavam que a "propaganda" vai de braço dado com qualquer mensagem...
Terceiro, porque foge à questão central: o Governo vai ao rendimento dos que não podem esquivar-se, decreta-lhes cortes leoninos, sem apelo nem agravo e, de cambulhada, “esquece-se” de negociar. Impõe.
Ora a imposição, que parece ter arrebanhado adeptos de vulto entre os democratas mais tolerantes e flexíveis de que havia notícia, falha num aspecto primordial. Renega o princípio básico da governação socialista: o que se pode conseguir pela via da negociação, reforça a coesão social e política.
O Governo, já percebi, não tem tempo. Tem de atacar agora, para (tentar) fazer esquecer as malfeitorias de acordo com o ciclo eleitoral.
Não estou de acordo mas, enfim, não me surpreende. Todavia supunha que o Raimundo Narciso tivesse algum tempo mais...