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2004-12-31

 

Um escritor para o século XXI

Gonçalo M. Tavares [link] [outro link] é um jovem e consagrado escritor, prosa, poesia, teatro. Tem 34 anos e ganhou este ano mais um prémio, o Ler Millennium bcp, (50.000 €, nada mau) atribuído a "Jerusalém".
Ainda não tinha lido nada dele até este Natal. "O livro [O Senhor Brecht] não presta. O autor deve ser meio maluco". Aguçou-se-me a curiosidade. Mesmo ali, no meio do Natal, dei uma olhadela. Em menos de uma hora o livro estava lido.
Uma amostra:
O desempregado com filhos
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.
Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.
Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão que te resta.
Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.
Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a cabeça.
Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.

O falsificador

A certa altura da sua vida um homem que sempre falsificara quadros começou a ver mal. Estava viciado: começou a falsificar músicas.
Na morgue, depois de morto, confundiram-no com outro.


 

Caderno Diário (3)


[Dos tsunamis à co-incineração]

O tsunami que varreu a Indonésia, o sudeste da Índia e mais não sei quantos países na região, redesperta-nos para a circunstância de vivermos em condições que conhecemos mal e que só muito moderadamente podemos controlar. As tábuas dos direitos humanos que constituem o cerne da nossa civilização, vacilam perante as grandes catástrofes ambientais. A vida humana e as vidas dos humanos deveriam constituir um valor supra-ordenado, orientando o estabelecimento de redes de comunicação capazes de traduzir para a prática aquilo em que dizemos acreditar. Mas não é assim. Há regiões do mundo em que não é assim. Enquanto as grandes empresas de Tóquio, New York, Washington, etc. se locupletam de engenheiros de origem indiana, a Índia fraqueja...


Que ciência?, que técnica?, que políticas terão de ser adoptadas para que os direitos humanos sejam efectivamente respeitados no mundo? Não seguramente os actuais, pois têm contribuído acima de tudo para a acumulação de todo o tipo de bens, materiais e imateriais, nos mesmos centros. Outros olhares sobre a ciência e técnica são requeridos.


Ao reparar que altos e baixos responsáveis do PS, após um desacerto de 1ª hora, se põem de acordo para nos contar a história da co-incineração enfatizando a solução técnico-científica em desfavor dos direitos das pessoas e das populações já fartamente castigadas por uma qualidade de vida ambiental nos limiares do insuportável, sou forçado a concluir que os responsáveis do PS

confundem ciência com os conhecimentos científicos que certos cientistas do seu agrado produzem

fazem passar a teimosia da eficiência por cima do princípio de precaução

pedem a maioria absoluta mas, para além disso, não estão a fazer nada para a obter


Há mais mundo para além do mundo que os que estiveram sempre a favor da co-incineração (no Outão e em Souselas) conseguem divisar. Um exemplo pode ser acompanhado aqui.


Um bom Ano Novo para todos!


 

Portugal em mudança?...Administração Pública (3)

Administração Pública Portuguesa/ factor de vantagem ou de desvantagem competitiva? é um artigo de coautoria publicado em 1999 na revista Economia & Prospectiva, posteriormente reproduzido na Economia Pura.
Não vou aqui reproduzir o artigo, até pela sua extensão, mas apenas servir-me de umas tantas ideias que continuo a subscrever e que bem podiam alimentar um debate sobre como potenciar a Administração Pública (AP) portuguesa.
Dizia-se então que a competitividade constituia um desafio que exigia uma resposta nacional e que havia que conjugar duas dinâmicas, a das empresas e a das instituições públicas, nas respostas a esse desafio.
O artigo incidia apenas sobre a gestão pública, embora situando que o papel de Estado e das suas fronteiras com a sociedade civil constituia uma questão de fundo estruturante de um sistema societário e económico, uma questão mais ou menos polémica, segundo as correntes de pensamento.
Situando-me nas duas dinâmicas, então como agora, continuo a pensar que a dinâmica ao nível das empresas se tem ajustado melhor às mudanças (embora não a ritmo suficiente) e que a AP tem reagido de forma lenta sendo, por isso, um factor de bloqueio às mudanças necessárias a operar na sociedade portuguesa com vista ao objectivo de competitividade.
Há que não esquecer os casos de sucesso como as Lojas do cidadão ou os Centros de formalidades de empresas, só que o seu aperfeiçoamento parou com esta coligação não se aperfeiçando a suas retaguardas.
De qualquer modo, estes dois exemplos de sucesso de gestão entre outros não assentaram na criação de um novo modelo de gestão orientado pela prossecução de objectivos e para resultados.
Há que introduzir na gestão da coisa pública elementos de mercado. É fundamental. Há que sair do modelo que nos impõe o Ministério das Finanças, um modelo de procedimentos, onde um chefe de secção do MF tem mais "peso" decisor dentro de regras estritas, do que um outro ministro ou um Director geral, onde quase tudo está legislado e quando não está, sai uma circular a decidir do procedimento e o papel do "gestor", se quiser agir, tem é de ver como tornear as Finanças. Tudo isto não deixa de introduzir um grau de ineficácia elevadíssimo,uma perda de tempo absoluta e, sobretudo, uma reprodução burocrática de um sistema de desresponsabilização.
Como dizia Correia de Campos, numa entrevista recente e, nesse aspecto claramente me revejo nas suas palavras, o que é determinante é definir quem gere os ministérios: os ministros ou o ministro das finanças. Este é um ponto de partida basilar para o novo modelo que é preciso implementar, o que passa fundamentalmente por uma grande mudança no MF, sobretudo em termos de substância de funções. Mas o grave é que ninguém quer perder poder, embora o País ganhasse muito em dinâmica e decisão.

 

Educação: outra prioridade

Uma das acções dos governos PSD que urge corrigir é o ensino do português para os luso-descendentes. Até agora funciona em França o sistema chamado LCO (Langues et Cultures d'Origine) no qual o ensino é ministrado por professores dependentes do estado Português nos estabelecimentos de ensino oficial françês. Este ensino é, geralmente, bem adaptado às necessidades mas tem custos importantes para Portugal: os professores são pagos pelo orçamento do estado.
A política actual das coordenações de ensino das embaixadas é a de tentar integrar o ensino de Português no sistema Françês, em termos práticos isto significa duas coisas:


O problema desta falsa boa solução é que a grande maioria das famílias de origem portuguesa que põem os filhos a aprender português na escola (entre as quais me incluo) deixarão de o fazer. Para uma criança que fala português desde sempre pô-la, aos 8 anos, numa classe com outras crianças que não falam português para lhe ensinar a dizer "cadeira", "mesa", etc. não faz sentido. Quando têm de optar entre esta aprendizagem de português e aprender inglês (ou espanhol ou alemão ou russo), como se diz por aqui "c'est vite vû".
 

Portugal em mudança ? Consolidação de ideias sobre educação

De acordo com o desafio lançado pelo Mark Renton vou tentar resumir algumas das ideias. Assim podemos discuti-las uma a uma e daqui a uns dias fazer mais uma consolidação.
Estratégia e organização:
- Definir o 1º ciclo do ensino básico como prioridade da legislatura.
- Acabar com os agrupamentos de escolas.
- Reduzir para 20 a média de alunos por sala.
Apostar num modelo de desenvolvimento baseado na competência e na partilha.
- Criar uma rede partilha de conteúdos electrónicos de apoio à educação, como fichas, textos de apoio e mesmo testes. Estes conteúdos deveriam ter uma política de direitos de autor tal que permitisse a cada professor evoluir o que foi criado por outro, sendo apenas obrigado a disponibilzar a sua versão derivada. O Ministério da Educação organizaria a infra-estrutura necessária.
- Criar um conjunto de manuais escolares, em formato electrónico com licenciamento livre.
- Definir como objectivo apostar na qualidade dos professores no que se refere aos conteúdos e não apenas à pedagogia. É impossível ensinar bem algo de que não se gosta e que não se conhece bem. Isto implica uma mudança dos professores que não estão no ME.
- Selecionar os candidatos a professores com base nos conhecimentos da matéria e na capacidade de dar aulas (por exemplo adoptando um modelo inspirado no CAPES e Agregation franceses).
Comunicação e motivação:
- Mudar os serviços de recursos humanos do ME por forma a garantir que andem no terreno a ajudar as escolas a melhorar o seu desempenho. Por exemplo visitas mensais.
- Criação de workshops do ME com o objectivo de motivar as pessoas para educação como um desígnio nacional. Para motivação podiam dar créditos.
- Disponibilizar números claros de comparações de investimentos em educação entre os diferentes países.
- Promover em Portugal workshops com professores originários de países como a Finlândia onde se obtêm bons resultados. Dar créditos aos professores que os frequentarem.

Lester

2004-12-30

 

Burocracia e Justiça à Portuguesa

São dois factores que fazem medrar a economia paralela que em Portugal atinge cerca de 22% do PIB. Diz António Antunes co-autor de Estudo divulgado pelo Banco de Portugal. [link]
Quer factura? Quando perguntam. E lá fogem ao IRC e roubam ao cliente o valor do IVA.
A nossa burocracia e a nossa economia informal é parecida com a da Itália e a da Itália pouco parecida com a Canadiana:
"Para legalizar o seu negócio, um empresário italiano tem em média de gastar perto de 3000 euros em taxas, seguir 16 passos e esperar 62 dias úteis; um empresário canadiano necessitaria de pouco mais de 200 euros, de dois passos burocráticos, e de uma espera de dois dias úteis. "[link indicado acima]
As coisas (quanto à criação de empresas) melhoraram em Portugal no tempo do tão exorcizado Guterres mas ainda não estão canadianas. E quanto ao resto é o que se sabe.

PaísSector informal %PIB p/capita OficialPIB p/capita Oficial com S.Informal
Portugal22,110.60012.942
Dinamarca9,432.03035.041

França

13,823.48026.720
EUA10,030.60033.660
Nigéria76.0310546
Público de 2004-12-30

 

Duas notas mais sobre a co-incineração


Nota 1 - Seguindo a sugestão de um leitor amigo que me telefonou a transmitir o seu acordo geral ao meu post anterior, esclareço que, de acordo com a política de resíduos adoptada na UE e, em geral, nos países mais desenvolvidos, os objectivos prioritários a prosseguir relativamente aos vários tipos de resíduos são a redução da sua produção e o aproveitamento dos resíduos produzidos (através da sua reutilização, reciclagem ou outra forma de os valorizar), só devendo ser adoptada outra solução (por exemplo, a sua simples deposição em aterro) quando for impraticável qualquer aproveitamento. Neste contexto, a co-incineração está classificada como uma forma de valorização dos resíduos, neste caso, de valorização energética, uma vez que neste processo os resíduos são utilizados como um combustível de substituição do carvão nos fornos das cimenteiras.

Nota 2 - Sobre este tema da co-incineração, vale a pena ler um artigo publicado ontem no Diário Económico, da autoria do ex-Secretário de Estado do Ambiente Engº Rui Gonçalves, e que pode ser visto aqui.

 

Portugal em mudança?....Administração Pública (2)

Já imaginaram a seguinte cena (da nossa vida real). Muda um governo neste País (mesmo com o mesmo partido ou coligação) e, geralmente, inventa-se uma nova orgânica (estrutura) de governo.
Olhe-se para este puzzle.
A lei estabelece que o novo governo tem 90 dias, regra geral, para publicar a sua orgânica e, depois, os diferentes ministérios têm mais 90 dias para publicar também as respectivas leis.
O que acontece? O governo raramente publica a orgânica nesse prazo e os ministérios, que eu saiba, raramente publicaram as suas dentro dos 90 dias. Depois são as novas direcções gerais que também com novos nomes, etc, etc. tem de produzir e publicar as suas novas leis ou decretos regulamentares ....
Só com este processo imagine-se o tempo gasto... E isto é de tal modo assim que muitos ministérios morrem sem nunca terem tido lei reguladora.
Um exemplo, a actual coligação criou um ministério do turismo (separando esta actividade da economia) e juntou a economia com o trabalho. Imaginem, para além do que se gastou com a impressão de nova papelada com a denominação dos organismos, a confusão criada nos agentes e nos próprios funcionários?
A dada altura a confusão é tal ordem que as pessoas baralham tudo.
Isto serviu para quê ?
Para aumentar a confusão, a burocracia e uma perda de tempo exagerada, reuniões desnecessárias que nada acrescentam, maior confusão de funções entre os serviços e tudo o mais que se possa imaginar.
Esta conduta, que não se passa lá fora, cria grande instabilidade, falta de credibilidade externa.
Aliás, em certos foruns internacionais, Portugal é conhecido pela mudança sistemática do nome dos ministérios . Depois também tem implicações em termos orçamentais.
Assentar numa orgânica por algum tempo é bem uma condição para uma boa governação. Mudanças só quando os custos/benefícios se justificam face a uma nova estratégia exigente em nova orgânica.
Quem parará este processo?

 

Obsessões


O problema dos resíduos industrias perigosos em Portugal e a questão da co-incineração deste tipo de resíduos em fornos de cimenteiras são o tema do meu artigo de hoje no Diário Económico, o qual pode ser visto aqui ou no Alforge.

 

Educação - A partilha dos conteúdos

Mais correspondência de Lester. Ei-la:

"No âmbito das ideias que tenho vindo a defender relativamente à partilha de conteúdos de educação (perparação de aulas, fichas de trabalho, manuais escolares, etc), venho aqui deixar alguns links de exemplos práticos onde isto está a acontecer por esse mundo fora:

- Livros de texto para ensino da Fisica sob licença Creative Commons
- Biblioteca pública de ciência
- MIT opencourseware em Português

Sigam também acerca do Creative Commons que seria uma possibilidade para suporte legal de tal projecto:

- Apresentação em Português sobre o CC
- Continuação da apresentação em Português sobre o CC
- Discurso de Gilberto Gil sobre a democracia digital"

Lester

 

Portugal em mudança?...Administração Pública (1)



A estratégia de competitividade para a economia portuguesa passa, entre outros domínios, necessariamente, por uma Administração Pública (AP), moderna, eficiente, criadora de condições que propiciem um elevado grau de responsabilidade e uma cultura de cidadania e uma orientação balizada nos problemas do País, o que significa objectivos bem definidos.

Essa clareza de objectivos exige, da parte da governação, uma estratégia de enquadramento para a actividade da AP, uma clara delegação de competências e regras bem claras de exigência e de iniciativa das instituições públicas.

As linhas de pensamento na abordagem das funções da AP divergem: há quem encare a AP como um sorvedouro de despesas do Estado, não lhe reconhecendo funções importantes, existe, há que mantê-la mas no limiar mínimo e, numa perspectiva meramente contabilística, há que compactá-la, através da redução drástica de efectivos, do congelamento de salários e do corte indiscriminado das despesas públicas.
Há quem encare a AP de uma forma bem mais complexa, estruturante e moderna e para isso advoga um ajustamento e uma redefinição das funções do Estado.
Apesar de mesmo nesta visão haver posições naturalmente divergentes, consoante se olha para o Estado numa óptica mais liberal ou mais de cariz social, entendo que não se pode fugir a essa redefinição de funções em sentido amplo, se se protagoniza, a sério, uma AP funcional e instrumental numa óptica de uma sociedade competitiva.
Vamos entrar num processo eleitoral. Será uma lacuna grave que os partidos não apresentem ideias e propostas substantivas sobre esta temática, sobre como vão orientar a reforma da Administração Pública (uma das reformas, sem dúvida, basilares).
É fundamental que nenhum partido se esquive tanto mais que sobre os funcionários públicos deste País recai o onus de tudo (só falta imputar-lhes a culpa da má governação, embora já estivesse mais longe). São os mais gastadores, os mais bem pagos, fazem gazeta ao trabalho, são os piores dos piores.
O PS, se quer traçar um caminho no sentido da maioria, não pode fugir a esta questão quente. E até dou uma achega. Porque não aproveita e desenvolve muitas das ideias do seu militante Correia de Campos? Pelo menos, nem sempre concordando com algumas das suas ideias, revela ter pensamento sobre estas matérias.

2004-12-29

 

EDUCAÇÃO - A FINLÂNDIA

Bons professores, famílias comprometidas e um sólido investimento tornam a Educação da Finlândia a mais eficaz do mundo. É este o título da reportagem de Carmen Morán, que El País enviou a Helsínquia (El País 2004-12-19).
A reportagem é longa mas muito interessante. Resumirei, à falta de link, algumas passagens.
A Ministra da Educação Tuula Haatainem atribui o êxito a parâmetros muito claros:
"Temos um sistema uniforme, obrigatório e gratuito que garante a equidade e acesso a todos; o pessoal docente é altamente qualificado..."

"O sistema educativo é público e gratuito desde que o criança nasce até ao fim da Universidade e obrigatório dos 7 aos 16 anos. O Governo procura que este período decorra no mesmo edifício ou em locais próximos para o acompanhamento continuado do aluno".
75% dos conteúdo são comuns e fixados pelo Estado, a parte restante é determinada pela escola com a participação dos alunos e dos pais".
Para a Educação vão 5,8% do PIB. Os professores têm uma licenciatura de 5 anos, 1/3 da qual de conteúdo pedagógico e, em geral, mais um ano de pós-graduação. (Não é muito diferente de Portugal). Salário cerca de 2300 € e 13 semanas de férias por ano. Os directores das escolas, eleitos por órgãos próprios da Administração, ganham em média 4.500€ e respondem pelo sucesso ou insucesso da escola.
"Os professores da escola de Alppila trabalharam em equipa, bem coordenados, ultrapassaram as metas propostas e tiveram no fim do ano de 2003 um cheque de 28 mil euros que lhes permitiu umas férias na Hungria e uma festa de Natal"
Em média há 20 alunos por aula. Mas se há alunos atrasados ou com problemas fazem aulas de 10 até recuperarem. Escolas em bairros com problemas sociais têm um orçamento maior.
"O ano passado tivemos um problema e o município de Helsínquia entregou-nos de imediato 18.000 €." O maior desafio é não haver reprovações e se a situação está complicada há reforço imediato de verba, por exemplo, para contratar mais professores para aulas de apoio em pequenos grupos.
"Em Janeiro a escola Alppila organiza as jornadas de apresentação dos cursos a que comparecem os pais para conhecer os métodos de trabalho". A relação dos professores e da escola com os pais dos alunos é permanente.
"Cerca de 60 % dos alunos do secundário seguem para a universidade e os restantes frequentam cursos de formação profissional. É difícil encontrar alguém sem um título".

Finlândia:
Superfície: 3,5 vezes a de Portugal.
População: cerca de metade da portuguesa.
Religião: 85% luteranos.
Alunos: 596.000.
Professores: 48.000.
Taxa de alfabetização: 100%.
Inflação: 0.9%.
Renda per capita: 27.400 dólares.

 

Portugal em mudanca? Inovação, Ciência e Tecnologia

Sobre o encontro realizado no Grande Auditório do ISCTE que contou com a participação de mais de 300 cientistas, tecnólogos e empresários oriundos de todo o país, Lester enviou ao Puxa Palavra o texto seguinte:

Decorreu no dia 18 o 1º encontro "Inovação, ciência e tecnologia: condições para o desenvolvimento científico e tecnológico do País - bloqueios, estratégias e soluções".
Na página de contribuições existem já vários textos muito interessantes.Esta iniciativa é um exemplo de como pode ser organizado um debate público e levar as pessoas a participar.Por mim gostaria de ver ainda algo mais concreto a implementar com o respectivo detalhe e temas de discussão a preparar o 2º encontro.Era também assim que gostaria de ver as Novas Fronteiras já a funcionar. Senhores coordenadores. Começem a divulgar ! Deleguem ! Dividam ! Caso contrário chegamos às eleições sem nada (ou apenas com o que meia dúzia de iluminados conseguirem fazer numas noitadas).
Lester


 

Correcção de rota

No meu post "Políticamente pouco correcto" de ontem questionava-me sobre as Primas Donnas deste País e associava o Dr. António Vitorino a esse círculo e uma das razões era a sua não aceitação de tarefas políticas de risco.
Faço aqui uma correcção de rota. António Vitorino é, segundo a imprensa de hoje, cabeça de Lista pelo distrito de Setúbal, um distrito onde as transformações económicas e sociais têm-se desnrolado de forma profunda e a grande velocidade. Um distrito onde as forças políticas e sociais se digladiam fortemente. Um distrito nada fácil para o PS, onde os anti -corpos são muitos e se aguarda uma disputa cerrada entre as esquerdas. Um distrito onde as esquerdas muitas vezes não souberam estar ao nível das melhores respostas aos problemas graves de desemprego e até de fome que sacrificaram em muito a região. Que apareçam nas esquerdas, as ideias inovadoras de desenvolvimento que têm faltado e se implementadas levem à produção de riqueza e de maior bem estar da sua população.
Parafraseando Nuno Namorado no seu artigo "O PS, as listas e o poder" do Público de 27/12, a escolha dos cabeças de lista para o exterior do PS parece não constituir um poderoso entrave (que o autor receava) no caminho para uma maioria absoluta, e talvez revelem até um sinal de algum bom senso, embora ainda não se conheça a composição das listas e os efeitos de conflitualidade interna excessiva que quase sempre gera. A ver vamos.
E para terminar esta correcção de rota apenas referenciar a excelente escolha para o Porto, o Eng. Braga da Cruz, homem que conhece bem a região, que nela tem desempenhado funções de relevo e nela exerce a sua profissão técnica e de direcção de projectos. É uma pessoa com uma rara qualidade, na minha opinião. Ouve as pessoas, não por "exigência formal", mas para apreender/aprender o que de útil elas possam ter para o desmpenho da sua missão. Os meus contactos com Braga da Cruz não foram muitos, mas foi essa a boa sensação que me deixou enquanto Ministro da Economia no período breve que por lá passou.

2004-12-28

 

EDUCAÇÃO - Vá! Vamos lá sair da cepa torta!!

O tema da Educação é aliciante e atrai-me tanto quanto é grande a minha ignorância sobre a matéria. Por isso frequento O Professorices!
Vejo o país campo de experiências reformistas há mais de 30 anos, pelo menos desde Veiga Simão, Ministro da Educação de Marcelo Caetano e os resultados são decepcionantes. Por isso considero que um problema estratégico do país é a valorização do nosso principal recurso, da nossa principal matéria prima, os Portugueses. Daí me parecer que o Governo (de Sócrates ou lá quem for) tenha de fazer uma primeira aposta firme de longo prazo (Guterres fez um primeiro esforço e teve um relativo sucesso. Um tema para eventual acordo de regime, se fosse possível, o que duvido): investir e não apenas apenas em dinheiro, na Educação (instrução, formação profissional, investigação científica...).
É claro que governar o país obriga a atender ao mesmo tempo a muitas e instantes urgências e por outro lado, apesar de Fátima, ou talvez em parte por isso mesmo, não somos terra de milagres. Mas agora falemos de Educação.

DN, de 7 de Dezembro:(Artigo de João Pedro Oliveira)
"Alunos portugueses sem competências na Matemática, 20% apenas conseguem resolver problemas óbvios. Média nacional muito abaixo da OCDE.
Um em cada cinco jovens portugueses apenas consegue resolver problemas matemáticos óbvios em que a resposta está implícita na questão apresentada. Este é apenas um entre os muitos dados hoje revelados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que traçam um quadro negro do ensino da Matemática em Portugal e revelam resultados que deixam o País no 25.º lugar no ranking dos 30 estados membros desta organização.Os números constam da última edição do PISA (Programme for International Student Assessment) e são relativos a 2003.
Público, 7 de Dezembro (transcrito aqui)
Em Portugal, a despesa feita por aluno, desde que começa a escolaridade obrigatória até aos 15 anos, ronda os 36 mil euros. Contudo, os resultados dos estudantes portugueses a Matemática ficam um pouco aquém do investimento feito. Por exemplo, Espanha gasta 35 mil euros e os seus alunos têm um desempenho melhor do que os portugueses, aproximando-se mais do que seria expectável com a despesa que fazem. Já na República Checa, a despesa por aluno representa pouco mais de metade do que é gasto em Portugal e os resultados dos alunos estão 50 pontos acima, demonstrando assim grande eficácia. "
No mesmo sítio, dados do PISA 2003:
"Em Portugal, a despesa feita por aluno, desde que começa a escolaridade obrigatória até aos 15 anos, ronda os 36 mil euros. Contudo, os resultados dos estudantes portugueses a Matemática ficam um pouco aquém do investimento feito. Por exemplo, Espanha gasta 35 mil euros e os seus alunos têm um desempenho melhor do que os portugueses, aproximando-se mais do que seria expectável com a despesa que fazem. Já na República Checa, a despesa por aluno representa pouco mais de metade do que é gasto em Portugal e os resultados dos alunos estão 50 pontos acima, demonstrando assim grande eficácia. "
...
"A Coreia tem um rendimento nacional 30 por cento inferior à média da OCDE e os seus alunos estão entre os que melhor se saem. "
...
Ou ainda: "Finlândia lidera todos os 'rankings'
Os resultados dos alunos finlandeses já tinham sido bons em 2000 e na edição de 2003 não podiam ter sido melhores. Nas três literacias testadas (matemática, leitura, ciências), e olhando apenas para os Estados da OCDE, a Finlândia ocupa sempre o primeiro lugar. A Holanda é outro dos países europeus a conseguir sempre uma posição de destaque."
Sei que não somos a Finlândia, nem a Coreia, nem Hong Kong, nem a República Checa. Que é necessário muito esforço, muita vontade política, mas se já conseguimos ser tão bons em organizar eventos (Expo 98, Euro 2004), gaita! não conseguiremos dar um decisivo passo em frente na Educação e sair da cepa torta!?

 

Portugal em mudanca? ...A questão das maiorias

Até neste domínio seria positiva uma mudança? Efectivamente estou a falar das eleições de 20 de Fevereiro. E se vejo alguns potenciais perigos numa maioria absoluta do PS, vejo muitos mais numa maioria relativa (aliás como o passado recente bem demonstrou), pelo que não me choca que o PS mostre a vontade de querer obter uma maioria absoluta.
Os cenários de uma maioria absoluta há que os fazer, enquanto os cenários de uma maioria relativa, a história já se encarregou de os formatar e não são de saudar, podendo na situação presente serem ainda mais negros se a estas eleições se admitir insucesso nas presidenciais.
Mas estou com o João Tunes, o caminho não é virtuoso. É preciso apertar e muito o PS e Sócrates em especial para uma governação decente, rompendo com muitos vícios do passado. E esse aperto começa já, exactamente no sentido preciso de reunir as condições dessa governação. É preciso vencer e convencer.
o processo eleitoral em curso é fundamental como primeiro teste e, até à data, a nota que lhe atribuia é de medíocre. (E porque já não respeito muito os tabús, até achei bem positiva a sua reacção sobre a coincineração) . Só que para mim se trata de um aspecto menor face a problemas de fundo que atravessam o País.
E se atribuo até á data a nota de medíocre é porque ainda não vi as questões fundamentais do País serem agarradas e a falta de programa não justifica. As questões de base estão bem identificadas e todas muito interrelacionadas. Queremos saber o como. É a isso que Sócrates tem de responder.
Temos um problema de défice estrutural e como o nome indica não se resolve de per si. A resposta não está em apertar, apertar o cinto (tipo Ferreira Leite). Precisa-se de uma estratégia de competitividade para a economia e empresas. Mas essa estratégia exige que se revolucione a justiça que constitui um dos maiores constrangimentos do funcionamento das empresas e não só da vida das pessoas (como por vezes se pensa), que se revolucione o sistema de ensino e de formação, a todos os níveis, apostando num ensino menos abstracto e mais consentâneo com os problemas, numa reforma séria da Administração Pública que não passa pelo congelamento de entradas e de salários mas que crie um Administração mais leve , mas mais responsável, facilitadora da vida das pessoas e das empresas (a grande reforma passa pelo Ministério das Finanças que é um Estado dentro de outro), uma AP parceira da sociedade civil e, finalmente, montar uma saúde bem gerida e ao serviço das pessoas e um combate à indisciplina que reina a todos os níveis.
É sobre questões como estas que o PS para chegar ao poder tem de se pronunciar, definindo bem os conteúdos, as metodologias e apontando para prazos, pois há aqui muita coisa que vai bem para além de uma legislatura.
Com um programa destes, com uma campanha pela afirmativa em que fosse clara a propensão de que iria estar atento ao pulsar da sociedade, não seria dificil o PS conseguir a maioria de que este país bem precisa para ter uma governação consequente. Deixo aqui um registo de que não sou PS nem das novas fronteiras. Provavelmente se o fosse não produzisse tão negro panorama.

 

Políticamente "pouco" correcto

A leitura da imprensa de hoje despertou-me mais uma vez para uma ideia já de há muito amadurecida: neste triste país, que é o nosso, não faltam as Primas Donnas em todos os partidos e profissões.
Primas Donnas muito importantes e exuberantes de formas diferenciadas. Primas Donnas que se fazem muito caras, sobretudo quando desafiadas para funções que comprometem. Raramente correm o risco de se submeter a veredictos populares, pois aquele seu prestígio (de elite) pode não estar disseminado naquela massa (ignorante) de votantes.
Uma Prima Donna não se fabrica por acaso. É preciso um processo de lançamento e de alimentação continuada nos media, normalmente por manobras do próprio ou de pessoas do seu grupo com objectivos geralmente bem determinados - apear outra ou grupos rivais em termos de influência. Quando se trata de partidos políticos, estes processos não visam certamente grandes desígnios nacionais, mas poder e domínio.
Talvez me digam. A vida é mesmo assim. Talvez, talvez. Muitos de nós, certamente já presenciaram cenas destas, algumas bem armadilhadas.
Isto tudo vem a propósito de uma pessoa, cujo valor e grandeza pessoal não está em causa, mas cujo comportamento não está longe deste paradigma (apesar da D. Constança invocada, coitada!!).
É sempre o mais desejado. Desejado para secretário geral. Desejado para cabeça de lista pelo Porto e não aceitando pode dar lugar a um Pinho qualquer. Desejado para futuro MNE. Ainda a ver.
Aceitou coordenar a feitura do programa eleitoral, que ninguém vai ler e onde pode dizer-se no futuro. Está lá tudo (nem que seja nas entrelinhas!!). São estas as tarefas que não comprometem e suportam aquela auréola messiânica.

 

Portugal em mudança? (ideias sobre educação)

Por sugestão do RN retomo parte dos comentários ao post de João Abel de Freitas. Ideias para a educação em Portugal:
fazer uma verdadeira reforma que ponha os estudantes a gostar de aprender (por exemplo as ciências, matemática incluida). Apostar num modelo de desenvolvimento baseado na competência.
Ao que Lester Burnham respondeu:
- Fazer como o Guterres que no seu primeiro mandato apostou e implementou uma rede de pré-escolar em Portugal. Isto foi uma obra histórica de que pouco se falou. Nesta legislatura podiamos definir como prioridade o 1º ciclo (antiga primária) que é o parente pobre da educação em Portugal. - Correr com os pedagogos que estão há 20 e tal anos no ministério e não sabem o que é a realidade. Ou então obrigá-los a dar aulas para verem como é. - Obrigar os pedagogos a perceber que é importante saber sobre as coisas (ex: para darem matemática têm de saber matemática). - Voltar a baixar o máximo de alunos por sala (que no tempo do PS era de 20 alunos por sala e agora voltou aos 30).

O meu comentário sobre o ensino das ciências (e da matemática em particular), dois pontos são essenciais: apostar na qualidade desde a primária, para isso o número de alunos por sala é muito importante, mas tambêm é fundamental a qualidade dos professores, é impossível ensinar bem algo de que não se gosta e que não se conhece bem, esta evidência não é bem compreendida por todos. O ensino das ciências requer uma boa dose de entusiasmo, muitos de nós ficamos marcados para toda a vida por um excelente professor que cruzámos no liceu ou na escola secundária, infelizmente estes são uma pequena minoria. É necessário encontrar formas de melhorar a qualidade média dos professores do secundário, devemos agir em dus direcções: 1- dar oportunidade de evolução permanente aos professores que querem continuar a aprender, 2- Selecionar os candidatos a professores com base nos conhecimentos da matéria e na capacidade de dar aulas (por exemplo adoptando um modelo inspirado no CAPES e Agrégation franceses).

 

O Maremoto na Tailândia


KARM KHAMZIN/ASSOCIATED PRESS - NYT

 

O Maremoto na Índia

Agência France Press - NYT

2004-12-27

 

Bush e Bin Laden. Inimigos que necessitam um do outro

Numa conversa com a CNN a partir da sua casa, em Vichy, [Georges Malbrunot um dos jornalistas raptado no Iraque e libertado em 21 deste mês] conta que os seus captores iraquianos queriam que George W. Bush fosse reeleito, já que o Presidente americano os "ajuda" a promover a sua causa.
Segundo Georges Malbrunot, o enviado especial do "Le Figaro", de 41 anos, os membros do Exército Islâmico no Iraque responsáveis pelo rapto diziam ter como verdadeiro objectivo "a Arábia Saudita e o Egipto" e que se Bush ganhasse os soldados americanos ficariam no Iraque durante anos. "Votamos a favor de Bush porque nos ajudou muito ao intervir no Afeganistão. Desde aí pudemos expandir-nos por todo o mundo e estamos presentes agora em 60 países",
Em declarações à televisão francesa, Malbrunot fala da vida no "Planeta Bin Laden", dizendo que sentiu sempre a influência do líder da Al-Qaeda, principalmente quando os dois jornalistas estiveram com "uma célula do Exército Islâmico no Norte do país". "Tínhamos completa noção de que não era a agenda iraquiana mas a agenda da 'jihad' [guerra santa] internacional que os motivava", explica
.[Link para o Público de 2004-12-26, de onde foi extraído este texto]

 

Com mais portugueses como este...

Fernando Nobre, o fundador da AMI, por quem todos devíamos sentir uma dívida de gratidão, publicou nas vésperas de Natal o livro "Viagens contra a indiferença" onde faz o balanço das 200 acções humanitárias em que participou. O lançamento da sua obra decorreu a 23 de Dezembro, no Porto e o JN publicou uma oportuna entrevista com o título "Indice de pobreza é vergonha nacional". [Disponível aqui]

"Vivo entre a grande satisfação e a grande frustração", confessa Fernando Nobre, o especialista em Medicina Geral e Urologia [Primeiro Prémio da Associação Europeia de Urologia, em Copenhaga, em 1984] que, há 20 anos, trocou o hospital de Bruxelas para fundar a Assistência Médica Internacional (AMI), em Portugal. Acredita que qualquer missão humanitária é justificada - e participou em mais de 200... -, nem que seja para salvar uma só vida. Lamenta ainda a pobreza que ainda se vive em território nacional. "Não é a falta de dinheiro que faz com que as coisas não se resolvam, é a falta de vontade política na resolução das grandes causas", acusa. Ontem, no Porto, lançou o livro "Viagens contra a indiferença", o relato de algumas missões, mas também um documento que poderá levar os filhos a perdoarem-lhe a ausência: "Espero que entendam que estive a tratar meninos como eles".

Um livro para a cabeceira de Sócrates!

 

O ministro e o deputado


Didier Julia e Michel Barnier

Após a libertação de dois jornalistas franceses reféns no Iraque desde 20 de Agosto a guerra entre o ministro Michel Barnier e o deputado da maioria Didier Julia está a atingir proporções nunca antes vistas: o ministro chamou irresponsável ao deputado acusando-o de ter posto em perigo a vida dos jornalistas e o deputado tratou o ministro de "incompetente".
Para quem não seguiu esta estranha história: no passado mês de Setembro o deputado e um seu colaborador, ambos ligados a associações de amizade França-Iraque (no tempo de Sadam) anunciam que estão prestes a conseguir a libertação dos dois jornalistas através de contactos internos no Iraque, o secretário do deputado afirma mesmo em directo na rádio "estou neste momento na companhia dos reféns", nos dias seguintes alguns jornais bem informados (Figaro, Le Monde) afirmam que, segundo os registos do telefone portátil do deputado e do seu secretário, estes nunca saíram de Damasco na Síria, após a libertação os reféns dizem nunca terem visto nenhum dos emissários.
O contra-ataque do deputado é extremamente violento: segundo este o ministro é um incompetente que não fez nada, e a libertação dos jornalistas deve-se exclusivamente à sua rede de contactos paralelos.
Dois artigos para os mais curiosos: Le Monde e Figaro

 

Caderno Diário (2)


Os que aqui chegam vêm todos de longe. O espaço aqui é outro espaço e o som dos passos apenas se adivinha, porque as mensagens surgem, de súbito, afixadas no blog e vão despertando curiosidade.

António Arnaut lança a ideia de uma espécie de acordo entre os principais partidos relativamente às políticas da saúde. Diz ele que se deveria evitar mudar tudo, em matéria de políticas da saúde, de cada vez que uma nova maioria se assolapa às alavancas do Estado. [TSF, 19 de Dezembro 04, no programa de Carlos Pinto Coelho, «Directo ao Assunto»]. O homem que transporta na sua aura de deputado e ministro, os louros do serviço nacional de saúde, volta à carga.


A reacção não tem sido entusiasta, nem dentro, nem fora do PS. O que Arnaut propõe é que as maiorias que se alternam no poder não deitem fora a experiência dos governos anteriores antes de sopesar serenamente as vantagens e inconvenientes que novas mudanças possam trazer para o SNS, na óptica dos seus beneficiários.


Um consenso em torno de algumas políticas públicas? Um pacto de regime para a saúde? Um apelo a que os políticos de turno resistam às tentações mais venais e se ocupem, finalmente, dos serviços de saúde?


Que estará António Vitorino a escrever a este respeito?

Poder-se-á perguntar se o EBC (Espectro do Bloco Central) não nos apoquenta quando estão em causa políticas públicas estratégicas - Saúde, Educação, Emprego, Formação e Ciência - e se acreditamos na visão idílica do poeta Aleixo, tão ingénua quanto grandiosa

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.

Sabemos que as fronteiras das ideologias e dos interesses remetem o discurso «unionista» desta e doutras quadras populares para o museu do populismo arcaico. Essa fórmula representou (ainda representará?) uma postura passiva dos tempos em que d'«eles» (aqueles a quem parece que o poeta se está a dirigir) se esperava que tudo fizessem e desfizessem, unissem e e desunissem, sem que nós fôssemos sequer ouvidos...
Na era da participação, do empowerment, dos direitos humanos e das literacias, como virá a ser?

À espera de Vitorino?

 

Ron Kovic colocou um "comment" no post do Pedro Ferreira, aqui abaixo, onde ele mostra a Igreja de Auvers. Mas, além do comentário, Ron Kovic queria exibir o quadro de Van Gogh inspirado na referida igreja o que o Blogger não consente. Para corresponder ao interesse de RK aqui lhe trago o quadro, que Vincent van Gogh pintou em 1890 e que se pode ver no Museu d'Orsay, mesmo à beirinha do Sena, em Paris, na "velha Europa".

2004-12-26

 

Portugal em mudança?

O título inspira-se na "Espanha em mudança", crónica de Madrid de Manuel Lopes, no DN de hoje.
A Espanha, por tudo o que nos chega, está mesmo a mudar com Zapatero. Os acontecimentos de 11-M terão ditado os resultados eleitorais de 14 de março, correndo com Aznar do poder, uma personalidade forte, controversa e que, sobretudo, se salientou pela sua veia de grande "inventor de factos e desculpas políticas" (falaciosas) e com isto soçobrou. Os povos de Espanha arrearam-no de Moncloa.
E Zapatero entra de mansinho com um leque de ideias no cabaz, mostrando um esforço sério de concretização. Assim, retirou as tropas do Iraque, afastou Espanha da política belicista de Bush, adoptou novas políticas sociais, tomou medidas de facilitação do divórcio, reconheceu os casamentos gay e está a enfrentar a igreja com equílibrio. Não há dúvida de que esta governação tem vindo a agradar e a ser aceite pelo povo.
Portugal pode a 20 de Fevereiro entrar numa etapa semelhante.
Para isso é nececessário levar ao povo português a dimensão do descalabro em que o governo de coligação PPD/PP deixou o país, e desfazer de forma adequada e séria os argumentos que o governo vai invocar para atribuir a terceiros as culpas da sua má governação.
Mas isto só não basta. Há que formular a tal meia dúzia de ideias fundamentais de que este país precisa para uma ruptura com a gestão deste governo e do passado recente. Ideias mobilizadoras, com um conteúdo preciso e aproximação de timings. Algumas delas certamente coincidentes com as de Zapatero.

2004-12-25

 

Boas festas


Auvers-sur-Oise 25/12/2004
Para recordar Vincent Van Gogh que pintou um célebre quadro desta igreja em 1890.

2004-12-24

 

BOAS FESTAS


A Virgem e o Menino com Santa Ana (Leonardo da Vinci)

 

Solidariedade Institucional e Boas Festas

Felizmente que o Nobre Guedes veio esclarecer e permitir-nos um Natal em Paz. Que estava tudo bem entre o 1ºMinistro e o Ministro do Ambiente, ele próprio.
Deixa-me ver se percebo. Um ministro convoca uma conferência de imprensa. Meia hora antes de o ministro se dirigir aos jornalistas o 1ºM manda-a cancelar. Nem mais nem menos. Género quem manda aqui sou eu e o tipo (o ministro) que vá barda...
O pobre Guedes não podia fazer outra coisa, perante uma tal humilhação, inédita no país, que não fosse dizer o que disse: ou o Pedro lhe devolvia a conferência de imprensa dentro de 24 horas ou demitia-se daquele demitido Governo.
No dia seguinte os jornais acrescentavam novidades. Nobre Guedes aprontava-se para deitar para o lixo o projecto do lixo do PSD, que vinha de Durão, já em avançado estado de maturação e mais... já tinha a presidente do conselho de administração da respectiva empresa para incineração, a ERSUC, Miguel Almeida, o antigo chefe de Gabinete de Santana Lopes na câmara da Figueira da Foz e da de Lisboa.
Avaliadas todas estas peripécias, e na ausência do saudoso Prof. Marcelo dou os cartões seguintes: a Nobre Guedes cartão vermelho, apesar de a sua solução me parecer melhor que a do PSD, porque escondeu ao 1º M o que andava a fazer. E a este dou cartão vermelho porque não tem mão nos seus ministros vendo-se obrigado a continuar a dar barracas mesmo depois de demitido. E como é Natal vai para os dois também o desejo de umas Boas Festas. (Mas, por favor, não gastem demais que o dinheiro é de todos nós.)

 

O Comício de Natal

Primeiro Santana Lopes disse que era um jantar de Natal e fiquei à espera das palavras de Paz e Amor. Mas a seguir entrou em campanha. Aliás a do costume. A vitimização. Coitado... Que não o deixaram trabalhar... A milonga das facadas (mas sem as atribuir aos companheiros PSD porque agora não convém).
Sendo então um comício de campanha fiquei muito satisfeito por ter conseguido encher a casa, sinal de que haveria luta. As santanetes garantiam que ao lado estavam mais 2000 convivas!! Ih, ih, ih... mais que o PS!... Estávamos neste esbanjamento de alegria quando um inadvertido toque no comando me atirou para outro canal.
Falava um sujeito da comissão de trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa (da oposição como se concluirá) que era indecente coagir os trabalhadores, uma circular interna da Câmara posta a circular para porem os nomes... os que fossem ao comício do Pedro.
Atacado por um agressivo microfone da detestável comunicação social o pobre do Carmona (o Rodrigues, claro!) dava explicações, que não sabia de nada que, está bem de ver, teria de abrir um inquérito, coisa e tal.
Já não mudei de canal com receio de que aparecesse alguém a denunciar camionetas alugadas para levar a malta ao comício de Natal, como Salazar (sem ofensa para o ditador que não aceitaria humilhantes comparações com gentinha.)

 

Boas Festas


Bom Natal e Bom Ano de 2005 para todos os companheiros do PUXAPALAVRA, com uma especial referência para o Pedro Ferreira por ser o companheiro mais recente que, em boa hora, se associou a esta equipa.

Votos idênticos para todos os amigos e viajantes da blogosfera.

Que 2005 vos traga paz, amor e os êxitos que justa e dignamente merecerem.

 

Após uns dias de ausência

Chego e encontro o PUXA a puxar por questões interessantes. O processo eleitoral é de facto um bom tema. É mesmo o de maior importância para nós, neste momento, quando ainda temos um governo que pautou a sua (des) governação pelo sistemático diz que não diz, ou melhor, quando um ministro ou o primeiro ministro diz algo, logo virá um outro dizer o contrário. Em termos de credibilidade de um governo é um mimo. Em breve também tentarei entrar nesse debate.
Mas agora o que me traz ao Puxa é o de manifestar o apreço pela sua internacionalização, ao ter conseguido trazer o Pedro Ferreira para a equipa. Muito satisfeito e daqui um abraço ao Pedro.

2004-12-23

 

Caderno Diário (1)

Portas de Brandenburg, Berlim. O que divide também aproxima.

Em primeiro lugar um abraço de gratidão ao João Tunes. A distribuição dos prémios do «Água Lisa» contempla o PUXAPALAVRA com um generoso «Prémio de Porcelana». Sentimo-nos com certeza lisonjeados (eu, pelo menos, sim) e tocados pela imaginativa dinamização da Blogosfera. Para além do prémio que nos coube (exaequo com numerosos companheiros virtuais) só havia mais três: um de ouro, outro de prata e outro, ainda, de bronze. Calhou-nos o mais frágil, sugestivo e análogo às loiças da alma. Sejamos nós, os do PUXA, merecedores de tal distinção. Ademais os outros eram só três enquanto nós somos alguns dezassete. Grande é a companhia, melhor há-de ser a travessia!

Em segundo lugar, uma resposta ao João Tunes acerca do que penso da Maioria Absoluta (MA) e da Maioria Relativa (MR) no actual contexto. Para nos poupar vou fingir-me lacónico.

Compacto de cinco reflexões acerca das maiorias

1 – Uma MA não se pede. Quem a pede, perde a grandeza que deve ter quem a ganha. É mais conquista do que dádiva.

2 – Uma MA, como já vimos, favorece o autismo embrionário em todas as organizações políticas. Providencia em operacionalidade o que retira em necessidade de dar atenção ao que vai mudando.

3 – Uma MR obriga a uma definição mais nítida. Com o grau de confiança que se recebeu do eleitorado, firmam-se os compromissos que forem necessários para a concretização de um conjunto de medidas.

4 – A elevação crítica dos eleitores tenderá provavelmente à constituição de constelações de apoio mutáveis em função das causas. O tempo dos catch-all-parties é um tempo triste e, desejo-o de boa mente, em vias de extinção.

5 – Com MA ou com MR, o PS terá de governar. Enquanto os lobbies uivam sob o espectro do Bloco Central, vamos pondo as cartas na mesa, falando claro e colocando condições. Se desta vez a esperança voltar a falhar, que não seja por falta de participação.

2004-12-22

 

Cuidado! Não se aproximem. Andam todos ao estalo


Ontem foi Bagão Félix que "perdeu a paciência" e desancou na Manuela Ferreira Leite. Que o enganou em 800 e tal milhões de euros no OE para enganar Bruxelas e o Zé povinho e que não está para ser ele a pagar as favas.
O coitado agora já nem sabe o que há-de vender pois Sampaio opor-se-á venda do Palácio de Belém e o Ministro da Saúde à do Hospital Júlio de Matos. Parece prudente tendo em conta o estado do Governo (vide O Jumento).
Hoje foi o Nobre Guedes. O 1ºM proibiu a conferência de imprensa que o Ministro do Ambiente ia fazer, já a dita fora anunciada, apenas meia hora antes do ministro ir para o ar. Nobre Guedes ia anunciar para a Região Centro uma solução diferente da incineradora que, pelos vistos, um lóby do PSD/PPD prefere.
Agora o ministro do CDS-PP, desfeiteado, ameaça com razão, demitir-se do Governo demitido (parece confuso, mas é mesmo assim) E deu 24 horas a Santana Lopes para dar o dito pelo não dito.
Há quem pense que por detrás deste deprimente episódio pode estar o Portas já em campanha para enterrar ainda mais o amigo Pedro.
O mais parecido com isto foi o que vi há uns anos, numa feira que se fazia mensalmente numa zona de Odivelas. Estávamos nesta época do ano e quando tudo parecia bem, levantou-se um temporal!... Chuva e ventania, tendas a ir pelos ares, sapatos e roupa pelo chão, o pessoal a fugir a abrigar-se, quinquilharia espezinhada, feirantes a bater nos filhos que não seguraram as estacas, berraria, estalos...

 

Saturno visto pela sonda Cassini-Huygens


Uma bela imagem de um belo projecto de cooperação cientifica euro-americana. Era neste tipo de projectos que os ministros das finanças do PSD queriam fazer economias.


2004-12-21

 

O Espectro do Bloco Central (2)


Faz-se um teste didáctico à política e fica-se a perceber o que é proposta democrática e o que é pré-imposição autoritária disfarçada de proposta programática. Sócrates volta à co-incineração sem se perceber exactamente o que quer dizer. Será teimosia? Suporá que conseguirá uma maioria folgada deste modo? É estranho, dado que tem um bom ponto de partida face a um governo que, parafraseando o post de ontem do Mário Lino, não poderia ter ido pior do que foi.

Há qualquer coisa de patético na atitude de um dirigente político que vai a votos e dá prova da mesma obsessão que teve enquanto ministro do ambiente do Governo de António Guterres. Suporá, porventura, que a apreciação negativa da sua postura se delimitará regionalmente?

Onde irão votar aqueles que costumam dar o seu apoio ao PS mas têm declarado o seu irredutível desacordo com a milonga básica e arcaica do Nymbismo?

Que contas estará a fazer a actual liderança do PS?

 

Acordos Pós-Eleitorais

O acordo ante-pós-eleitoral do PP com o PSD/PPD vale o que os interesses pós-eleitorais de cada partido ditarem. Isto é, não vale nada. Foi um álibi, um véu, uma burka, para tentar tapar aos olhos dos eleitores a desagradável nudez dos descasados.
O PS reclama maioria absoluta. Um objectivo alcansável mas, sem dúvida, difícil. Isso permitiria ao PS governar sem as limitações e permanente necessidade de malabarismos parlamentares, que condicionaram os governos de Guterres e poder mostrar o que vale.
O Bloco de esquerda e curiosamente também o PCP mostram-se abertos a acordos pós-elitorais com o PS. Independentemente da sinceridade de tal conversa trata-se em primeiro lugar de uma boa táctica eleitoral para contrariar o voto útil implícita ou explicitamente reclamado pelo PS.
Por outro lado convém ter presente que Jerónimo de Sousa é um líder em muito melhor situação do que Carvalhas para negociar e chegar a acordos mutuamente vantajosos com o PS admitindo a hipótese de Sócrates ter necessidade e vontade para tanto.
Carvalhas estava sempre sob suspeita dos Domingos Abrantes e dos Jerónimos de Sousa e portanto sem qualquer margem de manobra. Enquanto Jerónimos e Abrantes não têm ninguém que os tolha. Para isso necessitariam de ter mais inteligência e menos atavismo político do que publicamente transparece e a realidade desmentir Carlos Brito que no mês passado disse à Lusa que "o PCP está a dar passos que vão no caminho de uma crepuscularização de tipo marxista-leninista" e de uma "esquerdização burocrática".

2004-12-20

 

Pior era impossível

Ao fim de quase três anos de desgoverno PPD/PSD-CDS/PP, não há um único indicador relevante que não tenha piorado face à situação verificada em 2001!
Nem mesmo a grande bandeira do governo, que foi o défice orçamental.
E dizia Durão Barroso que o País estava de tanga no início de 2002, o que, de facto, foi uma grande tanga para justificar o assalto ao bolso e aos direitos da maioria dos portugueses.


 

Adesão da Turquia e política francesa

Aqui por França a questão da adesão da Turquia à Comunidade Europeia tem provocado muitas reacções, a xenofobia e o sentimento anti-islamico de uma parte da população têem sido explorados por parte dos políticos. A esquerda (PS, verdes, PC,etc) é a favor, com mais ou menos entusiasmo. A direita está dividida, o exemplo mais gritante é o partido do presidente (UMP) com Chirac a favor e Sarkozy contra. O partido "centrista"(UDF) é contra (sendo a favor da extensão da união aduaneira e comercial). Os partidos de extrema-direita têem explorado a islamofobia com Le Pen a fazer as suas provocações habituais. O exemplo mais significativo vem de Philippe de Villiers um sinistro personagem próximo dos meios católicos integristas e president do MPF: "c'est un réservoire de bombes à retardement avec les séparatistes kurdes et les terroristes islamistes" ou ainda "tous les Turcs vont venir chez nous" (artigo de Le Monde).

2004-12-19

 

A Turquia e o genocidio Arménio

Muito obrigado ao Raimundo Narciso pelo convite para participar no PUXA PALAVRA. Nesta primeira participação um pequeno comentário sobre a abertura das negociações de adesão da Turquia à Comunidade Europeia. Na semana passada a comunidade arménia (que é bastante activa aqui em França) organizou várias manifestações para reclamar que reconhecimento do genocídio Arménio de 1915/1918 pela Turquia antes da adesão. Este é o segundo grande genocídio do século XX (após o dos Hereros na actual Namíbia em 1904), os representantes das associações Arménias não reclamam nem indemnizações nem recuperação de território mas apenas o reconhecimento pelas autoridades turcas da existência do genocídio e a sua inclusão nos livros de história.


 

Zum Zuns sobre diálogo

Segundo certos zum zuns afinal o PCP estará aberto ao diálogo com o PS para a eventual necessidade de viabilizar um Governo de esquerda após as próximas eleições. A ser assim, mais uma vez fica desmascarada "a campanha anti-comunista" do costume.
Uns dias depois da reunião do CC, presidido pela mesa que está à vista, Jerónimo de Sousa, numa reunião da DORL, disse qualquer coisa que na minha modesta opinião quer dizer que o PCP está disposto a chegar a acordo com o PS desde que este adopte uma correcta linha marxista-leninista.

 

O Espectro do Bloco Central (1)



Em matéria de alianças, espera-se pelos resultados eleitorais. O que já se sabe é pouco ainda, mas fundamental. O BE avança com dez medidas para 100 dias (Expresso de sábado passado) e garante que só participará num governo quando tiver uma força parlamentar e social capaz de influenciar as respectivas políticas. Quanto ao PCP, a decisão será tomada face ao anúncio das políticas a seguir... Um e outro (PCP e BE, pelas vozes, respectivamente, de Jerónimo de Sousa e de Francisco Louçã) consideram o PS uma força de direita (Francisco Louçã) ou com políticas de direita (Jerónimo de Sousa), em declarações que certamente se destinam a facilitar o diálogo com os membros, simpatizantes e outros apoiantes do PS...

O PPD-PSD e o CDS-PP firmaram um acordo que visa disfarçar o facto de terem desfeito a coligação. Prevendo a derrota eleitoral, acordam em que nem um nem outro viabilizarão um governo do PS. À esquerda, o PS reteoriza acerca dos quesitos para prováveis alianças à esquerda. Com o PCP de Jerónimo Sousa, não; com o BE de Francisco Louçã, tão pouco... Isto é, o PS, caso não obtenha a maioria absoluta, aliar-se-ia com forças à sua esquerda desde que as respectivas lideranças fossem diferentes das actuais...

Como o PS já governou sozinho, já formou governos com o CDS e com o PSD, não tendo nunca feito a experiência de uma aliança de esquerda no Parlamento ou no Governo, compreende-se a preocupação de João Cravinho, expressa quer no «Expresso da Meia Noite» – SIC – Notícias (16-12-2004) quer em artigo publicado no DN de sábado que pode ser lido aqui), com o espectro do Bloco Central.


 

O chelique do Presidente

Todos viram, hoje, nas televisões, Sampaio após a inauguração de um novo equipamento escolar no concelho de Palmela, ao lado de Maria José Rita e da Presidente da Câmara, Ana Teresa, a sentir um mareio na cabeça que o levou a socorrer-se do aconchego de um desses muito castiços bancos de jardim às ripinhas e a mostrar-nos o nosso Presidente com um ar de desamparo próprio de pensionista sexagenário sem parceiros para uma bisca soalheira.
Os media apressaram-se a explicar que foi uma quebra de presidencial tensão sem a mais leve importância, no entanto, através de uma fuga do SIS ( a provar que os Serviços estão mesmo a funcionar!) o Puxa Palavra está em situação de informar os Portugueses do que, defacto, se passou.
Poucos terão reparado no assessor da presidência que muito à puridade e num disfarsado repente se aproximou a bichanar ao ouvido de Sampaio:
-Senhor Presidente acabo de ser informado que o louco do Bagão...
- Quem?
- O Bagão, o Bagão Félix, o das Finanças, no desatino de vender à pressa imóveis do Estado para tapar o buraco do défice incluiu... o Palácio de Belém!

2004-12-18

 

Sec.de Est. Adjunto Inconformado

Patinho Antão, Sec. Est. Adj. do Ministro da Saúde numa página de opiniões, lá para o fim do 1º caderno do Expresso:

...Que opinião teriam alemães, italianos , austríacos e outros - que aspiram, há muito, por governos de maioria parlamentar - acerca dos seus Presidentes da República, se estes, de repente, os privassem disso mesmo?

Com a devida vénia e sem pôr em causa o inteligente raciocínio do Sr. Sec. Est. Adj. Patinha Antão sugiro-lhe uma reformulação da pergunta:

Que opinião teriam alemães, etc, etc, dos seus Presidentes da República, se estes os privassem de um Primeiro Ministro cujo mais relevante desempenho curricular fosse a frequência de discotecas e tertúlias futebolísticas?

 

ONU: escutas altamente sofisticadas

No princípio de Novembro foi descoberta na sede da ONU em Genebra uma instalação de escutas altamente sofisticada.

Essa aparelhagem encontrava-se instalada no chamado "salão francês", onde era normal realizaram-se encontros de natureza sobretudo bilaterais de alto nível entre países.

Como é evidente foi feito mais um inquérito sem que daí adviessem conclusões, como é aliás normal nestas situações.

 

Homens e Cavalos... de corrida



[Extractos da Entrevista transmitida em 12/12/2004 na TSF e disponível no arquivo on-line]

Fausto Coutinho (entrevistador TSF)
«O Dr. Ferraz da Costa é presidente da Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano. É mais fácil lidar com os cavalos ou com o homem?»

Pedro Ferraz da Costa (antigo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa e actual presidente do Fórum para a Competitividade)
«(pausa) Ah!... São coisas muito diferentes. Mas... aaahhh, os animais, - os cavalos que se vendem têm que ter alguma utilidade para quem os compra - também têm de ser educados e treinados, exactamente como nós fazemos aos nossos filhos, para que eles adquiram bons hábitos, sejam motivados por coisas positivas; que sejam estimulados naquilo que é bom, e que sejam contrariados naquilo que é mau. E... também se verifica nos animais coisas que também existem nas pessoas. Há determinadas características que se herdam e há determinadas características que se adquirem. Nós devíamos ter, com certeza, para as crianças um ambiente mais competitivo do que temos hoje. É indiscutível que os países onde o desporto de competição tem importância, normalmente favorecem nas pessoas comportamentos mais activos.»

2004-12-16

 

Ao menos um final digno


Ao aproximarmo-nos do final da actual legislatura, confirmam-se, infelizmente, as análises críticas e as piores previsões feitas nesta coluna, bem como por numerosos especialistas e o observadores, ao longo deste período, sobre a política da água prosseguida pelo Governo.

Assistimos, na realidade, no sector da água, desde o início desta legislatura, a uma política errática, sem estratégia credível, protagonizada e desenvolvida, em muitos casos, por actores medíocres ou mal apoiados que se têm arrastado e substituído em cena e que conduziram ao permanente incumprimento de metas e promessas, à estagnação no desenvolvimento deste importantíssimo sector e mesmo ao seu retrocesso face a metas já anteriormente alcançadas.

No Governo imperou a instabilidade e o zig-zag nas orientações políticas: tivemos, em cerca de três anos, quatro ministros e não sei quantos Secretários de Estado diferentes, que se foram desdizendo uns aos outros e anunciando orientações e objectivos diferentes, contraditórios e sucessivamente adiados.

Na Administração, assistiu-se à quase paralisia das suas funções e à inconsistência da sua acção, em grande parte devido à ausência de meios e à incoerência das orientações políticas recebidas.

No sector empresarial, desbarataram-se dinheiros e energias, atrasaram-se investimentos decisivos para o desenvolvimento do País e, irresponsavelmente, procurou-se mais desmantelar o que antes tinha sido construído com solidez estratégica do que erigir qualquer alternativa credível e consistente.

A evolução verificada e os resultados alcançados nos principais dossiers da política da água são alarmantes e muito prejudiciais para o País.(...)

Assim começa o artigo que hoje publiquei no Diário Económico e que pode ser visto na totalidade aqui ou no Alforge


 

Algo vai mal na energia em Portugal

Não se percebem, nem faz sentido o aumento de preços anunciado para a energia eléctrica, nem económica nem socialmente. Para as empresas, pelo seu impacte negativo nos custos e por conseguinte na deterioração da competitividade que já anda por maus caminhos, para os particulares é mais um encargo em tempo de vacas magras. Basta olhar para a Espanha para ver quão grande é a diferença de aumento prevista.

Esta situação só é possível, entre nós, por uma razão de fundo. A energia não vive em regime de concorrência. Continua um sector protegido. Compete aos governos uma atitude. Mas saberão quando falam de competitividade, equacionar os vários factores que a determinam?

A falta de concorrência estende-se a todos os ramos da energia. Por exemplo a Galp em Espanha tem vindo a fazer uma promoção através da concessão de descontos, usando novas formas de vendas. Lá é necessário agir. O mercado funciona de forma dinâmica e agressiva. Aqui é o que se sabe.

Este sector de grande acumulação vai muito ao nosso bolso em termos acima do admíssivel.

 

No que deu aJustiça da República dos Juizes

Acusado de fraude fiscal, financiamentos ilícitos, falsificação de documentos, suborno de juiz, etc.
A Justiça italiana, provando o seu bom comportamento, absolveu mais uma vez Il Cavallieri, apesar de ter provado que SExa deu 326 mil euros a um magistrado de Roma. Talvez pelos seus bonitos olhos!

 

Dolly a ovelhinha clonada

Só agora é que soube que a primeira e célebre ovelhinha clonada, em 1996, recebeu o nome de Dolly devido às belas mamas de Dolly Parson, aqui ao lado.
O nome Dolly da ovelha clonada tem alguma relação com Dolly Parson a cantora? A Pergunta é feita na Visão de hoje na entrevista a Ian Wilmut pai (ou mãe?) do primeiro animal dado à criação, sem ter vindo, como toda a gente, trazido de Paris no bico da cegonha, e apenas por obra e graça das artes de clonagem de Ian Wilmut e de Keith Campbell inspiradas em Dolly Parson!
- É fã da cantora?
- (risos) Lembra-se da célula usada na clonagem?
- Glândulas mamárias?
- Exacto - responde Ian Wilmut - e quando se pensa em glândulas mamárias espectaculares!...
Noutro registo:
- Quais os principais argumentos para a clonagem?
- A pssibilidade de criar órgãos para tratar certas doenças - responde Ian Wilmut.

 

Petróleo 2005

A OPEP, num comunicado hoje divulgado, aponta para uma descida da procura em 2005 de um milhão de barris.

Esta descida que, em 2005 segundo a OPEP, poderá situar-se em 1,5 milhões de b/d contra os 2,5 de 2004, fica a dever-se às expectativas de um abrandamento do crescimento das economias dos EUA e da China.

Aliás, a China poderá começar um período de ajustamento difícil, contrariando, assim, algumas análises, devido a grande ineficácia do seu investimento e do seu sistema financeiro. Serão admissíveis taxas de investimento globais de quase 50%? É o que tem vindo a verificar-se na economia chinesa.

2004-12-15

 

Margarida Barros Moura: outra visão da Crise

Margarida Lucas Barros Moura tem a convicção que a crise política que conduziu à antecipação de eleições foi, para além das incompetências e trapalhadas deste 1º Ministro, uma crise planeada e provocada por Santana Lopes em combinação com Paulo Portas. Eis o seu texto:
1. Depois de um congresso em que foi entronizado mas sem ter conseguido unir o partido para o projecto da AD, Santana Lopes concluiu que tinha necessidade da legitimação em eleições para levar a bom termo o seu projecto de poder. Tenham-se presentes as declarações de Dias Loureiro de que Santana Lopes lhe confidenciara a necessidade de legitimação eleitoral. Talvez ponderasse que já era um pouco tarde mas o seu ego, levou-o a acreditar que ainda ia a tempo. Teria era que haver eleições quanto antes.
2. O artigo de Cavaco Silva vem tornar essa necessidade ainda mais imperiosa para evitar que os cavaquistas se organizem como alternativa.
3. Santana precisava de se livrar da coligação sem ruptura violenta que esteve para acontecer na altura do congresso e inventa agora a plataforma política que vai ser a coligação pós-eleitoral.
4. Santana e Portas estão de conluio e combinaram esta táctica o que explica que após a saída de Belém de Santana Lopes meia hora tenha chegado para conversarem.
5. Santana ao fazer a declaração que fez à saída do encontro com Sampaio, quanto a mim, trai a confiança do Presidente que lhe deve ter anunciado que ia dissolver a A.R. mas só depois do dia 09.12.2004, após a votação do orçamento e a audição do Conselho de Estado e não esperaria que o 1º Ministro fosse tornar isto público.
Santana Lopes anuncia então imediatamente à comunicação social as intenções do Presidente para tornar a sua decisão irreversível.
6. Nessa declaração a sua boa disposição é manifesta. Começa de imediato o discurso de "Calimero" e a campanha eleitoral. Ainda consegue dizer que o seu amigo Henrique Chaves é um excelente advogado o que me fez concluir que ele não precisa da política para nada e que foi ele o escolhido para "espetar a faca" até por ser um dos seus mais próximos, dramatizando assim o acontecimento.
Custa-me ver a encenação e a peça de teatro em cena e ninguém a denunciar deixando que a teoria da vitimização faça caminho.

 

A Fileira Têxtil

No dia 1 de Janeiro de 2005, com o fim do regime de quotas, o mercado mundial de produtos têxteis fica liberalizado.
Pequim, o maior exportador mundial de vestuário com 28% do mercado mundial, teve um pequeno gesto de simpatia para com os países produtores do Sul ao dar a entender, anteontem 13 , através do Ministro do Comércio Chinês, que vai instituir uma taxa aos produtos de exportação de BAIXA GAMA.
Este sinal vem na sequência de pressões sobre a China de todos os quadrantes e designadamente de países do Sul que, temendo uma derrocada das suas economias, tentaram que se realizasse, no âmbito da OMC, um estudo sobre as consequências do fim das quotas, contra a oposição da China , Índia e Hong Kong. É útil lembrar que há um número significativo de países como o Sri Lanka, Cambodja, Bangladesh e outros, cujo desenvolvimento está a processar-se na base do têxtil.
Mas trata-se de um gesto que merece leitura e é algo enganador. A China tem um potencial imbatível nesta indústria, em muitos domínios em associação com grandes marcas e, com este seu gesto, está apenas a induzir os seus empresários para uma mudança de gama, a gama média/alta e o abandono progressivo da gama baixa.
Esta guerra Sul-SUL será minorada e embora os países mais ricos possam até 2008 accionar cláusulas de salvaguarda, se "as suas indústrias se virem muito ameaçadas", estes três anos vão dar margem à China para o "ataque" na esfera de gamas elevadas.
Portugal tem de se preparar para a realidade chinesa, uma realidade muito próxima no tempo.

 

Zapatero desmascara Aznar na Comissão do 11 de Março

Anteontem à noite, vi em directo na TVE, os testemunhos e debate na Comissão Parlamentar sobre os actos terroristas de 11 de Março em Madrid.
Em 23 de Novembro foi prestar o seu testemunho José Maria Aznar que com outros elementos do seu Governo demonstram mau perder e insistem nas boas razões que tinham para seguir a pista da ETA!!
Agora foi a vez do chefe de Governo, José Luís Rodrigues Zapatero, ir à comissão.
Foi absolutamente arrasador das patranhas que Aznar continua a querer "vender" para salvar a face.
Zapatero não foi lá esgrimir adjectivos contra Aznar foi ler os relatórios que a polícia elaborou entre 11 e 14 de Março e forneceu ao anterior Governo do PP. Eram argumentos como pedras desmoronando o logro urdido pela direita para enganar os eleitores e tentar sobreviver.
A Polícia nunca teve o mais ligeiro indício da ETA e tinha e fortíssimos da pista islâmica e foi isso que comunicou sempre ao anterior Governo.
Transcrevo umas passagens do "Correo Digital" que retratam bem o que vi na TVE.
José Luis Rodríguez Zapatero acusó ayer a su antecesor en el cargo, y por extensión a todo el Gobierno del PP, de urdir desde las primeras horas del 11 de marzo «un engaño masivo» a los ciudadanos sobre la autoría de la masacre.
...Los responsables de los atentados, aseguró hasta una docena de veces Rodríguez Zapatero, fueron «en exclusiva» terroristas islamistas.El presidente del Gobierno abandonó en su declaración ante la comisión del 11-M su habitual mesura para emplearse a fondo contra su predecesor. Respondió uno por uno a los argumentos que expuso Aznar en su comparecencia del 29 de noviembre y lo hizo con «hechos, no con opiniones».
...El Gobierno de Aznar, aseveró, tenía esos datos y «todo lo que dijo posteriormente fue un engaño masivo» porque «no era verdad» que la línea de investigación prioritaria fuera ETA y, sin embargo, se mantuvo en sus trece porque creyó perjudicial para sus intereses electorales admitir que los atentados fueron cometidos por terroristas islámicos.
...Rodríguez Zapatero fue contundente. «Nunca hubo ningún indicio ni dato que apuntara a ETA; no había ni línea de investigación hacia ETA, nada se investigó en torno a ETA porque nada había que investigar» y, a pesar de ello, el Gobierno de Aznar mantuvo hasta el 13 y 14 de marzo la sospecha de que podía estar detrás de la masacre perpetrada en las estaciones de Atocha.


 

Maravilha da Natureza... Humana


Acaba de ser inaugurada em Millau (França) a mais alta ponte do mundo, uma verdadeira obra prima da Natureza... Humana. Responsáveis: o arquitecto inglês Norman Foster e o engenheiro francês Michel Virlogeux.

 

Uns destroem outros controem


A Ponte de Millau tem 2,5 km de comprimento o tabuleiro a 270 metros acima do solo e o maior pilar com 342 m.

2004-12-14

 

A Política do UM em Dois

Um "lindo" casal, bem apessoado, desbarata alegremente, em muito pouco tempo, o seu pecúlio de tanto ziguezaguear na sua aplicação. Em tão pouco tempo se desmoronou este Dois em UM. Até mesmo aqueles que viam neste casal um futuro risonho, depressa se arrependem de os ter conduzido "ao altar".
E agora?
Agora, só lhes restou, no meio de um disfarce algo simulado (atribuindo a culpa deste rotundo fracasso a terceiros), tentar a sorte cada um por si numa nova angariação de alguns meios de sobrevivência para de novo vir a juntar os trapinhos.
A situação não é fácil designadamente porque tão desbaratada gestão trouxe muitos prejuizos a muitos que lhe podem endossar uma factura pesada.
Uma alternativa convincente com novos objectivos e formas de gestão é precisa.

2004-12-13

 

Santana no seu Máximo!!

Hoje com a sua demissão de PM, Santana Lopes refinou e acrescentou o seu "know-how" em demissões.

En passage, com esta sua atitude, apenas algum ensombramento em tão nobre acto, devido a algumas/ grandes indecisões de percurso, da pessoa a quem a demissão de direito foi apresentada e um certo recuo de atitude por não o terem deixado ir mais além (maldade de Paulo Portas e Morais Sarmento) como foi seu impulso de origem. Um homem tem que ter impulsos.

Sampaio fica para sempre ligado a tão nobre acto de Santana. Actos tão empolgantes como este, tão enobrecedores do curriculo das pessoas, só mesmo o da demissão de Secretário de Estado da Cultura, o de Presidente do Sporting (do meu clube), o de fuga à Câmara de Lisboa e de deputado europeu.
Mas esta atitude é a maior. Sou eu que pelos meus próprios pés saio de PM.

Maior/melhor curriculo para candidato, de novo, a PM. Difícil. Mui Difícil...

2004-12-12

 

Reflectindo no Debate Eleitoral Próximo

Com algum abuso, por não ter solicitado pedido, transcrevo aqui um post do Vital Moreira sobre a questão das SCUT, inserido no Causa Nossa que merece uma reflexão profunda, intitulado Responsabilidade financeira, precisa-se.

Em declarações ontem proferidas na Covilhã, José Sócrates prometeu que com um Governo socialista não haverá portagens nas auto-estradas que hoje beneficiam do regime SCUT (gratuitidade para os utentes), nomeadamente a da Beira Interior. Não é uma boa promessa, quer em termos de custos financeiros, quer em termos de equidade social. Nos próximos anos os recursos financeiros do Estado vão ser demasiado escassos para responderem às inevitáveis subidas dos custos da saúde e da segurança social e às necessidades de investimento que o desenvolvimento do País reclama. Gastar um ror de dinheiro para benefiar uma pequena parte dos camionistas e automobilistas portugueses é, além de incomportável, injusto.

Inserido por VM 12.12.04


 

Negócios entre a Mafia e o partido de Berlusconi


Dell'Utri é um "amigo íntimo de Berlusconi" e "um dos arquitectos da sua carreira política". Foi deputado, euro-deputado e Senador pela Força Itália. Por ele Berlusconi disse "que não punha uma mão no fogo. Punha as duas." Vai ficar sem mãos!
Berlusconni escapou à Justiça (ver post de JAF) mas o seu amigo não. Apanhou 9 anos de prisão por "funcionar como ligação entre a Cosa Nostra e a Força Itália", trocando favores políticos por votos.
Quantos votos por uma empreitada milionária? Quantos votos por um assassinato impune?

Berlusconi, no entanto quer subir nas sondagens e enquanto festeja a boa sentença do bom tribunal veio para a rua prometer menos impostos. Haverá então menos saúde menos escola, menos segurança social? Paciência. Não se pode ter tudo!

 

O DESERTO (3)


Líbia. Tuareg na proximidade das Montanhas de Akakas. Lynsey Addario-Corbis, for NYT

 

O DESERTO (2)


Líbia The sand dunes ridge near the Ubari Lakes. Lynsy Addario-Corbis NYT

 

O DESERTO (1)


Líbia The sand dunes ridge near the Ubari Lakes. Lynsy Addario-Corbis NYT

2004-12-11

 

O Aumento da Produtividade e o Desemprego (3)

O desígnio de tornar mais competitiva a economia portuguesa, elevá-la ao patamar das economias mais avançadas, exige uma visão estratégica, exactamente aquela bússola que tem faltado ao país, exige as bases de mudança que levam a um paradigma gerador de uma cadeia de valor alargada e a visualização do tempo em que estas transformações se podem concretizar. Mudanças societárias e de mentalidades.
Construir uma mentalidade receptiva à inovação, a uma cultura de aprendizagem, a uma cultura de cooperação, geradora de ganhos de confiança e uma aposta séria na criação de "massa crítica". Gerar mudanças societárias que permitam olhar para problemas como a deslocalização e/ou os ganhos de produtividade e outros, como decorrentes de um processo evolutivo necessário na defesa de uma economia avançada e do emprego desde que equacionados numa óptica de coesão social.
A "formatação" de um pensamento estratégico constroe-se a partir do desígnio definido e das linhas de orientação na base da quais se vão encontrar os caminhos para atingir esse desígnio, o que leva a que, em termos de método, se pense a realidade actual e futura em sistema matricial onde os ajustamentos se geram cruzando os factores de competitividade e as actividades económicas.

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