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2005-12-30

 

Feliz 2006

Aproveitei uns dias de férias para voltar aos prazeres simples da fotografia clássica (ou química como se diz por aqui). A velha roleiflex ainda faz belas fotos.
Aqui vos deixo a imagem de uma árvore nua de Londres com uns votos de bom 2006.

2005-12-29

 

Ignorância ou provocação?

O secretário de estado das comunidades portuguesas António Braga visitou recentemente a região parisiense onde participou num encontro de autarcas luso-descendentes. Durante a sua estadia António Braga visitou a vila de Raincy e o seu polémico presidente Eric Raoult.

A escolha não poderia ter sido politicamente mais infeliz: nos últimos tempos Eric Raoult tem-se distinguido pelas suas afirmações xenófobas tendo inclusivamente publicado uma entrevista no jornal Minute afecto ao Front National. Ver aqui a mais recente polémica.

Não consigo entender escolha de um governante do governo PS de Portugal de dar crédito a um personagem tão controverso.

2005-12-28

 

Puxa!!! Palavra!? (2)


Cavaco com limão (na capa do DN de hoje)

Chegamos ao fim de 2005 com o candidato da direita bem colocado, apesar de, ao contrário do que muitas esperanças tramontanas ambicionam, não ter garantido a repousante vitória logo à primeira volta. A peripécia da secretaria de estado para monitorizar o investimento estrangeiro em Portugal, pode ainda dar os seus frutos, mas estamos a falar de algo cujo impacto nas «intenções de voto» pode ser diminuto.

A viragem, agora, à entrada da campanha eleitoral propriamente dita, deveria operar-se pela enfatização, nos discursos dos candidatos das esquerdas, das razões que devem levar todos os eleitores de esquerda a votarem no candidato mais próximo das suas posições ideológicas e/ou programáticas.

Está na hora de votar num dos candidatos das esquerdas, afirmativamente. O voto não tem de ter, necessariamente, um sentido anti-cavaquista. O apoio, pela positiva, aos candidatos das esquerdas, tem de deixar de ser e de parecer, um confrangedor conformismo com um mal menor.

Cavaco Silva, como se pode depreender pela foto supra, prapara-se para uma viragem decisiva no seu marketing de campanha. Queriam associá-lo às forças laranja? Pois terão de se haver com um renovado Cavaco... com limão.


2005-12-27

 

Responsabilidade presidencial

É o título do artigo de Vital Moreira, no Público de hoje. Recomenda-se a sua leitura particularmente tendo em conta a conjuntura eleitoral.

Eis alguns extractos:

"... Se o Presidente da República não governa, qual é a sua função no sistema de governo e qual é a sua responsabilidade política?
No nosso sistema de governo, tal como resulta da Constituição, especialmente desde a revisão constitucional de 1982, o Presidente não compartilha da função governamental, que pertence ao primeiro-ministro e ao seu governo, com base na sua maioria parlamentar. Das duas eleições, as parlamentares e as presidenciais, são as primeiras que servem para escolher os governos e as políticas. As eleições presidenciais não servem nem para substituir o governo nem para alterar ou rever as políticas do executivo em funções.
...
"As eleições presidenciais não criam nenhuma maioria presidencial alternativa à maioria parlamentar existente, nem afectam a subsistência desta nem a do Governo. Em Portugal, o primeiro-ministro pode sempre dizer, com inteira razão, que o desfecho das eleições presidenciais não afecta nem o programa do governo nem a sua orientação.
Ainda ao contrário do que sucede em França, o Presidente da República não pode provocar a demissão do primeiro-ministro por razões de perda de confiança política, visto que o primeiro-ministro só depende da confiança política da Assembleia da República. Também não preside ao Conselho de Ministros nem pode dar ordens nem instruções, nem sequer fazer recomendações ao primeiro-ministro. Os tão propalados (por um dos candidatos presidenciais) "poderes positivos" do inquilino de Belém não passam do poder genérico de sugestão ou de aconselhamento sem nenhuma natureza vinculativa ou impositiva, não podendo adiantar soluções concretas, pois os poderes presidenciais não incluem uma faculdade de definição de soluções de governo.
...
"Não quer isto dizer que seja despiciendo o papel do Presidente da República. Para além da sua importante função representativa, como chefe do Estado, símbolo da colectividade nacional e da identidade nacional perante os próprios cidadãos e perante o exterior, cabem ao Presidente mais duas importantes tarefas.
A primeira consiste em defender e promover os valores constitucionais, que por definição são suprapartidários e compartilhados pelo governo e pelas oposições, nomeadamente a paz internacional, a unidade e independência nacionais, a coesão social e territorial, a descentralização e a desconcentração da administração, a língua portuguesa, a igualdade social e em especial entre homens e mulheres, o ambiente e o património cultural, a integração europeia, etc.
...
"A terceira tarefa consiste no poder regulador, moderador e arbitral do sistema, impedindo os excessos da maioria governamental (sobretudo com o poder de veto legislativo), garantindo os direitos da oposição, dando voz a todos os grupos e minorias relevantes e, enfim, recorrendo a medidas mais críticas, como a convocação de eleições antecipadas, com eventual mudança de governo, quando as circunstâncias o justifiquem.
Só quem desconhece de todo o sistema constitucional é que pode dizer que isto seria fazer do Presidente um "corta-fitas".
...
"Quem se proponha sair deste esquema, e enfatizar um poder presidencial de se envolver na definição de orientações ou prioridades estratégicas da governação ou de influenciar as políticas públicas, em especial da política económica, não está somente a seguir uma receita para desrespeitar a separação de poderes e a ingerir-se indevidamente na função parlamentar e governativa, mas também a esquecer e a tornar dificilmente exequíveis as genuínas tarefas presidenciais, acima indicadas. Como pode ser regulador e árbitro quem se envolve directamente como agente ou protagonista das políticas governativas?
...
"Em momentos de crise económica, como é o caso, é tentador para um candidato presidencial pintar a situação a traço negro e insinuar que pode dar uma contribuição decisiva para a superação da mesma crise, sobretudo quando sabe que já estão criadas perspectivas positivas para isso, nomeadamente as corajosas medidas governamentais para sanear as finanças públicas, os grandes investimentos públicos já desencadeados, o feliz desfecho das perspectivas financeiras da UE para o período 2007-13 e a anunciada melhoria da situação económica europeia nos próximos anos.
Não há salvadores mais bem sucedidos - nem mais oportunistas - do que os que anunciam o sucesso que sabem que virá sem ou apesar deles."

 

O candidato a "1º Ministro"

Cavaco Silva mal diminui a auto-vigilância à sua irresistível vontade de governar, caso seja eleito PR, substituindo-se ao Primeiro Ministro, logo mete o pé na poça. Foi o caso da sua proposta de criação de uma secretaria de Estado para acompanhar empresas estrangeiras numa clara invasão das competências do Governo!?(público de hoje).
Criticado por outros candidatos corrigiu dizendo "que as suas declarações "não têm nada a ver com o Governo português", nem mesmo com a sua candidatura a Presidente da República." [Público]
Ora toda a gente sabe que ele está a candidatar-se à Presidência da República dos Camarões! Não percebo a confusão dos jornais! E dos candidatos à PR de Portugal.

 

Mediocridade atrai...

mediocridade! Luizinho distribuiu medalhas [no DN] e mais que um retrato dos outros fornece-o de si.

"Sendo Grão-Mestre de Ordem Nenhuma ... decidi atribuir as seguintes condecorações

Jorge Sampaio Ordem do Império Britânico, pela forma como exerceu, em nove anos, o seu papel presidencial. Embora contraditório com uma medalha da Coroa, e porque em finais de 2004 cometeu o seu maior erro político.
Santana Lopes Purple Heart, só concedida a feridos em combate. Levou, em 2004, um tiro de onde menos esperava, bateu-se com valentia, e entregou o poder com mérito, coragem e distinção. Pelo silêncio, que deve manter, e pelo serviço que ainda tem de prestar, merecerá, um dia, a Medalha (americana) de Serviços Distintos.
..."
Obscuros poderes continuam a oferecer a Luizinho uma vida de príncipe e a dar-lhe a oportunidade de espalhar a mediocridade pelo DN e sei lá mais por onde. Só mesmo em país de brandos costumes onde a recompensa só raramente tem relação com o mérito...

 

O que se vê nas televisões

Abri o telejornal mesmo a tempo de observar, em directo, o apoio dos Verdes ao candidato Jerónimo de Sousa.
Duas grandes dúvidas se agigantavam nas preocupações dos eleitores. Primeira: haverá uma ou duas voltas? Segunda: por quem se decidirão os Verdes?
Suspenso desta decisão o país viu finalmente este "partido" tomar uma decisão e suspirou de alívio. E, a meu ver, decidiram bem.
O telejornal explicava ainda que por detrás de tal decisão estavam 200 ecologistas. 200? Terei ouvido bem? 200 mil também me parece um pouco optimista. Heloísa Apolónia que fez a despesa da conversa não aclarou o assunto. E foi pena.



O Partido Os Verdes!

Segundo fonte bem informada ou os Verdes já não são nada do que eram ou então são o que sempre foram.

Só eram aceites na coisa - segundo as tais fontes geralmente bem informadas - ou algum simples e desprevenido ecologista que se inscrevesse e que mal percebesse onde estava logo se poria ao fresco ou apenas militantes suficientemente firmes que aceitassem o sacrifício de fingir pertencer a um partido tendo o coração no outro e suficientemente disciplinados para não se descairem a contar o segredo e borrar a pintura.



Jerónimo com os Praças da Armada

O telejornal, não sei se por maldade, colocou na peça informativa o candidato do PCP com a Associação dos Praças da Armada imediatamente a seguir ao encontro em que os Verdes, para surpresa geral, comunicaram a Jerónimo de Sousa o seu apoio. Pode ter sido mera casualidade mas as pessoas associam...

A Associação de Praças da Armada não comunicou o seu apoio ao candidato Jerónimo de Sousa. Nem seria estatutário. Passou-se o contrário. Jerónimo manifestou o seu apoio à APA nas suas "justas" lutas.

Tendo em conta o posicionamente de classes, seria de esperar ver um destes dias Cavaco Silva reunir com a Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) mas... segundo fonte geralmente bem informada, a haver reunião, será com Jerónimo de Sousa. A seu pedido. Claro.



O Tsuname um ano depois.

Um ano depois, muito do dinheiro prometido ainda não chegou. É o costume. Promessas para encher o olho do eleitor e subir nas sondagens. Os maiores devedores: os mais ricos, os Estados Unidos e a União Europeia.

O noticiário lembrou que morreram oito portugueses que passavam férias na Tailândia. Se não houvesse televisão a mostrar-nos a apolcalíptica tragédia e as centenas de milhar de asiáticos mortos provavelmente hoje estaríamos mais impressionados com a morte dos 8 portugueses.

Há casos em que a imagem é decisiva. Sem menosprezar a luta heróica do povo timorense e dos mais de 100 mil mortos pelas tropas indonésias e a desagregação do regime de Suharto, interrogo-me se teria havido a independência de Timor-Leste se não tivesse sido difundido nos EUA e no resto do mundo o vídeo do massacre de muitas dezenas de pacíficos cidadãos que se manifestavam contra a morte de duas vítimas da repressão indonésia, em 1991, no cemitério de Santa Cruz, em Dilli?


2005-12-24

 

o Governo Português e a UE

Este fim de ano, no que toca aos acordos com a UE , foi bastante positivo para Portugal.

Primeiro, foi o orçamento para 2007/2013, sobre o que já se disse praticamente tudo. Na realidade o desempenho da equipa governamental foi nesta matéria muito apreciável. O grande desafio agora é o da sua utilização, de forma adequada. É preciso aproveitar estes montantes para criar as condições sustentáveis para lançar as bases de economia moderna em Portugal.

Segundo, foi o acordo das pescas que também excedeu as expectativas, satisfazendo os operadores do sector. Apenas refiro uma coisa interessante que ouvi na TSF. Numa pergunta do jornalista ao representante dos armadores de pesca algarvio sobre se o desempenho do governo era de elogiar, a resposta foi a seguinte: os armadores e os pescadores estão de parabéns. E se o acordo não tivessa correspondido, os armadores eos pescadores também assumiam a sua quota parte?

 

Museu BERARDO

Após muitos anos de "lenga lenga" parece que Sócrates terá feito uma proposta a Joe Berardo, que o terá sensibilizado. E assim, teremos a colecção em Lisboa no CCB e uma organização e gestão do museu Berardo a constituir - tipo Serralves.

Esta decisão, que é de louvar, encontrou algumas "mentes" descontentes e contestárias, como sempre.

No cidadão comum, contudo, ficou alguma confusão, pois a comunicação social de hoje não foi lá muito feliz na informação sobre o caso.


 

Tribunal de Milão dá ordem de captura contra 22 agentes da CIA

Esta decisão do tribunal de Milão está a " complicar" a vida do governo italiano.

Estes agentes da CIA são acusados de em plena rua de Milão terem raptado o clérigo Abu Omar tendo-o levado para o Egipto, onde estará preso. Mas o "interessante" de tudo isto é que foi a própria CIA que em tempos alertou as autoridades italianas sobre o eventual desaparecimento do referido clérigo. Ver maior desenvolvimento edição DN Ordem de captura italiana contra 22 agentes da CIA


 

Prisões clandestinas da CIA

A Polónia resolveu não divulgar os resultados do inquérito à eventual existência de prisões secretas da CIA,
conforme se lê na edição de hoje do DN internacional Polónia opta pelo silêncio, contrariando o que o primeiro ministro polaco prometera antes.

2005-12-23

 

E se ele não quiser

atravessar a rua?
Ora aí está. Se ele não quiser atravessar a rua é porque não quer resolver os problemas do país...
 

"Eu quero ajudar..."

Todos conhecemos aquela história verdadeira da Srª Professora que exigiu a todos os meninos uma boa acção como trabalho de casa.
- Zézinho?
- Eu ajudei uma velhinha a atravessar a rua.
- Muito bem e tu Toninho?
- Eu ajudei a velhinha a atravessar a rua.
- Óptimo e tu Mariazinha?
- Eu também ajudei a velhinha a atravessar a rua.
Ao vigésimo menino a boa da prof desconfiou e perguntou porquê afinal tantos para ajudar uma simples velhinha! Vocês lembram-se da resposta: - Bem é que a velhinha não queria atravessar a rua!
Cavaco repete e repete e repete que o quer é "ajudar a resolver os problemas". Mas e se Sócrates não quiser atravessar a rua?

2005-12-21

 

Puxa!!! Palavra?!  (1)



3 meses depois

Duas edições do Diário de Notícias separadas por cerca de três meses. Dois estudos de opinião que, apesar de não utilizarem o mesmo critério no tratamento da opinião dos indecisos, permitem ajuízar, em traços largos, o desenho das grandes tendências ao longo do último trimestre. A manchete do DN de cima é de 27 de Outubro; a de baixo é de 20 de Dezembro.
1º comentário: todos sobem, à excepção de Paulo Portas, que desaparece. Cavaco é o que sobe mais; Louçã, o que sobe menos. Se desprezarmos os valores fixados e atendermos às tendências, ficamos diante dos desafios a vencer à entrada da campanha propriamente dita.

 

Ainda sobre a filosofia do ti Aníbal



Não é apenas a mesma informação não conduzir à mesma opção no caso do patrão que acha que a solução é mais trabalho e menos jorna e o proleta que acredita em mais soldo e menos horas. É o caso até, por exemplo, em casa dos meus vizinhos, com esta mesma boa informação não conseguirem ele e ela ter a mesma preferência.
 

Ideias simples

O perigo não está tanto em que muitos portugueses possam simploriamente aceitar aquela máxima simples do professor (aqui em baixo). Mas em que o próprio professor, lá no fundo, e em certa medida, acredite nela.

 

Filosofia de Boliqueime

Cavaco Silva explicou que com uma boa e comum informação sobre a situação com certeza que um Presidente da República e um Primeiro Ministro chegarão à mesma boa solução para os problemas.
O que me faz crer que o fim dos partidos está apenas dependente de uma melhor informação!
 

Que ideias tem Cavaco Silva para este país?

No debate de hoje vieram ao de cima apenas ideias muito genéricas e banalizadas. Mesmo quando provocado por Mário Soares sobre a globalização e os efeitos em Portugal, Cavaco Silva não saiu desse registo. Sentiu-se espicaçado e arranca com o discurso numa visão restrita da globalização, como uma realidade inegável e que abre janelas de oportunidades de negócios a aproveitar, faltando-lhe-lhe claramente a visão política deste processo, dos seus efeitos sociais e do papel e/ou da criação de instituições internacionais para o equilíbrio desses impactos sobre a vida dos povos.

Mesmo falando do "seu forte" que é, sem dúvida, a economia na perspectiva das finanças públicas, Cavaco Silva falou, falou, mas só de simples constatações, número de desempregados elevados, taxas de crescimento baixas, abandonos do ensino, afirmando, face a esta situação de crise grave que é preciso criar riqueza, aumentando a produção, exportando, aumentando a competitividade.

Independentemente da velha questão de que, no nosso sistema político, o Presidente não tem instrumentos de acção directos para actuar sobre estas matérias, o Presidente deve acompanhar as políticas do governo para fazer a sua magistratura de influência, não podendo deixar de ter ideias sobre as questões.

Cavaco Silva não as revela, refugia-se em ideias gerais, mas sabe, tem obrigação de saber que a competitividade não se obtém carregando no botão. Dizer que Espanha cresce a 3,6% ao ano e Portugal abaixo de 1% alegando que a conjuntura internacional é a mesma, quase insinuando que há "forças ocultas"a impedir, é demagogia pura pois Cavaco Silva sabe bem que as estruturas produtivas são bem diferentes e que é aí que está o problema.

E see fosse honesto deveria reconhecer que tem muitas culpas nesta situação pois governou dez anos este País e não foi capaz de lhe introduzir reformas de fundo que hoje sustentassem um desenvolvimento como o de Espanha.

2005-12-20

 

Quem é Cavaco Silva?

Não é o demónio! Para isso era preciso estarmos no domínio da religião. Nem é nehum ditador. Para isso são necessárias as circunstâncias. Mas é um autoritário, razoavelmente ignorante e autoconvencido para poder vir a ser um Presidente da República perigoso.
Que outro 1º ministro (salvo Santana Lopes, mas esse não conta) teria consentido que o seu Governo tivesse impedido um escritor nacional de concorrer a um prémio internacional por razões ideológicas? Isto é, consentisse a censura a uma obra literária?
Pois só Cavaco Silva poderia consentir que sob a tutela do seu secretário de Estado, Santana Lopes, o sub-secretário de Estado da "Cultura", Sousa Lara, impedisse o futuro prémio Nobel da Literatura, José Saramago, de concorrer com o seu livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, a um prémio europeu por ofender os sentimentos religiosos do povo português e não representar bem a verdadeira cultura dos lusitanos.

 

Soares - Cavaco

Soares revelou uma enorme combatividade e conseguiu que este fosse o debate mais animado. Esbateu com sucesso a reserva que os seus 81 anos levantam. Foi no entanto excessivo no ataque, uma ou outra vez e, se isso cai bem nos adeptos, não acrescentará votos.
Terá convencido alguns do perigo que os propósitos de "ajuda" de Cavaco à "boa governação" representa para a estalididade política futura se vier a ser PR.
Cavaco também não esteve mal. Procurou o tempo todo (a campanha toda!) convencer que pode ser o actor decisivo para resolver a crise que atormenta o país. Evitou descontrolar-se e conseguiu impedir, em parte - o que Soares procurou a todo o custo - que desnudassem o Cavaco escondido por baixo da roupagem de salvador que é o âmago da bem engendrada encenação que é sua campanha.

Na mensagem final Soares adensou o perigo de Cavaco poder acrescentar à crise económica e financeira uma crise política e social. Contrapondo o seu savoir faire.
Cavaco terminou procurando assustar os que se sentem ao abrigo da crise: "pensem nos vossos filhos! Pensem nos vossos filhos!".

 

A propósito da dança das cadeiras

Nas últimas legislativas de Fevereiro, cerca de 60% dos portugueses estiveram/votaram nas diferentes esquerdas.

Hoje, essas mesmas esquerdas, no seu conjunto, segundo os dados das sondagens, encontram-se amplamente minoritárias, pois só atraem 40% dos cidadãos votantes. Estarão assim, em génese, dois tipos de troca: uma de cadeiras entre as esquerdas e outra de campo: direita vs esquerda.

Que mutação social terá desencadeado, tão rápida e facilmente, esta troca de campo? Terão sido as medidas do governo e a sua deficiente comunicação com a sociedade, no tocante à função pública, militares, forças de segurança, juízes, professores, etc ?

Mas, de um modo geral, a direita apenas questionou uma ou outra medida de forma, aliás, muito tímida, pelo que não seria lógico ser a beneficiária da contestação ao governo.

Por outro lado, são as esquerdas não PS quem tem influenciado e polarizado, de uma forma ou outra, a contestação ao governo. Donde seria lógico que, em termos sociais, se encontrassem bem posicionadas.

As sondagens não apontam por aí, mas dão -nos sim um intrincado de fenómenos por apreender. E a questão mais comezinha é: como pode a direita estar/vir a capitalizar tudo isto?


 

A dança das cadeiras

Isto das sondagens à esquerda para a Presidência da República apresenta um ritmo ondulatório. Ora sobes tu ora desço eu, ora subo eu ora desces tu.

É estranho mas estes têm sido os resultados apresentados. Basta comparar duas recentes: a de sábado último, no Expresso, com a de hoje, no DN, onde a dança de cadeiras entre os candidatos de esquerda é total. É estranho, é possível, mas não deixa de suscitar alguma incoerência.

Sobre a margem de erro e a metodologia é que eventualmente há muito a pensar.

2005-12-19

 

A última sondagem dá-lhe a vitória


Não, não é nenhuma boutade. Não é aqui. É na Bolívia e é um caso, sem dúvida.
Apesar do extermínio das civilizações e de quase toda a população do continente americano levado a cabo pela chegada "civilizadora" dos europeus a partir do século XVI, eis que a Bolívia está à beira de eleger um presidente da República índio: Evo Morales, dirigente do Movimiento al Socialismo [site do MAS]

2005-12-18

 

Lição sobre a água



Manuscrito de Lição sobre a água. Cortesia do Museu de Ciência

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedeão, Linhas de Força, 1967




 

Manuel Alegre visto por VPV

" (...) É evidente que a candidatura de Alegre não faz espécie de sentido e matou à nascença a candidatura de Soares (uma façanha que a direita agradece). Se Alegre olhasse bem para si próprio, parava de espernear e percebia que ele, sozinho, chega e sobra para desconsolar e repelir qualquer eleitorado. Aparentemente nunca lhe ocorreu que com 30 anos de S.Bento e Largo do Rato, não era com certeza o personagem ideal para representar a "independência" e a "cidadania"". (Vasco Pulido Valente (PÚBLICO, 18-12-2005)

Milhares de outros portugueses, pelo menos todos os adeptos de Manuel Alegre, com " a mesma informação" de VPV, têm opinião diferente e mesmo oposta à sua.
Isto que qualquer aprendiz de política sabe como é possível Cavaco Silva não saber?

2005-12-16

 

Lições do Cavaquistão

Claro que é o futuro que interessa. Mas sobre o futuro que políticos com longo passado nos prometem, mil vezes melhor que as suas promessas (e silêncios e fugas ao concreto) nos elucidam a sua obra passada. Por isso, (para os mais novos que não viveram o Cavaquistão, os 10 anos de Cavaco Silva como 1º Ministro, em que era necessário ter o cartão do PSD para conseguir mesmo um modesto empregozinho no Estado) tendo em conta a conjuntura, seleccionei da despedida de Miguel Sousa Tavares (Público de hoje) o seguinte:

"Governava então, no apogeu da maioria absoluta, Aníbal Cavaco Silva. Não consegui evitar nunca uma incurável embirração pelo cavaquismo, mais do que pelo seu mentor. De um ponto de vista prático, reconheci a importância das obras feitas, o crescimento económico possibilitado pelo muito dinheiro aplicado, que os fundos europeus e o petróleo barato proporcionaram. Mas fui constatando e escrevendo que nenhuma verdadeira reforma tinha sido ensaiada, apesar das excepcionais condições para tal.

Hoje, continuo a pensar que a generalidade dos problemas que enfrentamos e a desesperança que se instalou têm origem directa nesses anos (depois acrescentados aos do guterrismo), em que nada de essencial se mudou na educação, na justiça, na saúde, na reconversão agrícola e industrial e, sobretudo, numa cultura política e cívica fundada no mérito, na coragem de correr riscos, na liberdade individual e na separação entre o Estado e os negócios privados. Pelo contrário, o cavaquismo instalou a promiscuidade entre os empresários e o poder político, a subsidiodependência, a mentalidade dos jobs for the boys, o enriquecimento sem causa e a obediência e subserviência como dever cívico.

"... Em lugar de riqueza o país produziu apenas novos-ricos, em lugar de desenvolvimento obras de fachada, em lugar de qualificação negócios desonestos com os dinheiros do Fundo Social Europeu, em lugar de reconversão agrícola e ordenamento do território Porsches, subsídios para nada fazer e urbanizações nas falésias do Algarve.

Os primeiros anos de António Guterres foram um momento de esperança, pelo menos no ar que se respirava. O cavaquismo caiu no justo momento em que o culto da personalidade do chefe e a demissão cívica dos oportunistas se estavam a tornar numa doença feia."


 

Miguel Sousa Tavares

Ao fim de 14 anos de colaboração no Público, MST termina hoje, assim, o seu artigo semanal:

"Este breve balanço, como já perceberam, é uma despedida. Catorze anos chegam hoje ao fim. Naturalmente. Sem rancores e já com inevitáveis saudades. A partir de agora, passo a ser só mais um leitor às sextas-feiras."

É pena e o Público fica mais pobre. Mas estou certo que, e agora para bem de todos nós, não deixará de "andar por aí"!
Nem sempre estive de acordo com as suas análises mas nem por isso deixou de estar sempre na minha short list dos articulistas de eleição.
No seu último artigo revisita os grandes temas e causas que defendeu. Sempre com denodo e sem recuar perante os riscos e os custos. A par da inteligência da análise é a coragem, que mais digna é de menção.

2005-12-15

 

Jerónimo - Louçã

As caras
Louçã: descontraído, radiante, olhar franco de quem não antevê a mais remota dificuldade, exibe grande proximidade de ideais, muito amigo.
Jerónimo: apreensivo, aguarda o pior, olha de soslaio, repudia qualquer gesto de amor, Louçã é totalmente diferente, enxota-o.
Os porquês
Louçã tem no eleitorado do PCP uma fonte importante de crescimento. E acena-lhe. Eu admiro os comunistas (o Lino de Carvalho, o João Amaral) vá lá! É só um passinho. Não custa nada.
Jerónimo que não espera, e com razão, que ninguém do BE lhe vá cair nos braços mostra intransponíveis diferenças.
Que disputavam? A Presidência da República? O crescimento dos seus partidos.

 

Atrasos de Pagamentos

A situação em Portugal continua a degradar-se. No segundo semestre deste ano, as dificuldades globais que as empresas portuguesas têm sentido na cobrança das dívidas aos clientes aumentaram. Mas não se trata apenas de atraso nos pagamentos (Outubro de 2005 - 87,5 dias contra 85,3 no mesmo mês do ano anterior) mas está em aumento também a taxa de incobráveis. O Estado é um dos principais culpados no atraso de pagamentos.

Ora este facto, um dos custos de contexto, como recentemente se tem designado, é deveras penalizador do crescimento económico, mesmo quando as empresas impolam os preços para dar alguma cobertura a esta situação.

A título de exemplo recorrendo a estimativas da Intrum Justitia, ontem divulgados, "compensar os custos com incobráveis de 3%, é necessario um crescimento de 13%", o que nos tempos que correm não é fácil, sendo porém fácil atingir incobráveis daquele valor.

 

Cedências na desblindagem da PAC é o caminho

Como já aqui referi, por mais de uma vez, a PAC como está estruturada constitui um entrave de base ao progresso da UE. É impeditiva da concretização da estratégia de Lisboa pois favorece uma estrutura económica virada para um passado de não racionalidade, não concorrencial e de uma UE fechada para o exterior e no seu interior.

Por isso dou razão a Blair quando usa o "cheque britânico" como contrapartida. Aliás Jack Straw tem sido claro. Ainda ontem enviava a seguinte mensagem "as propostas garantem que não pode haver mudança fundamental do cheque sem uma reforma fundamental da PAC". Daí que a cedência britânica só possa acontecer com uma calendarização de discussão e aprovação de novas políticas de desenvolvimento rural com outros princípios para a PAC. A UE não pode esperar para 2013 para desblindar a PAC.

A Cimeira que hoje se incia em Bruxelas corre assim o risco de redundar num autêntico fracasso.

 

Egas Moniz morreu há 50 anos

Egas Moniz, o primeiro Nobel português. Morreu há 50 anos. A efeméride tem vindo a ser assinalada. Mas para quê mais palavras se está tudo aqui!


2005-12-14

 

Soares - Alegre

Diz o roto ao nu...
- Que é o candidato da renovação... da renovação!! Tá bem, eu tenho 81 mas ele que idade tem? Tem 70 anos!
Linhas de ataque:
Alegre ataca Soares e Soares ataca Cavaco: ele ( o Cavaco) candidata-se a PR mas só promete resolver problemas que são do Governo!!
Consistências
O mais velho acha a candidatura do outro uma candidatura sem consistência. (Aqui para nós, eu por acaso também acho) E o mais novo acha que o mais velho é paternalista.
Avisos
Sócrates já fica avisado. Se privatizar a água Manuel Alegre dissolve a Assembleia da República! O problema é a Constituição.. não contempla tal hipótese!
Quem ganhou?
Mário Soares. Apesar de Helena Roseta, na SIC Notícias, achar que foi Manuel Alegre.
 

O Dossier "Empata"

O dossier agrícola está a empatar tudo, em todas as instâncias e sedes internacionais desde há muito tempo onde se procuram eventuais consensos.

É na União Europeia, onde o consenso sobre as perspectivas europeias 2007/2013 podem infelizmente ser adiadas pela política agrícola "comum" para as calendas gregas; é na conferência da OMC em Hong-Kong que começou ontem e onde este mesmo problema pode pôr tudo em causa e na base estão os mesmos protagonistas, a UE. E esta UE é a francesa, com todos os seus apoiantes de cúpula e não das bases.

Se os povos dos países membros da UE estivessem informados, de certeza, não estariam com a cúpula dirigente francesa e levantariam obstáculos às posições intransigentes dessa mesma cúpula. A chamada política agrícola comum é o que há de mais nefasto nas políticas da UE em minha opinião e, por isso, não consigo chegar/perceber como pode a Comissão Europeia alinhar, tão cegamente, contra Blair quando ele pretende um compromisso de mudançadessa política. É tão cego o cheque britânico como a PAC. Só que a PAC são 40% do Orçamento e o próprio cheque é uma decorrência da PAC.

Tudo aponta para que a decisão sobre as perspectivas financeiras europeias seja adiada. É essa a leitura da comunicação social. Ainda vislumbro que algo possa acontecer porque as próximas presidências gostariam de "despachar" este incómodo dossier. Talvez esta predisposição ajude.

O que falta é uma estratégia orientadora para a UE, no contexto do processo de globalização. E não é com uma PAC, como a que existe, que se chega a essa estratégia.


2005-12-13

 

"Corrupção por todo o lado"

No Causa Nossa chama-se a atenção , e bem, para um artigo sobre a intervenção do director do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra, Euclides Dâmaso, numa conferência naquela cidade [aqui] e na qual é feita uma acutilante análise do mar de corrupção em que o país docemente sobrevive. Também [aqui] se fala sobre a corrupção.

2005-12-12

 

Parabéns ao Jumento





O Jumento donde esta foto foi tirada, ultrapassou, em grande velocidade, a meta das 500.ooo visitas.

Presença incontornável na blogosfera a vários títulos. Análise inteligente, sentido de oportunidade, humor, belas fotografias, um excelente lay out.
Puxamos para que tenha uma longa vida.


 

Alegre - Louçã

Louçã foi, até agora, o candidato que se revelou mais bem preparado, mais acutilante e mais inteligente. Nomeadamente na adequação do contra-ataque ao adversário do momento. Pena é que arraste ainda (mas cada vez menos) alguma da "tralha" antiga.

Manuel Alegre fez questão de sublinhar que não é um candidato de protesto. E percebe-se porquê. É que ninguém pensa outra coisa. E é assim porque ele faz questão de permanentemente lembrar que é isso mesmo, um candidato de protesto. De protesto contra a decisão do PS apoiar Mário Soares e de Mário Soares ter aceite o apoio do PS.

Lembra que é um candidato de protesto quando sublinha que nas suas assinaturas não houve ninguém obrigado. O que leva a pensar que é pelo menos duvidoso que o mesmo se passe na de Mário Soares. Que a sua é uma candidatura livre e independente dos aparelhos partidários. O que faz interrogar se o mesmo se passará com a de MS apoiada pelo PS.

Não deve ser a pensar na candidatura de Cavaco Silva apoiada pelo PSD porque esse "se for eleito não lhe tira o sono" (para contrariar MS que afirmara o contrário) e com o qual (com Cavaco Silva) teve um debate de tal modo cordato que comprovou isso mesmo. Não lhe tira o sono.

Manuel Alegre lembra que a sua candidatura, sem o apoio de partidos, veio aumentar o espaço de liberdade.

Manuel Alegre tem obviamente não só todo o direito em se ter candidatado sem o apoio do partido de que é dirigente, como em lembrar, com este tipo de campanha como está melindrado por não ter sido o preferido do PS (e, claro, do seu aparelho partidário).

O que me me parece um pouco naif, é que se ufane tanto de ser o contrário daquilo que pretendia ser. Ser o candidato de um partido e ter o apoio de um aparelho partidário.

 

Debate Manuel Alegre-Louçã

A minha apreciação global é a de um debate morno, embora com duas partes distintas em que a primeira foi francamente mais favorável ao Louçã. Mas antes de tudo, e sem querer indiciar quaisquer intenções, o debate traduziu-se num certo favorecimento dos entrevistadores a Manuel Alegre, concretizado em muito mais perguntas sobre a mesma questão e mais tempo de intervenção.

A dupla Judite/José Alberto não esteve acutilante e com isso o debate perdeu.

Logo de entrada Alegre constatou que as 40 maiores empresas deste país apresentaram elevados lucros na base de despedimentos. E que isso traduz um modelo. Nada a questionar. É de facto um modelo. Só que se esqueceu de dizer que modelo alternativo defende e caso seja eleito presidente como o implementaria.

É evidente que Louçã encostou Alegre à parede como alto dirigente do PS e votante de uma série de medidas anti sociais como o aumento do IVA e nisso demarcou-se bem mostrando a diferença entre as duas esquerdas em presença.

Outro aspecto, em que Manuel Alegre "se enrolou" um pouco e com alguma infelicidade foi sobre uma hipotética demissão de Alberto João Jardim pelo PR, quase dando a entender que não servia de nada porque voltava a candidatar-se e ganhava. Um estatuto de menoridade ao povo da Madeira.

2005-12-11

 

Cimeira do Ambiente

Terminou ontem no Canadá a Cimeira sobre as alterações climáticas.

Apesar de muita turbulência e de alguns perigos de encalhe durante algum tempo, esta conferência das Nações Unidas parece ter chegado a bom porto e, assim, na opinião do ministro canadiano do ambiente serviu para ajudar a humanidade a "reconciliar-se com o ambiente".

Mas então que aspectos novos se geraram?

Segundo a informação disponível dois:


 

"Portugueses grandes larápios de lojas de comércio"

A imprensa de hoje, com base num estudo recente, destaca Portugal, entre os 4 países "mais" larápios, a lojas de comércio a retalho. Mas só nos dá a quarta posição.

Os nossos parceiros e, por esta ordem, são a República Checa e a Eslováquia, seguidas do Reino Unido.

Como os portugueses quase nunca chegam a lado nenhum em primeiro e já que estão nesta posição "brilhante", com um pequeno esforço "mais" nos próximos anos ainda destronariam a República Checa e entram para o Guiness.

Só faltou ao estudo elencar os "larápios" mais simpáticos, para ver se, nesta característica, os portugueses estariam melhor qualificados. Sem nenhum estudo vou nessa: acho que estamos no "TOP" TOP dos 4 "mais".


2005-12-10

 

Sem burocracias

Na segunda feira, a SIC denunciou a situação de 10 imigrantes ilegais, há dois meses em condições sub-humanas, no pré-fabricado do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, às ordens do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Na quarta-feira, por decisão do Secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, José Magalhães, o indigno pre-fabricado que fazia de Centro de Instalação Temporária foi desactivado e o CIT transferido para local apropriado.

 

"Corrupção um combate minado"

Em 1992 o Parlamento extinguiu a Alta Autoridade Contra a Corrupção (AACC) e os 2.963 processos pendentes, abertos em resultado de outras tantas queixas de corrupção "foram enviados para a Torre do Tombo e a sua consulta proibida durante 20 anos".

(Nuno Sá Lourenço - Público de hoje - com o investigador do ICTE Luís de Sousa e o deputado João Cravinho.Link indisponível)

O Parlamento era então dominado pela maioria PSD cujo grupo parlamentar deu o exemplo mais acabado de subserviência ao chefe de Governo - Cavaco Silva - a tal ponto que este, sobranceiramente, raras vezes aceitava deslocar-se à AR para, como manda a lei, lhe prestar contas. No entanto, contra a extinção da AACC apenas votou o PCP. As razões invocadas para a extinção não tinham "lógica" e o "poder político foi hipócrita" conclui Luís de Sousa.

O candidato Cavaco Silva como se viu no debate com Louçã, e Manuel Correia, no poste precedente, bem sublinha, parece só ter dado pela presença da corrupção no país de que pretende ser presidente, porque ela é mensionada em relatórios internacionais!
Surpreendente? Não. Toda a acampanha presidencial de CS assenta na retórica da ocultação da sua posição sobre quase tudo.

A AACC, criada em 1983 no governo do bloco central presidido por Mário Soares, por indicação do FMI, assim como, até hoje, os outros órgaõs criados para o combate específico à corrupção, nunca dispôs de meios adequados às suas missões a reflectir a pouca ou nenhuma vontade em combater a corrupção por parte dos poderes, a começar pelo poder político e a acabar no poder económico.

"O Departamento Central de Investigação e Acção Penal -DCIAP, sabe-se como está: não tem meios, não tem um secretariado efectivo, é tudo feito à unha", confirma João Cravinho. "Ainda esta semana se soube que o responsável pela investigação do processo do Apito Dourado pediu um carro. Deram-lhe um passe..."

O combate à corrupção é essencial para a credibilidade do Estado de Direito, para a defesa do regime democrático e para a própria economia. Para o tornar efectivo é necessário uma participação muito forte da opinião pública, dos media, incluindo a blogosfera.
Esta viçosa "gripe das aves" necessita de ser atacada em todas as frentes a começar pelos partidos políticos, centro e fonte da vida política institucional. Ora até há muito pouco tempo (se é que a situação mudou assim tanto, com a nova legislação...) era um dado adquirido e aceite! na opinião corrente que o financiamento dos partidos assentava em grande parte na corrupção com destaque para o triângulo "virtuoso": autarquias-empreiteiros-futebol, mas talvez em maior proporção através da mais oculta troca de favores a nível do poder central.

 

Até que enfim, - um debate!



Finalmente: um debate!


O debate de ontem, entre Cavaco Silva e Francisco Louçã foi, de facto, o primeiro debate. Quer dizer, apesar de ter sido o mais recente, passou à frente dos anteriores pelo interesse e pela qualidade.

As questões colocadas pelos jornalistas em estúdio tiveram a inteligência de favorecer a diferenciação das posições. Os temas, actuais e ligados a algumas das nossas maiores preocupações.

As frases do debate:

Cavaco Silva [acerca da corrupção]: «A corrupção existe em Portugal porque há relatórios internacionais que divulgam estudos sobre a corrupção e Portugal está lá mencionado»

Francisco Louçã:[Acerca das tomadas de posição sobre a guerra do Iraque] «Um político pequeno, fica calado; um político grande, - não. Não permite que uma mentira se transforme na barbárie!»


 

Sócrates e o orçamento da UE

José Sócrates foi a Londres conferenciar com Blair acerca do Orçamento da UE.

Considero muito ajustada a posição que Sócrates sustentou junto de Blair. A PAC é de facto um "cancro" para a UE.

Ligar a desarticulação do cheque inglês a um compromisso de desarticulação desta PAC é um bom sinal de que algo pode começar a mudar no seio da União. Foi este o sentimento que Sócrates fez chegar.`Um bom pressuposto para equacionar novos métodos de cooperação.

Entendo como bom também o fim do eixo franco-alemão como forma condicionadora do funcionamento da UE. E há sinais de que pode ser um facto.


 

Debate Louçã-Cavaco

Vi o debate às tantas da noite (Sic notícias) porque isto de, à sexta feira, se debater por volta das 21 Horas tem que se lhe diga...

A equipa vencedora é de longe a dupla Miguel/Constança. Isto, face às dos outros canais. Para ser político- socialmente correcto deveria trocar a ordem, não era? Mas não troco por duas razões. O Miguel foi mais acutilante, embora a Constança estivesse muito bem. A segunda porque não faz sentido para mim essa regra. Em síntese, a equipa no seu conjunto impôs um ritmo e uma moderação qualitativa do debate que nada teve a ver com a actuação das precedentes.

Deixo aqui o meu elogio à dupla de entrevistadores que conseguiu pôr a outra dupla em diálogo, não lhes permitindo grandes devaneios "bacocos", como aconteceu nos anteriores debates.

Para Cavaco, este diálogo foi terrível. Não só demonstrou não estar actualizado sobre matérias tão centrais como a da segurança social, pois desconhecia um estudo recente divulgado e que, de facto, levanta e responde a questões que faziam parte do discurso de Cavaco sobre a sustentabilidade do sistema existente, de que Cavaco Silva esteve cerca de dois minutos a falar sem acrescentar nada, fugindo a questões como a da idade da reforma e depois ficou embaraçado quando Louçã lhe chamou a atenção para a existência do estudo. Segundo, porque Louçã lembrou e bem a Cavaco Silva as suas culpas no atraso económico português, enquanto primeiro ministro de Portugal, durante dez anos e, por conseguinte, responsável também pela não mudança da estrutura económica do país, com as conhecidas e cada vez mais acentuadas perdas de competitividade.

Mas o candidato Cavaco Silva não teve dificuldades só nestes temas. Deu uma resposta ridícula sobre a nacionalidade com a hipótese hilariante do perigo dos imigrantes poderem ser maioritários em Portugal e depois fugiu claramente a uma posição sobre a homosexualidade.

A única matéria de alguma confluência de ideias foi a da escutas telefónicas.

Tal como eram as minhas expectativas este debate foi a doer. E Cavaco Silva saiu-se muito dorido. A sua fácies bem demonstrou que as coisas não lhe estavam a correr de feição.

Louçã teve o mérito de entrar bem e ao ataque. Embora não concordando com algumas das suas posições, acho que ele até foi muito claro em alguns temas em que o Bloco nem sempre era claro como o da convergência da idade da reforma público/privado e sobretudo pôs Cavaco a falar.

E ficou mais uma vez claro quanto mais Cavaco falar, "mais borra a pintura".

2005-12-09

 

As políticas públicas

Com o decorrer do tempo começo a ter algum receio que as políticas públicas deste governo não estejam a ser demasiado marcadas pelo défice orçamental.

Registo, com apreço, que várias medidas da sua responsabilidade são bem vindas, embora continue a discordar de outras como o aumento dos impostos.

Já algumas vezes aqui referi que aprecio a accção do Ministro da Saúde Correia de Campos e este meu receio é hoje de novo suscitado exactamente por uma medida anunciada por Correia de Campos a redução dos serviços de urgência, na base da ineficiência.

Ao ler o editorial de Helena Garrido, ver dn.editorial, com o qual me revejo, a questão de fundo que se me coloca é: as mexidas nos serviços decorrem do défice ou de dar mais dinâmica e eficácia.

São duas perspectivas muito diferentes, conduzindo a uma abordagem das reformas a fecturar totalmente diferentes e certamente com resultados diferentes.
 

As interrogações do austero professor de economia

Ontem à noite vi e ouvi, num dos canais televisos, algumas interrogações comparativas de Cavaco Silva entre as economias de Espanha e de Portugal.

E, segundo reza a história viva e ouvida, o professor de economia proferiu estas brilhantes tiradas:

Mas, continuando numa noite de "elevada inspiração", foi acrescentando que isto sucede apesar dos dois países terem a mesma envolvente internacional (certamente, quereria dizer, europeia) e a mesma conjuntura.

E remata esta fase comparativa "há aqui qualquer coisa que tem de mudar e tem de mudar rapidamente". Esta frase apanhei na íntegra e por isso aqui fica registada entre comas.

E depois tentando "fazer render" o seu passado atirou poeira para os presentes com a seguinte interrogação:

Recordam-se de que se dizia (faltou acrescentar comigo) que Portugal ia ser a nova Califórnia da Europa?

Espero que hoje no debate Francisco Louçã lhe explique algumas das razões destas perguntas de circo e sobretudo das responsabilidades dos governos de Cavaco Silva nos graves problemas estruturais da economia portuguesa de hoje mas que têm bases bem recuadas e profundas de inadequação.

Nenhum português, no pós 25 de Abril, teve tanto tempo de governação, tanta responsabilidade política na gestão do País como Cavaco Silva. Foi Ministro das Finanças, um lugar chave em qualquer país do Mundo e 10 anos Primeiro Ministro.

Mais de um terço de governação, em tempo, no pós 25 de Abril. É importante que este facto determinante seja vincado, para se entrar no âmago das questões/causas do nosso atraso económico.

Até Cavaco ascender ao poder, o país viveu em grande instabilidade com governos de curta duração.

Donde, a crise actual não sendo culpa apenas de Cavaco Silva, a sua quota parte é deveras importante.

Mais de 1/3 do tempo a governar Portugal no Pós 25 de Abril e não foi capaz de dar um contributo estruturante para a mudança da base económica do País e, por isso, temos hoje um país com a maioria das suas produções em perda de quota no comércio internacional e no mercado nacional porque não temos produtos competitivos.

Os seus governos também geriram importantes somas de fundos comunitários, onde estão os resultados?

O próprio Cavaco Silva reconheceu ainda há dias que fez/investiu muito no betão e pouco na inteligência. Como pode pois vir falar de Portugal como nova Califórnia?!!. Onde está a inteligência para um projecto dessa envergadura? E mesmo quando lançaram algumas infraestruturas tecnológicas tão necessárias pouco além foram do Betão.


2005-12-08

 

Mário Soares - Jerónimo de Sousa

Um encontro de aliados (mal) disfarsado de combate só pode dar uma hora de tempo perdido.

Cavaco impôs um formato que lhe permite evitar o debate de ideias e o confronto de objectivos das diferentes candidaturas.

Apenas um momento mais animado merece referência, aquele em que os candidatos foram interrogados sobre as políticas do Governo.

Soares apoiou as medidas de austeridade fundamentando-as na necessidade de defender o Estado social europeu, a sustentabilidade da Segurança Social.

Jerónimo de Sousa aproveitou este momento de oiro para, muito justamente, denunciar o "ataque intolerável aos direitos e aos rendimentos dos mesmo do costume". E exemplificou com as grandes lutas e greves dos... trabalhadores, dos operários, dos camponeses, dos trabalhadores mais mal pagos dos serviços, dos desprotegidos, dos emigrantes, dos marginalizados? Não. Jerónimo de Sousa deu dois exemplos. Só dois exemplos! As lutas ou greves dos oficiais das forças armadas e dos juízes.

O partido revolucionário da classe operária, de Jerónimo de Sousa, sofre com a perda de privilégios de "camadas da burguesia" que ganham 5 a 20 vezes mais do que os trabalhadores que é suposto representar. Pagos, nomeadamente, pelos impostos da "classe operária".

Que dirá Cunhal, lá do Alto, a observar este comunismo de sociedade recreativa!

2005-12-07

 

Viva o GLORIOSO!


Assim se prova que há mais Portugal para além do défice!!

Outra lição a tirar é que nem sempre as melhores sondagens (ou prognósticos) dão certo ;-))) Não sei se me faço entender!


 

Novo orçamento Comunitário?

Sim...mas... . O Reino Unido não tem muita margem de manobra ao fixar o tecto orçamental em 1,03% do PIB da UE. Aliás, este tecto agrada a muitos países, sobretudo aos contribuintes líquidos.

Nesta base, que poucos contestam, há um bolo inferior para distribuir por mais estados membros 25 contra 15 antes.

Assim, as alterações ficar-se-ão necessariamente pela cosmética. "Mas tem que ser" . Acho mesmo que esta cosmética se insere num processo que pode levar á sua aprovação. Há é que salvar a face, incluindo a do próprio Blair.

Mas isto fica/continua tudo errado, indefinido e em "banho maria". Não se vai ao fundo das questões, talvez não se possa ir, pois não há modelo de UE. Modelo político. Esta é a grande questão. Um orçamento de 1,03% é rídiculo. Uma Europa com um orçamento ridículo e 40% dele para o sector agrícola que dá emprego a 3-4% da população é um contrasenso. Afinal, o que se quer desta Europa?

Ridicularizando um pouco estamos num passatempo que se pode intitular "brincando às Europas"


 

A "proeza" de Co Adriaanse"

Para quem não sabe Co Adriaanse é (ainda) treinador do Porto. Pinto da Costa foi buscá-lo à Holanda com promessas "de mundos e fundos".

Comprou uma série de jogadores de alto nível que, de facto, são excelentes artistas de bola. Só que o senhor Co Adriaanse não sei se percebe de futebol, mas da condução de homens já provou à saciedade que pouco sabe. Soube, foi mesmo especialista, em desperdiçar a capacidade dos seus artistas de todas as formas.

Não sou adepto do Porto, mas fiquei muito sensibilizado por o Porto "ser corrido" por nabice plena do seu treinador das provas da UEFA.

Esperemos para hoje mais sorte para o Benfica. Mas, pelo menos, tem a desculpa de não estar tão recheado de artistas e com alguns lesionados.


 

As suspeitas de gestão danosa

Chegou a vez da Câmara Municipal de Lisboa (CML) entrar no ranking das autarquias suspeitas.....

........Por um negócio de troca de terrenos entre o Parque Mayer e a feira popular a favor da empresa Bragaparques.

Trata-se de uma história complexa, com vários domínios onde as regras foram, no mínimo, pouco transparentes, mas cuja troca de terrenos acbou por ser viabilizada por Carmona Rodrigues.

Na sequência da queixa apresentada pelo PCP e os Verdes sobre esta matéria, inspectores da Direcção Central de Combate à Criminalidade Económica da PJ efectuaram ontem uma busca à CML e aos escritórios da empresa em Braga.

Durante a campanha para as eleições autárquicas falou-se de muitas autarquias sob suspeita. A ANMP insurgiu-se contra essa notícia. Estava no seu papel, como entidade representativa. Mas parece que não terá razão.

 

Veiga de Oliveira apoia Cavaco

É a notícia de hoje que mais me espantou.

Conheço o Veiga de Oliveira por quem tenho admiração e estima. Não é por esta sua posição que sei, de certeza bem reflectida, que tudo isto se desmorona.

Mas espantado fiquei e só me resta tentar perceber as razões profundas desta sua atitude.

2005-12-06

 

Quotas de expulsões

Sarkozy confirma a sua viragem à direita. O ministro do interior establece quotas de expulsão de estrangeiros, em 2006 serão 25.000 os expulsos.

Não posso identificar-me com este modelo de sociedade em que se faz abstracção das pessoas e se escondem as realidades com as estatísticas.
 

Nos Pós Debates Presidenciais....

Outros debates nos Pós debates ... se impõem com os entrevistadores na pele de entrevistados.

São três equipas de entrevistadores, uma por cada estação de TV, que certamente se analisarão sobre a condução das entrevistas - as regras do jogo.

Até me parece que, tirando 2 ou 3 debates a suscitar algum interesse, serão estas equipas as que acabarão por estar mais em jogo e avaliação. Também serão classificadas nem que seja "à boca pequena".

Poderia até ser montado um totoentrevistas para se ver quem se sairá melhor.

No debate de ontem, a equipa presente não teria lá boa nota. Não chumbava, mas com um professor exigente era candidata a uma oral.

A próxima equipa, porém, parte com alguma vantagem pois já viu e analisou o comportamento e postura dos seus concorrentes.


 

A corrida às reformas

O Jornal de Negócios de ontem informava ter havido de Janeiro a Outubro deste ano cerca de 34 mil pedidos de reforma na função pública. Dependentes do Ministério da Educação quase 5 mil, dos ministérios da Saúde e do Ambiente cerca de 2 mil cada. As reformas mais baixas andam entre 155 e 164 euros.
As cinco maiores reformas:

ProfissãoEuros
Diplomata7.330
Diplomata7.280
Procurador Geral Adjunto7.150
Quadro Superior da RDP6.750
Presidente do Tribunal de Contas5.660



Reformas em 2005 (até Nov) superiores a 5 mil €:


ProfissõesNúmero
Juízes-Magistrados MP43
Conservadores8
Notários5
Diplomatas3
Professores Universitários3
Outras2
Total 64



"Quadro de Honra" das reformas: Trabalhe um dia, receba uma pensão de reforma vitalícia e dê a vez a outro.” do Banco Portugal ~ 8.000 €

Valores de pensão média e máxima de algumas profissões (Jornal de Negócios 2005-12-05)

ProfissõesP. MédiaP. Máxima
Notários4.2405.173
Prof catedrático3.8684.970
Coronel3.0903.368
Presid Câmara2.3683.273
Enfermeiro graduado1.8173.348
Prof Básico-Secundário2.3572.571

 

O senhor "Desbloqueio"

Ontem apareceu-nos um "novo" candidato à Presidência, o senhor "desbloqueio", sem ter explicado, no entanto, o Quê, nem como o Como do desbloqueamento.

Será este o mote das intervenções de Cavaco Silva nos seus próximos aparecimentos em antena?


 

Adensa-se o nevoeiro londrino sobre o Orçamento da UE

A presidência britânica da UE apresentou a sua proposta de orçamento para 2007-2013.

É uma proposta de orçamento com cortes de 21 000 milhões de euros face à anterior proposta da presidência luxemburguesa que foi rejeitada pelos países membros. No que se refere a Portugal o corte mais significativo prende-se com o desenvolvimento rural.

A proposta está à beira do chumbo, a não ser que grandes progressos nas negociações ocorram rapidamente e com éxito. Mas existem muitas nuvens, muita demagogia e incoerência dos líderes, sendo que alguma sensatez a haver advém dos países do último alargamento.

Porquê esta minha afirmação?

A verba que será atribuída a estes países é significativa em termos do seu PIB actual e se for bem orientada a sua aplicação constitui uma preciosa ajuda ao seu desenvolvimento. É, pois, um montante significativo não inferior em termos relativos percentuais ao que tem sido atribuído a Portugal onde os desperdícios e a má utilização são bem conhecidos de todos. Foi uma repetição mais do mesmo. Até cavaco ontem reconheceu que se privilegiou mais "o betão".

Quero com isto dizer que a proposta britânica é boa?

Não. Até porque contraria tudo o que diz defender. Não propõe um corte drástico na PAC. Não propõe um aumento significativo nas verbas para a promoção da competitividade, limitando-se a uma corte generalizado apenas.

Vem aí Cimeira de 15 e 16 deste mês, aguardemos a eventual necessidade de um by-pass na UE.


2005-12-05

 

Manuel Alegre - Cavaco Silva (2ª Parte)

A segunda parte do debate confirmou a mesma táctica. Jogo à defesa de ambos os lados. E isso conta naturalmente a favor de Cavaco que ganhou o debate. Com a fasquia no mínimo.

Se é verdade que Alegre foi mais cativante para a esquerda nada fez que pudesse deslocar alguém do outro lado para o seu.
Cavaco voltou a ser mais certeiro (na conquista de votos, e é disso que se tratava ali!) no minuto de tema livre, no fim do debate. Cavaco apresenta-se com ar convincente empenhado em "ajudar a resolver" aquilo que mais aflige os portugueses - a crise.

Manuel Alegre parece ter jogado à defesa com os olhos postos não naquele combate mas no da conservação do 1º lugar (nas sondagens) no pelotão da esquerda. Se foi assim cometeu um erro porque nesse pelotão a vitória será de quem melhor e mais aguerridamente combater com argumentos o candidato da direita.

Resultado final: Cavaco Silva 1 - 0 Manuel Alegre

 

Cavaco Silva - Manuel Alegre

Acaba de terminar a primeira parte do debate entre estes dois candidatos à presidência da república. O resultado, para usar um critério simples e futebolístico é

Cavaco 1 - 0 Manuel Alegre

O debate decorreu morno e com MA à defesa, inexplicavelmente. CS também não esteve ao ataque. Ele, aliás, está sempre à defesa, mas isso percebe-se, ele vai isolado à frente nas sondagens, só necessita de chutar para fora. Basta-lhe o empate.

Agora MA necessita, ingentemente, de passar ao ataque e rematar à baliza.

A vitória de Cavaco, neste meio tempo, tornou-se clara quase no fim, com o tema de Justiça, onde foi muito mais impressivo e convincente (para o grande público, claro está) do que MA.


 

Autoeuropa ...e o seu Futuro

Hoje muita imprensa e TV's muito falaram do futuro da Autoeuropa, quase dando a entender que estará de saida de Portugal a empresa, só porque está em curso um processo complexo de entendimento Administração/Trabalhadores.

É bom que se fale disso. Só é mau que se coloque a questão da forma primária como está a ser feita, porque se dá a entender que o mal está do lado dos trabalhadores, esquecendo que negociações implica aproximação de pontos de vista. Até parece que um acordo salarial não pode partir de posições contrastadas, mas de uma posição de subserviência. Para muitos de "nós", contestar e ter opiniões próprias é pecado. É uma mentalidade com raízes muito profundas e ainda não superadas.

Não tenho dúvidas que as organizações representantativas dos trabalhadores têm conhecimento do enquadramento multinacional do grupo e dominam as coordenadas em que se movem.

Neste contexto, é evidente esticarão a corda na defesa dos interesses dos trabalhadores sem a partirem. Pelo menos, assim penso, pois que a experiência adquirida não é para deitar fora. Seria negativo se isso se desse.


 

José Manuel Barroso e o Orçamento Europeu

José Manuel Barroso, que ao entregar o governo a Santana Lopes, trocou Lisboa por Bruxelas, resolveu deixar a sua identidade pessoal em Lisboa, pois agora não estima que o tratem por Durão Barroso. Façamos-lhe essa vontade!!!.

O José Manuel Barroso de agora não tem tido dias bons na vertente europeia.

As críticas sobre os seus primeiros meses de Presidência da UE continuam na ordem do dia, designadamente em termos de se reconhecer que a sua influência é pouco notada. Ele, de facto, não exerce verdadeira influência, aquela influência precisa em circunstâncias e negociações chave.

É o que se está a passar nas perspectivas financeiras 2007-2013, em que ele próprio reconheceu não está a par da proposta de Blair, o que quer dizer muita coisa.... Nem a foto das Lajes a quando da guerra do Iraque lhe rendeu dividendos. Até parece que as anedotas de então tinham mesmo muito de realismo.

Como diz sempre um amigo meu, com muito humor, nestas circunstâncias "quando não se tem "força/crédito" há que levantar a voz, de preferência em tom enrouquecido". Mas também parece que esse não é um dos seus predicados.

Levantou a voz contra Blair, mas de forma um tanto vazia, e talvez não pelo meios mais oportunos e de influência continua nada.

Esta não é uma situação de regozijo, pois a UE encontra-se numa situação tensa e grave e não são positivas Presidências fracas e sem iniciativa - uma fragilidade pós Delors.

Era excelente para a UE que a próxima Cimeira fosse conclusiva nesta matéria. Mas as sombras são muitas....

Blair mostra sinais de alguma cedência no cheque britânico, apesar das críticas da oposição e da imprensa britânica. Agora de França é que não se vislumbram cedências mínimas no seu cheque agrícola.

E José Manuel Barroso, no seu enfeudamento a Chirac, tem de se colocar ao seu lado e daí ter engrossado a voz contra Blair, mas sem a saber tornar rouca.


2005-12-04

 

Liberdade religiosa, Cruz,  Crucifixo, Dogma e Fé (1)



Cortesia da Oficina da Terra (Évora)

Bagão Félix, assina uma prosa no DN de hoje e aqui. É interessante o esforço argumentativo. Mais coisa, menos coisa, acha ele que a Igreja de Roma deve ser lembrada e considerada pelo que fez de bem, (ai a memória, a memória...), pelas concepções, rituais, amuletos e relíquias que impôs na sua milenar missão evangelizadora.

Dado que nos povoou com o dogma, a datação do Génesis, Catedrais, Igrejas, concordatas e missas de costumes, nós, os católicos e os não católicos, que ainda sabemos distinguir a cruz do crucifixo, e separar a postura dogmática da abertura e da tolerância da fé, teríamos de, face à avalanche de marcas do cristianismo e do catolicismo, desistir.


Em vez de reconhecer que em qualquer espaço de liberdade, partilhado, plural, receptivo ao conhecimento, a imposição de exclusivismos religiosos bloqueia no pormenor o que se diz defender em geral, Félix convida-nos ao exercício de passarmos a pente fino as marcas deixadas pelo império católico, das bandeiras aos feriados e das cerimónias de passagem (nascimento, casamento, morte), aos gestos íntimos dos futebolistas crentes, quando pisam o relvado, e o mais que encontrarmos da longa convivência da Igreja Vaticana com a Monarquia Absoluta e o Estado Fascista, e do Estado com a Sociedade. Onde uns ensaiam um passo tímido e razoável, Bagão Félix responde, feroz e desproporcional, com a guerra dos mundos.


Transfigurando uma medida razoável num cataclismo anticlerical cuja origem, no seu raciocínio de cruzada, situa na tomada da Bastilha, não parece esperançoso de persuadir ninguém. Os católicos familiarizados com os múltiplos significados da cruz, e os agnósticos e ateus a par dos mais variados usos dados à imagem de Jesus Cristo crucificado, divertem-se com certeza.

O Cardeal Cerejeira não teria escrito melhor.



 

Cavaco denuncia-se. Sem dar por isso!

Vasco Pulido Valente viu Cavaco a conversar com Judite de Sousa na entrevista à RTP. Apesar de o candidato se cingir aos "serviços mínimos" (Mário Mesquita dixit) no que toca a dizer o que pensa, Vasco apanhou-o:

"... Cavaco fez de repente um comentário que revela o homem. A propósito do perigo de conflito com o primeiro-ministro, se fosse e quando fosse Presidente da República, Cavaco disse: "Duas pessoas sérias com a mesma informação (no caso ele próprio e Sócrates) têm (inevitavelmente) de concordar". Cavaco disse isto com toda a naturalidade e convicção, como quem declara uma evidência, sem uma reserva ou a mais leve sombra de ironia. Acha mesmo que sim: que duas pessoas só podem discordar por ignorância ou falta de carácter. Para ele, a verdade é unívoca e, pior ainda, não custa nada estabelecer. O fanatismo nunca falou por outras palavras e quem conserva um reflexo de independência e liberdade com certeza que as reconheceu pelo que elas são: a raiz da mais cega e absoluta intolerância..."

"... Claro que as circunstâncias não permitem que o dr. Cavaco se torne num pequeno ditador. Mas talvez convenha perceber o indivíduo que dentro de semanas vai chegar a Belém. O velho desprezo pela política (de novo flagrante nesta campanha), sempre rejeitada como pura intriga ou jogo de interesses sem legitimidade ou desculpa, não passa de uma condenação sumária da gente pouco séria (ou incapaz), que desvia ou "bloqueia" Portugal. Para o dr. Cavaco, há um "bem da nação" indiscutível e uma única maneira de governar: a maneira honesta e sabedora que ele aconselha e representa."

Não sei se já alguma vez disse que VPV é o máximo! Excepto quando não fala como eu penso. E é as mais das vezes. O que é pena.

Continua VPV:

"A divergência é, em última análise, anti-nacional. Se os portugueses no seu conjunto tivessem a sua informação e seriedade, viveriam numa perfeita harmonia, em vez de se deixarem levar para aventuras sem futuro, de se perderem em querelas de facção ou ganância e de serviram inconscientemente fins perversos. De Belém, Cavaco tenciona velar para que isso não volte a suceder. Afinal, se o primeiro-ministro não fizer o que ele manda, confirma automaticamente que é mal-intencionado ou que não estudou o que devia. E nós também, cautela. Se não o aprovarmos, quem somos? Malandros de nascença? Uma cambada de patetas? Quem quiser que escolha."

 

O protocolo de Quioto... e Portugal

Portugal, sem que um leigo na matéria perceba até porque o País está em franca desindustrialização, está a caminhar para o abismo em termos de ambiente, prevendo-se que venha a ter o pior desempenho no cumprimento do protocolo de Quioto no contexto dos países da UE e por isso pode ser penalizado.

E a penalização pode sair-lhe cara, se continuar a aumentar as suas emissões de dióxido de carbono até 2012, ao ritmo actual. O país vai ver-se obrigado a comprar licenças para a emissão de gases.

Estão vários cenarios em jogo, sendo que o pior cenário exigirá de Portugal um dispêndio de 1,5 mil milhões de Euros entre 2008 e 2012 na compra dessas licenças.

 

As perpectivas financeiras da UE para 2007-2013

A comunicação social portuguesa e alguns dirigentes nacionais e europeus, a começar pelo presidente da Comissão Durão Barroso, alinham todos contra Tony Blair nesta matéria.

Ainda há pouco, lia um título no DN de hoje atribuído a Durão Barroso sobre Blair, "Barroso pede mais liderança a Blair", que, no mínimo, é pouco diplomático.

Este jogo de palavras e de actos que pode fazer com que a Cimeira Europeia de 15 e 16 deste mês redunde num fiasco com consequências financeiras calamitosas para os novos países membros e para os da coesão, onde Portugal se integra, derivam de um diferendo que tem por base a política agrícola comum, que consome um pouco mais de 40% do orçamento da UE, sendo os maiores beneficiários, a França, a Holanda e Espanha.

Tony Blair vem desde há muito a bater-se por outros princípios orientadores do ORçamento comunitário, um orçamento mais virado para acções ligadas à competitividade e ao emprego. De algum modo, bate-se por uma perspectiva com mais pontos de contactos com a cimeira de Lisboa que todos "elogiam" e depois....todos torpedeiam.

Não morro de amores pelo Senhor Blair, mas, nesta matéria, estou muito mais próximo dele.

A defesa de uma estratégia de uma Europa com mais dinâmica económica e social e até mais solidária não se preconiza com a intransigência pela não mudança da política agrícola que, de comum pouco tem, pois apenas beneficia os grandes agricultores europeus e vai contra o interesse dos países menos desenvolvidos.


 

A guerra colonial

Na Guiné Bissau. Um episódio dramático e um trauma para toda a vida. A guerra!
Marques Lopes conta-o na primeira pessoa, no Memórias.

2005-12-03

 

Os ELEITOS

Escandalizava-se o honesto contribuinte - e com razão - com a reforma vitalícia dos deputados que durante pelo menos 12 anos representassem, em S. Bento, o bom povo e a que Sócrates, em acertada hora pôs fim. 12 anos dariam aí uma reformazita de 250 contos por mês.
Desconhece o honesto cidadão - isso sim, caso para boquiaberto espanto - as reformas dos Senhores Administradores (com A grande) do Banco de Portugal. Reformas como aquela do arrependido ministro das Finanças Campos e Cunha que aos 48 anos de idade ganhou uma reforma vitalícia de 1.600 contos por mês, 14 vezes por ano, por ter durante 5 árduos anos ajudado a administrar o BP.
O regulamento daquelas reformas está tão blindado contra qualquer imprevisível percalso - só mesmo ex-governadores ou candidatos ao cargo poderiam ser tão previdentes e exaustivos - que um Eleito (sentido bíblico) uma vez empossado tem garantido para o resto da vida aquela maquia todos os anos actualizada, tenha mais uma ou mais vinte reformas, trabalhe ou descanse, quer se despeça no dia seguinte à tomada de posse ou seja posto na rua por indecente e má figura. Por isso aqui na caixinha das surpresas se recomenda e com oportuno sentido de solidariedade aos futuros Eleitos: “Trabalhe um dia, receba uma pensão de reforma vitalícia e dê a vez a outro.”

 

O que por aí vai de privilégios à sucapa!

Surgiu aí, faz tempo, um blog de escândalos. Aquilo é tão inverosímil como o Jornal do Incrível. Mas o que o torna ainda mais escandaloso é que se limita, com sardónica bonomia, a apontar o dedo a certas realidades.
- Olha, olha ali!
- Eh, eh, olha olha vai nu!
Verdades que não sendo secretas não estão aí à mão de semear.
O blog esconde o verdadeiro autor atrás de Miguel Abrantes e se a leitura dos posts não chegasse para perceber as razões do resguardo chegariam os comentários, às dezenas, de prosa chã e raiva destrambelhada à mistura com outros de assombrado espanto ou de louvor pelo serviço público.

2005-12-02

 

Símbolos religiosos na escola pública?


Cortesia de República e Laicidade

Em 11 de Abril de 1936 um professor de Finanças, de Santa Comba Dão, através da sua Assembleia Nacional, fez publicar no Diário do Governo, em nome da nação, a lei nº 1:194 intitulada Remodelação do Ministério da Instrução.

Na Base XI da referida lei criou a Mocidade Portuguesa, organização para a militarização e fascização da juventude e na Base XIII determinou que:

"Em todas as escolas públicas... existirá por detrás e acima da cadeira do professor, um crucifixo..."

Mas interpretando o "verdadeiro sentir" da comunidade nacional a ditadura colocou de cada lado do crucifixo as fotografias de Salazar e do presidente fantoche do momento, Óscar Carmona primeiro, Craveiro Lopes a seguir e por fim a de Américo Tomás que se vê na imagem. (Último § emendado)


 

Fundamentalismo escondido com o rabo de fora

O ex-deputado do PSD, António Pinheiro Torres defende hoje, no Público, os cruxifixos nas escolas públicas e garante que "existe uma ofensiva organizada, na linha da "melhor" tradição maçónica da I República, da cultura fundamentalista do laicismo".
"Para nós católicos - diz o fundamentalista - o ponto fundamental é este: o da liberdade. A liberdade de educarmos os nossos filhos como entendemos."
Mas oh Sr. Torres não é só o sr. e os restantes católicos que tem filhos! Os judeus, os muçulmanos, os budistas e até, ao que parece, os próprios agnósticos e ateus têm filhos. E não estão obrigados a verem-lhes imposta a sua religião. A sua liberdade termina onde ela limita a liberdade dos outros.
Como poude António Pinheiro Torres ter sido deputados e desconhecer a Constituição? Ou estará a confundi-la com a antiga, a de Salazar.

 

Só 6 em 144 juízos são eficientes!

O observatório Permanente de Justiça, do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Coimbra, que agora concluiu um estudo exaustivo sobre o estado da justiça cível - apresentado no Público de hoje, por Tânia Laranjo - conclui que

«Há juízos cerca de cinco vezes mais eficientes do que outros... considerando-se todos os juizos cíveis (144) podemos dizer que apenas 6 deles apresentam um bom índice de eficiência»

«Atrasos inaceitáveis, no que consideram ser uma justiça "rotineira", "desqualificada" e "desqualificante".

O estudo mostra também "um acumular de pendências, que, em 2002, já ultrapassavam o milhão de casos."

O estado da Justiça não é só da responsabilidade dos juízes. É também e muito da responsabilidade de sucessivos Governos. Mas se esta negação de um pilar fundamental do Estado de Direito preocupa os juízes o que mais os preocupa, ao ponto de fazerem uma greve, é o Governo lhes retirar alguns privilégios.
Diz o estudo que os "juízes, na sua maioria, dizem trabalhar 50 horas semanais." Alguns seguramente. Mas a sua credibilidade está diminuida desde que sustentam que o Governo lhes quer tirar a sua independência só por lhes ter tirado algumas injustificáveis benesses! E desde que só uns 30% tiveram a ombridade de declarar ter faltado ao trabalho para não lhes ser descontado os dias de greve no salário. [ver aqui]

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