2004-09-30
O Fim da Gratuitidade nas Autos
Sou, assim, defensor do princípio de portagens. Mas daí que se decida sem o mínimo de equidade para os cidadãos é gravíssimo.
Este governo, mais uma vez, diz decidir, sem uma avaliação idónea das situações.
Ficamos à espera de mais um recuo ou de mais uma correcção.
Os Fundamentalismos Religiosos
Segundo as notícias, o Vaticano não está a pôr em causa nem o Bispo de Leiria nem o reitor do Santuário. Mas a notícia deixa alguma "mossa". Sobre isto registo apenas esta conversa/conclusão numa mesa de café, logo pela manhã, (que toda a gente ouviu) onde a matéria estava a ser falada: infelizmente a igreja já não é o que era. Até se deixa que Fátima seja frequentada por comunistas importantes como o Dalai Lama. O meu prior pelo menos é não é desses, não aprova isto. Mas parece que o cardeal é também destas ideias.
Não sei medir a importância de posições como esta no seio da igreja católica portuguesa. Mas sei que mentes como estas têm muito influência na defesa de valores conservadores dos mais retrógrados na sociedade portuguesa.
2004-09-29
Maioria dos Portugueses é pela Descriminalização do Aborto
Começa a ser temerário para o governo fazer orelhas moucas a esta questão.
2004-09-28
Sem currículo especifico!!!
Obsceno! Segundo Bagão Félix
Jardim discursa do púlpito da Igreja
Especialistas, no Abrupto, explicam fracasso na colocação dos Profes.
Aconselho a visita. Começa [ aqui ]
2004-09-27
"Dúvidas Socráticas"
Do desaparecimento de João Soares gostei porque não lhe perdoo a derrota da Câmara de Lisboa. Penso que eu e muitos milhares. Votei nele para a Câmara e entendo que a perda se ficou a dever a uma birra, a um final de campanha "abaixo de cão", de fuga. O seu descrédito ficou por demais registado e muitos como eu, não do PS, dificilmente esquecerão essa conduta e julgo que dentro do PS a situação não seja melhor.
Agora o contexto global angustia-me. A entrada de Manuel Alegre na corrida a SG dinamizou, sem dúvida, o processo de disputa. Os militantes do PS mobilizaram-se, os votantes mais que triplicaram. Segundo li e ouvi, o número de votantes constituiu um facto histórico na vida do PS. Mas não há dúvida que se mobilizaram para penalizar Alegre.
Daí que me surjam interrogações/dúvidas a diversos níveis.
A imagem de distinção entre os candidatos, veiculada pelos "media", não na base das suas ideias/propostas dos candidaturas, mas rotulando entre direita e esquerda, terá influenciado os resultados, de modo a que se possa inferir que "a esquerda" foi penalizada?
Ou quererão os resultados significar que "a esquerda" personificada por Manuel Alegre está desajustada da actual dinâmica de sociedade?
Ou quererão os resultados significar que a base PS é claramente ao centro?
Ou ainda que José Sócrates tem propostas que independentemente da sua qualificação pelos "media" entusiasmaram os militantes PS?
Temos imensa matéria para reflexão.
W.BUSH prepara a reeleição em todas as frentes. Incluindo a da... fraude.
O ex-presidente Carter alerta no Washington Post de hoje (ver aqui no WP ou aqui no In Extenso) para a continuação do sistema eleitoral não fiável, na Florida.
Informa que meses depois do colapso do sistema em 2000 que teve o condão de oferecer uma duvidosa vitória a W. Bush, ele e o ex-presidente Ford foram convidados para liderar uma comissão paritária de especialistas democratas e republicanos que apresentaram uma proposta unânime ao Congresso e ao Presidente para um sistema eleitorar moderno, transparente e fiável.
2004-09-24
PS Pioneiro ?
O PS deverá fazer um balanço dos aspectos negativos e especialmente dos positivos que sobrelevam em muito aqueles. E aproveitar o balanço para, com um trabalho persistente identificar, os pontos fracos da vida partidária e por conseguinte do regime democrático, uma e outro com uma imagem muito deteriorada.
Eis algumas sugestões para a agenda:
1) finda a eleição e o Congresso restabelecer, ainda que na diversidade e pluralidade de opiniões, a unidade operativa do PS, desvalorizando ataques e personalismos de campanha, mas valorizando e aproveitando o que de positivo cada candidatura trouxe ao partido.
2) reformular o Gabinete de Estudo dando-lhe vida, iniciativa e autoridade (e confiança aos seus participantes de que o seu labor interessa para alguma coisa) para um apoio articulado à direcção do PS, ao grupo Parlamentar e autarquias, para uma caracterização mais sólida, atraente e pública das posições do PS.
3) abertura do PS à sociedade (este chavão quererá dizer: as secções deverão promover iniciativas públicas de auscultação e mobilização dos vizinhos para a resolução de problemas locais, nomeadamente em articulação com as JF, Câmara Municipal e AR.; auscultar, atender e procurar resolver queixas contra a administração da sua JF, CM, Grupo Parlamentar. Iniciativas culturais . Prestação de contas públicamente).
4) reforço do controlo interno e público do financiamento dos partidos. Luta persistente contra este cancro da democracia que se manifesta nomeadamente pela gestão de "dossier" dos políticos, através dos amigos do Governo ou da oposição, nas polícias, nos serviços secretos, na Justiça, dando origem ao pântano, aos telhados de vidro, às redes transpartidárias de cumplicidades e às "cabalas" para destruir adversários inocentes.
5) aprofundamento da democracia na escolha (primárias?) de candidatos às listas das autarquias e para a AR.
6) Controlo político (público? Na internet?) da prestação dos eleitos, autarcas ou deputados durante o exercício do seu mandato. Para pôr fim a eternos eleitos que só o são por serem maridos, mulheres, amantes ou afilhados de caciques ou altos dirigentes e não por mérito.
7) alterações pequeninas mas que podem ser importantes: como controlo democrático das fichas de militantes e outras miudezas internas.
8)penalisações disciplinares e políliticas pesadas para os infratores.
Há um mundo de coisas a melhorar para fazer sair os partidos do pouco crédito em que caíram. Mas para a "exploração do sucesso" desta importante iniciativa do PS é necessário determinação e não esperar grandes sucessos em pouco tempo para se não cair no derrotismo.
Lutar contra interesses (lutar contra os interesses que estão em cada um de nós) não é fácil. É um trabalho permanente que não pode vacilar face a magros resultados de curto ou médio prazo.
2004-09-23
RESPOSTA ao POST de Mário Lino «As eleiçõesno PS (VII) - Retomando as três falácias»
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Este «poster» de Guevara é uma homenagem à prosa de Mário Mesquita que se referiu, no PÚBLICO, à necessidade de ter uma «alma de Guevarista» para não deixar apagar a «chama» da social-democracia.
«Certo é que, nesta Europa de 2004, para reavivar o espírito de Lord Keynes, a justiça social e a intervenção do Estado na economia, é necessário possuir alma de guevarista. Após a queda do muro de
Berlim, o reformismo transfigurou-se, ficando, subitamente, revolucionário.» (o artigo, na íntegra, pode ser lido aqui).
Meu caro amigo Mário Lino,
Num breve balanço dos nossos debates, aqui no PUXA-PALAVRA, podemos constatar que houve pouca abertura à crítica de alguns aspectos menos felizes da personalidade, da intervenção e do programa político de José Sócrates. Esse é um aspecto estranho num debate, mas consabido numa campanha em que alguns preferiram a eficácia promocional ao enfrentamento das questões mais difíceis.
Vejamos a história das «Três falácias».
Qual é a matéria factual próxima e afluente da 1ª (A fuga de Sócrates aos «Frente-a-Frente»)?
Sócrates recusou participar nos debates a dois. Razão: agenda sobrecarregada. Reflexão: se visse nisso vantagem, teria alterado a agenda. Como não viu, recusou. Está no seu direito. Isso não permitiria sustentar, como tu fizeste no decurso da discussão, que os «Frente-a-Frente», tal como depreendeste do que «opôs» Alegre e Soares, não são relevantes para o esclarecimento das posições dos candidatos. Eu, pelo contrário, sustento que todas as oportunidades de debate podem tornar-se imprevisivelmente esclarecedoras dos propósitos dos debatentes.
Além disso, como devemos estar recordados, José Sócrates começou por recusar quaisquer debates públicos, recuando, depois. Quem está meramente em campanha, «esquece» o tique; quem adopta uma postura crítica, sublinha-o.
2º falácia (o complexo aparelhístico).
Não sei se no PS há ou não pessoas que condicionam a orientação dos seus votos a interesses caracterizados malevolamente como aparelhísticos. Admito que sim. Se o PS não estiver, como suponho que não está, fora do mundo que conheço, deve lá ter um pouco de tudo. Não por problemas de carácter, mas por outros. Isso não me choca nem acho que mereça relevância especial. A questão, uma vez mais, é de reconhecer, ou não, que tais problemas existem. Evitar a discussão ou enfrentá-la. Quando se assume todo o PS tal como ele foi até aqui, com todos os Secretários Gerais, todas as Opções Políticas e Governativas, etc (o que Sócrates faz por acção e muitos dos seus apoiantes por omissão) está-se a «deixar cair», dentro e fora do PS, os que têm uma visão crítica de muitos «maus passos» que o PS deu. Vejo-os agora, um tanto inquieto, reduzidos à insignificância por ti e outros apoiantes de Sócrates. Continuam a parecer-me «lógicas políticas», de aparelho ou de estrutura. Não certamente «lógicas de carácter».
3ª falácia (o apoio da direita a José Sócrates)
Se (re)leres o que escrevi a este respeito, não encontrarás (espero) nas minhas elocubrações nenhuma manifestação de maniqueísmo. Há gentes de direita que gostariam de ver José Sócrates em SG do PS? Há. O que quer isso dizer? Isso mesmo.
Tal não implica que caiamos no jogo tonto de suspeitar que, se há gentes de direita a apoiar Sócrates, então é porque, etc. Claro que não. Mas, a meu ver, também não permitiria a afirmação oposta, que, como sabes, foi utilizada no arranque da campanha, antes (é claro) da divulgação dos resultados das primeiras sondagens de opinião. «A direita teme Sócrates», slogan que alguns reproduziram precipitadamente, perfila-se como um tanto (como direi?) falacioso...
Em conclusão:
Havendo, de facto, matéria substancial nas teses (1)«Sócrates evita debates», (2) «Yo no creo en los aparejos pero que los ay, ay...» e (3) «Há gentes da direita que apoiam Sócrates», porquê atribuir propósitos falaciosos a quem lhes aponta o dedo e mostra curiosidade em saber como é que o PS vai lidar com isso?
Para mim, estas e outras questões, que não tivemos «tempo» de discutir, continuarão a ser matéria de elevado interesse. Mesmo depois de eleito o novo Secretário Geral do PS.
Um forte abraço.
e-government ?
Quem se enganou a Esquerda ou António Barreto?
É resposta a dois artigos de António Barreto também no Público (5 e 6 de Set 04). Uma amostra:
A Esquerda Enganou-se - I (Grandes Esperanças)
Já ia a meio do "post" lembrei-me de ir espreitar o Professorices. Claro que JVC não deixaria de comentar:
Chamo a atenção para um muito bom artigo de Pedro Teixeira (FE/UP e CIPES) no Público de hoje, A Floresta de Enganos, uma sólida critica às posições niilistas sobre o impacto da educação na formação do "capital humano" e no desenvolvimento, na sociedade do conhecimento."
"Após uma enxurrada de artigos de opinião a dizer que se investia demais na educação em Portugal, a verdade. Segundo o recente relatório da OCDE o investimento português na educação está abaixo da média dos países abrangidos e é apenas superior à Turquia, ao México, à Polónia e à Grécia (e estes ao menos ganharam o Europeu)."
2004-09-22
As eleições no PS (VII) - Retomando as três falácias
Falácia 1 - Sócrates fez debates a três em canal aberto na TV, onde até teve a desvantagem de enfrentar, ao mesmo tempo, dois adversários muito próximos eentre si. Se fosse eu, teria preferido fazer só debates a dois.
Nesses debates a três, bem como nos documentos das candidatura, nas intervenções individuais, nos "sites" das candidaturas, etc., ficaram claras as diferenças entre Sócrates e os outros dois candidatos.
Em compensação, no debate a dois, entre Alegre e Soares, não ficaram esclarecidas as diferenças relevantes entre estes candidatos.
Insisto, por isso, que é uma falácia afirmar-se que os debates a dois são fundamentais para esclarecer a diferenças entre candidatos e que Sócrates não quis fazer debates a dois para fugir ao confronto de ideias com Alegre e com Soares .
Falácia 2 - Oh Manuel Correia, então se fosses membro do PS (ou de outro Partido) e tivesses que eleger, por voto secreto, directo e individual, o SG desse Partido, achas que serias condicionado pelas "lógicas aparelhísticas" (seja lá o que entendes por isto)?
Se achas, o que francamento não acredito, então terias um problema pessoal grave de carácter para resolver. Mas não me parece legítimo que pretendas que a generalidade dos outros membros desse Partido tivesse o mesmo problema.
Se não achas, então ainda menos legítimo conidero que penses que os outros membros desse Partido seriam condicionados pelas tais "lógicas".
Quanto às propostas de Alegre (ou Soares), certamente que devem ser tidas em conta, mas precisam de ser clarificadas e bem discutidas. Por exemplo, Alegre propõe que os Presidentes das Concelhias do PS não devem ser Presidentes de Câmara Municipal, para evitar o que designou por "promiscuidade" das funções. Mas já não vê promiscuidade se o SG do PS (ou de outro Partido) for Primeiro-Ministro.
De qualquer maneira, não me parece que tivesses rebatido o que quer que seja da falácia que descrevi, e que mantenho existir nesta matéria.
Falácia 3 - Meu caro Manuel Correia, umas vezes demarcas-te das opiniões da direita, mas outras vezes dás-lhe crédito, ao que parece, de acordo com o que te convém para defenderes ideias pré-estabelecidas.
Pela minha parte, não dou relevância a essas opiniões: elas reflectem, na maior parte dos casos, a expressão dos interesses ou conveniênias de quem as defende. Por isso, o facto de haver comentadores e analistas de direita que dizem bem de Alegre ou Soares em nada afecta a opinião que tenho sobre estes candidatos.
A minha opinião sobre qualquer dos três candidatos resulta da avaliação que faço das suas ideias, propostas, carácter, experiência, e qualidades intrínsecas para o desempenho do cargo de SG do PS. Por isso, mantenho a pertinência da falácia que descrevi.
E continuo a pensar que Sócrates é o candidato que mais assusta a direita.
O estado do IRS (2)
Profissão | Por ano (€) | Mês (ano=14m) € |
---|---|---|
Dentistas | 17.867 | 1.276 |
Advogados | 10.864 | 776 |
Veterinários | 10.255 | 733 |
Arquitectos | 9.277 | 663 |
Engenheiros | 8.581 | 613 |
E ainda há os que ganham mais e declaram menos ou não declaram nada. De modo que quando o 1ºM diz que "as novas taxas moderadoras" (de facto pagamento de cuidados de saúde, o que parece ser anticonstitucional) proporcionais ao IRS, é obrigar os ricos a pagar mais é apenas o populismo em acção.
Este post faz a diferença relativamente ao que o antecede. É o saber! Mesmo que só umas migalhas de html. Os ignorantes como eu podem ir à net perguntar ao Google onde ensinam html ou então ir directamente a http://www.vas-y.com/dicas/curso/salto.htm onde aprendi a fazer este milagre.
2004-09-21
O estado do IRS
declarações de IRS em 2003 (remunerações brutas)
...............................Ano € ......Mês(ano=14m) ...€ Mês(contos)
Médicos dentistas ....17.867 ..................1.276 ............256
Advogados ................10.864 ....................776 ............156
Veterinários ..............10.255 ...................733 .............147
Arquitectos ..................9.277 ...................663 .............133
Engenheiros ................8.581 ................. ..613 .............123
E ainda há os que ganham mais e declaram menos ou não declaram nada. De modo que "taxas moderadoras", de facto pagamento de cuidados de saúde, à proporção do IRS, é obrigar a pagar
mais quem pode menos ou quem não foge aos impostos.
O populismo é isto.
Foi o Comboio e não os Enciclopedistas ou a Revolução Francesa
O Polémico fim do SMO
A decisão sobre o Serviço Militar (SM), então tomada pela Assembleia da República (AR) tinha uma importância política da maior relevância para o Estado e para a Nação. Importância cívica, histórica e obviamente para a defesa nacional e militar. Mas deram-lhe os media e a AR a projecção pública que levasse o país a acompanhá-la como seria legítimo? Não deram.
O regresso de Corto Maltese
Basta dar uma olhadela na blogosfera para constatar que nem todos saúdam o seu regresso com o mesmo entusiasmo. Aqui, no PUXA-PALAVRA, Corto Maltese e Hugo Pratt, o autor que vivia esplendorosamente na sombra dele, têm lugar cativo. Para os iniciados que queiram saber um pouco mais sobre eles (Corto & Pratt) ou para os fieis sempre prontos a revisitá-lo, há um ciber-porto aqui.
Espera aí que eu já venho (3)
As coisas não estão a correr lá muito bem ao «novo» Governo PPD/PSD - CDS/PP. Os cibernautas mais malévolos, mesmo aqueles que nada têm directamente a ver com o ensino básico e secundário, dando prova de um voyeurismo malsão, consultam a página WEB do Ministério para verificar se a tão esperada lista de colocação dos professores já foi afixada. A agência LUSA, com a sua matreirice habitual, esteve à espera da última badalada da meia-noite, para difundir um despacho constatando que ainda não foi desta. Que fazer? Substituir quem? Os directores-gerais? Os secretários de Estado? A Ministra? Não se sabe muito bem. A confusão é geral.
Quando Santana Lopes se perfilou como provável substituto de José Manuel Barroso, uma parte do PSD retraiu-se e não ousou contrariar a lógica de poder; outra parte refilou de imediato (Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, José Pacheco Pereira, etc.) e a parte restante ficou a seguir a marcha dos acontecimentos com aquele olhar alongado que pode passar por indiferença mas é, no fundo, um tacticismo de oposição interna não assumida.
Quem apoia, hoje, o Governo do PPD/PSD - CDS/PP?
Tudo leva a crer que nem já o CDS/PP...
Seria mesmo necessário chegarmos a este desconchavo?
Necessitará o PS de um «líder forte» para pôr cobro a esta zizânia? Ou, se a escolha dos seus militantes não se conformar com o pronto-a-vestir domingueiro da TVI, poderá ser mais do que suficiente um «líder fraco»?
De qualquer modo, não poderá certamente ser pior do que isto!
Pois não?
2004-09-19
Carta da Sibéria para Nova York. Em... 1933
2004-09-18
Caiu como uma bomba
É a proposta do Governo de acordo colectivo de trabalho para os Hospitais SA.
Algumas das "boas" propostas do ACT:
Os 15 dias anuais de formação passam a 20 horas!
Os 25 dias de férias, previstos no Código do Trabalho, é só para quem não tiver nenhuma falta, nem mesmo falta justificada.
O horário de trabalho pode chegar a 50 h semanais e cada falta desconta no ordenado.
As transferências dos trabalhadores passam a ser feitas sem o seu acordo.
O ACT não fala em seguro de risco profissional e o direito à greve é restringido.
É o Governo de Santana-Portas...
Eles comem tudo. Eles...
Pensão do Eng Mira Amaral relativa a um ano e nove meses na CGD: 18 mil € por mês.
Pensão mínima - regime geral da Segurança Social para 40 anos de descontos: 325,38€.
Salário mínimo nacional: 365,60€.
Para o mesmo tempo de trabalho o Sr. Eng fica só com a pensão mínima de 1.264 portugueses de segunda.
E quantos e quantos miras amarais têm pensões especiais destas, garantidas pelo Estado de Direito, passadas por baixo da mesa, longe dos olhos do Zé Povinho pagador?
Se uma daquelas bonitas meninas, jornalistas de exteriores, das nossas populares televisões apontar o microfone ao nosso inenarrável Pedro Santana Lopes, agora no papel de 1º M, ele ficará ainda muito mais indignado que o Ministro das Finanças e assegurará que a coisa, com ele, não ficará assim. Mas fica. Claro.
Espera aí que eu já venho (2)
Imaginem um país de obras embargadas pelos tribunais, com as redes viárias num pandemónio, em que o Chefe de Estado se interroga todas as noites, antes de adormecer, se, lá no fundo, terá feito bem em reconduzir uma maioria formalmente legítima mas politicamente esgotada; em que os mais velhos se interrogam se o sistema de segurança social aguentará até à data de se reformarem, ou se, entretanto, se terá tornado insolvente, enquanto um descamisado de Mira se locupleta com uma pensãozeca de 18.000,00 euros (é a economia? sócios); e onde os funcionários públicos são culpados da falta de vontade (e competência) política das sucessivas maiorias que praguejam quando na oposição e amansam os ímpetos logo que se empoleiram nos poderes do Estado, adiando as reestruturações e marrando sempre nos mesmos bodes expiatórios.
Fecham escolas (desculpem lá o mau jeito, mas tem de ser... - é a economia, estúpido!); preocupam-se (e bem) com a reconversão dos licenciados e deixam todos os outros pendurados, desempregados (em alta), empobrecidos, info-excluídos, desmotivados... Em que os investimentos se deslocalizam e os trabalhadores são despedidos e abandonados às excelências da criatividade, encorajados a abandonar o seu típico conservadorismo estético e a divisarem o belo no desespero de não conseguirem sustentar a família, pagar a renda de casa... (é outra vez a economia, palerma!).
Um país em que os desprovidos de poder são acusados de não conseguirem manter o emprego e, ainda assim, continua a haver quem enuncie projectos políticos que privilegiam a instância económica (eufemismo para empresarial).que é uma forma moderna de assegurar a «estabilidade», o «respeito pelas regras», a «crítica construtiva», o «empenho e o brio», coisas excelentes, como se sabe, para quando se anda há um ror de tempo à procura do primeiro emprego ou se é desempregado de longa duração... (é a economia, - alarve!).
Um país em que muitos pensaram, porventura, um dia, que o poder económico se deveria submeter ao poder político, e até houve uns tantos constituintes, nos idos de 74, que chegaram a incluir essa subordinação na Lei Fundamental (também dada pelo nome de Constituição da República Portuguesa) . Ideia estranha, é certo, mas calejada pelo despotismo financeiro que falava e fala de modernidade mas apoiou e apoia regimes fascistas e suas opressões, enquanto vai gaguejando que devemos ter cuidado, porque «estamos todos no mesmo barco» (é a economia, tanso!).
As gentes de esquerda batiam-se por isso.
Até alguns de direita, creio que com sinceridade.
Agora há quem se reclame da esquerda e rodeie esta questão, empregando o fraseado tecnocrático dos que se estão marimbando para o sofrimento alheio.
Direitos humanos? Mas como?, se até o Presidente da República de Cabo Verde é humilhado no aeroporto e para além de um desconchavado e pálido pedido de desculpas, nada de exemplar é feito?
Não. Não é (só) a economia.
É a política, bonzo !!!
Disseste bonzo?
Bom. Chega.
Basta de negativismo, de queixas e azedumes.
Hoje é dia de encarar as coisas de outro modo, com ânimo, graça, garra, alegria e satisfação.
Porquê?
Porque hoje é sábado.
As eleições no PS (VI) - Três falácias
Falácia nº 1 - Os debates a dois são muito importantes para conhecer o que distingue os candidatos e discutir essas diferenças
O debate entre Alegre e Soares comprova esta falácia: no essencial, não esclareceu nada disto, antes pelo contrário, só deixou o pessoal maios confuso. Quanto ao que foi dito no concreto, era tudo matéria mais do que sabida. Afinal foi nesta falácia que Sócrates não quis participar. Ainda bem. É preciso mudar o estilo, para credibilizar a política.
Falácia nº 2 - A candidatura de Alegre é contra o "aparelho" e as "lógicas aparelhísticas" instaladas, as quais estão pr detrás de Sócrates
Alegre é dirigente do PS há cerca de 30 anos, e portanto, responsável pelo que o PS e o seu "aparelho" são hoje. Também declarou que se Ferro Rodrigues se tivesse candidatado, então ele não se teria candidatado e apoiaria Ferro Rodrigues, assim como já declarou que se Jorge Coelho, considerado o principal responsável pelo "aparelho", e um declarado apoiante de Sócrates (tal como Vitorino, António Costa, António Campos ou Sérgio Sousa Pinto, tudo gente do "aparelho") se tivesse candidatado, ele não se canditaria. Afinal o que parece assustar Alegre não é o "aparelho" mas o Sócrates. Porque será? Porque Sócrates não alinha com esta postura política falaciosa?
Falácia nº 3 - Se Marcelo Rebelo de Sousa e Valentim Loureiro acham que Sócrates é um bom candidato para o PS, então é porque ele é um mau candidato para o PS.
Tirando partido deste raciocínio primário, infelizmente muito em voga em alguma esquerda bem intencionada mas mais reactiva do que activa, como é que políticos sabidos e inteligentes de direita devem tentar descrebilizar um políticio de esquerda que os assusta? Dizendo mal dele ou dizendo bem?
E um político de direita não pode ser intelectualmente honesto e reconhcer o valor de um político de esquerda? E quando um político de esquerda reconhece valor a um político de direita é porque acha que ele faz geito à esuqerda?
Mas a esquerda não é capaz de pensar pela sua cabeça e só consegue pensar em função do que pensa ou diz a direita?
Bagão Félix surpreende Vital Moreira
2004-09-17
J. Soares, M. Alegre e Sócrates! na SIC Notícias
João Soares e Manuel Alegre na SIC Notícias
Os moderadores da SIC Notícias bem tentaram que cada um explicasse o que é que os diferenciava. Mas em vão. Na verdade eles não sabiam.
Mas como insistissem muito quer MA quer JS, num supremo esforço, descobriram umas miudezas.
JS acha que o "plano estratega" (ex-libris da moção de MA - resposta ao Plano Tecnológico de Sócrates) é uma ideia ultrapassada, dos anos 70 do século passado. Brrrr.
Ao que MA lá mais à frente, tudo sempre com a maior compostura, respondeu, a propósito do socialismo que João puxava mais para si, que Soares não está a par das mudanças que sofreram tanto o capitalismo como o socialismo. Enfim não está a par da globalização.
Como nos programas é quase tudo igual JS virou-se para as diferenças que o separam do seu camarada mais velho e sublinhou que ele é um homem de acção e que MA dava um bom presidente do partido!! Depois com um sibilino pioparote atirou para cima da mesa que é a favor da limitação de mandatos para tudo incluindo a Assembleia da República. Matreiramente afirmou que isso atingiria muito dos apoiantes de Manuel Alegre.
Este não achou muita graça à piadinha até porque aquilo poderia ser também para ele que, como outros, vivem no Parlamento desde há 30 anos. Alegre tinha referido limitação de mandatos mas apenas para cargos executivos.
MA desvalorisou a candidatura de JS porque era uma candidatura contra Ferro Rodrigues. E que entre JS e Ferro ele apoiaria Ferro Rodrigues.
Convidados a fechar o debate com uma razão para que votem neles João Soares sublinhou que "comigo não há lugares cativos nos órgãos nacionais do partido, nas autarquias nem no Parlamento rigorosamente para ninguém" e " a lógica com que me apresento é a de devolver o partido e o projecto do PS aos socialistas."
Manuel Alegre enfatizou a sua visão política e cultural do país. "Que vive a política com o espírito de serviço público, com a ética republicana, que não é, como dizem, candidato da esquerda proclamatória - e acrescentou poeticamente - sou alguém que vive do lado esquerdo da vida e da democracia."
Sé todos los cuentos.
[Cat's eye Nebula. Courtesy of NASA's Hubble Space Telescope]
Yo no se muchas cosas, es verdad
Digo tan solo lo que he visto
Y he visto que la cuna del hombre la mesen con cuentos
Que los gritos de angustia del hombre , los ahogan con cuentos
Que el llanto del hombre , los taponan con cuentos
Que los huesos del hombre, los entierran con cuentos.
Y que el miedo del hombre, ha inventado todos los cuentos.
Yo se muy pocas cosas es verdad
Pero me han dormido con todos los cuentos
Y se todos los cuentos
Me durmieron con un cuento
Y me he despertado con un sueño
Soñé, sueño , no soy un cuento
Vengo de muy lejos
Soy y vengo del sueño
Y digo que soñar es ,
Querer, querer, querer,
Querer escaparse del espejo
Querer desenredarse del ovillo
Querer descoyuntarse de la dulce rosquilla de los cuentos
Querer desenvolverse
Prolongarse…
Soñar es decir 4 veces
44 veces
444veces
4444 veces
por ejemplo: YO NO QUIERO,
yo no quiero yo no quiero yo no quiero
no quiero verme en el tiempo
ni en la tierra
ni en el agua sujeto
quiero verme en el viento
quiero verme en el viento
quiero verme un dia
libre
en el viento.
__________________________
Leon Felipe
Espera aí que eu já venho (1)
Depois do equinócio, fecha-se negócio.
José Sócrates evitou o modelo de frente-a-frente que pôs ontem Manuel Alegre e João Soares, calmos e prazenteiros, a conversarem na SIC-Notícias. Não sei se acredite que foi por causa de já ter a agenda de campanha (muito!) preenchida...Talvez tenha sido mais porque os apoios de José Sócrates, todos somados, prometem mais que o resultado de qualquer debate. Dizia-se nos arraiais socráticos, não vai muito tempo, que a direita temia a vitória de José Sócrates. Depois, foi o que se viu. Suspeito que tudo se esclareceu quando José Sócrates revelou, na sua moção, que a economia vinha primeiro; depois, o choque tecnológico; finalmente as políticas sociais. O Bagão do «orçamento familiar» e o Marcelo do «país é um barco», ouviram e não queriam acreditar! Brrrrr! Que medo! Bom!, bem vistas as coisas, não era caso para menos...
No próximo solstício, há fogo de artifício.
O silêncio, aqui no PUXA-PALAVRA, sobre o processo da Lota de Matosinhos, intriga-me. Afinal, sempre se tratou de uma questão em que, apesar do atraso, foram apuradas responsabilidades, propostas sanções e apresentadas recomendações. Ou será que não compreendem - tal como eu - como é que o Narciso Miranda vai conseguir resolver a quadratura do círculo, não se candidatando por nenhum partido nem quebrando o compromisso com a população do concelho? Talvez uma Lista de Cidadãos Eleitores? Porque não?
Há mar e mar; há rir e votar.
Kofi Annan foi desaconselhado pelos EUA a prosseguir com comentários acerca da (i)legalidade da guerra do Iraque. (Pode ler algo acerca disso aqui). A Administração George W. Bush é directa e cristalina. Mas quem é que ele pensa, afinal, que é? Secretário Geral da ONU? E depois? O que é que isso conta para a estratégia imperial da «guerra preventiva»?
Aguardo, ansioso, pelas explicações de J. P. Pereira, L. Delgado e V. G. Moura. Prevejo-as universais e instrutivas. Vou roendo as unhas.
Em terra de cegos, quem tem um olho também é zarolho.
Pedro Santana Lopes vai convocar uma manif frente ao Ministério da Educação
A seguir à Ministra da Educação que achou a situação muito razoável a SIC apanhou o nosso Pedro Santana Lopes e confrontou-o com o escândalo da desorganização da colocação dos professores.
O Pedro? Ora, ora, ora... Aquilo não era nada com ele e não se deixou apanhar. E mais, estava muito escandalizado com o que se estava a passar.
- " tudo correu mal" e "deixemo-nos de eufemismos. Reconheço que o ano lectivo, na realidade, não começou".
- E o modelo? O sistema?
- O sistema? " Para o ano temos de mudar o sistema. Inaceitável o que se passou. Também sou pai!"
Estavam a julgar aí na SIC que me atrapalhavam! Ora, ora,ora. Já tenho muitos anos disto! O que é preciso é estar com o povo e cantar-lhe ao ouvido. Amanhã já todos esqueceram o que eu disse e o sistema... qual sistema? seja o que Deus quizer.
Receei que ele convocasse ali mesmo, sem mais, uma manif para a 5 de Outubro em frente ao Ministério da Educação. Afinal ele também é pai!!!
A desabertura do ano escolar
O escândalo da situação criada nas escolas, as consequências nefastas para os alunos e os graves problemas criados aos professores, remetem-nos para muitos e já esquecidos anos atrás.
O ministério diz que o desastre só atingiu 46% das escolas! Só 46% é que não abriram! Deus, isto é obra! O noticiário televisivo reclamava mais de 50% e a FENPROF afiançou que foram 60% as escolas que ficaram fechadas e que muitas abriram mas só a meio gás. Ou menos de meio. E que professores por colocar são... 50 mil.
Mas tudo tem uma explicação. E a que me deram se não resolve tudo é pelo menos meio caminho andado. Ao menos deixa-nos mais descansados.
Num tête à tête com João Cravinho, uns momentos antes, Guilherme Silva, anteriormente lider parlamentar do PSD e agora do PSD/PPD além de representante pessoal do grande histrião da Madeira, explicou que o desastre da colocação dos professores e o consequente atraso do início do ano lectivo foi obra do programa informático que tal e coisa devia ter sido testado mas enfim não foi possível qu' é que s'há-de fazer!?
A Ministra disse que não foi às escolas porque teve de ir ali
Então a Srª Prof. Doutora Maria do Carmo Félix da Costa Seabra explicou para a SIC e para todos nós que não foi às escolas na abertura do ano escolar porque teve de ir...(não sei aonde) mas que a situação não é grave. Que é só um atraso de 7 dias pois a 23 ficará tudo resolvido e que isto afinal "não traz nenhum mal consistente aos alunos". Graças a Deus - digo eu.
Outras fontes mas estas do lado inimigo, dos professores, dizem que talvez lá para o fim de Outubro a situação se estabilize.
Interrogada sobre o modelo da colocação. Se o modelo não seria lá muito bom, a Senhora Ministra garantiu que "o modelo de colocação dos professores tem muitas vantagens", "permite aos professores saber com antecedência onde foram colocados e dá-lhes logo meios para eles perceberem porquê". Desta vez é que não correu lá muito bem mas para a próxima vão ver.
Em resumo, se não se quiser estar sempre a dizer mal do Governo, pode-se mesmo convir que afinal... tudo correu mais ou menos como deve ser.
As eleições no PS (V) - Três paradoxos
Será porque, apesar das convergências que querem mostrar, Alegre não se revê, por razões de fundo, na candidatura de Soares? Ou será por outras razões mais "de superfície"? Era interessante que esta questão fosse clarificada.
Paradoxo nº 2 - O que leva Manuel Maria Carrilho a apoiar Manuel Alegre para SG e este a escolhê-lo para seu mandatário e seu candidato à presidência da CM Lisboa?
Relembrando anteriores posições de Carrilho ( ver aqui), foi Alegre que se modernizou ou Carrilho que passou a pertencer ao passado? Era também interessante que esta questão fosse clarificada.
Paradoxo nº 3 - Afinal quem está a favor do "bloco central de interesses": Alegre ou Sócrates?
Como bem lembrou há dias o Arons de Carvalho (ver aqui), quando, em 1983, se pôs, na prática, a solução de Governo de Bloco Central, Alegre votou a favor e Sócrates contra.
E esta hem?!, diria o Pessa.
2004-09-16
Um desastre anunciado
(Artigo publicado no "Diário Económico" de 9.Set.2004. Para ver o artigo completo consulte o ALFORGE)
Governos dos Açores e Madeira contra Taxas Moderadoras
Segundo o DN de hoje, Conceição Estudante, Secretária Regional dos Assuntos Sociais da Madeira diz que a Região Autónoma tem "caminhos próprios" no que respeita à política de saúde e o seu homólogo dos Açores, Francisco Coelho, que esta é "uma medida que está fora de questão".
Resta perguntar à coligação PSD/PP Açores e, designadamente, ao Presidente do PSD/Açores, Vitor Cruz que posição defende.
2004-09-15
As Taxas Moderadoras na Saúde (2)
Já agora acrescento também as SCUT. Isto porque o ministro Bagão Félix, na sua comunicação ao País de 2ª feira, baralhou e meteu tudo no mesmo saco.
Um debate minimamente sério do financiamento do SNS requer que se trate esta questão na sua latitude.
E há uma questão prévia a colocar que é esta: Serão os cuidados de saúde um serviço público qualquer? Em geral, não se acede a eles "de vontade própria". São as circuntâncias da vida que a isso obrigam e quantas vezes em situações muito problemáticas.
Deste modo, os cuidados de saúde não têm por suporte os mesmos princípios do ensino superior (pois o acesso a este propicia capacidade e potencialidades futuras a quem dele usufrui) e menos ainda as SCUT (que admitamos, estão ainda num outro patamar e, não se percebe, de facto, porque hão de escapar ao princípio do "utilizador - pagador").
Nesta posição anunciada pelo governo, o que, na realidade, se confrontam são dois modelos de sistema com filosofias diametralmente opostas:
O actual modelo de cariz universal e "tendencialmente gratuito", consagrado na constituição portuguesa, mas que independente disso, corresponde a uma visão de sociedade solidária e onde a estabilidade, a segurança e a igualdade de oportunidades das pessoas são valores estruturantes.(Podemo-nos interrogar se funciona como deve ser - mas isso é outra questão)
E o modelo que se confronta com este, de cariz liberal e onde o poder do dinheiro é quem vai mandar e o Estado ficará cada vez com menos funções.
Ora, o que o governo não assume em debate é esta mudança de paradigma e então lança "o barro à parede", com base no argumento de quem tem mais poder de compra deve pagar mais, encobrindo os objectivos e as consequências deste processo a prazo.
2004-09-14
Querem acabar com a leitura gratuita.
Abaixo o copyright!
Resumo: graças a uma daquelas mudanças na legislação que ninguém percebe bem, a Comissão Europeia quer que as bibliotecas passem a pagar às editoras para emprestarem os seus livros ao público. A BAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas) está a fazer uma petição para tentar evitar esta monstruosidade:
http://www.petitiononline.com/PetBAD/petition.html
Não custa nada!
E PASSEM A TODOS OS VOSSOS CONTACTOS
2004-09-13
As Taxas Moderadoras na Saúde (1)
A taxa moderadora para “refrear” o acesso “imoderado” aos serviços de saúde seria um ângulo possível e interessante para a sua melhoria qualitativa e prestação mais atempada ao utente;
Um outro ângulo, bem mais complexo, será o de olhar para as taxas moderadoras, como meio de financiamento do sistema de saúde;
Um outro ainda consiste em utilizar as taxas moderadoras como instrumento de mudança dos princípios que enformam o sistema de saúde, ou seja, passar a certidão de óbito ao actual sistema, universal e tendencialmente gratuito, que, apesar de funcionar mal, sobretudo porque mal gerido, é aquele que ainda melhor serve os portugueses e o mais justo e equilibrado.
Sobre a primeira hipótese, haveria muito a fazer, mas não nos parece francamente que seja esse o espírito do Governo ao vir falar da mudança das taxas moderadoras.
Assim, resta-nos os dois outros ângulos de análise, que não se excluem mutuamente. Bem pelo contrário proporcionam efeitos na mesma direcção.
Diferenciar as taxas moderadoras com o argumento de que os ricos devem “pagar os cuidados de saúde” – pagar a crise, como também se diz, é uma pura mentira, porque não vão pagar “coisa alguma” e sobretudo, é iníquo para aqueles que cumprem os seus deveres de cidadania (deixo aqui de lado os aspectos da constitucionalidade).
Não vão pagar “coisa” nenhuma pela simples razão de que eles têm “esquemas montados” para não pagar ou pagar apenas aquele “mínimo” que encobre a fuga. Fogem aos impostos e o fisco não actua. Fogem ao pagamento de propinas porque fogem aos impostos. Fogem ao pagamento das multas porque têm amigos “altos” que os protegem. E se ainda for preciso recorrem aos paraísos fiscais para as situações de maior complexidade. Mas pagar de certeza não pagam, até porque já pouco pagam porque a maioria já recorre aos privados.
Em conclusão, se não fizermos recuar esta “senha” persecutória do governo contra os que declaram, ou seja, contra os trabalhadores por conta de outrém, lá estarão os mesmos e sempre os mesmos a pagar tudo aquilo que o governo entender.
E estes que são muitos. Ainda um dia hão de se questionar muito seriamente sobre a razão dos seus impostos, quando o governo lhes vai retirando a pouco e pouco as poucas contrapartidas. Para onde vai este dinheiro? O que faz o Estado/Governo com este dinheiro que todos os meses nos descontam no vencimento?
E apenas mais uma dúvida: será que a saúde se coloca no mesmo patamar de princípios das propinas do ensino superior?
E se a saúde tem de ser cada vez mais financiada pelo doente (decisão anunciada do governo) porque não o utente financiar também todo o ensino, o primário, o secundário, etc.?! O governo, dentro da sua lógica, não pode deixar fugir este filão, para chegar a umas contas públicas equilibradas!!
2004-09-11
O Governo de Santana Lopes em Maus Lençóis
Mas o problema é bem mais confuso. Para além da guerra PP/PSD latente e visível, o que parece estar em causa é o futuro da Petrogal no seu todo, para além deste acidente em Matozinhos e das responsabilidades, que devem ser apuradas, independentemente de, como refere alguma imprensa, com o ministro Nobre Guedes, estar ou não na forja um Carlos Pimenta século XXI (faça-se justiça contudo ao ex-Secretário de Estado de Cavaco Silva Carlos Pimenta, pois não tinha "rabos de palha").
E o problema/dúvida que temos é: que condições uma empresa com a dimensão da Petrogal
tem para sobreviver no mercado ibérico, tanto mais que perdeu uma posição de crescimento potencial no negócio do petróleo, com a "perda" da rede Shell, sem se ter percebido o porquê desta situação.
Haverá alguma estratégia por trás de tudo isto?
2004-09-10
António Mexia em Maus Lençóis
O Governo aceitou esses resultados.
Conclusão óbvia: António Mexia, ministro, culpa António Mexia presidente da Petrogal e da Galp Energia,à data do acidente.
E agora a Questão essencial é: Como se vai "desembrulhar" mais este episódio num País em que "a culpa morre solteira"? A Galp será condenada? Mas a Galp não é uma entidade abstracta. Há gestores, há responsáveis. Mexia já apareceu a sacudir "a água do capote". Para quem se apresenta defensor de tantos "princípios" será esta a atitude que este caso merece?!
2004-09-09
Os políticos devem estar loucos
Acho que é motivo para se dizer haja Deus!!
Mas o coro de apoios começa a engrossar. Já está o Ministro de Blair no encalçe. Faz parte do jogo. Felizmente que o senhor Aznar e o senhor Barroso já não "cantam".
A U.E encolhe-se.
Não deixa de ser arrepiante o caminho que esta "política" mundial leva. Falta apenas uma pergunta: Estão de férias os movimentos defensores dos processos da PAZ?
2004-09-08
A Galp em Maus Lençóis
Se na vertente interna, segurança e ambiente, a questão merece uma posição de firmeza e de ponderação e é um bom teste para o governo a que devemos estar atentos, mas não deixa de ser uma decisão "portas adentro", já no "negócio espanhol", a situação é mais delicada.
A Galp perdeu uma oprtunidade de melhor se posicionar no mercado ibérico e o governo não deixa de ter culpas no processo. Aliás não se percebe a atitude do ex-ministro Carlos Tavares que nunca mostrou o mínimo empenho neste processo, quando no que toca ao MIBEL "embandeirou em arco" de tal modo que até mereceu uns remoques de Álvaro Barreto, que também não está isento de culpas deste insucesso pois já é ministro há suficiente tempo para ter intervindo neste negócio Galp e que se conheça, nada fez.
Esta questão é delicada para a Galp, mas também o é para Portugal, designadamente para a sua integração no MIBEL. Não se trata, pois, como quer fazer passar o governo de um negócio que só interessa à Galp.
Quando a realidade é "têtu">
2004-09-07
Liberty Enlightening the World (1)
Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tossed to me.
I lift my lamp beside the golden door.
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Emma Lazarus, poeta americano (1849-1887), pôs assim a falar a Estátua da Liberdade, esculpida pelo francês Frédéric Bartholdi (1834-1904).
A estátua, oferecida aos EUA pelo «povo de França», concentra simbolicamente muitos dos valores que, de um lado e do outro do Atlântico, muito prezamos.
Tudo isso são boas notícias do século XIX e parte do século XX.
E agora?
O Economic Policy Institute, de Washington, patrocina a publicação de um livro contendo uma análise aprofundada do que se passa no mundo do trabalho dos EUA. THE STATE OF WORKING AMERICA é o título, e os autores, Lawrence Mishel, Jared Bernstein e Sylvia Allegretto, alertam para a lentidão com que a reabsorção do desemprego se está a verificar (sem precedente desde 1939) e para o facto de, a par disso, a taxa de criação de novos postos de trabalho ter, praticamente, estagnado.
Bob Herbert, colunista do New York Times, com base no mesmo estudo, sublinhava, na edição de ontem, que o rendimento médio das famílias caiu cerca de $1.500 dólares entre os anos 2000 e 2003 (com a cotação do dólar de 2003). Mas se tivermos em conta a evolução da taxa de produtividade, não podemos deixar de pensar no paleio outonal do nosso 1º Ministro Santana Lopes. No período analisado, a taxa de produtividade dos trabalhadores dos EUA cresceu 12%!
Hoje, continuamos a prezar os valores simbolizados na estátua oferecida pelo povo francês ao povo americano.
Mas,hoje,as notícias são más.
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Nota de rodapé
Se ainda não leram a entrevista a Cristina Ponte que o DN de ontem traz na página 44, não a percam.
Diz ela que o «Jornalismo é uma foto onde uns ficam e outros não saem».
É uma visão estimulante e desempoeirada sobre os media e o jornalismo.
2004-09-06
La mala educación
Pedro Almodôvar
[Courtesy of The New York Times Magazine]
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Para quem viu o filme de Almodôvar, a foto publicada hoje pelo New York Times Magazine, a ilustrar o artigo (que pode ser lido aqui) de LYNN HIRSCHBERG, «faz sentido». Nesta pose, o seu rosto é atravessado pela fronteira entre a evidência e a obscuridade, a inocência e a culpa. Por isso, tal como acontece com os personagens dos seus filmes, a foto expõe um rosto (o seu) tatuado pela linha que divide a luz da sombra. O olhar, - curiosamente também um semi-olhar, - fixa-se em algo que, por detrás de nós, num outro plano que a foto convoca para se revelar na sua incompletude.
Neste tempo de simplificações, embrulhadas e golpes, La mala educación, ajuda-nos a redesenhar a condição das vítimas e dos algozes a uma escala mais humanizada, sem omitir condenações nem reparações, mas aquem e além de ambas.
Corrigir o Abuso do Poder Americano
Mas não é de admirar que um homem de sucesso no mundo financeiro, como Soros, tenha ido buscar a palavra A BOLHA porque lhe diz muito do seu mundo, o mundo da especulação financeira.
Li o livro, gostei, lê-se depressa, apreende-se com facilidade e não é extenso. O assunto do livro é o fenómeno BUSH, no que tem de mais pernicioso, a guerra preventiva. Poderia constituir uma peça importante da campanha do partido democrata, mas parece-me que o candidato não tem carisma/nem garra para "agarrar" a temática em toda a sua dimensão mundial.
Mas para melhor, ouçamos o que nos diz Joseph Stiglitz, prémio nobel da economia, sobre esta obra: "Um livro corajoso e polémico de um homem que pretende, apaixonadamente, defender os valores americanos contra a ameaça da arrogância imprudente personificada pela administração Bush"
2004-09-05
Partido Socialista, por extenso (3)
1. A ser verdade o que o semanário Expresso (caderno principal, página 13) dizia ontem, Cesário, que incluiu no PUXA-PALAVRA um comentário ao meu post «Partido Socialista, por extenso (2)», deve estar relativamente satisfeito. Perguntava o nosso comentador o que pensávamos acerca do Código do Trabalho. Respondi-lhe que, por mim, o Código deveria ser «extirpado de uma série de disposições que agravam a condição dos trabalhadores». Todavia, fui ultrapassado. Prova-se, assim, que qualquer dos candidatos a SG do PS está mais à esquerda do que eu, porque - passo a citar a peça do Expresso - «(...) no caso do Código Laboral, todos os candidatos acordaram na sua revogação, logo que a possibilidade se apresente ao PS».
O seu a seu dono.
2. Como o debate decorreu à porta fechada - exigência da entidade organizadora que José Sócrates acolheu contra a opinião dos outros dois candidatos - os jornalistas apenas puderam, no fim, recolher versões de alguns participantes. De onde se conclui que a Tendência Sindical Socialista tinha questões a abordar com os candidatos cujo teor não queria que caísse no domínio público. Estranho, mas, enfim... Ressalta, porém, uma nota inquietante. João Soares e Manuel Alegre estavam a favor da presença dos jornalistas; José Sócrates, não. Democraticamente, Sócrates não teria de submeter-se à maioria? Pois não teve.
3. Fica-se a saber (?) igualmente que Manuel Alegre anda a bater-se contra o «bloco central dos interesses» mas, em vésperas da formação do Governo do Bloco Central, votou a favor da sua formação, enquanto José Sócrates terá votado contra. Por outro lado, João Soares terá ilustrado a sua ligação ao mundo sindical declarando que nunca falta a nenhuma manifestação do 1º de Maio. Cada um valoriza o que pode.
4. M.M. Carrilho, apoiante de M. Alegre, propôs um «balanço crítico dos governos de António Guterres para perceber o que é necessário mudar no futuro». A resposta foi-lhe dada por António Costa (apoiante de José Sócrates) numa sessão realizada quinta-feira passada, no Cacém. Tal balanço constituiria, segundo António Costa, «um exercício de autoflagelação completamente suicidário». Se a disposição para o debate e a transparência é esta, não surpreende, então, o incómodo com a presença dos jornalistas...
5. Pelo evitamento dos jornalistas, do balanço crítico e do debate, insinuam alguns que o medo anda por aí. José Sócrates tem assegurado que não. Os outros dois concorrentes é que estão com medo de perder. Pronto. Confirma-se. Sempre há alguém que está com medo.
Festa do Avante, 2004
Ontém à noite, na Atalaia, um slogan, num painel, resumia tudo:
«O Sonho tem Partido»
É natural. Os sonhos nunca ficam muito tempo num lugar só.
2004-09-04
O Despeito de PP
Eu vi um barco,
Um grande barco
bombardeando
Portugal.
Trazia a bordo
ameaçadores
três enfermeiras
e três doutores.
O inimigo
diz que o barco
é pequenino.
Mas eu bem sei
que se atracar
vai afectar
o meu destino.
Para não porem
o pé em terra
pus a guardá-los
navios de guerra.
Exagerado?
Não, meus senhores.
O meu Governo
tem seus valores.
Quê?! Abortar?
É uma loucura.
Prefiro-as presas
a espernear
do que libertas.
Nas doze milhas
é que estão certas.
Em alto mar.
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Cortesia de Carlos Galês in «O despeito de PP», Folha d'Hera, Setúbal, 2004 (p.23)
__________________
2004-09-03
Olá Manel
Olá Manel!
Vamos lá a ver se percebo! O RN e o ML quando opinam no Puxa Palavra sobre as candidaturas do PS não estão a discutir “com a liberdade de uma escolha em suspenso. Não. Fazem campanha.” Já um tal Manuel Correia que não apoia nenhum candidato mas simpatiza de facto mais (com o meu aplauso, aliás) com o seu homónimo Alegre não faz campanha mas sim opinião “com a liberdade de uma escolha em suspenso”.
Em suspenso? Só mesmo tu, jovem independente, chegado agora à política e… crédulo. Tens andado a ler as 3 moções e os 131 discursos de campanha para caracterizares política e ideologicamente os candidatos e descobrires a identidade das 3 candidaturas? “Com a liberdade de uma escolha em suspenso”?
Desde as primeiras eleições pós-revolução que os portugas deixaram de ir ler os programas dos partidos para saber de que partidos e programas se trata. E não é apenas pela inflacção de promessas e propósitos enganadores. Mesmo os mais sérios programas dizem o que gostariam de fazer se… se… se… e dizem coisas que julgam que se devem dizer para entusiasmar e não ficarem atrás da conversa inflaccionada dos adversários. Não é por aí que o gato vai às filhós.
Os programas de candidatura merecem ser lidos apesar de tudo e dão pistas e servem para terceiros sobre eles opinarem, como nós aqui com os nossos sábios alvitres. Mas mais do que é dito em tais papéis, conta a avaliação das pessoas, seu passado, seus actos, suas capacidades, seus apoios e as circunstâncias-constrangimentos em que terão de actuar, só petit à petit ultrapassáveis no momento histórico que vivemos, se para tanto houver suficiente vontade, engenho e arte.
De modo que “gato escondido com o rabo de fora” aplica-se mais a ti, meu caro amigo e ingénuo Manuel que dizes que não apoias nenhuma candidatura mas na realidade “apoias” mais uma que as outras e te apresentas “com a liberdade de uma escolha em suspenso”, portanto o rabo do gato, dizia, aplica-se mais a ti que ao RN ou ao ML que para não enganarem ninguém anunciaram: olhem, estamos aqui completamente à vista e não só o rabo. Apoiamos o José Sócrates. Por isto e por aquilo.
Ah!, pois, era o BOTA-ACIMA do João Tunes!...
TALVEZ
Por vezes, céu e mar fundem-se no mesmo azul, sobrando a
areia calma do pensamento e da fantasia.
Então, o que resta para o humano subir até à dignidade celestial?
Talvez a oportunidade exclusiva de um corpo tentar merecer embrulhar-se na alma
da harmonia.
Faça-o quem quiser e puder. Não é para mim, pecador contumaz e com gosto por
pecar. Tenho sina de preferir o mundo.
PM Comentar (0)
Durante uma eternidade, recordo que dávamos um click até ao blog do João Tunes, O Bota-Acima, e espreitávamos o que ele tinha desencantado para se divertir ou zangar com o mundo e seus arredores. Agora, de súbito, decidiu partir para umas indetermináveis «férias». Ficamos em perda. Lamentamos que se vá. Obrigado João. Lá para onde fores, que passes bem. Aquele abraço.
2004-09-02
O Aparelho
O que é o aparelho partidário? Sem uma definição suficientemente rigorosa paira-se no vago e pode-se cair na demagogia.
Por aparelho, no caso do PS, entende-se, julgo eu, o conjunto dos militantes que compõem as estruturas partidárias da base ao topo e dão vida e operatividade ao PS. São portanto os militantes que fazem parte dos órgãos dirigentes das secções, das comissões concelhias, das federações, dos órgãos dirigentes nacionais, como a comissão nacional, a comissão política. Os dirigentes de outras estruturas sectoriais do PS, de institutos e fundações partidárias.
Não sei se em geral se considera como parte do aparelho, mas eu acho que devia, outros órgãos de cúpula como o secretariado nacional ou outros organismos executivos e o próprio secretário-geral.
Grande parte deste aparelho partidário é simultâneamente aparelho do Estado central ou das autarquias. Inchado de mais uns milhares de entusiastas partidários quando o partido é Governo, magrinho quando é oposição mas em todo o caso podendo beneficiar do "centrão" dos interesses para umas quantas figuras gradas, especialmente nas empresas públicas.
Quando o partido não é Governo onde estão aqueles milhares de militantes que preenchem as estruturas do PS? Estão na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu como deputados e como funcionários nos aparelhos destas instituições, chefes de gabinete, acessores, secretários(as). Estão na presidência e/ou vereações das câmaras municipais e outros órgãos autárquicos, nas empresas e serviços autárquicos. Etc, etc.
Quando se está contra o aparelho é suposto estar contra quê? Não faz sentido estar contra o aparelho em si. Isso seria estar contra a existência do partido ou por uma alteração radical, desconhecida, do tipo de estrutura e organização partidária, do actual paradigma de partido.
Então o que se quererá dizer é que se está contra os desvios do funcionamento do aparelho dos fins a que oficialmente se destina. Para fins privados de enriquecimento, ou do financiamento do partido e do intermediário, através dos conhecidos conubios, com construtores civis, clubes de futebol e outros interesses, ou de controlo dos seus próprios dirigentes para os mesmos ou outros inconfessáveis fins, com chapeladas nas urnas para eleger preferidos, para cujo perigo (real ou não) alertaram João Soares e Manuel Alegre.
Então o que está em causa não é o aparelho mas sim os seus desvios deletérios, eventualemnete criminosos. Tudo isso existe, em todos os partidos, como se sabe. Das Felgueiras, aos Apitos Dourados, aos deputados que com o apoio do seu partido fogem à justiça.
O assunto merece análise mais profunda. Por exemplo como introduzir reformas que acautelem os desvios. Na moção de Manuel Alegre aparece uma interessante proposta nesse sentido.
Agora o que não se pode é acusar em geral o parelho pois isso atinge a honra todos e não apenas as dos corruptos.
Além de que os próprios candidatos a S-G não estão fora do aparelho. Afinal, quem nunca exerceu outra actividade que não a de deputado ou outro cargo político/partidário não pertence também ao aparelho?